Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 18 – Indo às Compras
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- Arco 1: Capítulo 18 – Indo às Compras
O garoto já havia morrido 3 vezes, a primeira vez foi por culpa de um demônio, a segunda foi afogado. Se for pensar melhor, o Leviatã derrubou o barco que estava junto de Angel, então, de certa forma, o culpado também foi um demônio. Mas, e sua terceira e mais recente morte? De qualquer forma, ele realmente detestaria mais uma amostra do doce sabor se sua vida acabando, de novo e de novo, porém, parecia que teria que tomar mais cuidado a partir de agora.
Depois que saiu do quarto da deusa, a primeira coisa que sentiu foi o leve cheiro da madeira do piso. Havia renascido novamente, e quando percebeu, levantou-se rapidamente do chão, no entanto, sua perna estava meio fraca, e quase caiu no chão. Isso só não aconteceu porque se apoiou na parede.
— Caramba… vejo que os próximos dias vão ser agitados…
Olhou para cima, onde estava a pedra de mana, que funcionava normalmente, iluminando todo o local.
— Será que isso que me matou pode controlar coisas… tipo, a luz? Eu estou em quê? Em um filme de terror?!
Ao olhar para baixo, viu um grande buraco na região do estômago em seu uniforme, onde mostrava a sua barriga completamente curada após a ajuda de Himawari. Lembrar do estado anterior dela, onde podia ver sua carne viva e sangue, o deixava mal.
— Terror vai ser eu tendo que explicar ao chefe do porquê tem esse buraco na minha roupa!
O jovem retirou sua roupa rasgada, colocando-a sobre o homem. Foi quando se lembrou que estava em um closet, e que lá tinha uma outra roupa de empregado. Rapidamente, procurou uma reserva. Quando achou, a vestiu rapidamente e com um pouco de nervosismo.
— O que eu faço com isso agora?
Havia duas opções que poderia seguir: a primeira seria entregar a roupa para Chap e inventar uma desculpa para a situação daquela vestimenta; a segunda era ele deixar a roupa rasgada em um canto, onde ninguém perceberia. Claramente, escolheu a segunda opção. Dobrou a roupa e a colocou no chão, em uma parte onde não encontrariam tão cedo. Depois disso, saiu com pressa do closet.
— Como será que vão ser os próximos dias?
Enquanto andava pelo corredor, se deparou com sua veterana, que usava um pijama.
— Oi, Dante, acabou o seu trabalho?
Quando ela chegou mais perto, o garoto percebeu a cara cansada que tinha.
— Huh, sim. Agora só falta tomar banho e ir dormir.
— Bom, bom. Houve algum problema na tarefa?
“Além de ter morrido de novo, não.”, acenou negativamente com a cabeça enquanto pensava nessa contradição.
— Uh, mas espera, porque você veio até aqui?
Ele imaginou que, depois do banho, a garota iria em direção aos quartos, mas o caminho que seguiu era o completo oposto.
— Quis ver se você já tinha acabado, ou estava com problemas.
— Ah! Era isso! Haha, você é tão gentil, veterana!
— Hm, obrigada.
— Hahaha!
Começou a rir de nervoso. Se demorasse mais algum tempo no quarto da deusa, Chloe encontraria Dante em estado de completa morte, em uma cena nada legal aos olhos, junto um cheiro forte de sangue, que não seria nada agradável ao nariz.
A garota olhou na região abaixo do pescoço dele.
— Ah, por que sua gravata não está amarrada?
— Oi?
Ele olhou para baixo, e realmente estava desamarrada, e nem era como se fosse fazer alguma diferença, já que havia acabado o trabalho dia.
— Aqui.
Chloe pegou a gravata de Dante e começou a arrumá-la.
— Uh, valeu? Mas vou ter que tirar ela depois, de qualquer forma.
— Tudo bem, eu só queria ajeitar.
Ela bocejou.
— Muito obrigada por assumir o trabalho pra gente.
— Tudo bem. Fiz isso porque me atrasei hoje.
— Se um certo cara fosse produtivo e dedicado como você… — referiu-se à Ren — Bem, boa noite, vou para cama. Amanhã será um dia menos cheio do que hoje foi.
— Ah, tudo bem.
O garoto andou em frente, e Chloe foi junto dele. Parou para pensar no que ela disse, e questionou:
— Espera, por quê?
— Nós iremos às compras amanhã, e isso significa que não iremos fazer boa parte dos trabalhos.
— Entendi.
Depois dessa conversa, os dois foram aos seus quartos, cada um desejando uma boa noite ao outro. Chloe foi dormir e Dante foi buscar seu conjunto de moletom, tomar banho, para finalmente dormir.
— Que dia exaustivo…
Jogou-se na cama após o banho.
