A Companhia Mercenária do Sul - Capítulo 43
“Esse homem é tio dela?”, Tadeu se perguntou enquanto observava a cena.
A feiticeira e o sujeito de preto cortaram o abraço. Com um sorriso recíproco, Udil segurava a destra de Marí com as duas mãos, balançando-as com força. A alegria do homem era dividida pelas lágrimas que ameaçavam descer das pálpebras. Suas bochechas brancas ruborizaram frente a luta contra o choro, sinal que era repetido pela sua sobrinha outrora perdida.
Depois, a ruiva apresentou o mercenário ao tio, que, apesar de curioso com o estrangeiro, acreditou que a parente explicaria o que aquele homem fazia ali. O religioso abriu a porta e permitiu a entrada de ambos na sede da Igreja de Kolur de Danuvralo, onde ele exercia a função de presbítero.
Ao entrar no templo, Tadeu ficou abismado com os belos vitrais que enfeitavam da nave central ao iconostásio¹. Toda a estrutura era de grande altura, realçando a beleza dos ícones na cúpula e colunas. Diferente do padrão das igrejas sulistas, porém igualmente belo.
— Quando eu soube que seus pais foram presos pela regência e você pela República, eu pensei que era o fim! — explicou enquanto percorria o espaço sagrado. — Bem, pelo menos, não foi o seu.
— Alguma notícia do meu pai, tio?
— Não sei do seu estado, mas definitivamente está vivo, eu saberia se ele morresse. O mesmo vale para minha nora. — Udil encarou o mercenário que olhava para o alto a todo instante com um sorriso sem rumo, totalmente alheio a conversa dos dois. — Algum problema, garoto?
Tadeu desviou o olhar para o homem com certo espanto, pensando se ele fizera algo de errado, afinal, desconhecia os costumes religiosos nortenhos.
— Nada, só vendo as pinturas, senhor.
A atenção do religioso retornou para a ruiva.
— Amigo estranho o que você arrumou…
— Acredite, comparando com os outros, ele nem é o pior.
Passando pelo interior do templo, Udil os levou para um corredor que levava para a parte de trás da catedral, onde residiam os párocos. O local contrastava com o luxo da catedral, parecendo-se mais com um sítio interiorano, com um largo pátio de areia e um estábulo com cavalos e hortas.
O presbítero os direcionou para um alpendre de frente para o pátio, com uma cerca de madeira escura entre ambos. Em passos calmos, conduziu-os para uma pequena mesa de quatro lugares com cadeiras simples.
— Podem se sentar. — Estendeu a mão para a mesinha. — Buscarei chá para que possamos pôr a conversa em dia. Volto em breve!
— Obrigada.
— Obrigado, senhor.
Os dois jovens sentaram-se em cadeiras opostas enquanto Udil os deixava para buscar a bebida de infusão. Ambos assistiram-no de maneiras distintas, sendo Marí a mais relaxada, com um sorriso ininterrupto estampado, e Tadeu aparentava estar mais rígido e tenso, o que foi percebido pela Capacitada.
— Já disse para não ficar nervoso — ela disse, apoiando o braço na mesa e depois pondo sua cabeça sobre a mão. — Meu tio é um homem dedicado à Igreja, mas ele é mais tolerante com os sindicalistas do que a maioria.
— Não é ele que me preocupa. Podem ter pessoas aqui que não sejam tão acolhedoras.
— A maioria dos párocos não pensam muito diferente dele. Deve existir um ou outro mais radical. Acredite, quanto mais pra baixo de uma hierarquia, mais sensatas as pessoas são.
De certa forma, era verdade. Na condição de mercenário, ele lembrava como seus parceiros de profissão lutavam a favor da república revolucionária, mas sem o fervor republicano ou nacionalista da propaganda colorada. No fim, era um emprego, desde que Lodrovi, Tiso e Juno pagassem seus salários, pouco importava a causa.
— Ainda sim, não deixa de ser curioso como vocês são meio que opostos.
