Angel Black: Tentando Sobreviver Neste Mundo Sombrio - Arco 1: Capítulo 9 – Uma Conversa Sobre a Mesa de Jantar
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- Arco 1: Capítulo 9 – Uma Conversa Sobre a Mesa de Jantar
Logo após os acontecimentos desde o jovem acordar, os quatro: Dante, Angel, Alfrey e Lvyia, a secretária e braço direito da rainha de baixa estatura, estavam em uma sala fechada naquele local. Mais especificamente, eles estavam no castelo e casa da garotinha de cabelo rosa.
Dante e Angel estavam sentados em cadeiras de luxo, enquanto Alfrey os via de frente, caladamente e com um olhar sério no rosto, sentada em outra cadeira de luxo e com os cotovelos apoiados na mesa que pouco a distanciava dos estrangeiros, enquanto usava as mãos para apoiar o queixo. Em relação a Lyvia, ela estava em pé ao lado da garotinha, sem dizer nada e, juntamente de sua alteza, com um olhar sério no rosto.
O garoto, que ainda usava a blusa e calça branca, tentou ler o ambiente, tentou entender a situação.
“Calma ai, calma ai, vamos recapitular. Eu acordei em um local completamente estranho. Aqui não parece ter internet e as pessoas daqui não falam uma lingua conhecida… imagino. Só que essa loli de roupa que passa o estilo “vamos aos negócios” consegue falar minha língua. Não só isso, como ela está me olhando seriamente com um sorriso que demonstra interesse! O que está acontecendo? Quero chorar…”
Última coisa que poderia pensar sobre Alfrey o encarar tanto assim, era sobre ela ter um interesse romântico nele, ou algo do tipo. Dante estava se desesperando internamente. Ele não entendia o que estava acontecendo, e tudo parecia muito complicado, e tudo isso estava ocorrendo tão rapidamente.
“Espera, mantenha a calma. A Angel…”, olhou para a garota sentada ao seu lado, que não esboçava muita reação a não ser olhar para aquele escritório em que estavam.
“Ela não pareceu estar em conflito, ou coisa parecida… Será que isso significa que não preciso me preocupar?”
Esse tipo de pensamento fazia parecer que ele a conhecia bem. Pensando que ela sempre tomava as escolhas certas. O que no caso dos dois, não era verdade. Eles não se conheciam o suficiente para Dante pensar isso com cem por cento de certeza, mas não se podia negar que o jovem depositava uma certa confiança na garota. Talvez, o garoto pensou dessa forma, pois a mulher era uma pessoa que não parecia ser facilmente manipulada ou enganada.
Mas voltando a Alfrey. Dante, mantendo um pouco mais de calma, tentou entender o que ela queria. Eles não estavam nessa sala por muito tempo, uns cinco minutos, no máximo. Porém, ninguém trocou uma fala se quer. E esse clima junto de toda essa situação da lider de uma nação citar seu nome para o seu povo, fazia o garoto se arrepender de ter se levantado da cama.
“Pera… ‘vamos aos negócios’?”, se lembrou da piada interna que fez sobre a roupa da rainha, e logo deduziu que poderia ser relacionado a algo do tipo.
“Ela quer negociar comigo? Mas o quê? O que ela quer com um estrangeiro como eu?”
O que fazia acreditar ainda mais nessa hipótese foi o fato de que a garota falou o seu nome para o povo daquele reino, como se Dante fosse alguém importante.
“Se isso fosse uma história isekai, algo assim aconteceria mesmo… Só não espero me ferrar por alguma coisa.”
O jovem começou a delirar ao pensar no que poderia acontecer a seguir.
— Dante Katanabe, dezesseis anos, um estrangeiro que veio de um lugar chamado Japão. Um lugar que ninguém nunca ouviu falar.
Alfrey finalmente decidiu abrir a boca, e com essa sua última frase, dava a entender que ninguém daquele continente conhecia algo de fora. Isso valia para o resto do mundo que não tinha conhecimento de que tipo de continente Asgras era.
“A-assutador!”
O garoto ficou com um pouco de medo do quanto ela sabia sobre ele. Dante ainda estava delirando de medo e não cogitou a possibilidade de Angel ter falado alguma coisa.
Alfrey estava com um sorriso no rosto. A garota devia achar que falando sobre o jovem à sua frente, poderia ganhar alguns pontos de confiança, mas foi ao contrário.
— Enfim, uma única coisa me interessa. Como me apresentei anteriormente, sou a rainha desta nação chamada Kuyocha, e queria fazer um acordo com você. Um acordo amigável com fins lucrativos.
“Eu sabia!”
O garoto não sabia como progredir a partir de ali. Ele nunca se envolveu em nenhum acordo de negócios desse jeito. O tipo de situação que, em sua mente, via duas pessoas com ternos e maletas cheias de dinheiro assinando papéis. Se bem que a rainha estava com um terno.
