Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 12 – Apresentação
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- Arco 1: Capítulo 12 – Apresentação
O grande portão de metal foi aberto por dois mordomos: um jovem e um senhor de idade. A carruagem adentrou no grande e preenchido terreno daquela mansão nobre. O lugar era fantástico, principalmente para pessoas que nunca viram nada parecido. Em toda sua parte havia um gramado e árvores que davam mais vida ao local, junto de um chafariz no centro, onde tinha bancos de madeira o rodeando.
Não era só essa parte em destaque no lugar, até porque, havia mais caminhos ligados à entrada da mansão. Mas, o principal de verdade, era o próprio casarão à frente.
Dizer extraordinariamente grande seria um tiro certeiro. A mansão aparentava ter três andares — provavelmente um sótão em seu último —, e com uma extensa largura. Aquele seria o novo local de trabalho de Dante Katanabe, e com o tamanho daquela residência, começou a ficar ainda mais ansioso.
Por fim, passaram pelo chafariz e pararam em frente à uma escada com poucos degraus que levava à varanda. Em cima do pós degrau superior, haviam seis pessoas.
— Enfim, Dante, nossa viagem acabou. Que tal conhecer seus colegas de trabalho e seu chefe?
O garoto estava ficando mais ansioso e animado com aquilo. Iria trabalhar pela primeira vez, e seria para um nobre rico.
— Sim — falou — Mas, antes, eu queria te agradecer por ter achado esse trabalho para mim. Muito obrigado.
— Não acho que haja muita necessidade em me agradecer, já que isso fazia parte do contrato que estabelecemos juntos. E se alguém tiver que agradecer aqui, sou eu, mesmo sendo uma obrigação por contrato. As coisas que você vai fazer, vão tornar a minha nação em um lugar mais moderno.
— Oh, é mesmo? Pera, vocês vão replicar meus produtos em massa?
— Bem, sim, mas melhor conversarmos sobre isso em algum outro dia. Nos encontraremos novamente, com toda certeza. Vamos logo! Não é bom deixar seu chefe esperando em seu primeiro dia de trabalho.
O garoto assentiu, e ambos os dois se levantaram e andaram até a saída da carruagem, com Dante saindo na frente.
“Meu primeiro dia de trabalho! Meu primeiro trabalho! Tão animador! Estou tão animado!”, um sorriso era cada vez mais expressado em seu rosto.
Ele estava feliz e sua situação, naquele momento, era animadora. Dante Katanabe era um otaku recluso que abandonou o colégio, e nunca se viu em uma situação onde estaria em um prego. Porém, a oportunidade veio, e estava aí agora. Tão animado e tão feliz que não prestou a atenção em seu sapato… Abriu a porta da carruagem, e…
— Hã?
…Viu sua visão, antes apontada para frente, indo direto ao chão duro e com pisos — tipo os quadrados de uma rua — daquele enorme quintal.
“Que bosta!”
Para sua felicidade, surpresa e alívio, não foi isso que ocorreu. Ao invés de cair no chão e sentir uma dor miserável ressoando por todo o seu rosto, ele parou no ar, sentiu um vento cercando todo seu corpo. O mesmo vento o colocou em segurança no chão.
— Tome mais cuidado, Dante. Seu cadarço está desamarrado.
Quem disse isso foi Lyvia, a mesma pessoa que impediu de cair no chão.
“Essa foi por pouco…!”, suspirou de alívio.
Os dois mordomos de antes passaram pelo garoto. O mais velho deu uma pequena olhada e, depois, desviou o olhar. O jovem tentou segurar a risada ao ver Dante quase caindo no chão. Eles andaram até os demais integrantes da mansão.
— Mas que atrapalhado. Deixe eu ir na frente — disse Alfrey, passando por ele.
— Uh… certo. — Enquanto a rainha andava em direção aos integrantes da residência, o garoto se agachou e amarrou seu sapato.
— Obrigado por isso, Lyvia.
— Certo. Tenha mais cuidado na próxima, pode ser?
Ao dizer isso, a mulher andou até todos estavam, porém, em pouco passos, ela foi tão descuidada quanto o garoto, tropeçando em seu próprio pé e caindo no chão.
— …Ai…
— Acho que você também deveria ter mais cuidado… — disse Dante, fazendo uma cara engraçada, vendo o que acabara de acontecer.
— Acho que eu deveria calar a minha boca…
O garoto a ajudou, puxando seu braço, levantando-a. Lyvia limpou a sujeira em sua roupa.