— Culpe o meu pai por isso. Ele era da Igreja, assim como meu tio, mas alguns problemas internos o fizeram sair.
— Por isso ele foi pro Sindicato?
— Isso já é parte de outra história mais complicada, mas foi basicamente isso.
— Pronto! — Udil exclamou do corredor. — Aqui está!
Posicionou a bandeja com o bule e as xícaras sobre a mesinha, depois tomou pra si um dos lugares entre a dupla, usando toda a mansidão esperada de um representante divino na terra.
— Perdoem-me se estiver com pouco açúcar, estou tentando economizar na dieta. — Fitou o rapaz que acompanhava sua sobrinha. — Qual o seu nome mesmo, jovem?
— Tadeu Ávera, senhor.
— Ávera… — Forçou-se para lembrar onde tal sobrenome era comum. — Da antiga Confederação das Três Nações, correto?
— Especificamente de Gunere — explicou, lentamente deixando a tensão escapar.
— Eu sou Udil Gratzy, rapaz. — Estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Presbítero da santa Igreja de Kolur na Terceira Terra.
— Gratzy? Um parente do marechal?
— Pela bondade de Faor, não tenho nada com esse demônio além do sobrenome. — Soltou uma curta risada. — É um sobrenome bem comum, pelo menos metade de Leifas deve sofrer do mesmo flagelo.
— Pelo menos, não se chama “Erinovi” ou “Survin” — a ruiva completou. — Deve haver um “Erinovi Gratzy” em cada esquina desse país. As mães daqui não são muito criativas.
— Bem, acredito que você deve ter assuntos melhores do que os nomes mais comuns daqui, garota. — Udil foi mais direto com a parente. — Até porque não é todo mundo que foge dos endemoniados da República com o pescoço inteiro.
— Tem razão tio, mas sua sobrinha não “fugiu”, propriamente falando — ela disse com uma faceta conflitante. — Meio que… eles me soltaram.
Udil ergueu uma sobrancelha, exprimindo um rosto mais surpreso do que confuso.
— Como?
Sucedeu-se uma longa explicação sobre toda a busca pela garota feiticeira. Marí e Tadeu se alternaram enquanto contaram suas histórias, também explicando todo o plano republicano de captura da arma do frade.
O presbítero, por ser de dentro da Igreja, tinha uma visão mais precisa do religioso em questão que a maioria. Ele tomou o bule enquanto explicavam e encheu parte da xícara.
— Então Astovi criou uma Filha de Kolur? Ele nunca foi flor que se cheire, mas se superou nessa.
Também despejou chá entre as xícaras de Tadeu e Marí. O soldado acenou com a cabeça em agradecimento, enquanto a feiticeira manteve a expressão séria que manteve durante a explicação.
— O frade não está parado — Marí prosseguiu. — Já tivemos um encontro com uma lacaia dele em Gurvralo e ela quase conseguiu capturar a menina.
— Uma Filha de Kolur? Sozinha? Um feito e tanto, tenho que admitir. — Apesar das palavras de surpresa, tomou seu chá sem grandes reações com a revelação.
— A mulher é asteni — intrometeu-se Tadeu. — Ela consegue manipular metais e usou agulhas pra acertar a garota.
— A Filha de Kolur é uma criança, sem muito poder. Também acho que o frade Astovi não é o melhor dos Inoculadores, então a menina é bem instável. É possível que o frade nem tenha controle total sobre ela.
— Então não é nenhuma Igri ou Dalkina, mas uma criança sem ideia do poder que possui. Pode ser que não termine tão mal, então. — O presbítero tomou o pires com recato. — É, mocinha, parece que você se meteu em algo grande. E pensar que tudo poderia ter sido evitado se obedeceste ao que diz a Ortodoxia!
— Tio, por favor, não comece — Marí falou decepcionada.
— É verdade! Se o seu pai não fosse amigo dos hereges do Sindicato, você nunca entraria naquele antro que pra praticar tamanhos pecados contra Faor.
— O senhor fala como se eu tivesse virado uma meretriz.
— Você matou três pessoas!
