Anti-herói Invocado - Capítulo 20
“Ontem o Brick disse que queria conversar, ele parecia sério”.
Miguel permaneceu debruçado sobre uma mesa de madeira redonda, a sua volta havia quatro bancos dos quais apenas o de Miguel era ocupado.
— Aqui rapaz.
Um idoso vestindo uma camisa branca de botões se aproxima de Miguel e deixa um copo de alça feito de madeira cheio de algo que tinha um cheiro semelhante a trigo.
Miguel levanta sua cabeça e dá alguns goles no líquido amarelado dentro do copo. Aos colocar o copo no balcão Miguel pressiona suas pálpebras e trêmula a boca.
— Como imaginei isso é bem diferente do que meu tio tinha na casa dele.
Não demora pra que Miguel esvazie seu copo e chame o velho para si com um aceno, mais rápido ainda é a velocidade que ele chega até a mesa.
— São dois nóriz de bronze.
Miguel parece um pouco nervoso enquanto estapeava seus bolsos a procura de algo
— Aqui!… É, bronze né.
Miguel ponha duas moedas sobre a mão e estende ao homem, aquilo parecia estar certo, ainda assim ele parecia como uma criança mexendo com dinheiro pela primeira vez.
Enquanto o senhor pega as moedas e parte em direção ao balcão do bar, Miguel vai ver direção a saída.
Ao fechar o porta ele sai pela esquerda do bar, caminhando por uma rua onde a única iluminação viam dos postes, que pareciam esferas de vidro com algum tipo de cristal dentro.
“É praticamente a mesma coisa que estar na minha cidade, é claro tem essas moedas que o Brick me deu e essas coisas mágicas ou sei lá oque”.
Miguel estava certo era uma cidade comum, claro as casas eram de madeira, as ruas de tijolos de pedra e a magia parecia estar presente em quase todo local, mas não haviam muitas diferenças.
Em uma hora tão tarde como aquela era esperado que quase nenhuma pessoa vagasse pela cidade, mas os comércios e as casas permaneciam acesas.
“Consigo até me ver morando aqui… Quem sabe”.
Ele se vira para a direita encarando uma porta, eram tantas horas e ela ainda estava aberta, Miguel leva sua mão até a maçaneta e a abre lentamente.
— há, você chegou, sente-se ali, — disse Brick serio, apontando para uma cadeira ao lado de uma pequena mesa.
Era uma cozinha sala, havia apenas uma balcão que o separava do homem que permanecia de costas para ele.
— Tu-tudo bem, — Covardemente, Miguel se senta na cadeira
Aquele silêncio era desconfortável, Miguel sabia que não podia cuidar de si mesmo ali e que deveria apenas acatar as ordens de Brick se quisesse uma cama para dormir.
— E então, pode me dizer de onde veio.
“Eu já temia isso, não sei o quanto posso dizer pra ele, nem sei porque confiei tanto nesse cara até agora”, — se eu não me engano de lá, — disse Miguel enquanto apontava pra uma das paredes da casa.
— Do Norte, se não engano tem algumas vilas além de um Palácio. Mas isso não explica o porquê esses monstro te seguiram até aqui.
A situação já era complicada desde o princípio para Miguel, Brick não parecia ser alguém facilmente manipulável e o garoto nem estava em posição para fazê-lo.
— Ahhh, — Após uma longa suspirada Miguel desembucha, — Acontece que eu vim de um ponto um pouco mais próximo da floresta, também acabei mexendo com uma coisa chamada Notipobaellt.
Brick vira lentamente seu rosto para Miguel, enquanto o olhava de canto de olho, um frio parece percorrer a espinha do garoto, parece até mesmo congelar por um segundo antes de recobrar os sentidos.
“Merda e agora, tentei jogar no verde sobre a coisa do Notipobaellt, mas ele parece meio bravo”.
— Isso faz um pouco mais de sentido, mas precisa de mais do que só uma planta para atrair monstros como aquele.
O brutamontes anda lentamente até o garoto que nada podia fazer, ele pisa repentinamente numa das cadeiras enquanto desembainha uma faca e a leva até o pescoço do garoto.
— Pra ter vindo daquela floresta e sobrevivido, você deve ser um invocado. Acontece que até onde sei só um criminoso ficou para trás.
Miguel permanecia estático, não havia nem um movimento vindo de si. Aquele cara com tom brincalhão que ele conhecia até pouco tempo atrás havia simplesmente sumido.
— N-não é o que voc…
— Afff. Relaxe garoto, eu já deveria saber que você não conseguiria bater de frente com outros invocados juntos.
Ao mesmo tempo em que Brick se senta na cadeira, Miguel se sua alma simplesmente quisesse fugir dali.
“Filho da puta, me fez passar por isso por nada. Então eles já sabem dos invocados?”.
Agora a poeira já havia abaixado, por mais que aquele desconforto fosse permanecer, eles já poderia conversar mais tranquilamente.
