Arthur: O Cavaleiro de Tsarita - Capítulo 3
Akane nota que um pouco mais distante havia outros passos, era quase imperceptível por conta daquele mato alto, o que revela que o demônio estava acompanhado.
O vento era agitado, o farfalhar das folhas trazia um mal pressentimento e o clima dava pequenos indícios de uma forte chuva.
Todos entraram mata adentro, Akane liderava sendo a primeira a desbravar aquela mata.
O clima estava bem úmido, insetos enormes passavam entre nós e não foi difícil encontrar logo a frente uma cobra peçonhenta.
Estranho era o comportamento daqueles insetos, nenhuma vespa, aranha ou cobra encostava em Akane, a pelo menos 1,5 metros de distância.
Após longos 200 metros, chegamos ao fim daquela trilha, e alí havia um pequeno espaço aberto com um córrego dividido em duas regiões, a casa dos Alberich de um lado e do outro a região dos campos, onde moram o povo rural.
Joel logo nota que, no córrego havia manchas de sangue sendo levado pela água, além de que logo a frente havia galhos com espinhos, onde um pequeno pedaço de tecido apontava a direção do vento.
— Hm?
Uma matilha de lobos passa correndo no outro lado do córrego, cerca de 10 para ser mais exato, e quase todos estavam bem feridos, sendo que um deles não aguentou acompanhar o resto do bando e ficou para trás.
Talvez aquele fosse um prenúncio, um aviso de Deus de que devíamos voltar, mas não houve tempo para pensar sobre, Akane pegou um certo impulso e saltou sobre aquele córrego.
O córrego tinha 6 a 7 metros de largura, até mesmo os soldados mais experientes ficaram com a boca aberta ao ver a facilidade com que Akane diferiu naquele salto.
O córrego era bem raso, então foi possível atravessar sem dificuldades, talvez um dos problemas disso fosse o frio, está bem úmido, geralmente em climas assim o calor tende a predominar, porém um forte vento frio passava entre nós, trazendo calafrios.
Seguimos a trilha de sangue, e logo a frente sem dificuldades encontramos os demônios.
O que mais se destacava era o seu tamanho, tendo cerca de 2.40 de altura, além de grandes músculos na parte superior de seu corpo, além de usar uma armadura de placas pela região do abdômen e do peito.
Seu parceiro por outro lado tinha uma estatura um pouco abaixo da média sendo bem magro, suas armaduras eram bem leves, o que refletia na sua condição física.
Ambos estavam bem desgastados, suas armaduras estavam amassadas, além de estarem com o corpo marcado por sangue.
Assim que nos avistou ambos se levantaram com um pulo e levantaram a sua guarda.
Mesmo demonstrando o quão exaustos estavam pela dificuldade em respirar, o demônio mais forte manteve sua postura de combate, colocando seu punho direito onde havia um punhal de metal e escondendo seu outro braço.
Akane despreocupadamente brande sua espada, sua frieza e de assustar até nós seus aliados.
Joel brande sua arma e permanece na defensiva, observando a ação do inimigo. Aquilo era como uma aula para os novatos, que observavam cada ação de seus superiores.
O demônio maior avança contra Akane lhe desferindo um soco de direita; Akane desvia de seu golpe, e tenta cortar o braço do demonio.
O ataque apenas consegue penetrar uma parte de seu braço, o demônio havia abaixado seu braço, minimizando os danos e agora preparado para um contra-ataque com seu outro braço, que até o momento permanecia escondido.
Akane desvia do contra-ataque do demônio dando um passo para trás e largando sua espada ainda cravada no braço do demônio.
Ele retira a espada, e é recebido com um soco no queixo. O golpe o fez desmaiar e cair no chão, Akane recupera sua espada e agora volta seu olhar ao demônio menor.
Suas pernas tremiam como se visse a própria morte caminhando em sua direção, Akane se aproximou a ponto de ficar frente a frente.
— Quero que saibam de algo, estamos em uma investigação, quando é esse o caso, tratem de não matarem os suspeitos, eles são essenciais.
Como uma professora, Akane dizia para os novatos martelarem em sua cabeça, mesmo nessa situação ela nunca mudou sua expressão.
O demônio sem ter o que fazer, estende seu braço com os punhos fechados como sinal de desistência.
— O que é-
O demônio abre o punho e joga para o ar uma espécie de bola com um pino, logo ao fazer isso ele se joga ao lado contrário, e uma forte explosão acomete o local.
Akane foi atingida em cheio pela explosão, e só teve tempo de soltar umas palavras. O demônio tentou fugir, porém eu não iria deixar.
Avancei contra ele lhe desferindo um golpe de espada, mirando em seu pescoço; O demônio se jogou no chão, fazendo com que eu errasse o golpe, e logo em seguida me acerta com uma espécie de foice nas pernas.
