Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 5 – Conclusão Pós Batalha
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- Arco 1: Capítulo 5 – Conclusão Pós Batalha
O garoto arregalou os olhos ao retomar a consciência. Após reviver pela primeira vez, se encontrou deitado no chão. A iluminação daquele poste ofuscava a sua visão.
— Eu… voltei…
Fez força para se levantar, e quando consegiu, viu sua casa imersa em chamas. Vários vizinhos do outro lado da rua viam a residência pegando fogo. Todos estavam bem surpreso com aquilo.
Já onde o garoto caiu, não parecia que ninguém foi verificar o que estava acontecendo, pelo menos não naquele momento.
O moletom na região da barriga permanecia rasgado, já o seu corpo intacto. O trabalho daquela deusa foi impecável. Apesar de ver sua roupa rasgada, o jovem estava pensando em sua família que morreu queimada nesse ataque da besta demoníaca.
O garoto sentiu uma forte dor em seu coração, como se uma flecha o perfurasse. Também sentiu um nó na garganta e seus olhos lacrimejando. Ele estava pronto para se jogar no chão e começar a chorar.
Porém, não é como se pudesse fazer isso agora, pois sentiu a presença daquela mesma besta demoníaca, e ela estava ao seu lado, o encarando em silêncio. Dante não conseguiu se mover. O medo tomou conta se seu corpo.
Seus olhos estavam focados no chão. O garoto estava em uma confusão, entre olhar ou não para aquele monstro.
O demônio aproximou-se um pouco mais. A pesada respiração dele atingia os cabelos de Dante e o fazia suar frio.
O garoto, que não demonstrava nenhum sinal que iria se mexer, moveu lentamente seus olhos até a criatura. Seu campo de visão estava no demônio, que também ficava imóvel.
Era uma situação assustadora, onde nenhum dos dois se mexiam, mas se encaravam atentamente. Dante não sabia o que aquele demônio que era mais alto e mais forte queria. Já a besta demoníaca não demonstrava querer nada, mesmo estando olhando para o garoto de uma forma obcecada.
As pernas de Dante começaram a tremer, sua respiração pesou ainda mais e lágrimas estavam saindo de seus olhos. Não sabia o que esperar ali. Os dois estavam na mesma posição há alguns quase um minuto.
A tremedeira em suas pernas foram mais fortes do que a vontade de continuar em pé. O garoto ficou de quatro no chão, sem saber o que fazer. Ele podia simplesmente correr, mas a sua falta de coragem não permitia.
O demônio finalmente parecia que ia fazer alguma coisa. Movendo o seu pé para trás, ele o levou para frente com muita força, assim, novamente,
acertando o estômago de Dante.
Esse chute foi forte o bastante para fazer o jovem desmaiar e o arremessar novamente.
O corpo do garoto voou em alta velocidade que mal encostava no asfalto.
Só que, para a sua sorte, seu corpo foi pego por mãos gentis. Angel estava voando com o desacordado Dante em seus braços, e se afastando do demônio que via toda aquela cena.
Obviamente, a garota não ia fugir da luta. Ao invés disso, ela colocou o garoto no telhado de uma casa. Já que Dante estava em segurança, ela podia focar em um só objetivo: matar a besta demoníaca.
Sem perder tempo, ela retirou sua espada de dentro da bainha e pulou de cima do telhado em que estava.
“Prefiro fazer isso rápido, sem chamar atenção alheia.”
Com as asas eretas, ela planejou em direção ao demônio, que a observava em silêncio. Perdendo um pouco de altitude, a garota brandiu a sua espada. A besta demoníaca finalmente reagiu, correndo até a mulher planando no ar. Ele pulou, ficando cara a cara com Angel, mostrando seu punho logo em seguida.
Angel, em um movimento rápido, atravessou com a sua lâmina o pescoço do demônio, cortando sua carne e manchando a parte metálica da sua espada de sangue, assim o decapitando. Seu corpo caiu no chão. Ele estava morto.
A garota bateu suas asas e desceu ao chão lentamente. Vendo o cadáver do demônio jogado no chão, ponderou sobre toda essa situação. A casa de Dante ainda estava em chamas e todos os vizinhos estavam observando na rua.
A garota viu aquela cena. Não podia saber exatamente o que se passava em sua cabeça só olhando o seu rosto. Suas expressões faciais estavam monótonas, como se não se importasse com aquilo ou se não estivesse pensando em nada. Sua atenção foi chamada pelo som da sirene dos bombeiros. Ela teria que sair dali se não quisesse ser vista.
