Anti-herói Invocado - Capítulo 12
“Chega a ser estranho o quão calmo está. No final não consegui dormir hoje, mas posso aproveitar essa chance para descobrir mais sobre aquilo”.
Miguel estava deitado em Sua cama no canto da gruta, de lá tinha uma boa visão de toda aquela gruta.
Felizmente para Miguel todos pareciam estar dormindo, sem qualquer ronco, o silêncio da noite predominava a floresta.
“É melhor que eu não me arrisque, se eu tentar levantar posso acorda-los. Vou tentar só ficar de olho.”
O tempo parecia não passar, o pavor de ser atacado ou estar sendo vigiado aumentava a cada segundo. Sem mais forcas para ficar naquele tedio garoto cai no sono.
Outra vez o calor quente e aconchegante anunciava mais um nascer do sol.
— Ah, eu tô um caco.
O garoto das fundas e escoras olheiras, levanta para mais um dia. Miguel se senta e esfrega seus olhos, mesmo com sua turva visão, vira sua cabeça para os lados atrás de algo.
“Todos ainda estão dormindo? É difícil que eu acorde tão cedo, ainda mais com uma noite como essa. Acho que vou dar uma passada na cachoeira e me lavar.”
Cauteloso, Miguel anda pelos outros tentando não pisar em algum braço ou perna alheia. Sem mais obstáculos, o garoto sai da gruta.
“O céu parece… legal”.
Andando pelo caminho no chão, Miguel passa pelo lugar muitas vezes já caminhado, foram tantas passagens que a grama já havia morrido pelo caminho.
A floresta era silenciosa, tendo apenas o facilmente ignorado barulho do vento e canto dos pássaros.
— Me pergunto… O que se da para olhar de cima dessa montanha?
Enquanto cobria seus olhos da luz, Miguel olhava para o topo daquela grande montanha, mesmo que pouco era realmente íngreme.
— Talvez aquele grande pássaro more lá, me pergunto se podemos ver a saída da floresta ou até mesmo essa tal de capital.
Miguel continua sua longa caminhada até a cachoeira.
— Finalmente, que água limpa. Era tão difícil ver uma água como essa no meu mundo, ainda assim tenho saudade, principalmente da internet.
O garoto já havia se secado e estava traçando o caminho de volta para a gruta.
— Esse caminho é realmente chato, — disse Miguel com rosto deprimido.
— Vem rápido, antes que eles acordem. Nós já terminamos de arrumar aquilo, não sei para o que ele vai usar, mas pelo menos estamos livres de trabalho agora.
“São eles, de onde vieram? Essa é uma chance que não posso perder, vou ver o que tem naquela direção e tentar achar algo para incriminá-los antes que me ataquem”.
Miguel espera até que os dois garotos entrem na gruta e segue na mesma direção de onde eles vieram.
“Vou o mais sorrateiro possível e me esconder pelas árvores, acho que só preciso seguir reto”.
Assim que Miguel se viu sozinho correu na direção de onde os outros haviam vindo. Mesmo que andasse não podia achar nada de anormal.
— Eu estava esperando achar algo grande, talvez até uma casa improvisada. Mas tudo que tem aqui é esse poço. E por que está tão longe.
A frente de Miguel havia um poço de pedra, não era tão grande e algumas partes estavam quebradas, com alguns dos tijolos de pedra no chão.
— Parece bem profundo, acho que passa de dez metros. Não acho que eles tenham construído isso.
— Tem alguém aí!
Miguel se vira assustado, alguém estava gritando em meio a floresta. Andando vagarosamente pelo local, Miguel finalmente vê o garoto.
— Aa… que susto Joesias, o que você faz aqui?
— Eu qui ti pergunto, vi tu entrarnu na floresta e vim te procura.
— Ce–certo “ele não parece ter visto o poço, é melhor só voltar logo”.
— Aqui pareci perigosu, qui tal vorta.
— Claro claro.
Enquanto voltavam o silêncio constrangedor predominava entre os dois garotos.
— Nois, nunca si falo muito né?
— Sim, na verdade só comecei a falar com os nossos colegas de classe agora.
— Mi pergunto pur que.
O garoto evita contato visual, ele sabia que era muito improvável que Joesias não soubesse dos boatos.
— Oh, chegamos.
— Sim. nois se falo pouco, que tal entrarmu no mesmo grupo pra conversa mais?
“Bem não parece ter algum problema, depois de voltarmos da caçada posso só entrar no grupo dos meus amigos de novo” Tudo bem, quando vocês vão sair?
— Nossa veiz já foi onti, então só amanhã.
— Certo, mas tenho algo para fazer amanhã então só vou poder na próxima. Depois a gente se fala.
— Claro.
Os garotos se despedem, Miguel parece animado e preocupado, por mais que começasse a se enturmar ainda havia o problema dos garotos suspeitos.