— Esse acordo consiste em: você fazer itens da sua terra para o meu país, desde que esteja no nível do possível. Acha que consegue?
O garoto achou essa uma tarefa mais simples do que esperava. Claro, ele não podia criar um carro, mas coisas no seu nível já era possível. Mas, antes de concordar com o acordo, tinha que saber o que ganharia em troca.
— E o que eu recebo?
— Muito dinheiro e reconhecimento aqui na minha nação.
Não se interessou muito pela segunda opção. Não almejava ser famoso, mas ficou feliz que, ao menos, iria receber os créditos pelo seu trabalho — apesar desse seu trabalho ser basicamente recriar coisas que já tinham por fora daquele continente. Sobre o dinheiro, ele ficou bem mais interessado nisso, ainda mais que receberia de uma rainha.
“Isso parece ser bom, mas…”, apesar desse seu pensamento, Dante queria ser cauteloso, então, cutucou o ombro de Angel.
— Você acha uma boa ideia? Sabe, será que ela está tentando me enganar — sussurrou no ouvido da garota anjo.
— Não se preocupe, não acho que esse seja o caso. Pode aceitar numa boa. De qualquer forma, a escolha é sua, tenho certeza que a senhorita Alfrey não vai se incomodar se você recusar — sussurrou igualmente no ouvido dele.
— Ei, o que vocês estão cochichando aí? Estamos em algo importante aqui.
Dante tomou compostura na cadeira e coçou sua cabeça. Pensando um pouco no assunto e vendo que não tinha nada a perder, junto da confiança de seu Anjo da Guarda, tomou sua decisão.
— Tudo bem, lolita, aceito o seu acordo.
Rangendo os seus dentes e forçando um sorriso, a garotinha estendeu sua mão para um comprimento.
— Então isso é um acordo fechado. Em breve farei isso ser de fato oficial no papel, então só espere um pouco. Ah! Não me chame de “lolita“, é irritante…!
— Tá bom, loli — disse, logo depois de apertar a mão da rainha.
E assim, fecharam um acordo lucrativo que beneficiaria os dois. Claro, nada foi escrito no papel por ora, mas não demoraria para isso ser resolvido.
— Ah! É verdade! O que aconteceu na noite passada, Angel?
— Hm? Noite passada?
— Eu desmaiei e parei aqui. O que houve?
Angel pareceu confusa no início, mas rapidamente compreendeu o que o jovem quis dizer.
— Antes de conversarmos sobre isso, vamos comer alguma coisa. Vocês estão com fome, não? Vamos comer alguma coisa — Alfrey disse ao se levantar de sua cadeira.
Depois daquela conversa, os três foram para a sala de jantar — Lyvia ficou para trás. Um enorme local com uma mesa proporcionalmente larga esperando por um banquete. Ao lado de Alfrey, havia dois mordomos que seguravam bandejas e destribuiam a comida.
O que estava sendo servido era um verdadeiro banquete de uma família que tinha um sangue real, nada que poderia ser visto facilmente em uma casa comum. Junto daquelr banquete, tinha dois mais bonitos pratos, talheres e copos.
Porém, a atenção do garoto estava centrada em outra coisa.
“Mordomos… Espera, será que é melhor começar a trabalhar?”
Essa foi uma ideia que veio de forma repentina em sua mente, mas que achava ser ótima.
— Alfrey, será que você pode me arrumar um emprego? Pode ser como meu recebimento por parte do nosso contrato.
— Hum? Por que isso do nada? Não prefere só fazer itens para minha nação?
— Bem, acho que isso poderia me ajudar, de certa forma. Acho que um emprego seria bom para mim.
A rainha não entendeu o motivo daquilo de forma tão repentina, mas também não tinha nada contra essa ideia.
— Tudo bem. Como o contrato não está por escrito, acho que podemos fazer isso. Mudarei a sua recompensa por um trabalho.
Eles sentaram nas mesas, com a garota anjo e o jovem lado a lado e a pequena rainha na frente deles. Enquanto Angel ficava maravilhada com o tanto de alimento que tinha em sua frente, Dante observou mais aquela sala. Era um local bem grande e com vários quadros, de homens e de mulheres.
— Quem são aqueles? — disse sem perceber.
— Família. A cada geração, o posto de líder da nação é passado — a garotinha de cabelos rosas respondeu, antes de pegar um pedaço de carne com um garfo.
— Entendo. — Pensando na palavra “família”, colocou uma expressão melancólica no rosto, ao se lembrar do que aconteceu a sua família.
— Bem, então, o que houve depois daquilo? — questionou o garoto à Angel, enquanto pegava um garfo na mesa.
— Uh, bem… — a garota já estava com comida na boca, então, antes de responder, a engoliu — aparentemente aquele monstro marinho pode expelir uma espécie de gás venenoso no ar, o que fez você desmaiar.