Sua visão estava turva e seus olhos se abriam com certa dificuldade. Dante sentia uma parte de seu corpo em um chão que pinicava, porém, sentia sua cabeça em uma superfície macia. A sua frente, ele ainda não enxergava com clareza, mas parecia que tinha alguém o olhando de cima.
A sensação sob sua cabeça era de certa forma confortável, e não teria muitos motivos para sair dali ou pensar em algo, apenas aproveitar a maciez.
Sua visão estava retomando ao estado original com mais clareza, assim como todos os seus sentidos. Foi aí que pôde ver o que estava à sua frente: uma garota de cabelos loiros e usando um manto branco.
— A… ah… An…gel?
— Muito bom dia, flor do dia.
A garota colocou o dedo indicador em sua testa.
Dante, aos poucos, se lembrava do que havia acontecido. Estava ventando muito naquele dia, mas por algum motivo não sentia o vento bater em sua barriga, já que aquele demônio rasgou suas roupas, junto de sua carne, e de brinde deixou um lindo buraco em seu estômago.
Olhando para baixo, viu suas vestimentas completamente intactas, como se não tivessem sido danificadas. Não só o moletom, mas como a camisa que usava por baixo também parecia intacta.
— Minhas… roupas…?
O garoto olhou para cima. Angel tinha virado a sua cara, como se estivesse escondendo algo. Ele, em seguida, olhou para as suas mãos. Foi por uma fração de segundos, mas pôde ver o dedo indicador da outra mão que não o tocou com um pequeno corte e pingando sangue. O jovem deduziu que a restauração de suas roupas fosse por algo relacionado a isso.
— Onde… estamos? — Sua voz estava fraca.
— Longe de uma multidão e uma possível futura reportagem. — Brincou a garota.
Dante ainda estava meio zonzo e não percebeu onde sua cabeça estava deitada. Para saber, perguntou diretamente à mulher olhando-o de cima.
— A… minha… cabeça…
— Está doendo?
— Não é isso… onde… onde ela está deitada agora…? Sinto uma… sensação confortável…
— Ah! Então gostou de ficar com a cabeça em minhas pernas?
— …Ahn…?
Ele definitivamente não esperava uma resposta como essa, e nem uma tão direta. Demorou para processar o que acabara de ouvir, e quando processou, arregalou os olhos, levantou o seu corpo rapidamente e gritou envergonhado.
— V-você não tá pulando algumas etapas, não? — Seu rosto estava extremamente corado.
— Hã?
Dante não entendia muito sobre romances, além do que lia em mangás. Contudo, aquela atitude da garota foi algo muito vergonhoso para ele, porque parecia ser uma coisa que só casais faziam. Claro, Angel não entendeu o porquê dessa sua reação, mas já viu que estava bem acordado para reagir desse jeito.
Depois de se afastar o suficiente da garota, ele observou o local onde estavam: no topo de um prédio. O céu estrelado era lindo de se ver, mas não foi isso em que sua mente decidiu focar.
— Onde a gente tá?
— Como eu disse: “longe de uma multidão e uma possível futura reportagem”.
Dante começou a pensar em tudo que ocorreu novamente. Foi quando olhou para Angel com um rosto completamente assustado…
— Eu sinto muito… — disse a garota, solidarizando-se com a perda do jovem.
Suas pernas começaram a tremer novamente, e ele caiu de novo no chão, em uma posição de quatro.
Lágrimas escorreram de seus olhos e havia um grande nó enrolado em sua garganta. Tudo que conseguia fazer era chorar. Angel, vendo aquilo, decidiu ser um braço amigo. Andou até o garoto, pegou sua cabeça e colocou em seus peitos. Após isso, acariciou a sua cabeça. Aquilo era uma atitude de conforto, e Dante aceitou aquele conforto de bom grado, enquanto chorava em cima da garota.
Depois de confortá-lo, a garota perguntou ao jovem cabisbaixo de joelhos no chão:
— Agora, o que você pretende fazer?
— …Eu não sei…
Dante não tinha nada em mente sobre como poderia seguir dali pra frente. Ainda se mantinha cabisbaixo, com a sua cabeça baixa. O clima do local estava bem triste, e Angel não gostava de ver aquilo. Foi quando ela decidiu mostrar ao garoto uma coisa que, como anjo, poderia fazer.
— Hey! Hey! Dante! Me deixe mostrar uma coisa que os anjos podem fazer! — disse, mostrando um enorme sorriso — Olhe só para a minha auréola. — Ela apontou com os dois dedos indicadores sobre sua cabeça.