— Olhe, eu só fiz isso porque pensei que poderia ser uma ameaça para nós. Espero que possa me desculpar.
Brick pareceu engolir seco, ele definitivamente era o homem mais voraz que Miguel já havia visto, mas ainda assim também era um dos mais atenciosos.
— Depois disso não acho que tenho mais alguma escolha. Mas porque pensou que eu fosse um criminoso.
— Isso é complicado, A alguns messes o rei me convocou para uma missão de resgate, eu não podia ir mas sei que foram até á floresta para um resgate, um mês depois todo o reino foi comunicado sobre a chegada dos novos invocados, por mais que estivesse em um estado deplorável.
Naquele ponto na era visível que a cada palavra que saia da boca de Brick, deixava Miguel em um estado de fúria, ele quase pareceu querer chorar por um segundo.
— … Estavam sobre ataque, os que sobreviveram foram levados para a capital.
O homem nem havia terminado de falar e Miguel já parecia estar completamente revoltado, ele imaginava o que viria a seguir e estava se segurando ao máximo para não mandar tudo a sua frente pelos ares.
— Junto a notícia dos novos invocados, também veio um alerta, nele diz que havia um invocado remanescente na floresta e era ele o culpado por desgraçar com a chegada deles.
— Porra! — Gritou o garoto, enquanto se levantou e foi para a porta.
Ele havia saído tão as presas que nem seu apoio de perna havia levado, por mais que já não parecesse precisar muito dele.
“Me jogam num poço, me rodeiam de corpos dos meus colegas e ainda fazem essa merda comigo!?”.
Ele permanecia vagando pelas ruas da cidade noturna, hora vira a direito outrora a esquerda. Finalmente ele parece se encontrar numa pequena praça, algumas árvores flores e ao seus redor, bancos.
Miguel se senta num banco, não parecia mas ele ficara um bom tempo conversando com Brick, não haviam mas pessoas ao redor, até os postes pareciam estar iluminado cada vez menos.
Cabisbaixo, Miguel aproveita toda a calmaria e simplesmente observa aquelas enormes luas cintilantes no céu. No entanto logo casou a calmaria, os passos pesados de Brick eram inconfundíveis.
— Olha, sei que vocês devem ter suas desavenças, não sei sobre o que aconteceu mas depende de você o quê vai fazer daqui para frente.
Era claro que Brick se sentiria culpado, afinal ele havia enchido o garoto de informações e ainda o julgado por um crime.
— Se quiser, não me importaria de ouvir o que aconteceu.
“Mesmo que eu quisesse não sei até onde posso confiar nesse cara depois de tudo isso”, — Não, tô de boa.
— Certo, me desculpe por mais cedo, não se preocupe em ajudar amanhã, é melhor tomar um tempo para absorve tudo.
Brick se levanta e se dirige ao mesmo local de onde veio, já era tarde e no final das contas aquele homem administrava uma cidade.
“E oque eu deveria fazer daqui para frente…”, — Brick!
Antes que ele tivesse virado pele primeira esquina, é interrompido pelo chamado de Miguel.
— Se me ensinar o básico da espada eu te ajudo um pouquinho com os monstros.
O homem que agora já estava voltado com atenção para o garoto, apenas confirma com um polegar e um sorriso de canto de boca. Nada mais se tinha para fazer ali, já poderia finalmente voltar para casa.
“Que cara confuso, parece ter um coração mole e ao mesmo tempo também é realmente brutal. Melhor é sair desse frio logo”.
Poucos metros atrás de Brick, estava Miguel o acompanhando por onde andasse. Não demora muito para que chegam a casa, que deixava Miguel inquieto, afinal era pequena para o dito chefe da cidade, havia apenas um banheiro dois quartos e uma sala cozinha.
— Muito bem assim como falei antes pode dormir ali naquele quarto, vamos logo para cama, logo mais teremos que acordar, temos que ir a um lugar amanhã.
Enquanto se dispersavam um para cada quarto, Miguel se vira e o questiona — Não vamos apenas matar monstros?
— Preciso falar com alguém, é mais no centro da cidade.
Após se despedir com um aceno, Miguel se dirige ao quarto e se deita na cama de madeira. Era definitivamente desconfortável, não havia sequer um coxão ou pano para afofar aquela coisa.
“Se a casa do chefe é assim imagina o resto da cidade”.
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— Rapaz.
— Já peguei sua mala, tem mais alguma coisa?
— Sabe… acho que ainda não perguntei seu nome.
— O qu… — Indignado com o homem, Miguel apenas desiste e responde com uma mão em seu rosto. — É Miguel.
— Há sim, Realmente incomum.
Depois de tanto tempo se arrumando e preparando tudo, eles finalmente estavam do lado de fora, de imediato uma briga fria os atinge, aquele clima incomum parecia que permaneceria no ar por um bom tempo.
— Aliás, você não disse aonde nos iríamos.