“Acho melhor relaxar um pouco… Agora precisos encontrar Ariel e os outros e partirmos no nosso turno de caçada”.
Miguel se separa de Joesias e parte para dentro da gruta onde seus amigos provavelmente já deveriam estar acordados.
— Ah! Olha lá o imbecil chegando com cara de paisagem.
— Eu não tô brincando Miguel, não saia assim do nada, — disse Ariel.
Miguel se senta e começa a comer, ignorando os sermões de seus amigos.
— Ei você tá ouvindo pelo menos? Tá não importa, vamos logo; nosso turno já tá começando.
— Certo, vamos lá.
Miguel mais uma vez parte em direção a floresta, dessa vez com seu grupo e um objetivo á cumprir.
— Aliás como está o Cassian? — perguntou Miguel
— A branca de neve? Só dormindo, mas hoje ele abriu um pouco dos olhos. Tirando isso quase sem novidades.
— Entendo. E sobre a nossa comida?
— Ah, é estranho, nosso estoque tá aumentando, mas era para termos bem mais, mesmo com a separação de comida para cada um, parece que alguns estão comendo demais.
— Entendo. “Então eles realmente estão roubando a nossa comida”.
— De qualquer forma isso só significa que precisamos pegar mais. Olhem lá, parece um porco né? — disse Felipe.
— Na verdade sim, mas um pouco maior e porcos normais não tem presas tão grandes como aquelas, — respondeu Heitor
— Tanto faz, é comida.
— Tudo bem, então se posicionem, dessa vez o Miguel tenta atacar furtivamente e eu fico preparado para a proteção, você também Heitor fique preparado para atacar.
— E eu vou fazer uma fotossíntese aqui enquanto vocês se machucam, — disse
Ariel.
Os três garotos se separam para cada lado, Miguel se aproxima do animal pelas costas para atacá-lo.
“Ele parece estar comendo, certo eu consigo”.
Miguel empunha uma de suas adagas, como sempre, se aproxima lentamente da seu alvo, se prepara e esfaqueia o animal. O animal ferido se debate para atacar Miguel enquanto grunhe de dor.
Felipe chega rapidamente e levanta seu escudo em direção a o animal.
Sem chance de atacar, o animal da meia volta e corre, mas rapidamente perde velocidade e cai no chão.
Heitor aproveita a brecha e atira no animal, que rapidamente queima agonizando em meio a dor.
— I-isso é horrendo, Ariel venha curar essa carne.
— Você é bem mal, eu realmente não consigo curar a pele, mas a carne parece estar boa, vamos voltar e pedir pra alguém cortar.
“Eu fiz de novo. Mas dessa vez foi diferente, matei para conseguir carne para nós… parece mais fácil assim”.
— A propósito Miguel, alguns de nós já chegamos no nível três e todos os outros no nível dois, como você está.
— Ainda no nível dois, pelo que parece a cada nível que subimos a exigência aumenta.
— Era provável que fosse assim, afinal é parecido com um jogo né, — disse Heitor.
— Isso deve ser o suficiente por hoje, vamos voltar por enquanto.
— Espere, me cure antes Ariel.
— Mas como você se machucou, você nem lutou.
— Acontece que bati meu dedinho na quina de uma raiz de árvore.
— … Te entendo, me deixe ver.
Chegando na gruta os garotos colocam o anima em uma pilha de pedras logo ao lado de uma fogueira.
— É isso, vou descansar e vocês? — perguntou Felipe.
— Não sei, talvez comer ou ir tomar um banho, — respondeu Ariel.
— Eu vou descansar também, — respondeu Heitor, enquanto sorria.
— E eu vou dar uma volta, pra aproveitar enquanto ainda está sol, — disse Miguel.
Enquanto os garotos se separavam, Miguel foi para fora da pequena caverna.
“É tão chato não ter nada para fazer, mesmo do jeito que eu vivia na casa do… do meu tio, eu ainda tinha um celular para usar. Vou só dar uma volta por aqui e depois jantar e dormir.”
Miguel caminhava ao redor da gruta como um bêbado, até se cansar e se sentar perto as árvores.
— Que calmo, mas a cada dia que se passa aqui mais tenho vontade de sair. É tão pacato, queria mesmo ver outras pessoas desse mundo, — murmura Miguel.
— Ei você aí, foram vocês que trouxeram um animal inteiro hoje né haha. Me pergunto como garotos com um físico tão fraco quanto o de vocês conseguiram, deve ter sido difícil.
Quem se intrometia no descanso do garoto era Angélica, que zombando de Miguel e seus amigos.
“Talvez se eu ignorar ela desista e vá embora”.
— Kuku me pergunto como vocês fizeram isso.
Miguel mantém o silêncio.
A garota parece envergonhada a cada segundo a mais que se passa na espera de uma resposta.