Inclusive, aquele dedo que sofreu um pequeno corte já estava cicatrizado, como se nunca tivesse sido cortado, reforçando ainda mais a teoria de que Angel tinha alguma ligação com as roupas restauradas de Dante, mais especificamente seu dedo, ou até mesmo seu sangue.
O jovem percebeu isso, mas decidiu focar sua atenção para cima da cabeça da garota, ainda mais que ela mostrava um lindo sorriso com dentes.
Olhando para onde supostamente deveria estar a auréola, ele ficou calado esperando a coisa que só os anjos poderiam fazer, mas não aconteceu nada. Isso se estendeu por alguns segundos. Quando Angel viu que o jovem não teve nenhuma reação, acabou se sentido uma idiota. Porém, esse seu pensamento logo se esvaiu quando Dante comentou:
— Era… para acontecer alguma coisa?
A mulher ficou confusa. Dando uma olhada para cima usando o próprio olho, viu que o brilho dourado de sua auréola de mesma cor não estava lá. Achando que cometeu algum erro, tentou novamente… mas nada. Não acontecia nada, o que a deixava ansiosa.
— Uh-oh…
— “Uh-oh”?
— Ferrou…
— Hum?
Sua ficha caiu, sua auréola havia sumido… Pior, foi destruída na batalha contra aquele demônio.
O Anjo da Guarda se apoiou em Dante de uma forma repentina: jogando o seu corpo e se sustentando segurando-o pelo ombro, o assustando.
— Ferrou, ferrou, ferrou, ferrou, ferrou…
— O-o que houve? Por que está agindo como se estivesse com 1 de HP em uma luta contra um boss? — Mesmo naquela situação, conseguia fazer piadinhas.
— Eu perdi a minha auréola… Provavelmente foi quebrada na luta contra aquela besta demoníaca.
Dante entendeu, e a solução que veio à mente foi:
— Ué, é só pegar outra… Pera, para começo de conversa, auréola de anjos podem quebrar ou se perder?
Se a auréola que ficava sobre a cabeça de algum anjo representasse essa espécie, isso não faria muito sentido.
— É caro…
— Como assim é caro?!
— Bem, auréolas não necessariamente servem para representar os anjos, mas servem para coisas específicas…
— Uh…
As auréolas no final das contas não representavam os anjos, mas ainda assim eles precisavam delas.
— É muito caro… não posso pagar…
— Você fala isso como se os anjos vivessem em uma sociedade só deles.
— Há muitas coisas que não te contei…
— Então vocês vivem em uma sociedade…?!
Angel ignorou a pergunta do garoto, se levantou do chão e suspirou fundo.
— Vou precisar de um minério bem específico, que só dá para achar no continente Asgras… Com ele, vou poder fazer uma nova auréola.
Ao comentário da garota, o jovem ficou aflito.
— Ei, espera! Continente Asgras? Não é muito perigoso?
Um continente onde ninguém sabia o que havia dentro. Nada de lá saia para fora, e era bem raro alguém conseguir adentrá-lo. Havia relatos de pessoas que desapareceram ao tentar entrar naquele lugar, a maioria só foi encontrado morto. Era nítido a preocupação do garoto, mas a mulher não estava preocupada.
— Não se preocupe comigo, eu consigo me virar e não vou morrer.
Dante, pouco convencido, ficou calado ao ver a garota se afastando. Suas asas apareceram, ela estava pronta para ir embora.
— Bem, não vou tentar demorar. A gente se vê por aí.
O garoto ainda conseguia acreditar que algo de bom sairia dali. Ele já tinha perdido sua família, e como começou a gostar de Angel, não queria que ela morresse também. Foi aí que tomou uma decisão…
— Eu posso ir com você?
— Uh?
A mulher parecia surpresa com o que lhe foi dito. Olhando para o jovem, viu o seu rosto sério e ponderou sobre o que poderia fazer. Apesar de ser perigoso, ela não era contra essa decisão.
— He, he! Tudo bem! Venha comigo.
O garoto ficou um pouco aliviado com a aprovação dela. Mesmo que não pudesse fazer nada de tão incrível como o seu anjo, ainda assim ficou preocupado.
— Mas, há um problema, como vou te carregar voando de tão longe?
A fadiga, nesse caso, seria um problema. A mulher aguentaria voar por altas horas carregando o peso do próprio corpo, mas fazer isso com outra pessoa faria o cansaço chegar mais rápido. E não é como se tivessem um local para descansar, já que vão estar uma boa parte do tempo sobre o mar.
Os dois pensaram sobre como poderiam contornar essa situação, até que Angel teve uma ideia…
— E que tal roubarmos um barco?
— Como é que é?
…Uma ideia que Dante achou bastante esquisita.