Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 8 – Bem-vindo à Kuyocha
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- Arco 1: Capítulo 8 – Bem-vindo à Kuyocha
Ele via um escuro profundo. O seu corpo era tomado por uma reconfortante maciez, mas com uma leve “dureza” para estabilizar a sensação macia, ou para segurá-la. O que sentia era igual quando sua cabeça estava no colo de Angel, só que desta vez, mais macio e todo o seu corpo foi apresentado. Seus cabelos eram balançados levemente, algo como uma brisa.
Seus olhos estavam pesados, mas ele se esforçou para abri-los quando percebeu que estava acordado.
Os abrindo, a primeira coisa que viu em sua frente foi uma grande janela aberta.
“O… quê?”
O jovem tentou se levantar, mas seu corpo estava fraco e seu corpo cansado. Isso não o impediu, de qualquer forma. Usando muita força, se levantou e ficou sentado na cama que estava.
Dante estava em um quarto bastante espaçoso. Nele havia alguns quadros, uma mesa à sua frente e aquela grande janela aberta, além da cama em que se sentou.
Por falar nesta cama, ela era grande. Aquele doce e agradável cheiro em que sentia vinha do travesseiro. O cobertor que esquentava seu corpo também era de alta qualidade.
— Onde… estou? — se questionou enquanto olhava lentamente para o lugar.
A porta de saída daquele quarto estava à sua frente, perto da mesa. Só que o garoto não estava com disposição o suficiente para se levantar de uma cama tão confortável. Ele sentiu que poderia ficar ali o tempo que quisesse.
— Hmm… E a Angel?
Se lembrando do seu Anjo da Guarda, o garoto, a contragosto, se levantou lentamente da cama. Seu corpo estava fraco, mas conseguiu se erguer sem muitos problemas.
Quando olhou para suas vestimentas, estava apenas usando uma camisa e uma calça branca. Duas roupas que eram bem leves.
Ele foi lentamente até a porta de saída do quarto.
“A gente… chegou?”, isso foi uma das poucas coisas que conseguiu pensar. Sua mente não estava tão clara quanto gostaria.
Com a mão na maçaneta, abriu a porta, se deparando com um corredor logo em seguida.
Nesse corredor havia cinco portas: quatro na esquerda e uma na frente. Além disso, havia uma grande janela sendo coberta por largas cortinas. Grandes pedras no teto emitiam iluminação, como se fosse uma lâmpada.
O garoto continuou andando. Ele não sabia qual porta poderia tentar abrir. Porém…
— …Dante?
Ao ouvir o rangido de uma porta, o jovem viu seu Anjo da Guarda, Angel, que estava acompanhada de uma pequena garotinha.
Essa garotinha era pequena. O topo de sua cabeça chegava na cintura de Angel. Além disso, seus cabelos com franja eram rosas e usava um terno adaptado para seu tamanho.
Ignorando e garotinha, Angel correu até Dante.
— Você está bem?
— Sim… Só um pouco fraco.
— Isso porque você dormiu mais do que deveria — quem disse isso foi a garotinha de terno.
Apesar da pouca altura e da aparência nem um pouco adulta, ela demonstrava um ar de superioridade e respeito, como se fosse alguém muito importante.
Em passos curtos, ela foi até os dois.
— Você deve estar se perguntando quem eu sou, né? Mas depois de ver suas memórias, tem algo que quero te mostrar.
— Hã?
O garoto não entendeu muito bem o que ela quis dizer com “ver suas memórias”. Apesar de ser algo óbvio, o jovem ainda não processou como isso seria possível.
Tudo que Dante precisava agora era um grande esclarecimento. Coisas do tipo “onde estou?”. Aquela garota iria mostrar algo para ele, então decidiu apenas observar.
— …Duluhou. — Ela estendeu sua mão no ar.
De início essa frase parecia ser sem sentido e aleatória, o garoto acabou pensando isso, porém, o que veio depois fez pensar completamente seu pensamento.
De forma repentina, uma pequena faísca da palma de sua mão. Rapidamente, aquilo se transformou em uma pequena chama, que cresceu até preencher toda sua mão.
Estranhamente aquilo não a machucava. Muito pelo contrário, aquilo poderia ajudá-la conforme quisesse. O fogo em sua mão poderia ferir qualquer pessoa, menos o seu portador.
Aquilo era real, não era uma espécie de truque. O fogo em sua mão que veio do além realmente existia, e não a machucava. O som, o calor e a luz que ele emanava comprovava isso.
Dante sabia o que era aquilo, mas não podia acreditar. Ele não conseguia acreditar que um atributo básico de jogos de RPG e animes de fantasia estava diante de seus olhos.
O jovem estava assolado de tanta admiração e não conseguia tirar os olhos da garotinha a sua frente. Aquilo era magia de fogo.
Agora, a existência de magia naquele continente misterioso era algo fantástico. Dante se sentiu como se estivesse em uma daquelas histórias onde o protagonista ia para um outro mundo fantástico… Enfim, após aquela garotinha mostrar o poder, ela fechou a sua mão, tirando a alegria do jovem.
O coração do garoto estava acelerado, um sorriso descarado não saía de seu rosto e seus olhos estavam brilhando.
— Isso que você acabou de ver foi…
— M-magia!
