A Ordem Espiritual - 13
Invólucro De Sentimentos
— Ignis Tempestas Elevatio! — ele entoa, suas palavras carregadas de poder, desencadeando um furacão de ventos poderosos envoltos em chamas ferventes. As chamas surgem ao redor da entidade, expelindo cinzas e brasas infernais, enquanto o exorcista continua no ar.
O calor consome o oxigênio, fazendo seu rosto formigar. O poder é tão intenso que incinera a matéria a uma velocidade letal, capaz de matar instantaneamente qualquer humano que fosse vítima.
Seu azar é que o dragão vermelho é o seu alvo. Ele sente aquelas chamas apenas como uma leve brisa, lembrando-lhe de estar novamente em Maladomus.
Sem hesitar diante do combo de feitiços, Azaael pisa com firmeza, utilizando toda sua força física para partir o chão sob seus pés em pedaços. Suas ações causam tremulações e vibrações no ar, dispersando a ventania e as chamas temporariamente, o que lhe permite escapar do centro do furacão.
Com um impulso poderoso, ele cria uma cratera ainda maior e ultrapassa a barreira de chamas, emergindo das brasas com poucos ferimentos, apenas algumas queimaduras superficiais e cortes da ventania. Acompanhando-o no impulso, o som chega com atraso devido à sua velocidade impressionante.
Move-se como a luz naquele instante, seus pés sendo pulverizados diante da intensidade do movimento, espalhando um rastro de sangue fervente que se vaporiza diante do calor. Enquanto encurta o espaço entre eles, tenta acertar Masaru com um golpe de joelho capaz de romper o ar, mas o golpe é defendido em milésimos de segundos pelo hábil exorcista, cujas mãos quase pendem diante da força do impacto.
— Você é uma desgraça de se enfrentar! — ele sussurra, sentindo a força esmagadora do ataque em suas mãos, encarando-o profundamente nos olhos, — Mas isso está me deixando mais animado… — Diante disso, ele empurra o joelho de Azaael para baixo, ganhando impulso para planar por mais tempo, enquanto a entidade sorri com garra em seu olhar.
— Tá ficando mais animadinho, é? — o demônio resmunga, cúmplice do sentimento, enquanto a tempestade chega ao fim, deixando um rastro de destruição atrás deles.
Aquele lugar está sendo apagado lentamente.
A entidade solta um suspiro profundo, e seus pés, que caem novamente rumo ao solo, param no ar, sustentados pelas asas negras que surgem em suas costas, fluindo como chamas.
“Adaptar esse corpo híbrido é complicado…
Ainda mais ao absorver a essência de Azadraek, um terceiro ser!”
O dragão, invocado, percorre seu corpo até se enrolar completamente em seu braço, em um movimento sinuoso semelhante ao de uma serpente.
Preso em mil pensamentos e possibilidades, a mente de Masaru funciona de maneira diferente dos demais. Ou talvez, agora, funcione assim. Ele não tem certeza, apenas sabe que as variáveis podem ser infinitas.
— Rugitus Draconis Daemoniaci, Potentia Totalis! — o demônio profere, suas palavras malditas acompanhadas da abertura da boca de seu dragão.
Energia negra flui ao seu redor e é consumida pela invocação, criando uma esfera concentrada. Em instantes, ela é disparada uma única vez, mirando no garoto, cortando o espaço com tamanha violência, causando a compressão do ar e resultando em inúmeras explosões potentes como bombas, surgindo de onde a entidade está até onde alcança.
Masaru sente a pressão negra se aproximando instantes antes de atingi-lo. Três… dois… um metro! Boom!
O eco ressoa, causando um tremor sentido por toda Nova Tóquio. Naquele instante, a escuridão devora os céus da noite. Pode-se ver a parede da realidade rachando, é um espetáculo de destruição que se expande no ar. Um acúmulo tão massivo de energia negra que o próprio oxigênio que preenchia o ambiente já não existe mais ali. Esse poder se assemelha ao próprio vazio, um abismo que consome tudo ao seu redor.
Esse golpe devastador irrompe varrendo dezenas de milhares de metros de destroços em seu rastro. Até mesmo o próprio Azaael é arremessado pela força implacável do ataque, quase alcançando os confins do distrito; seu corpo é impulsionado pela pressão avassaladora.