Miguel carregava uma grande bolsa feita de pele, ela parecia estar completamente cheia, mau parecia o suficiente para carregar tudo que tinha dentro, sem dúvidas era pesada.
A caminhada fosse dois demora algum tempo antes de chegarem em algum lugar diferente do resto da cidade. Aquela era uma grande rua que parecia ser dedicada especialmente para o comercio.
Não importava para onde se olhe, só podia ver pessoas Perambulando e comprando, era tanto a aglomeração que Miguel nem conseguia ouvir o que Brick o dizia, não que isso importasse afinal Miguel parecia completamente fascinado com o local.
Haviam centenas de pessoas e não era atoa afinal também haviam centenas de lojas, cada uma especializada em algo diferente, acima de cada uma haviam placas de madeira com algo entalhado, definitivamente não era uma língua que Miguel já havia visto.
Enquanto tentava não passar por todo local para dar uma olha em cada local, Miguel resiste com todas as suas forças para acompanhar Brick que ia sem hesitação para uma única loja.
Antes que se perdesse no meio de multidão, Miguel adentra o local Juntamente com Brick. Dentro parecia haver todo tipo de arma.
Na direita haviam espadas, na esquerda armaduras e no fundo ao lado de uma porta e um balcão, apenas escudos, dos quais os itens variavam de couro até aço.
Da pequena porta atrás de balcão, uma pequena fresta mostrava uma sala de pedra , diferente do resto da loja que era de madeira. Vez ou outra se ouvia autos barulhos vindo de lá.
— Grabin! — exclamou Brick.
De repente os barulhos da sala traseira cessaram, daquela porta saia um pequeno homem, que por mais baixo que fosse, seus braços eram enormes.
— O que? Ah, oque faz aqui Brick, não me lembro de ter assunto com você.
— Mas você tem, seu velho.
“O que é aquilo, como uma Anão pode ser tão forte assim?”.
Enquanto Miguel o observava confuso, o Anão passou seus olhos rapidamente pelo garoto, que desvio o olhares rapidamente.
— Quem é esse magrelo aí? Não vai me dizer que arranjou uma criança.
— Não, meu filho nunca seria tão fraquinho assim hahaha. Esse é o Intruso do outro dia, o desacordado perto da entrada.
— Mas vem aqui, — Enquanto Brick se aproximava, a voz do Anão abaixava, — Esse não é o tal invocado traidor que rei mencionou.
“Ainda posso ouvi-los claramente, e oque foi essa de magrelo fraquinho?”.
— Não se preocupe, tenho certeza que ele não seria capaz de acabar com tantos outros invocados.
— Bem, então acho que devo cumprimenta-lo.
O Anão se aproxima de Miguel e estende sua mão na direção do jovem que por mais alto que fosse, parecia fraco perto dele.
— Meu nome é Grabin. E o seu…
Miguel aperta a mão do ferreiro, parecia que sua mão seria engolida, era como embrulhar uma pedrinha em um papel.
— Prazer, meu nome é Miguel.
— Não se acanhe, vamos lá precisamos resolver essa coisa do grandão ali.
Miguel era o único normal ali, aquilo eram coisas que ele jamais havia presenciado, Anões, espadas, armaduras ou escudos, parecia que realmente ele encontraria uma coisa nova a cada metro que andasse.
— Dessa vez não é nada demais, só algumas armas, as minhas já estão quebrando.
— É claro já faz dois anos que não renova. O que vai querer dessa vez, longas, duplas?
Pra mim só o básico, uma média de aço, pra ele, acho melhor ele mesmo escolher oque acha melhor.
— Pra mim, porque compraria outra espada?
— Ande logo, alguma daquelas espadas vau te agradar.
Miguel caminha pela loja observando e parede das armas, havia diversas espadas penduradas e seus formatos eram diversos.
“Aqui tem até espadas curvas, uma delas parece com um grande gancho. Mas acho melhor pegar algo normal”.
O garoto passa breves minutos olhando as espadas, parecia hesitar encostar em qualquer coisa dali, mas não demora muito para que retire uma das espadas.
Parecia de todas as formas normal como aquelas que se vê em séries ou filmes, era fina e media pouco mais de trinta centímetros, prateada e pelo jeito que Miguel a segurava parecia de fato pesada.
— Acho que essa aqui está boa.
— Não é meio comum demais, pessoas como vocês tivessem bom gosto.
— Vocês estão na minha loja, qualquer pessoa que entra aqui tem bom gosto!
Brick finalmente havia deixado o Anão nervoso e ainda que não os conhecesse, aquilo não parecia uma cena muito incomum para Miguel.
— Acho que era só isso, vamos indo Miguel.
— Você ainda tenta sair daqui sem pagar pelas suas coisas.
“Não sei porquê, mas ele me pareceu exatamente esse tipo de pessoa”.
Com tudo já pago, Miguel e Brick agora caminham de volta pelas mesmas ruas das quais já passaram.