Anti-herói Invocado - Capítulo 14
Em meio a escura floresta os quatro jovens se agachavam constantemente para pegar diversos dos galhos de árvores que haviam ali.
“Fico feliz que não temos que caçar, a única coisa que precisamos fazer hoje foi pegar madeira, eu sei que é cansativo, mas ainda é mais fácil do que arriscar a própria vida”.
Diferente das outras vezes, aquela caçada parecia consideravelmente ter sido feita mais cedo que o comum, a floresta que era quase sempre escura estava recebendo mais luz do que nunca.
— Gente, tem bastante frutas por aqui que tal fazermos os dois trabalhos?
— Nós temos alguma comida guardada, mas é sempre bom termos mas, — respondeu Felipe, para Heitor.
“Hoje parece bem calmo, posso descansar um pouco antes de sair com o grupo do Joesias um pouco mais descansado amanhã”.
Suas mãos e braços serviam como um saco para todas aquelas cascas e galhos de árvore, aqueles que não as carregavam, estavam ocupando seus bolsos e camisas com várias e várias frutas.
— Manos, porque simplesmente não colocam todas essas coisas nos anéis? — disse Heitor, enquanto enchiam sua boca com as frutas que estavam com Miguel.
— Vó coloca tudo no seu cu! É obvio que não temos mais tanto espaço assim.
— Vichi olha o viado puto, calma lá Ariel.
Enquanto os garotos discutiam e jogavam conversa fora, seu destino até a gruta foi rapidamente alcançado.
Quanto mais próximos os jovens estavam da gruta, mais aquela multidão chamava atenção. Todos estavam aglomerados naquela entrada, nem se podia dizer que havia uma passagem ali.
— O que será que aconteceu? — disse Miguel.
— E eu lá sei. Vou na frente para dar uma olhada.
Ariel despeja todas as madeiras de suas mãos nos braços de Felipe, que não parecia nada contente, e vai em direção ao amontoado de pessoas.
Mesmo que Ariel tentasse ver algo por cima de todos eles, aquilo parecia dificilmente acessível para sua altura.
Olhando para os lados, próximo ao garoto estava sia colega de classe, o chamariz de cabelos longos e negros.
— Bianca, o que aconteceu?
— Oi Ariel. Finalmente voltaram, como foi a exploração?
— Não foi tão mau, mais o que tá rolando ali?
— Acontece que Cassian repentinamente acordou, mas depois de tanto tempo era bem esperado né.
O garoto já havia saído com sua informação, mas a garota sem perceber continua desenrolando o assunto.
— E aí Ariel, o que aconteceu lá?
— Finalmente uma boa notícia. O Cassian acordou, Assim temos um problema a menos.
Finalmente chegando ao quintal da gruta, os quatro jovens despejam todos os itens coletados em uma bacia feita de pedra. De lá a visão era melhor, o entusiasmo de seus colegas era visível.
Enquanto os amigos de Miguel caminhavam em direção aos outros. O garoto apenas se esgueirou pelas pessoas e entrou na gruta.
“Bem, eu nunca cheguei a conversar com ele, não é como se fizesse alguma diferença agora. De qualquer forma ele parece estar bem”.
Cassian estava sendo bombardeado de atenção, o mesmo parecia muito confuso, como se simplesmente tivesse dormido sem perceber. No entanto seu rosto magro mostrava o oposto.
Por mais que fosse estranho, fazia sentido, o garoto ficou dias sem uma única alimentação, sendo mantido apenas com a magia de seus colegas.
Miguel parecia contente com o bem estar de seu colega, mas não demora muito para que isso mude.
De repente o garoto virou seu rosto , que se encontrou com uma pessoa deitada em um canto qualquer.
“Agora só falta você. Me sinto um pouco culpado então espero que não demore… Mas pode ficar aí mais um tempinho”.
O resto do dia, com o esperado, foi completamente voltado para o garoto que havia despertado, mesmo que houvesse toda aquela felicidade pelo local, aquilo não impediu que a lua terminasse com a agitação.
Em meio a toda aquela escuridão, apenas uma luz os iluminava naquela noite. Na fogueira, um enorme pedaço de carne era compartilhado e assado entre os jovens.
“Hoje foi rápido, Cassian parece ter sido bajulado por eles o dia inteiro. Vou comer essa carne sem sal e desmaiar ali, já que isso eu faço muito bem”.
Miguel degustava a tira de carne quase sem sabor em um canto por ali, mas a falta de companhia foi rapidamente exterminada pelo trio que apareceu rapidamente ali.
— Eai.
Novamente juntos, os jovens voltaram a ter uma de suas conversas aleatórias como qualquer outra que já tiveram em algum momento.
— Então… Ariel você estava cuidando da Angélica né. Acha que vai demorar até que ela também acorde.
— Acho que não. Falta de mana não parece ser lá uma coisa muito séria, então ela dever estar boa até amanhã.
Com um sorriso sarcástico, Ariel se vira para Miguel e o encara como um cachorro encara um pedaço de carne.
— E porque você tá perguntando em?
Pelos próximos minutos Miguel foi bombardeado por diversas perguntas, menos invasivas impossíveis, ainda tendo que suportar todas as cotoveladas de seu amigo.
— Não é nada. Só não quero que uma pessoa morta de uma forma tão idiota por minha culpa.
Os sarros dos garotos os ocuparam pelo resto de toda aquela noite, enquanto sentiam o fogo os esquentar.