Sem jeito e com um sorriso contido, Marí desviou o olhar para o lado.
— O senhor já pensou se eles… mereceram?
A ruiva revirou os olhos quando seu tio golpeou a testa com a palma da mão.
— Eu vim aqui para rever você e sou tratada assim? — Com seu drama cotidiano, ela enxugou uma lágrima imaginária. — Tem noção de quanto a viagem me deixou exausta?
— A mim você não engana, Marí. Não se finja da vítima que você não é.
Assistindo o espetáculo enquanto segurava o riso, Tadeu se viu no meio da típica discussão familiar. Mesmo que a ruiva tivesse pintado o tio como um homem mais tolerante, era óbvio que diferenças como aquela apareceriam em poucos minutos.
Enquanto isso, Marí continuou a ouvir as palavras corretivas do tio, mesmo que, para ela, fossem inúteis. Em um momento, Udil chegou a puxar um livro de couro com a Mão da Sabedoria estampada em um tom dourada e apontou para ela, quase como se quisesse exorcizá-la.
— O Gênesis diz que Kolur, Goren, Merá, Haftar, Lefur e Serapta receberam as Bênçãos para corrigir o mundo da destruição causada pela apostasia dos elfos, Marí, não para matar pessoas, mesmo que seja por uma causa justa! Cada apresentação desse poder é um louvor a Faor!
— Certo, tio, você venceu. — Ela se cansou do discurso. — Vou ver os cavalos.
— Eu ainda não terminei!
Fitou Tadeu e sorriu com o futuro sofrimento alheio.
— Boa sorte pra você.
Marí se retirou sob os gritos do tio, distanciando-se até que as palavras dele fossem murmúrios inteligíveis.
— Essas crianças… — Ele balançou a cabeça, em negação. Desviou a atenção para o mercenário. — E você? Tadeu, não é?
Aos poucos, ele começou a entender o motivo da ruiva desejar-lhe boa sorte, conectando-o com o aviso do “sermão” de antes.
“Merda… Agora vai ser a minha vez.”
— Sim, senhor — disse enquanto desejava desaparecer naquele instante.
— Bem, pelo que me disse, foste traído por um superior. — O presbítero tomou mais um pouco de seu chá. — E pensar que você serve à mesma companhia da senhora Noligre, uma libertadora. Chega a ser irônico.
— Ninguém gostava do meu cabo, senhor. Era um covarde que se escondia sempre que tinha a chance. — Aos poucos, lembrava do quão abominável seu superior era. — Do tipo que só tinha coragem contra mulheres e crianças.
— Não é o primeiro asqueroso que nasceu e nem será o último, jovem. O importante é mantermos nossa justiça.
Para sua surpresa, Udil assistiu suas palavras se chocarem com a face descontente do mercenário.
— Ele não foi punido — explicou. — Não acho que houve “justiça” para se manter.
— Acho que você me ouviu errado, rapaz. Disse para manter “nossa justiça”, não me refiro a “justiça” falha desse mundo.
Tadeu permaneceu calado. Ele ouviu a frase do presbítero corretamente dessa vez, mas, pela interpretação, sentiu que Udil o pedia para abandonar uma possível busca por uma correção.
— Acha que ele deve sair impune? — Ele segurou a revolta.
“Tão jovem, mas já com rancor no peito”, pensou o religioso. Naquele instante, recebeu o chamado da vocação. “Acho que ele precisa de um pouco de luz.”
— Sabe, rapaz, às vezes um servidor de Faor pode ter uma vida mais tranquila que da maioria. Boa parte dos problemas que eu tenho sequer são meus. — Seus olhos apontaram para a sobrinha. — Se pareci querer me colocar no seu lugar sem me ater ao que sentira, peço que me perdoe.
— Não foi isso, senhor, eu só…
— Pensou que eu pediria que desistisse de puni-lo, correto? — Tadeu assentiu. — Não é esse o caso, jovem. Sou leifanês. Se o judiciário desse país tivesse feito algo contra os crimes de Nofrezyr, aquele gilinês assassino, em vez de tentar agradar o czar enquanto rasgava nossas leis no processo, duvido que Grozyr perderia a cabeça.