Enquanto isso, a garotinha subiu aos degraus, chegando na varanda e se deparando com todos eles.
— Seja bem-vinda, senhorita Alfrey — disse o dono da mansão e chefe do local.
— Oh! Mas que educado você é, Chap? Que isso? Somos amigos há tanto tempo e você está me tratando assim hoje? Me chamando de senhorita e tudo mais?
— Convenhamos que, para ser um exemplo, primeiramente, precisa dar o exemplo.
O sentido de suas palavras foi: “irei te tratar assim para mostrar aos meus funcionários como se deve tratar alguém que está em uma classe superior à sua”, e essa atitude parecia ter algum efeito positivo, assim como o chefe queria.
Seus empregados eram bem educados e esforçados em seu trabalho… Bom, quase todos. Por fins, esse exemplo também devia cair por seus filhos, “sobre como tratar uma rainha”. Entretanto, Alfrey não parecia seguir essa linha de raciocínio tão bem.
— Bem, e onde está o meu novo funcionário?
Chegou direto ao seu ponto de interesse, e deu pequenas olhadas para trás, mas só achou quatro cavaleiros, a assistente da rainha e uma pessoa desconhecida.
— É aquele ali, vindo junto de Lyvia.
— Ah.
Chap só ficou um pouco confuso com o jeito que Alfrey o chamava. Dante era parecido com uma garota, mas não era difícil perceber seu verdadeiro gênero. Porém, a história mudava quando se via de longe.
Cada passo que o garoto dava, subindo cada degrau, era uma grande batida no seu coração. Ele estava ansioso, bastante animado com seu primeiro emprego e sentindo um pouco de calor.
Os dois chegaram no último degrau.
— Bom dia, senhor Chap.
Lyvia falou, enquanto fazia uma pose. Dante não sabia o que aquilo significava, talvez, por ser um nobre o respeito era muito apreciado. Então, tentou replicar a pose que ela fez.
— B-bom dia.
O chefe parecia ser bem atencioso, apenas o cumprimentando, dizendo a mesma coisa.
— Bom dia. Eu sou o…
— Dante! Esse cara esquisito aqui é o seu novo chefe, Chap Elliot!
— “Esquisito”?! Adoraria que você não se intrometesse na minha apresentação desta forma…
— Ha, ha, foi mal!
— Por que falou “foi mal” se não está nem um pouco arrependida?
Alfrey se intrometeu no meio, pegando todos ali de surpresa, e deixando Chap um pouco irritado. Seus funcionários tentaram segurar a risada. Lyvia não segurou muito bem a risada e aqueles quatro magos atrás nem tentaram. Foi o tipo de coisa tão aleatória comentada em público, que tirava um sorriso do pessoal.
Naquele momento, o nervosismo de Dante se dissipou, e só conseguiu achar graça da situação. O garoto começou a gaguejar só para se apresentar, e o inusitado insulto em tom de graça da rainha o fez perder parte deste nervosismo, como se estivesse mais à vontade.
Provavelmente, a garota não tinha intenções de fazer o garoto ficar mais relaxado, ele nem sabia se ela tinha o percebido nessa situação, mas a agradeceu internamente por isso.
Chap ficou um pouco corado com isso, e tentou se recompor, limpou sua garganta e continuou.
— Bem, como eu estava dizendo, meu nome é Chap Elliot, dono desta mansão e seu novo chefe. Pelo visto, seu nome é Dante, não é mesmo? Prazer. — Ele estendeu sua mão para um aperto, no qual Dante concedeu de forma surpresa e alegre.
Chap era um nobre cujo o rosto maduro mostrava gentileza, não aparentava ter mais de trinta anos e sabia os bons modos, sendo alguém bem certinho, no final das contas. Suas vestimentas eram algo bem imaginável para um ricaço dono de mansão da idade média: um terno marrom, junto de calças e sapatos de couro da mesma cor.
O garoto já havia reparado nas roupas dos funcionários homens no local, porém, ao lado do chefe também haviam as funcionárias. Usavam roupas pretas e brancas de empregada que cobria boa parte do corpo: sem nenhum decote ou amostra de pele. Com meias-calças brancas, junto com aquele par de luvas que demonstrava um certo ar de elegância.
Eram cinco empregadas no total, que estavam caladas atrás deles, junto dos dois empregados.