— Espero que não tenha um pesadelo de novo, ou morra de novo… pensando bem, será que aquilo foi um alerta? Uma premonição? Ou será que, sejá lá o quê me matou, caso não for humano, pode manipular sonhos? Talvez esteja sendo maluco ao pensar nisso… Mas, existe essa parte do meu mundo completamente fantasiosa, né?
Suspirou, seus olhos cansados estavam se fechando, e o garoto insistia em deixá-los abertos, pelo menos por um tempo. Antes decidir se render ao sono, disse:
— Vou ser mais cauteloso amanhã… Se o quê que me matou souber que estou vivo, vai tentar de novo. Não sei como me ocultar, mas vou tentar ser mais cauteloso…
Cobriu parte do rosto, apenas deixando o seu olhar sério para fora da coberta, e, então, dormiu.
A luz do sol invadiu seu quarto escuro. Quando havia se tocado, já estava com seus olhos abertos, olhando para a escrivaninha ao lado da sua cama.
Ele não teve nenhum problema naquela noite, nada relacionado com pesadelos ou mortes, pelo menos.
Seu celular começou a tocar o seu despertador, junto daquela música de anime.
Esticou sua mão até o celular e parou o alarme, logo depois, levantou-se.
— Se eu sempre acordar antes do despertador, para que ativar um? Se bem que ontem dormi mais do que deveria…
Sentiu um fio em sua língua.
— Hm?
Quando percebeu, havia um pouco do seu cabelo na sua língua. Rapidamente, cuspiu para fora.
— Certo… Good morning everyone! — Pulou para fora da cama, se preparando para mais um dia de trabalho.
Antes de sair do quarto, se alongou, e depois se trocou.
Abriu a porta, e se encontrou com Ren, que parecia bem mais à disposição para o trabalho do que nos dias anteriores.
— Bom dia, Ren.
— Bom dia… — bocejou — você parece bem mais animado do que ontem.
— Acordar sem ter tido um pesadelo é muito bom, não concorda?
— É por isso que você está tão feliz?
— Sim, sim. Ontem tive um pesadelo terrível.
Dava alguns pulinhos de animação. Por alguma razão, Ren estava achando aquilo um pouco fofo. Ele esperava que isso fosse por causa de Dante ter uma aparência bem afeminada, ou ele realmente for um garoto que consegue ser fofo, e que não tivesse tendo um interesse oculto crescendo dentro de si.
— Bem, diferente de você, não sou tão animado quanto ao trabalho. Acho que nos meus primeiros dias eu era. Mas, também, não posso reclamar. Tenho um teto sobre a cabeça, comida quentinha e um salário ótimo.
— É mesmo?
— Você vai ficar boquiaberto quando tiver o seu primeiro salário, Dante! Dá para comprar um monte de coisa com isso!
Mais uma porta foi aberta, e quem saiu de lá foi Chloe. Já vestida com o uniforme, e pronta para o trabalho, ela inalou o ar. Olhou para o lado, percebendo seus colegas de trabalho.
— Ah, vocês já se levantaram, meninos? Até o Ren…
— Claro que me levantei! Você acha que sou o quê? Algum tipo de desocupado?
— Quer mesmo que eu responda?
O rapaz olhou para o lado, evitando a resposta.
— Enfim, é bom saber que vocês já estão acordados. Vamos comer alguma coisa na cozinha e ir para o vilarejo fazer umas compras.
— Beleza! — os dois exclamaram.
“Espera, aquele vilarejo?”, quando estava vindo para mansão, o garoto havia passado por um vilarejo.
Os três já saíram da mansão, e estavam caminhando em uma trilha por uma floresta que, segundo Chloe, era livre de perigos.
Ambos estavam caminhando de forma calma, sem muita pressa de chegar ao vilarejo. Ren e a garota conversavam sobre algo, mas Dante não estava prestando atenção nisso. Sua visão estava direcionada ao chão e sua mão estava no queixo.
“Considerando que morri quando estava sozinho no closet, será que a coisa que me matou está preocupada em só me matar?”, o jovem começou a pensar em situações em que esteve sozinho, que poderia ser uma boa brecha para acabar sendo morto sem ninguém por perto.
“Pensando bem, desde que fiquei um tempo em Kuyocha, não fiquei muito sozinho. A Angel sempre estava comigo… Se a coisa que me matou podia fazer isso há muito tempo, por que não fez? Talvez seja porque ela esteve comigo, além de ser muito forte…”
Porém, quando chegou na Mansão Elliot, já não estava mais acompanhado de Angel. Considerando isso, por que não foi morto em uma das situações em que estava sozinho? Tipo, dormindo no quarto.
“Será que ele queria esperar um momento certo? Mas não seria quando estivesse dormindo? Então, por que logo no closet?”
Tentou achar uma razão para isso, mas, no final, já tinha uma ideia do que poderia fazer, e estalou os dedos alegremente quando decidiu seguir essa hipótese.
