A Herança do Assassinato - Capítulo 7
Dante e Raphael finalmente conseguiram chegar na base das criaturas que estavam causando problemas na fazenda do Seu Tico.
Aquele era um acampamento pequeno, poucas barracas e consequentemente, poucos inimigos. Durante uma breve análise, Raphael conseguiu contar doze goblins no total, todos realizando algumas tarefas cotidianas.
— Faz algum tempo, mas eu li que os goblins são traiçoeiros — explica Dante — Eles montam armadilhas e usam de qualquer truque sujo.
— Isso acontece por causa da sua falta de força se comparada com monstros como os orcs e quimeras. Então temos que ter a atenção redobrada quando nos aproximarmos, para não cairmos em nenhuma armadilha.
A dupla permanecia escondida em uma aglomeração de arbustos, que lhes proporcionaram uma boa camuflagem.
— Ok, temos que pensar em um plano — disse Raphael.
— Não se preocupe, eu já pensei em um.
— Como assim?! — Raphael sem querer aumenta seu tom de voz, mas por sorte, os goblins não haviam o escutado — Você não pensou em um plano em tão pouco tempo.
— Pensei sim — Responde Dante, com sua expressão sem emoção.
— Então me explica, Senhor Estrategista.
Dante fechou os seus olhos por o que pareciam ser apenas alguns instantes, porém dentro de sua cabeça, ele já haviam se passado horas, para que pudesse organizar o plano da melhor forma possível. Então quando finalmente conseguiu, suas pálpebras se levantaram novamente.
— É o seguinte — Dante olhava para os arredores do acampamento — Os goblins são baixinhos, então podemos usar isso como vantagem ao nos aproximar utilizando galhos das árvores e temos que fazer isso em algum momento que esteja ventando, para que nosso som seja abafado pelo balançar das outras árvores.
Raphael ficou impressionado, que um moleque com apenas dez anos de idade havia pensado naquilo tudo e em período tão curto de tempo.
— Porém usando isso só conseguiremos nos aproximar do acampamento, vai ser preciso dispersar um pouco ele — O jovem colocou a mão no queixo — Podemos utilizar de algumas pedras, para as arremessar e causar sons, assim atraindo os monstros. A partir daí nós começamos nosso ataque, de pouco em pouco
Ouvir aquilo fez Raphael ficar boquiaberto. Aquela era uma estratégia simples, porém era impressionante que um garoto daquela idade demonstrasse tamanha visão de batalha naquela idade.
— Você realmente teve um bom plano, Dante.
— Sério? — o garoto se surpreende com o elogio — Eu achei que é muito simples, não vai dar certo.
— Às vezes as coisas simples, são as mais úteis e não se preocupe, comigo aqui seu plano com certeza vai dar certo.
As palavras de Raphael conseguiram alcançar Dante, lhe proporcionando uma grande onda de motivação dentro de si.
— Você vai executar o plano, enquanto eu vou adentrar no acampamento pela porta da frente — Raphael tinha um sorriso de arrogância no rosto.
— Você tá louco? — diz Dante, assustado com aquela ideia — São muitos goblins.
— Muitos? — Raphael deu uma risadinha de desdém — Isso não é nada comparado ao que eu já enfrentei.
O ruivo então se levanta, saindo do seu esconderijo e indo na direção do acampamento. Dante tentava o chamar, porém o homem parecia não o escutar.
— Ele é um Idiota mesmo…
Frustrado, Dante recolhe algumas pedras e começa a subir em uma árvore que ficava ao seu lado, para que pudesse colocar o seu plano em prática.
No topo da árvore pode ver Raphael caminhar até a entrada do acampamento inimigo, enquanto sacava lentamente sua espada de uma mão e meia.
— Olá seus bichos feios!!
Os goblins rapidamente notaram sua presença e se assustaram, provavelmente não estavam esperando um ataque assim a luz do dia. Os monstros começaram a correr para se armarem e então cercam Raphael, alguns mais próximos, utilizando de armas de corpo a corpo, enquanto outros se armaram com arcos e flechas, mantendo uma distância segura do inimigo.
— Pelo visto vocês são do tipo que agem mais e falam menos. É melhor assim, meu trabalho acaba mais rápido.
Os homens verdes não sabiam a língua humana, mas pelo sorriso de deboche que estava estampado no rosto de Raphael, eles logo deduziram que aquelas palavras não se tratavam de elogios.
Os três monstros que faziam a linha de frente então decidiram dar início ao combate, que durou menos tempo do que o esperado. Os goblins correram na direção do ruivo, preparados para desferir seus ataques e foi quando aconteceu.