As nuvens que pairavam sobre o distrito se dissipam, sendo moldadas e dispersas pela intensidade do golpe, revelando um céu limpo. Uma ventania poderosa irrompe, seus ventos furiosos atingem uma velocidade incrível de dez mil quilômetros por hora, arrancando a vestimenta que envolve o corpo de Azaael como se fosse papel, desfazendo-a em pedaços que se perdem no caos do combate, enquanto seu sangue é jorrado pelo ar das feridas que ele acumula.
Já Gabriel, mesmo distante, precisa se proteger. Seu carro se desintegra diante do ataque, assim como metade da estrada que se inclina em direção ao distrito.
Sua barreira espiritual, mesmo refinada, estilhaça como vidro sob a força do vendaval.
“Porra!
Que tipo de poder é esse?”
A entidade o encara após virar-se, seus olhos se fecham brevemente, e então ela pousa enquanto seus pés se regeneram instantaneamente.
Um sentimento de urgência percorre seu corpo nesse instante e, apesar dos ferimentos causados pelo vento furioso que o cerca, ele ergue sua mão, dedos cruzados, repleto de determinação.
“Pelo golpe, em alguns minutos, outros exorcistas devem chegar aqui.
Eu só preciso segurá-lo, mas, droga, Masaru, você está morto? Logo você, cara!? Isso não era para ser desse jeito…”
Ele entra em posição, uma preocupação crescente marcando sua face. Mas logo desaparece, ele sente uma luz no fim do túnel…
— Ainda não é a sua vez! — Azaael profere, de costas para a cortina de poeira negra e tóxica que emerge. Por um triz, ele desvia de um raio de luz que roça sua cabeça, arrancando-lhe a orelha num instante, enquanto atravessa o campo de batalha devastado sem pausa para o confronto, — Esse moleque é realmente quem diz ser… — virando-se para encarar o que se revela.
Seus olhos estavam novamente fixos
Masaru, ainda vivo apesar de um braço faltando, sente os dedos da mão direita fervendo nas pontas após ter disparado o golpe de luz. Ele surge diante do dissipar da névoa negra. Após um baque, seguido da sinfonia de caos que se desenrola, ele aterrissa no solo, rasgando-o e batendo seus pés com violência. Está totalmente despido, seu corpo repleto de feridas recém-abertas e cortes profundos de queimaduras das trevas intensas que o demônio disparou.
— Seu desgraçado! Você me fez sacrificar meu braço, maldição! — ele grita, sangue jorrando de seus lábios enquanto se apoia no chão. Após ter lançado o feitiço de luz com o braço direito, sente a exaustão da técnica o atingir. A adrenalina injetada em suas veias o deixava, seus olhos ardendo de vermelho pela imensidão do ataque, com um negro abissal de sua carne queimada. Restava apenas o braço, tendo perdido todo o antebraço para baixo, — Vou te exorcizar no próximo golpe! — ele ameaça.
O demônio se surpreende. Aquele embate está alcançando níveis extremos; metade de sua face está desfigurada, queimaduras cobrem seu corpo, e sua orelha esquerda foi arrancada.
Enquanto isso, Masaru o fita com a mesma condição devastadora, feridas que levariam qualquer outro à derrota.
“Um terço da minha energia negra foi neste golpe!
Este rapaz, embora seja um exorcista poderoso, ainda é apenas um humano desperto!
Nem os anjos conseguiram escapar do meu dragão, então, o que há de tão especial nele?”
— Tudo acabará no próximo movimento! — Enquanto o sangue escorre de seu rosto, ele ergue o braço, batendo no peito com determinação. Um desejo crescente invade seu ser, misturando-se à sua fúria.
“Que irritante!
Quando comecei a sentir esse desejo, esse anseio?
Isso é meu, ou é do garoto?”
Sua voz ecoa estridente pelo campo de batalha enquanto Masaru se ergue com um impulso da mão que ainda lhe resta, cruzando os dedos imediatamente. Sua aura ainda flui intensamente, dançando ao seu redor, ao passo que Azaael faz as tatuagens se moverem por seu corpo, despindo lentamente sua pele e sendo devoradas por sua aura que cresce a cada instante.
— Que demônio de fé! — ele ironiza, um sorriso de lado se desenha em sua face, ainda não se rendendo ao desespero.
Qual ego prevalecerá?
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