O demônio também havia sido pego pela explosão, mesmo que não o suficiente para desabilitá-lo.
Logo que ele me acertou com aquela foice senti uma dor terrível, o corte havia sido bem profundo, e minha armadura leve não pareceu adiantar de nada.
Não me deixe fraquejar por algo como isso, aterrissei no chão utilizando da minha outra perna e balancei meu corpo, lhe desferindo outro golpe com a espada, perfurando o seu pescoço.
— Eu não poderia perder pra algo que está praticamente morto…
Acabo perdendo o equilíbrio e caindo no chão, estava bem cansado e sofrendo pelo corte na perna.
Olhando para trás via todos espantados, como o vento estava forte, a fumaça logo foi varrida pelo vento e Akane foi revelada em pé no centro da explosão.
— Eu fui descuidada, pensando bem, minha atitude foi totalmente idiota, levem isso como exemplo a não ser seguido.
Akane estava conseguindo falar, porém suas roupas e sua armadura haviam sido destruídas pela explosão, seu cabelo ainda pegava fogo e havia queimaduras sérias por todo o seu corpo.
— Isso é desumano…
Acabei deixando escapar um comentário, nenhum humano normal sairia naquelas condições após uma explosão daquelas, seus membros deveriam ter explodidos e varridos da existência, tanto quanto sua armadura.
Naquele momento havia até me esquecido sobre a dor na minha perna, acabei levantando e mesmo mancando fui encontrar os outros.
Joel não parecia tão surpreso quanto os outros, porém ele suava frio olhando aquilo, se não houvesse visto com meus próprios olhos não acreditaria que aquilo fosse possível.
— Por acaso alguém teria alguma roupa para me emprestar? Não quero ficar andando por aí assim.
O que mais impressionava era a calma de Akane ao lidar com algo assim, como se não fosse nada.
— Primeiramente temos de cuidar desses seus ferimentos.
Ao que parece, Joel tem um certo entendimento sobre medicina, e rapidamente foi capaz de criar curativos para Akane.
Após ser atendida por Joel, Akane recebe uma calça e uma camisa, que um soldado tinha em sua mochila.
— São um pouco grandes, mas vai servir.
Além de fazer um curativo para Akane, Joel fez um para minha perna e usou uma espécie de sedativo para que a dor parasse.
— No final das contas, tudo que sobrou foi aquele grandão ali.
Joel fazia referência ao demônio no chão, que permanecia desmaiado. Joel vai em sua direção e começa a interroga-ló.
— Primeiramente, Bom dia. Gostaria de lhe fazer algumas perguntas, tudo bem? — Diz Joel em um tom irônico.
Joel mexia o corpo do demônio em busca de respostas, mas não demorou mais que alguns segundos para que ele percebesse o que estava errado.
Sangue escorria da boca do demônio, ao verificar seus pulsos, foi confirmado a sua morte.
O golpe não deveria ser capaz de matá-lo, pelo menos não aquele golpe.
— Parece que não temos muito o que fazer, morto não fala.
Akane aparece e toca o ombro de Joel, não tem o que fazer apenas voltar até a casa dos Alberich.
Antes de voltar, Joel joga um pouco de álcool no corpo do demônio e com um fósforo, coloca fogo em seu corpo.
O corpo do demônio continua pegando fogo enquanto nós seguimos nossa trilha de volta. Akane não dizia uma única palavra em todo o trajeto, Joel também estava bem sério, mas ainda sim conversava e encorajava os novatos.
De volta, nos encontramos com os soldados que ficaram investigando o local, aqueles sim encontraram uma pista valiosíssima, que era o corpo de um Antho.
Sua cabeça estava fora do corpo, não havia mais sinais de machucados e ele parecia saudável, logo as peças se encaixaram, o mais provável era que um grupo deles que invadiram a propriedade, e os demônios entraram em confronto direto.
Os Antho são basicamente propriedade dos humanos, são escravizados a mais de séculos e não tem sequer alguma perspectiva sobre viver, apenas servir, porém há pequenos bandos que se dividem, alguns acabam escapando e nisso formando uma sociedade num lugar afastado.
Eles passam nas vilas saqueando os moradores e destruindo propriedades, são um grande problema que vem aumentando gradativamente.
— Esse não é um problema que novatos como vocês têm de enfrentar, por hora iremos voltar à capital, e depois veremos o que fazer.
De fato, tudo parecia ser algo mais sério, o Rei tem caçado esses bandos a mais de 2 anos, porém eles reaparecem de a todo momento, como uma praga.
Um Antho por si só é mais forte que um humano comum, porém os humanos têm armas como vantagem, técnicas de combate e inteligência, coisa que falta nos Antho, mesmo assim eles não são estúpidos.
Todos ficam em silêncio apenas se organizando e arrumando tudo, para voltarmos até a capital de Tsarista.