Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 6 – Em Direção ao “Continente” Asgras
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- Arco 1: Capítulo 6 – Em Direção ao “Continente” Asgras
— Tem certeza que a gente pode fazer isso?
— Isso o quê?
— Roubar… é errado…
— Dante, às vezes devemos fazer o errado para fazermos o bem! — disse Angel, com um sorriso no rosto, o olho esquerdo fechado, a mão direita na cintura e a esquerda fazendo um “joinha”.
— Só se for para seu próprio bem.
Os dois estavam em uma praia, em uma área que servia para fazer a compra ou aluguel de barcos, mas eles não iam comprar e nem alugar.
Dante estava receoso com essa decisão de Angel, já a garota não estava nem um pouco preocupada com o crime que iriam cometer. Talvez por ser um anjo as leis humanas não se aplicavam a ela.
Angel estava bem animada com a viagem que ia fazer com Dante, mesmo não sendo uma para necessariamente se divertir, e sim buscar o minério que serviria para uma nova auréola. Mas mesmo assim, uma viagem com a pessoa que protegia há anos era uma esplêndida ideia para ela.
— Agora precisamos colocar gasolina.
— Huh?
— É que geralmente os vendedores colocam uma pequena quantidade, para evitar roubos e essas coisas.
— Tipo, o que a gente vai fazer nesse momento…?!
— Vamos naquele ali.
Ignorando as preocupações do garoto, ela apontou para um dos barcos sobre a água, enquanto procurava gasolina dentro do estabelecimento próximo, onde as pessoas entravam para comprar ou alugar aqueles veículos.
Dante, sem muito o que fazer ou pensar, decidiu apenas sentar naquele barco e esperar a garota.
“Realmente não tem outra forma, não? Me sinto mal…”, lamentou internamente pelo o que estavam prestes a fazer.
— Achei — disse ela, com um recipiente de gasolina em mãos — Agora só colocarmos isso no motor e…
— Angel.
— Hum?
— A gente não poderia pagar por isso? Parece ser bem melhor…
— Se é isso que você quer, tudo bem. Cê tem dinheiro?
Essa última frase dela perfurou o coração do jovem como se fosse uma adaga. Ela sabia o que ele poderia responder e foi até o tanque de combustível.
Após abastecer o tanque, ela ligou o piloto automático do veículo e se sentou ao lado de Dante no veículo.
— Você ainda está com o celular?
O jovem não entendeu o porquê dessa pergunta, mas acenou positivamente com a cabeça.
— Esse celular foi a última lembrança que você teve de sua irmã, certo? Cuide bem dele.
— Sim… Ele é bem resistente e aprova d’água.
— Deve ter sido caro.
Após isso, eles seguiram caminho ao “Continente” Asgras.
“Mamãe, papai, perdoe o seu filho, que agora virou um criminoso…”, lamentou internamente.
A viagem de barco havia começado. A lua iluminava a água e as estrelas brilhavam fortemente no céu.
Com esse cenário, Dante ainda se mantinha preocupado com o que estavam prestes a enfrentar. Afinal, eles iriam entrar dentro do “Continente” Asgras, um local tão temido e inexplorado, mesmo no século 21.
Muitas pessoas foram encontradas sem vida ao tentar adentrar aquele lugar e outras desapareceram.
Seria um xeque-mate. Ou Dante e Angel seriam os únicos que conseguiriam entrar lá, ou eles morreriam.
Não havia uma explicação lógica para esse fenômeno de Asgras, as coisas só aconteciam como aconteciam.
— Será que ir até lá vai demorar?
— Calma, apressadinho, nós começamos a viagem agora.
— “Viagem”… É que em breve a gente precisará de comida.
— Só você, porque Anjos não precisam comer, mas podemos pelo prazer de uma bela refeição.
— Então só eu posso me ferrar sozinho?!
Mesmo de moletom, o garoto estava ficando com frio, e isso se comprovou quando começou a esfregar seus braços, mesmo que não demonstrasse isso nitidamente. Bem, Angel percebeu.
— Hã?
Ela logo retirou seu manto e colocou por cima do garoto, o fechando e levantando o capuz.
— Angel?
— Hoje tá fazendo frio, né?
— Mas assim você não vai ficar também?
— Não se preocupe comigo.
De repente, o manto se esquentou de forma misteriosa, fazendo o garoto não se incomodar mais com o frio. Ele olhou para Angel franzindo as sobrancelhas.
— Quentinho, né? É um poderzinho que os anjos têm, que as deusas dão para nós. Só que esse daí não serve muito para batalhas. — Deu uma pequena risada ao completar a sua fala.
Dante viu uma garota bastante fofa ali.
Ele nunca pensou que um dia iria passar por uma situação parecida com essa. Sempre pensou que passaria a vida dentro de seu quarto, ou até os seus irmãos o repreenderem ou o obrigarem a sair de lá. O garoto nunca pensou que iria se aventurar com uma pessoa que conheceu há algumas horas, mas o tratava tão bem como uma família.
Ele logo se lembrou de sua família morta e ficou triste novamente. Desta vez, não estava ao ponto de chorar, mas ainda sim estava bem deprimido com a situação.
“Espero que estejam bem, em algum luga.”, desejou fortemente, e se lembrar da deusa Himawari fez pensar que poderiam estar em algum lugar melhor agora.
Seus pensamentos foram ofuscados por um cheiro tão forte que assolava o nariz dos dois. Um horrível odor, que fez eles se levantarem e olharem para os lados, procurando a origem desse fedor.
— Ai! Que nojo!
Quem reclamou foi Angel, que estava ao ponto de vomitar e tinha lágrimas em seus olhos. Dante estava igualmente incomodado com aquele terrível odor. Até que os dois sentiram o barco se encher de água, como se algo tivesse empurrando todo aquele líquido para dentro do veículo.
Os dois focaram seus olhos para o chão, onde podiam sentir a gélida água na sola dos calçados. De repente, a luz da lua que iluminava o mar e o barco se dissipou. Eles olharam para cima, e nem as estrelas eram mais possíveis de se ver.
Dante colocou a mão em seu bolso, pegando o seu celular e, logo em seguida, ligando a lanterna. Levando a luz que o aparelho emanava para cima, ela iluminou um corpo de algum animal que estava na frente deles.
Estava muito escuro e não era possível identificar o que era aquele animal, então, o garoto continuou iluminando o seu corpo, levando a luz para a esquerda… Isso foi uma péssima ideia.
Ao que viram, tanto Dante quanto Angel ficaram paralisados.
Um olho de tamanho imenso foi exposto na luz. O olhar daquele animal estava penetrado no jovem e no anjo, e aquilo era uma visão assustadora de se ver.
O animal gemeu e fechou o seu olho.
— D-Dante…!
Antes que Angel pudesse fazer alguma coisa, o barco foi virado de uma forma violenta.
O jovem foi jogado contudo para dentro do mar e se esforçava ao máximo para voltar para o barco que foi virado, porém, ele não sabia nadar.
“Droga! Droga! Droga!”
Suas tentativas foram em vão. Quanto mais se mexia, mais se afogava.
“Eu vou morrer de novo?!”
Sua respiração estava chegando ao limite.
“Angel, me ajude! Por favor!”
Já estava sem nenhum fôlego… e morto.