— …Sim… foi… — A jovenzinha não gostou nem um pouco de ser cortada pelo garoto eufórico.
Dante, com as pernas tremendo, se aproximou da garotinha que, em contrapartida, o olhava com uma expressão monótona no rosto.
— Ah!
Foi aí que seu cérebro banhado por anime e mangá teve uma ideia… genial, por assim dizer.
“Isso foi magia! Quer dizer que também posso usar, né?! Né?! Nééé?!”
Arrastando seu pé para trás, estufou o peito, apontou com o dedo para a parede e gritou:
— Exploooooosion!
…Mas nada aconteceu.
— Que isso? Você é idiota?
— C-calada, lolita!
— “lolita”? Tenha mais respeito com os adultos, jovenzinho!
Após tentar lançar uma magia, que como o próprio nome dizia: explosão, ele se envergonhou e ficou parado enquanto apontava para o teto com o dedo indicador e fazia uma pose ridícula.
Ironicamente, acabou tentando usar uma magia de explosão. Suas intenções obviamente não eram explodir o lugar, mas ficava difícil acreditar nisso após o que tentou fazer.
Por outro lado, aquela garotinha que, inclusive, ainda não revelou seu nome, achou aquilo completamente ridículo e tirou sarro do garoto.
Mas o que pegou realmente Dante de surpresa foi ela ter dito “tenha mais respeito com os adultos”, sendo que a garota de cabelos rosas não parecia ser mais velha do que ele.
— Ei! Ei! A gente não está perdendo tempo aqui? — Angel interrompeu os dois — Senhorita Alfrey, podemos começar uma conversa com o Dante?
“Senhorita?”, o garoto ficou surpreso por essa forma de Angel chamá-la, como se aquela garotinha chamada Alfrey fosse alguém bem importante.
— Verdade. Os dois, comigo. — Alfrey apenas concordou com o anjo e fez um sinal com o dedo para seguirem ela.
Angel foi na frente, segurando a mão de Dante, como se um adulto estivesse segurando a mão de uma criança para atravessar a rua, e o garoto percebeu isso.
Sem nenhuma pressa, os três andaram. Nada foi dito durante esse meio tempo, e isso deixou o jovem ansioso. Ele não podia prever o que iria acontecer, mas apostava que não seria nada de ruim. Afinal, a pessoa que estava o puxando como uma criança pequena e o protegendo por dezesseis anos era seu Anjo da Guarda, uma linda mulher que continuaria o protegendo dos perigos.
Por fim, eles chegaram em uma sacada, logo depois de passarem por alguns corredores e subir várias escadas, e estavam próximos o bastante para ver o lindo céu, mas não para ver o que tinha lá embaixo.
— Angel, Dante, esperem aqui, por favor.
Os dois pararam. Alfrey falou como
uma superior, e isso aumentava gradualmente os pensamentos do garoto de que, essa garotinha que parecia ser bem mais nova que ele, era alguém bem importante.
Ela andou até a sacada, mas era tão baixa que tinha que ficar nas pontas dos dedos para poder olhar para o que tinha lá fora. O muro que ficava ali também não ajudava. Parecia servir para crianças pequenas não caírem.
A garotinha suspirou em frustração.
Enquanto isso, sons acelerados de passos eram ecoados pelo local. De forma repentina, uma mulher bem maior que Alfrey e que usava um terno estava correndo com um banco em suas mãos.
Essa mulher acabou tropeçando no chão, batendo o seu rosto com tudo no piso e fazendo aquele banquinho cair perto da garotinha de cabelos rosas.
— Lyvia… como você é atrapalhada.
— M-me d-desculpe, senhorita! — a mulher denominada de Lyvia exclamou com lágrimas em seus olhos.
Alfrey deixou o banquinho em pé, subindo nele logo em seguida. Com olhos sérios, olhou para baixo.
Lá embaixo tinha milhares de pessoas olhando para a sacada ansiosos. Quando Dante viu aquela multidão se assustou.
Alfrey colocou as mãos em seu bolso, e retirou uma pedra bem parecida com a que o jovem viu anteriormente, só que essa era bem menor. Ela começou a falar em uma linguagem completamente estranha, que o garoto não conseguiu identificar.
Enquanto falava, o som de sua voz era expandido em um alto volume. O causador daquilo era aquela pedra em sua mão, como se fosse um microfone.
Como esperado, Dante não estava entendendo e nem sabendo ler aquela situação. Quando se virou para Angel, seu olhar sério entregava que ela estava entendendo tudo.
Até que, em meio aquela situação confusa, o jovem conseguiu entender uma palavra que saiu da boca de Alfrey.
“Meu nome…?”
A garotinha falou o seu nome. O que ela falava estava, provavelmente, sendo direcionado completamente para Dante. Se isso era algo ruim ou não, o jovem não sabia.
Quando ela acabou de falar, pôde ser ouvido aplausos.
Alfrey saiu do banquinho, dando um pequeno pulinho, e olhou para o jovem com um sorriso em seu rosto. Com os braços bem abertos, ela disse:
— Dante Katanabe! Seja bem-vindo à minha nação, o país de magia, Kuyocha!
O garoto arregalou os olhos. Ele finalmente ligou os pontos. Aquela garotinha na sua frente não era uma simples pessoa, e sim uma rainha.