A Rosa Fantasma - Capítulo 6
Dezenas de corredores estreitos que aparentavam não ter um fim se entrelaçavam, formando um labirinto. Os vaga-lumes nas paredes pareciam olhos brilhantes que desapareciam à medida que Ellen passava por eles.
Já fazia mais de uma hora desde o começo da sua jornada pela escuridão desses corredores subterrâneos, vagando sem rumo, utilizando apenas o tato como guia.
— Hum… Existe literalmente toda uma cidade debaixo de Jothenville. Ou, quem sabe, já estou na floresta? — Afrouxou sua gravata, sentindo-se incomodada com o calor e o suor que escorria pelo seu corpo. — Eu não devia ter escolhido estas roupas. Droga, é aterrorizante quando Owen tem razão… Ahn? O que é aquilo?
Um clarão avermelhado chamou a atenção dela para um dos corredores. Caminhando com cautela, a soldado foi até a origem da luz.
Fora dois pequenos lampiões, não existia mais nada iluminando o local, por isso, boa parte da sala continuava enterrada nas trevas. Ali se encontrava uma enorme mesa de madeira maciça, praticamente cruzando o local de uma ponta à outra. Nas paredes, tinham prateleiras gigantescas carregadas de livros e manuscritos que se erguiam até a escuridão do teto. Dezenas de objetos que Ellen nunca tinha visto antes estavam espalhados pelo chão.
De certa forma, essa sala lembrava uma biblioteca antiga e bagunçada.
Sobre a mesa, existiam vários cilindros de vidro cheios de líquidos com cores diferentes. Tinham também diversas espécies de ervas e plantas desconhecidas ao lado de tubos com pontas de metal. O odor no ar era repugnante, como se houvessem fezes e animais em decomposição espalhados por todos os lados.
Em outro ponto da mesa, estavam algumas gaiolas com pequenos bichos trancafiados. Ao olhar dentro de uma delas, Ellen encontrou dois camundongos brancos.
— Tem algo errado…
O primeiro, aparentava ser um animal normal. Olhos vermelhos e brilhantes, correndo sem parar por toda a gaiola. Já o segundo, possuía olhos amarelados e estava imóvel. Por um instante, a legior pensou que ele estivesse morto, porém, as pulsações nas orelhas e a respiração fraca do rato mostravam o contrário.
Aquele bicho parecia estar hipnotizado.
Ellen nunca presenciou algo do tipo antes, mas tinha um bom palpite sobre o que estava acontecendo.
— Estou em um laboratório. Estão fazendo experimentos em seres vivos.
O estômago da jovem de cabelos brancos se revirou apenas com o pensamento desses pequenos animais sendo torturados por um motivo desconhecido, e, possivelmente, terrível. Afinal de contas, se algo assim estava sendo feito em um local escondido da população, não podia ser por uma causa benéfica.
Ao olhar novamente para os objetos em cima da mesa, um frasco carmesim chamou a sua atenção. O líquido dentro dele possuía o cheiro de sangue envelhecido. Em um papel amarelado colado no vidro, estava escrito: Sangue da progenitora.
— Ajude-me…
De repente, uma voz desconhecida ecoou, fazendo o coração da garota de cabelos brancos saltar para a garganta. Após se esconder atrás de uma pilha de livros, ela procurou a origem do som, mas não encontrou nada. Alguns segundos depois, barulho de correntes batendo e gemidos de agonia quebraram o silêncio novamente.
— Alguém… me salve… por favor…