Armageddon - A Guerra dos Cavaleiros - Capítulo 27
Armagedon
A Guerra dos Cavaleiros
Capítulo 27: Herói
Madison Square Garden:
A arena de combate estava totalmente formada, a plateia estava ansiosa com o combate que viria. Os lutadores estavam terminando de se aquecer, mesmo com esses leves exercícios, era visível que a guarda dos dois não estava baixa.
Com o término do aquecimento, os dois andaram alguns passos para frente, a ponto de ficar uma distância considerável do inimigo a frente.
— Eu lhe dou uma chance de implorar por sua vida, Humano. Se o fizer, prometo lhe dar uma morte indolor.
— Hahahaha — riu Muhammad — eu tenho um nome, Muhammad Ali, lembre-se disso durante nosso duelo.
— Duelo? Isso será um massacre.
O Arcanjo Gabriel aos poucos desceu pro meio da arena.
— Guerreiros, peguem suas armas e se preparem para o combate.
— Eu não preciso de armas — disse Muhammad entrando em posição de luta com um olhar sério — minhas armas são meus punhos.
Azaziel pegou um pena de seu bolso e Gabriel olhou surpreso.
— O que pensa que está fazendo, Azaziel?
— Estou pegando minha arma, como você disse, Arcanjo Gabriel.
Gabriel andou até Azaziel e segurou seu braço.
— Você perdeu seu título de arcanjo, logo tudo que estava relacionado com o título. Me entregue a pena da criação.
— Sinto muito, arcanjo. Mas essa pena é minha bênção dada pelo deus Set.
— Não diga besteira, um deus não teria acesso aos artefatos do Supremo.
— Na verdade, eu tenho acesso sim — disse Set em sua poltrona — Azaziel fez questão de me entregar a sua arma divina antes de perder seu posto de arcanjo, logo essa arma pertence a última pessoa que estava em sua posse.
— Não me diga que isso é verdade, Azaziel — disse Gabriel olhando enfurecido para o seu ex-irmão — o quanto você quer descer, Azaziel? Você não teve o menor apreço por sua posição de arcanjo?
Azaziel tirou seu braço da mão do Gabriel e olhou seriamente para ele.
— Os arcanjos não se importaram com o meu sofrimento e nem de vingar o irmão morto. Por isso, eu abandono com prazer esse título se eu puder recuperar aquilo que eu perdi.
Gabriel segurou com força o seu punho e voou de volta para o topo da arena.
— Desculpe a demora, Humano — disse Azaziel segurando a pena em sua mão e a colocando em sua frente.
Azaziel jogou a pena para cima e junto dela um brilho começou a tomar conta da arena. Com o cessar do brilho, duas manoplas desceram do céu e se fixaram nos braços do Cavaleiro Cientista.
As manoplas liberavam uma pequena aura de poder. A da esquerda totalmente branca como a neve e simbolizando a pureza de um ser celestial, a da direita totalmente preta como a escuridão e simbolizando o lado sombrio de um ser celestial.
“Cada arcanjo recebeu uma habilidade referente as virtudes que preservamos e uma arma divina do ser Supremo, para que pudéssemos o servir de forma devida. Azaziel recebeu a arma chamada de Pena da Criação, onde ele poderia criar qualquer item ou arma e estuda-lo, como um verdadeiro cientista. Contudo, sua habilidade difere de sua arma”, pensou Gabriel.
— Mãos de Deus — disse Azaziel batendo seus punhos.
Azaziel entrou em posição de combate e Muhammad soltou um sorriso.
— Bênção surpreendente, fiquei até arrepiado — disse Muhammad com um leve bater de palmas.
— A melhor criação que eu já fiz, precisei de décadas para o aperfeiçoar e o torna-lo a arma ideal.
“Terei que lutar somente com ela, afinal ela consome toda a energia da minha arma divina.”, pensou Azaziel.
Os dois entraram em posição de combate e os olhares dos dois estavam fixados no inimigo em suas frentes, nenhum deles havia dado o primeiro passo pro combate. A concentração deles para analisar o oponente, era de outro nível.
Com o cair do suor de uma pessoa da plateia, os lutadores deram o primeiro impulso para frente. Azaziel desferiu um soco direto sobre Muhammad, o qual desviou facilmente e devolveu o ataque com um direto de direita.
Azaziel defendeu o golpe com seu braço esquerdo. Muhammad desferiu um chute com sua perna direita, mas o cavaleiro defendeu o golpe com sua mão direita, contudo foi afastado para trás.
Muhammad avançou e continuou com uma sequência de jabs de esquerda, Azaziel defendeu os golpes com facilidade com suas manoplas.
Em uma das defesas, Azaziel desferiu um soco com seu braço direito em uma brecha da defesa de Ali. Contudo, era uma armadilha que Azaziel não tinha previsto.
Muhammad segurou o braço direito de Azaziel com seu braço esquerdo e desferiu um chute de direita. O golpe atingiu a costela do anjo caído, o qual foi empurrado para o lado.
— Impressionante, Humano — disse Azaziel entrando em posição de luta e fechando seu punhos com força — Mas esse aquecimento já terminou.
Azaziel respirou fundo e junto da respiração uma aura branca formou-se ao redor de si. Ele impulsionou-se para frente e desferiu diversos socos com ambos os punhos.
Com cada soco sendo mais rápido que o anterior, Muhammad percebeu a sequência de ataques que estavam vindo em sua direção, mas ele somente sorriu. Azaziel tinha certeza que aquele seria o fim daquele humano, contudo ele estava diante do maior lutador de boxe da história.
Muhammad desviou facilmente dos golpes com extrema destreza e perfeição. Mesmo com cada golpe poderoso suficiente para nocautear um touro, Ali estava mostrando para todos sua incrível habilidade que havia treinado duro em vida, a famosa Esquiva Perfeita de Ali.