— Bem, parece que já fiz meu trabalho. Acho que já vou embora agora, quero dormir um pouco.
Passaram-se um dia inteiro de viagem, isso com os melhores cavalos e magos de guarda à proteção de sua soberana. Todo o trajeto foi consideravelmente rápido, porém, cansativo.
— O quê? Mas já? Não quer ficar um pouco para tomar uma xícara de café?
Chap queria mais da companhia da garota em sua mansão, mas ela recusou prontamente.
— Eu digo que quero dormir e você me oferece uma xícara de café? Mas não, agradeço. Além disso, tenho coisas para fazer.
— É verdade, mil perdões. Acabo esquecendo que uma velha rainha também tem suas obriga… Opa! Me desculpe! Te chamei de velha? Quis dizer uma amiguinha tão pequenininha também tem suas obrigações.
— Velha é a sua avó, seu abusado! E como assim “amiguinha tão pequinininha”? Não sou uma criança!
Chap retrucou sua piada anterior, tocando a sua ferida, e deixando-a bem irritada. Isso estava divertindo todos do local, aparentemente.
— Bem, esquece! — Virou-se para Dante — Estou me retirando agora. A gente se vê. Aproveite seu novo emprego.
Estendeu a mão para um aperto.
O garoto não pensou muito no que poderia responder nesse momento. O tempo que passou com a garota foi divertido, e ele viu coisas que nunca imaginaria ver antes. Então, só usou a primeira coisa que lhe veio à mente.
— Bem, obrigado por tudo. A gente se vê.
Dante apertou sua mão, a cumprimentando.
— Hm, que mão pequena.
— E a sua não é como a de um másculo lenhador.
Alfrey, Lyvia e companhia partiram da mansão, a Mansão Elliot. O objetivo da garotinha era só entregar o jovem. Agora com esse objetivo completo, estava na hora do garoto fazer as coisas por si agora.
Era seu primeiro emprego, e estava animado, não queria colocar tudo a perder.
Dante estava em cima da varanda, enquanto todos estavam nos degraus abaixo, o olhando. Chap deu a ideia do garoto falar um pouco sobre ele, “isso para poder criar laços com os colegas de trabalho”, foi o que disse.
Dante estava pensando um pouco sobre o que falaria naquele momento, sobre sua vida. O jovem não queria, simplesmente, falar sobre como começou a cabular aula e desistiu da escola, ficando no quarto jogando e assistindo anime, isso não seria tão legal. Poderia falar sobre suas habilidades? Não tinha tantas envolvendo faxina. O garoto sabia cozinhar. Aprendeu quando era mais novo com seu pai. Poderia falar sobre isso.
“Huh?”
Enquanto pensava, Dante prestou atenção em um jovem empregado à sua frente. Não tinha reparado tão bem no rosto do mordomo mais novo, porém, olhando atentamente…
“O rosto de um japonês?”
Seus pensamentos foram cortados pelo som de Chap limpando sua garganta, esperando sua apresentação.
“Espera? Estou demorando muito?!”
Percebendo que só estava perdendo tempo parado ali, ficou nervoso e decidiu agir logo, e começou a falar qualquer coisa que vinha em sua mente.
— B-bom dia, p-pessoal. Prazer, meu n-nome é D-Dante Katanabe. T-tenho dezesseis anos, só órfão… eu acho… E gosto de RPG!
Não era como se alguém ali fosse saber o que era um “RPG”, na verdade, estavam se perguntando o que era um. Dante ficou vermelho, e o que o deixou tão envergonhado foi essa sua última frase, que saiu por causa do nervosismo.
Todos aplaudiram o garoto por educação.
“Por que eu falei sobre RPG?! Que vergonha!”, já estava colocando as mãos em seu rosto, mas foi impedido por sons de passos que o deixou curioso.
— Que apresentação interessante, Dante Katanabe. — Uma empregada de cabelos laranjas estava subindo os degraus, andando até ele — Parece que você não tem muita experiência na arte de se apresentar, estou certa? Meu nome é Amber, muito prazer. — Sua voz era gentil, e confortava qualquer um.
— Quer ser meu amigo? — disse ela, esperando uma resposta.
Essas palavras encheram o coração do garoto de conforto e alegria, fazendo-o ignorar gradualmente a vergonha que acabara de passar.
— E aí?
Ela ainda esperava uma resposta, e o jovem já tinha uma
— S-sim, por favor!
Assim, o garoto fez uma nova amiga.