— Então não vejo muito sentido no que o senhor disse.
— A dinâmica de “crime” e “castigo” não é confiável, isso que eu me referia. Só Faor e Geor, por serem partes do Um, são perfeitos em justiça. Os homens são incapazes de fazer o mundo um lugar justo, pois essa qualidade é do divino, ela não nos pertence naturalmente.
— Sem querer ofendê-lo, presbítero, mas eu acho esse pensamento errado.
— Por que dizes isso? — Ele encarou a xícara intocada do jovem. — Vai esfriar se você não beber.
— Perdão. — Aproveitou o curto gole para refletir na resposta. De algum modo, o sabor doce da infusão esclareceu sua mente. — Se a justiça não nos pertence naturalmente, então nunca deveriam haver leis. Todos nós viveríamos feito selvagens. Matar uma pessoa, por exemplo. É algo considerado imoral em todo canto.
— Você mesmo só está aqui porque alguém queria matar uma criança sem que tivesse o direito, não foi?
O mercenário foi pego de surpresa pela resposta rápida do religioso.
— Você não pode afirmar essa justiça inata. Nasceste em um mundo onde tal moral já existia de anos e anos de desenvolvimento. Pode-se dizer que matar uma pessoa só é imoral porque causa um ciclo vicioso de vingança, luto e vingança, e por isso o ato é hediondo, não porque um humano nasce sabendo que a provocar a morte de outrem é algo imoral.
— É, faz um pouco de sentido. — O ponto de vista de Udil ainda lhe era estranho, mas Tadeu soube admitir que também era uma explicação válida. — Só não vejo como isso se conectaria com manter a “minha justiça”, já que você mesmo disse que ela não existe naturalmente.
— Bem, a Ortodoxia diz que não se nasce justo, torna-se um pela benevolência de Faor, mas creio que essa explicação não sirva fora do contexto da fé. — Ambos tomaram o chá em sincronia. — No caso, acho que é aceitável falar que não se nasce justo, torna-se um. Mais que isso, é necessário criar a própria justiça a partir de um valor próprio, o que é particularmente difícil, já que o mundo é injusto por natureza.
— Acha que eu preciso aprender a ser justo para poder puni-lo?
— Não. — Udil soltou um sorriso. — Precisas ser justo para aprender a não se punir, é isso que eu estou dizendo.
— Por que eu estaria me punindo? — Sua voz saiu um pouco revoltada. — Acha que eu estou mentindo?
— Eu poderia até achar que você mente, mas a forma que você age me faz acreditar que é verdade.
— Então por que me falou isso?!
Para Udil, a pergunta agressiva foi um chamado para a reflexão. Ele pôs a mão no queixo e começou a pensar na resposta, para o desagrado do estrangeiro.
— Sabe, se alguém fere outra pessoa usando um ferro em brasa, você acha que a vítima vai tocar no metal ardente para dar o troco?
“Mas que tipo de comparação esse velho está tentando fazer?”, pensou.
— A resposta, obviamente, é não. Ela se queimaria ao pegar o objeto, se machucando pela segunda vez. — Ao ver o mercenário sem reação, talvez confuso, o religioso deu um novo gole para finalizar todo o chá na xícara. — Às vezes, Tadeu, nossas mãos estão dormentes demais para notar o calor, e acabamos nos queimando com a mesma coisa que nos feriu.
Ele viu o jovem mercenário tentou encará-lo nos olhos, mas as pupilas pesaram. Ao perceber o erro, tentou desviar o foco para a parede à direita do presbítero.
— Tio! — gritou uma voz feminina.
Udil fitou a sua esquerda, para onde estava Marí. Uma gargalhada sincera escapou ao ver o cavalo mastigando o cabelo da sobrinha, que tentava tirar suas mechas da boca do equino.