“Como é possível que esse humano esteja se esquivando tão facilmente dos meus golpes?”, pensou Azaziel percebendo a facilidade que Muhammad estava tendo em sua defesa.
Azaziel parou a sequência de golpes e Muhammad deu alguns passos para trás, enquanto saltitava para manter-se com a guarda alta.
— Sabe arcanjo, vou te mostrar o que é uma verdadeira sequência de golpes.
Muhammad avançou para frente com um jab de esquerda, Azaziel defendeu o golpe mas logo em seguida um gancho de direita atingiu o rosto do Cavaleiro Cientista.
Quando Azaziel tentou voltar para sua posição, Muhammad desferiu Uppercut no maxilar do inimigo, o qual o deixou desorientado por alguns segundos que seriam fatais.
Muhammad continuou com com uma sequência de jabs de esquerda que atingiram o peito e o rosto de Azaziel, o qual caiu de joelhos no chão.
Azaziel cospiu sangue e olhou para cima e viu o olhar de concentração de Muhammad.
— Aconteceu algo, Arcanjo? Por acaso perdeu alguma coisa?
Azaziel levantou com fúria e desferiu um soco, no qual Muhammad esquivou facilmente.
— Por que você não me atacou quando eu estava no chão? Poderia ter me causado mais danos do que eu já estou.
Muhammad sorriu, enquanto entrou em posição de luta.
— Isso é simples, pois isso me tornaria um covarde e lutadores de boxe, não utilizam golpes baixos ou covardias.
— Não diga besteiras, Humano. Esse é um torneio em que o vencedor poderá ter um desejo que quiser, até mesmo mudar o destino e alterar o espaço-tempo.
— Eu sei disso, eu tenho um desejo e uma promessa para realizar. Mas se eu tiver que me rebaixar ao nível de um covarde, prefiro nem mesmo lutar.
— Uma promessa? Pois bem, eu também tenho uma e se eu precisar rebaixar meu nível, eu não me importo desde que eu consiga realizar meu desejo.
— Parece que temos divergências de ideias, pois bem, eu irei te mostrar que posso ganhar sem me rebaixar. Se prepare, Arcanjo.
Os dois respiraram fundo e impulsionaram-se para frente, os dois começaram uma troca constante de golpes fatais para ambos os lados. Muhammad conseguiu se esquivar dos golpes, mas dessa vez não estava conseguindo com facilidade. Azaziel não conseguia se esquivar de muitos e foi recebendo bastante dano em seu corpo, mas algo parecia estranho.
Cada golpe que Azaziel recebia, parecia aumentar a velocidade e o impacto de seus golpes.
“Está aí sua habilidade divina, uma de nossas virtudes, a Fortaleza. Com ela, seu corpo armazena o dano causado e reproduz essa energia em seus golpes, é uma habilidade útil pro combate, mas que tem o seu preço. Seu corpo tende a sentir duas vezes o impacto e a dor disso deve ser agoniante e exaustivo, é impressionante que ele esteja aguentando até agora. Ele mudou bastante.”, pensou Gabriel.
Muhammad começou a sentir dificuldade de se esquivar de todos os golpes, a ponto de alguns o acertaram de raspão e pequenos ferimentos começaram a surgir em seu corpo.
As pessoas da arena gritavam de euforia pela luta em suas visões. Set estava sentando com seus braços cruzados e Hanuman estava sentado e atento a luta em sua frente.
Muhammad acertou um cruzado de direita no rosto do anjo e quando parecia que ele iria cair, Azaziel levantou seu rosto e desferiu um golpe na barriga de Ali, o qual foi jogado para trás.
O Cavaleiro dos Pesos-Pesados golfou sangue e caiu de joelhos no chão. Ele levantou sua cabeça e viu Azaziel perto de seu corpo, assim o anjo pisou na cabeça do lutador e repetiu o ataque sem remorso.
Com o parar dos golpes, ele virou-se costas e começou a caminhar na direção de fora do ringue.
— O que foi, Arcanjo? Eu ainda estou vivo.
Azaziel virou-se de costas e viu Muhammad de pé com o rosto sangrando.
— Por que insiste me lutar, Humano? Você percebeu a diferença de força e que a cada golpe que me acerta, eu fico mais forte. Eu possuo a resistência de um ser celestial, graças as minhas manoplas, mesmo perdendo meus títulos e postos.
— Você só faz perguntas com respostas tão óbvias, Arcanjo. Se eu estivesse lutando por algum motivo besta ou pessoal, já teria largado a toalha. Mas estou lutando, por eles.
— Eles quem?
— Pelos mais fracos, por aqueles que sofrem com a injustiça do mundo somente por não estarem nos padrões que os poderosos determinaram. Sabe, Arcanjo, não sei como é no reino dos céus, mas na terra milhões de pessoas morrem injustiçadas por motivos tão ridículos, como a cor da pele ou gênero. Por isso, eu ganharei esse torneio e mudarei o mundo.
Muhammad começou a liberar um aura hostil de seu corpo.
— É por isso, Arcanjo, que eu não posso cair e devo me manter de pé. Eu me recuso a continuar a tolerar essa injustiça e me tornarei o herói que o mundo precisa.
Azaziel lembrou-se da justiça que o Supremo havia determinado para Noé e como para ele aquilo havia sido injusto.
— Concordo com você, Humano. A injustiça é algo desprezível e é por isso, que tenho que ganhar essa luta.
Os dois entraram em posição de luta e começaram a respirar fundo.
“Vou ganhar esse combate e deixarei você orgulhoso, mestre.”, pensou Muhammad.
Continua…