“Se ele souber que estou vivo de novo, e só vai tentar me matar novamente quando eu estiver sozinho, é só ficar a maior parte do tempo junto de alguém que não tem risco! E, por algum motivo, não fui morto nenhuma vez enquanto dormia, pelo menos, não na vida real… Vou continuar contando com isso.”
Encontrou a única forma de evitar qualquer perigo por ora, mas não tinha certeza se isso ia funcionar 100%, então, contava com a sorte.
— Hã?
Foi tirado de seus pensamentos com dedos sendo estalados bem no meio dos seus olhos.
— Você está ouvindo, Dante?
Foi Ren. Tanto ele quanto Chloe o olhavam confusos.
— Desculpa, estava perdido em meus pensamentos. Estavam falando sobre o quê?
— Esquece, não é nada realmente importante.
Os três continuaram seguindo a trilha completamente calados. Foi quando os seus dois colegas de trabalho viraram em direção à floresta, e começaram a adentrá-la. Dante confuso, questionou:
— Ô, gente, a trilha não continua por aqui?
— Ah! Sim, mas nós vamos pegar um atalho. Quando voltarmos, passaremos normalmente pela trilha. Afinal, não seria muito bom passar por dentro da floresta quando você está carregando bolsas — Chloe disse.
— Entendi.
Então, adentraram mais a fundo. Havia uma gigantesca quantidade de árvores, o que dificultaria a passagem com bolsas, e que deixava, pelo menos naquela parte, a floresta menos espaçosa. O jovem não se incomodou com isso, e apenas seguiu os passos de seus amigos.
— Então, tem algo interessante para me contarem sobre esse vilarejo? — Tentou puxar conversa.
— Ah, na verdade, tem sim — Chloe falou — A região onde o vilarejo está localizado é de propriedade do senhor Chap.
— Sério? Então o chefe é dono do vilarejo?
— Não, só das terras. O verdadeiro Senhor do Vilarejo é um velho.
Poucos minutos se passaram. Eles chegaram ao fim daquela parte da floresta, onde se depararam com uma colina. Em baixo tinha um rio, e, para passar, tiveram que atravessar uma ponte que tinha ali.
Dante certamente teve algum receio em passar pela ponte, já que se caísse, se afogaria facilmente, já que não sabia nadar. Felizmente, deu tudo certo, e tiveram que adentrar um pouco mais a floresta que tinha no outro lado.
— Chegamos! — disse Chloe, que foi a primeira a sair da floresta, enquanto os outros dois estavam um pouco para trás.
Quando pôde ver, Dante se deparou com o vilarejo, um local movimentado e cheio de casas. Aquele lugar passava uma energia boa. O jovem já tinha visto esse lugar antes, mas, agora de outro ângulo, foi bem diferente.
— Vamos logo, pessoal. Temos muitas coisas para comprar.
A garota saiu na frente. Antes que o jovem pudesse acompanhar seus passos, a mão de Ren agarrou seu ombro. O rapaz foi até seu ouvido.
— Com certeza você já deve ter percebido, mas eu também sou japonês.
— Ren?
— Sou Ren Takahashi, e só queria te dizer isso mesmo, já que não tive a oportunidade de falar isso pessoalmente. — Ele se afastou do garoto, seguindo caminho.
Era verdade que o jovem tinha suas dúvidas no início, mas tentou não pensar muito nisso. E nem cogitou a ideia de tentar adivinhar isso depois que foi morto. Contudo, Dante gostou desta confirmação, já que, agora, sabia que não era o único estrangeiro ali.
“Espera…”
Mas, com isso, também acabou cogitando algumas coisas.
“Se o Ren também é um japonês, será que existem outros aqui? Não só japoneses, mas pessoas de outros países? Vir para esse continente é perigoso, então, se existem outros, o número deve ser pequeno.”
Nunca houve uma confirmação oficial de que algum ser humano conseguiu ir para aquele lugar sem morrer antes. Já houve relatos de pessoas que afirmaram ter adentrado antes e terem conseguido sair, mas já se provaram falsos.
“Espera, quando vim para cá, vim me preparando para morrer?”
Até podia ser, já que decidiu ir com Angel. Talvez, quando perdeu seus irmãos, achava que não tinha mais nada a perder, então tomou essa decisão. Porém, nem mesmo ele percebeu isso, então, provavelmente só agiu por impulso.
“Espera… pessoas mortas ou desaparecidas…”
Aos poucos, se lembrava da visão e do medo quando viu o grande demônio pela primeira vez, o Leviatã.
“Espera! Espera! Espera! Será que por causa dele que as pessoas morrem ou desaparecem? E eu só fui mais uma vítima?!”
Agarrou seus cabelos e começou a bagunçar.
— Caramba… Espera, por que estou aqui parado? Depois penso nessas coisas, tenho que trabalhar
Foi correndo até seus colegas para não ser deixado para trás.