— Tome a garota, por exemplo. — Estendeu o braço na direção dela, desviando a atenção de Tadeu para a degustação capilar do equino. — O pai dela, meu irmão, que atende por Constan, foi preso por heresia depois do Patriarca Oleg aceitar a subordinação do nosso patriarcado ao de Sacra, que é controlado por Gilina, fazendo nossas leis intolerantes como as deles. Nunca fiquei tão abalado em minha vida por algo que eu não tinha controle. Pior que isso, foi a instituição que eu tanto amo, que eu tanto zelo, que praticou tamanha crueldade com meu irmão e minha cunhada.
Tadeu se lembrou do que Marí o falou sobre a relação do pai dela com a Igreja de Kolur, notando um paralelo com a história que Udil o contara.
— Por que não saiu como seu irmão? Marí me contou que ele deixou a Igreja depois de desavenças internas.
— Excelente pergunta. Foi exatamente porque eu achei a “minha justiça”, Tadeu. — Os dois assistiam a feiticeira começar a golpear o animal. — Nenhuma instituição é totalmente corrupta ou santa. A sua Companhia Noligre, fundada pela Madame Verina, a mulher que derrotou Carasovi, tinha um asco que o traiu. A República, doe admitir, fez o que deveria ser feito para nos livrar dos odavitas, mesmo que eu discorde da execução de Grozyr. A minha história faz o exemplo da Igreja de Kolur. Achas que eu sou alguém mal?
— Acho que o senhor não faria mal a sua sobrinha.
— Resposta conservadora, mas tomarei como um “não”. Pois bem, podes ver como não existe lugar impuro na terra. A “minha justiça” é a justiça individual que cria essa moral aprendida para todos. Sei que soa como um desejo impossível, mas, se todos assumissem o compromisso de ter essa justiça interior, creio que não veríamos diferença desta para a Segunda Terra. Ainda estou na Igreja de Kolur porque acredito que minha saída daria mais lugar para esses homens amorais, que desconhecem a justiça interna. Tens de fazer o mesmo.
Em sua mente, Tadeu entendeu do que se tratava a justiça interior de Udil, mas desconhecia como ele a obteria. Foi como se o presbítero lhe explicasse as maravilhas de um tesouro perdido, mas se recusasse de entregar-lhe o mapa e a chave do baú.
Contudo, entendeu que o religioso sabia disso, por isso deixou os questionamentos de lado. O tio de sua companheira queria que ele descobrisse por si qual era essa moral que o definiria, mesmo que ela soasse distante de seu coração amargurado pela traição. Perguntou-se da possibilidade de tal “justiça” sequer existir para ele, já que Udil poderia fazer a figura do velho que sabia de tudo, mas desconhecia que seu conhecimento se aplicava para ele apenas.
Mesmo com isso, sentia o incômodo característico de ter recebido a verdade, mesmo que ela viera torta demais, seja por viés próprio ou do religioso. A discussão ficaria em sua mente, de um modo ou deoutro.
Enquanto isso, Udil continuava a contemplar sua sobrinha em guerra com o corcel, já liberta da tirania de seus dentes. Um sorriso nostálgico correu em seus lábios.
— Ela cresceu, mas ainda é a mesma boba de sempre…
Acompanhado por Tadeu, Udil se retirou do alpendre e foi em busca do estábulo, de onde tirou dois alazões. Durante toda a inspeção pelas amarras do animal, ele mostrava um sorriso de orelha a orelha. Junto da família, sua paixão pelos equinos era a única coisa que rivalizava seu amor pelo sagrado.
O presbítero subiu em um dos animais. Logo atrás, Tadeu ajudou Marí a subir no outro cavalo, recebendo um agradecimento pela gentileza. Sem equino e alheio a arte da montaria, o mercenário pegou carona com o tio da parceira.
Alguns ajustes depois, o trio cavalgou em busca do destino, deixando a catedral para trás.
Notas do Autor
¹Iconostásio: Comum nas igrejas ortodoxas do oriente, é uma divisória que separa a nave de uma igreja (fiéis) do santuário (sacerdotes), sendo decorado com ícones e estátuas.