— Um veneno, é?
O jovem pensou sobre isso. Também se questionou do porquê esse veneno não ter afetado Angel. Antes de desmaiar, podia ouvir seus gritos, então deduziu que ela não foi afetada.
— Não o suficiente para matar, mas você ficou bem mal… Dormiu por três dias.
— Por três dias?! — Se levantou e bateu na mesa de tanta surpresa.
— Pois é. Mas depois de uns remédios você ficou bem de novo — quem disse isso foi Alfrey.
— Entendo. Por falar nisso, estamos em um local completamente distante de onde eu vim. Como consegue falar a minha língua?
A rainha, antes de responder, engoliu um pouco da comida em seu prato.
— Com magia. Existem dois tipos de magia, as elementais: água, terra, fogo e vento, e as não elementais; luz, sombra, raio.
O jovem não ficou surpreso com isso, afinal, acompanhava animes e mangás desde cedo, principalmente sobre fantasia medieval, então, o conceito de magia, apesar de ser algo surpreendente a vista e algo que nunca pensou ver de verdade em sua vida, não o surpreendeu tanto. Inclusive, isso o fazia questionar se não estava mais em uma daquelas histórias isekais.
— Junto delas, também existem suas variantes, como a magia de gelo, que é uma variante da magia de água.
— Então, você usou magia para entender minha língua?
— Usei uma variante para ver as suas memórias. Desse jeito, aprendi sobre sua língua, e passei o meu conhecimento para a minha secretária, aquela garota tapada que estava conosco há um momento atrás.
“Então isso significa que ela viu que eu morri.”
A pequena rainha não tocou nesse assunto e Dante não estava preocupado também, mas ainda tinha uma pulga atrás da orelha.
“Será que Angel também sabe?”
Olhou para a mulher que estava se empanturrando com a comida daquele lugar.
Tirando o foco dela, voltou sua atenção para a magia. Essa conversa deixava o garoto bem animado, apesar de não surpreso, mas tinha algo que definitivamente queria saber.
— Posso usar magia também? — falou animadamente, se levantando da cadeira novamente e colocando suas mãos sobre a mesa, aproximando o seu rosto ao de Alfrey até a proximidade que a mesa que dividia os dois poderia permitir.
Alfrey olhou sem expressão para ele, e apenas suspirou.
— Creio que não seja possível você usar magia de forma natural.
O garoto ficou em choque com a resposta e, levemente chateado, perguntou:
— Por quê?
Bebendo um copo de suco que tinha sobre a mesa, ela começou a explicar.
— As únicas pessoas ou seres que podem usar magia naturalmente, são aqueles que possuem um box.
Dante ficou levemente confuso no começo, se perguntando do porquê as pessoas precisavam de caixas para usar magia.
— “Box” é um órgão que guarda a mana em seu corpo e faz a magia. Sem ele, é impossível fazer magia de forma natural. A não ser se nascesse de alguém que teria esse órgão, a genética faria esse favor à você.
A rápida confusão foi esclarecida. As duas palavras, apesar de serem as mesmas, tinham sentidos e significados diferentes.
Por falar nisso, a box era um órgão que se adaptava de forma diferente para cada pessoa, alguns eram pequenos, outros grandes, e isso interferia de certa forma com a quantidade de mana que o usuário tinha e poderia usar.
Além disso, no momento em que fosse retirado do corpo, o box seria inútil
— Mas, ei, não se desanime, você ainda pode usar a magia.
— O quê? Mas você disse que…
— Eu disse que você não poderia usar magia de forma natural, mas ainda é possível por meio de um contrato.
Uma fagulha de esperança acendeu no coração de Dante. Abriu um sorriso e seus olhos brilharam.
— S-sério?
— Sim. Por falar nisso, tenho afinidade com todos os tipos de magia, além de uma que só eu tenho… mas isso não é importante agora. — Após isso, ela acabou de comer e limpou sua boca com um paninho — Bem, depois continuaremos a falar disso, quero te mostrar algo antes. Acho que vai ser de seu interesse. — A garota se levantou da cadeira e Dante fez o mesmo.
— Ah! Tudo bem.
— Angel, também quer vir?
A garota anjo ainda estava comendo a comida que lhe foi servida, esvaziou suas bochechas que estavam cheias e disse:
— Não, vou continuar comendo aqui, senhorita.
— Não precisa me chamar de “senhorita”.
— Ah, então tá. — E voltou a comer.
Dante achou graça com Angel chamando Alfrey assim.
— Parece que ela está te tratando como uma pessoa mais velha.
— Huh? Como assim? Sou mais velha do que pensa.
O garoto achou graça novamente, mas percebeu que a garotinha falava sério sobre isso.
— Espera… quantos anos você tem?
— Minha idade não revelarei, mas sou três vezes mais velha que você.
— …Uma vovó loli…