Raphael segurando sua espada apenas com a mão direita, balançou a arma na horizontal, em uma velocidade que ele não havia demonstrado nem durante os treinamentos com Dante, que foi capaz de decepar as cabeças dos três goblins ao mesmo tempo.
— Era só isso? — Raphael aponta a espada manchada de sangue para o restante só acampamento — Quem serão os próximos?
Dante ficou abismado com a tamanha velocidade que o ruivo havia demonstrado. Mesmo depois de tanto tempo treinando com ele, o jovem nunca tinha visto o seu professor demonstrar tamanha capacidade física.
Apesar da grande proeza, Dante não podia ficar ali apenas assistindo o combate, tinha que ajudar também.
Logo ele começou a saltar entre os galhos igual a um macaco, indo para o lado oposto onde Raphael se encontrava. No fundo do acampamento havia apenas um goblin, que preparava para disparar uma flecha.
Dante então saca a sua causa katana e aproveitando da distração do monstro, saltou de seu galho e cravou a lâmina de sua espada no topo da cabeça do goblin.
Uma grande quantidade de sangue quente jorrou contra o rosto de Dante, mas isso não afetou o garoto. Sua expressão não havia mudado por nenhum instante que fosse, era como se ele tivesse feito uma das atividades do seu dia dia, como arrancar a maçã de uma árvore.
— Um já foi.
O rapaz retirou sua espada de dentro da cabeça do goblin e logo em seguida se deparou com Raphael, simplesmente, dizimando por completo qualquer goblin que entrava em seu caminho. A cada balançar da espada do ruivo, um goblin caía no chão. Seus movimentos eram rápidos e fortes, ele parecia um guerreiro que já tinha lutado há muitos anos e estava no auge de sua habilidade com espada.
Praticamente metade do acampamento já havia sido completamente dizimado em aqueles poucos segundos e aproveitando de que todos os goblins estavam se focando em Raphael, Dante partiu para mais um ataque.
O jovem correu em alta velocidade de uma dupla de goblins, que se encontrava de costas para o mesmo . Então concentrando uma alta quantia de mana em sua espada, o garoto desferiu um corte no pescoço de cada um dos monstros, assim decepando as suas cabeças, antes mesmo que eles dessem conta de que estavam sendo atacados.
“Está quase acabando” pensou Dante, quando então se deparou com diversos corpos verdes, ensanguentados pelo chão de terra.
Raphael se encontrava no meio deles, coberto pelo sangue daquelas criaturas e com esse mesmo líquido pingando da sua espada. Seu olhar não era nada feliz, muito pelo contrário, parecia que ele estava triste em ter que fazer aquele tipo de coisa.
— Como foi, Dante? — questionou Raphael — Não deve ter sido nada fácil.
— Na verdade, não — O garoto olhou para sua mão, que estava cheia de sangue — Eles iam matar as pessoas se não fizéssemos isso. Não me sinto mal em tirar a vida desses monstros, se for para salvar as das pessoas daquele vilarejo.
O ruivo parecia assustado com a frase do garoto e o motivo era óbvios. Uma pessoa que se considera normal, no mínimo iria vomitar ao cometer tal ato, mesmo que fosse para ajudar outras pessoas, mas Dante não. O rapaz continuaria com sua expressão fria e sem emoções, mesmo tendo cometido assassinatos.
— Vamos embora — disse Raphael.
Quando os iam embora, alguns estranhos sons surgiram de dentro de uma das cabanas. Eram grunhidos e logo depois se tornaram em pesados passos, que ao serem realizados, faziam um alto som ecoar por toda a floresta.
Então de dentro da cabana surgiu um último inimigo. Um grande e gordo goblin, que deveria ter por volta de dois metros de altura. O mesmo tinha duas presas inferiores saindo de dentro de sua boca, pinturas tribais no rosto, roupas feitas de pele de animais, além de uma enorme espada pendurada em sua cintura.
Vendo todos os seus companheiros mortos, o rosto da criatura se encheu de um profundo ódio e o mesmo liberou sua fúria na forma de um altíssimo rugido.
— UURRRRAAAAAAA!!!!!
Os pássaros que estavam descansando nos galhos das árvores próximas, saíram voando, assustados com aquele enorme grito. Dante e Raphael também tiveram que cobrir suas orelhas, para que seus tímpanos não fossem feriados.
— Esse é um dos fortes, vai ser mais difícil, mas consigo lidar com ele facilmente.
Quando Raphael estava prestes a sacar sua espada, ele é surpreendido por Dante , que entrou na sua frente.
— O que você pensa que está fazendo?
— Simples, descobrindo se o seu treinamento está rendendo — Ele encarou o goblin gigante — Eu vou matar esse aí.