— Você não vai embora?
— O que? Ma-mas que falta de educação garoto, só te fiz uma pergunta. Não precisa ser tão grosso assim.
A constrangida garota se envermelha ainda mais com a resposta grossa de Miguel.
— Me desculpa é só que… o que exatamente você quer saber?
— Como vocês sendo tão fracos mataram um animal como aquele.
— E você tem coragem de me chamar de grosso? Nos estávamos em quatro e também temos uma boa formação.
— Que? Tá não importa, é só que…
— Espera você não é daquele grupo que não trouxe praticamente nada?
— E-eu…
— Entendi você veio aqui pra perguntar como nós conseguimos né, você quer ajuda.
— Pare de me interromper imbecil! Mas sim, é isso.
— … Entendi.
Miguel parecia surpreso mesmo ela sendo aquele tipo de pessoa que ele odiava, nunca tinha visto uma pessoa com essa personalidade ser tão direta.
— Se não me engano é no seu grupo que estão as vadias né?
— Va-vadias? Você não tem nenhum pingo de respeito?
— Saiu sem querer. De qualquer forma com o que vocês precisam de ajuda? Tipo vocês já não são nível dois?
— Sim eu sei mas… foi na pura sorte. Enquanto eles estavam lutando contra aqueles lobos, nos só matávamos os que já estavam feridos.
A garota sentava ao lado de Miguel enquanto falava.
“Por que tão perto? Sai pra lá” Entendi vocês são rouba kill. Mas faz sentido, nunca vi vocês fazendo muita coisa.
— Não é pra tanto assim.
— Bem não tem muito o que eu possa fazer, não sou um profissional, nós só lutamos bem juntos.
Miguel não parecia estar mentindo, mas era bem possível que só queria evitar a situação de conversar com aquelas garotas.
— Ainda assim você pode fazer algo, pelo mínimo que seja.
“Pensando melhor, seria horrível se algum de nós morresse” — Tudo bem eu posso tentar, mas não garanto nada.
— Haha! Finalmente se rendeu né?
— Deixa pra lá.
— Não desculpa, já vou chamá-las aqui, espera.
A garota sai como toda a pressa para chamar suas amigas.
“Espero não me arrepender… muito”.
Mais a frente, quase na gruta, estava a garota empurrando suas amigas contra suas vontades. Não demora muito para que as garotas e Miguel estejam cara a cara.
— O-oi.
— Oi, — respondem às garotas.
Sem nenhum pingo de intimidade entre eles, não demora muito para que o desconforto tome os jovens ali.
— Primeiro vocês podem me falar suas classes “mesmo que eu já saiba”.
Relutantes, as três garotas parecem hesitar em falar algo.
— Tudo bem, eu sou uma maga de ar, — disse Helena.
A garota assim como as outras, tinha um longo cabelo, de cor castanho claro e pela clara, com cerca de 1,60.
— Eu sou uma paladina, — respondeu Rebeca.
Seu cabelo era negro e sua pele era pouco mais escura do que o restante, além de ser mais baixa também.
— E eu sou uma guerreira, — respondeu Bruna, hesitantemente
Seus cabelos eram loiros, pouco mais escuros que os de Angélica, de todas as quatro ela era a mais alta, quase do tamanho de Miguel.
— E eu aqui sou uma maga de raio! — respondeu Angélica em seguida.
Ela tinha a mesma altura de Helena, sua única diferença das demais era sua carência em busto.
— Esse grupo é especialmente horrível.
— Tisk, só nos chamou para zombar?
— Bom, primeiro que não chamei ninguém, segundo que é verdade. Seu grupo só tem classes de ataque e mesmo com os atributos suas armas são difíceis de manusear. A única forma de vocês melhorarem é conseguindo experiência em batalhas.
— Então no final não pode fazer nada né, que perca de tempo.
— Sim é perca de tempo, tudo que posso dizer é pra matarem animais pequenos e fracos aqui por perto.
Angélica parecia confusa enquanto tentava acompanhar a conversa, virando sua cabeça de um lado para o outro.
— Certo, então tchau.
Os dois lados se viram e saem em suas próprias direções.
“Eu nem sei porque brigamos, mas elas podiam não ter vindo interromper meu descanso”.
— Ei você, peça desculpas a elas!
— Por que eu? Não foi você que obrigou elas a vir? Peça você desculpas a elas.
— Na-não, você sabe que foi você que começou, você zombou de nós!
“Vadia, cala boca”, Você é muito chata, vaza logo.
— Tisk — Angélica, irritada, aceita a rendição, dando meia volta.
“Não preciso me preocupar com isso agora, já tenho problemas demais, vou tirar o dia de amanhã só pra relaxar”.
Miguel continua seu caminho, dando algumas voltas pelo local antes de simplesmente voltar para gruta e terminar com seu dia.