O raiar do sol havia chegado e Miguel parecia já estar acordado, não só já havia tomado um banho naquelas águas, como já estava seco e pronto para voltar.
— Aiai, mais um dia quente, por mais que ultimamente o frio tenha tomado conta até mesmo quando é sol, devemos estar próximos do inverno.
Miguel caminhava e conversava sozinho, durante a volta da para a gruta.
“Não queria dar mancada, então acordei cedo e fui até a cachoeira para tirar o suor do meu corpo”.
Com mais poucos passos um pequeno grupo de quatro pessoas era visto na frente da gruta.
“Uau! Pensando agora esses eram os únicos que haviam sobrado, então era obvio, mas não deixa de ser estranho. Caio, Willian, Joesias e Clotilde, um grupo no mínimo estranho”.
Miguel se aproximou do grupo e os cumprimenta com um oi, não demorou para que o garoto recebesse sua resposta, por mais que eles sequer tivessem olhado na cara de Miguel antes de se virarem.
— Então, em que direção nós vamos? “Eles devem ter algum cronograma né?”.
— Que tal para o norte, se só seguirmos reto fica bem fácil de voltar depois.
— Beleza então.
O grupo começou a calmamente sua caminhada, em poucos metros já haviam adentrado a floresta e a busca dos garotos por mantimentos havia começado.
Sem nenhum indício de comida ou algo de útil ao redor, o grupo prosseguiu com sua busca. Por vários minutos a caminhada continua até que os primeiros rastros de comida começara a aparecer.
“Eles não parecem ter visto essas frutas pelos galhos, bem; não faz mal perder algum tempo pegando elas para mim”.
Miguel colhia as pequenas frutas nos galhos durante o longo caminho, até que o tédio engolisse sua força de vontade e ele tornasse a caminhar com os outros.
“Tem algo estranho… Eles não parecem normais, estão focados e concentrados unicamente no caminho”.
Desde a saída da gruta uma mesma formação foi mantida pelo grupo. Com Miguel na lateral direita, Joesias ao seu lado e a sua frente estavam Clotilde, Willian e Caio, que não haviam sequer se falado.
“E se… Talvez eles realmente sejam aqueles garotos da outra noite, se eu estiver certo, então é melhor achar um jeito de fugir com o Joesias e a Clotilde”.
Com diversos olhares ao redor, Miguel começou a chamar atenção, como se estivesse procurando por algo. Joesias olhava para Miguel como se percebesse o incômodo.
— Argo di errado Miguel?
— Na Verdade, eu realmente preciso ir no banheiro.
— Ata! Podi ir, árvore aqui num farta.
— Certo eu já volto.
Em rápidos passos Miguel vai até as árvores a sua direita. O garoto saca rapidamente sua lâmina e olha para a palma de sua mão.
“Pensar e fazer são coisas diferentes né”.
Miguel fechou seus olhos e pressionou seus dentes ao máximo. Encostando o fio em sua palma, não demorou muito para que o vermelho escorresse.
“Dói, mas deve ser o bastante para uma marcação bem aqui. Agora só tenho que disfarçar o sangue e a dor”.
Após um suspiro de alívio o garoto se virou-se e passou pela arvore em que estava escondido.
— Miguel.
Com um frio na espinha, Miguel olha para frente e vê Joesias, que havia ido atrás dele.
— Você tava demurandu, então eu vim ver o cê.
“Ufa parece que ele não viu. É melhor não falar sobre minha suspeita para ele, posso deixá-lo apavorado demais”.
— Di qualquer forma vem logu, se domurarmus muito vai ficar di noiti.
Com a volta dos jovens, o grupo estava novamente completo e pronto para retomar a busca.
Mesmo com algumas frutas espalhadas pelas árvores e alguns pequenos animais estarem os rondando, o grupo não mexia um músculo em suas direções.
“Espero que isso acabe, além desse silêncio que nos ronda, agora tenho esse corte na mão. Isso chega a ser parecido como uma escolta”.
Miguel perdido em seus pensamentos, sequer percebeu a repentina parada dos que estavam a frente e acabou batendo nas costas de Caio.
Desculpa. “Eles pararam… espera eu conheço esse lugar, aqui é…”.
Ao mesmo tempo em que Miguel olhava aos arredores, uma forte e passada mão bate com força em seu estômago.
A pressão e tão forte que o garoto quase cai de joelhos.
O garoto instintivamente levou suas mãos até a barriga ferida.
Sem poder recuperar seu fôlego, logo duas mãos vai até seus ombros.
O jovem é arremessado em direção ao chão batendo suas costas com toda a força.
Vagarosamente se levantando, Miguel é interrompido pelo forte chute em seus estômago.
O garoto tropeçou, batendo suas costas no pequeno muro de tijolos cobertos por musgo.
Outra mão foi em sua direção, dessa vez no pescoço, o garoto foi levantado até não ter mais chão, e de repente é solto.
Enquanto caia, só o rosto de Caio era visível, o rosto completamente inexpressivo foi vagarosamente se distanciando a medida que Miguel caia.
A escuridão começou a tomar cada vez mais conta. No estreito poço, o garoto se debatia naquelas paredes de pedra, antes de sentir o impacto do seu corpo com o chão.
O silêncio tomou conta. Tudo que Miguel poderia fazer era atrasar o inevitável e pesado piscar de pálpebras.
— Caio, não faça isso. Não!
O silêncio é interrompido pelo grito de alguém de cima, antes que pudessem pensar sobre, Miguel vê o vagarosos escorrer do sangue pelas paredes do poço. Antes que peça seus sentidos.