As Sombras de um Novo Começo - Capítulo 5
Levantei-me rapidamente e sentei-me na beira da cama. Suspiros altos o suficiente para que eu mesmo os escutasse irrompiam de meus lábios enquanto eu tentava entender o que havia acontecido. O suor pegajoso escorria pelo meu corpo e grudava ao lençol, deixando tudo mais intrigante e desconfortável, a ponto de eu não conseguir discernir sobre o que era verdade ou fruto da minha imaginação.
Olhando ao redor, percebi que estava no meu novo quarto. Um sentimento confuso, mas ao mesmo tempo de alívio, brotou em minha mente, acalmando meus pensamentos e ajudando-me a controlar a respiração.
Enquanto organizava minhas memórias confusas, o flashback de uma cena passou por minha cabeça, e eu consegui entender brevemente o que havia acontecido: um sonho, um que eu não recordava direito, pois parecia uma união sem sentido de informações incompletas. Entre elas, a imagem difusa da minha mãe e lembranças desagradáveis do tempo em passei em minha antiga casa.
As cortinas da janela estavam banhadas de um amarelo fosco, um tentativa fútil dos raios solares que tentavam invadir meu quarto com uma incrível e calorosa luz, impelindo-me a ligar o celular, embora suspeitasse que estivesse atrasado.
“7:30”
Fechei os olhos em busca de uma motivação para me levantar, mesmo que soubesse que não a encontraria nem se ficasse aqui por horas. Então, por que continuei? Talvez porque eu quisesse fugir das recordações indesejadas ou fingir ignorância em relação ao problema que se apresentava: restavam apenas 30 minutos e eu havia acabado de acordar. Mesmo que houvesse outras opções, nas quais o tempo seria mais do que o suficiente, não queria recorrer a elas.
Após refletir por um tempo, tomei minha decisão: levantei e fui em direção ao banheiro para tomar um breve banho e me arrumar, o que precisava ser feito rapidamente se eu quisesse evitar que a situação piorasse.
Embora esperasse que isso acontecesse eventualmente, não imaginei que seria justo no segundo dia de aula que me atrasaria, especialmente quando já estava habituado a essa rotina.
Quando liguei o chuveiro, a água fria caiu sobre meu corpo, refrescando cada parte dele e proporcionando uma terapia única aos meus pensamentos. Por um momento, a urgência de sair foi esquecida, e permiti-me desfrutar daquela sensação confortável. Meu cabelo tornou-se mais pesado ao ser molhado, e os músculos do meu corpo contraíram-se com o toque frio da água, aumentando sutilmente a dor resultante do meu segundo dia de treinamento. Externamente, não havia sinais de mudança, é claro, mas já conseguia perceber os efeitos internos. Se continuasse assim, acredito que, antes do fim do ano, alcançaria meu objetivo.
Alguns minutos depois, as portas do elevador se abriram e segui o caminho já decorado, como se estivesse no piloto automático, apesar de ter feito isso apenas uma vez até agora.
À frente, encontrei Elisa em seu habitual uniforme de trabalho. Desta vez, seu longo cabelo cinzento fluía solto pelas costas e, além disso, ela estava acordada, virando-se enquanto eu me aproximava e sorrindo de um jeito tão genuíno que me fez questionar se era tudo parte de suas obrigações ou algo natural dela.
— Bom dia, Sete — sua voz transbordava alegria.
— Bom dia.
— Está atrasado ou mudou de ideia?
— Estou atrasado.
Ela riu, como se realmente encontrasse graça na situação.
— Justo no segundo dia? Que coisa feia.
— Você fala de mim, mas estava dormindo ontem.
Ela parou de rir imediatamente, consertou a postura e me olhou diretamente nos olhos.
— Para a sua informação, eu estava exausta.
— Imagino, Elisa — respondi, já me virando para sair. — Bom, até mais tarde.
— Até. — ela cruzou os braços e virou a cabeça, ignorando qualquer coisa que eu fizesse a partir daqui.
Elisa me lembrava um pouco da minha irmã mais nova, pelo menos na maneira de agir e na forma como me repreendia. Desconsiderando essa parte, ela parecia estar realmente feliz hoje… O que era bom, e eu esperava que continuasse assim, porque não saberia agir se as coisas mudassem de direção.
Ao deixar o prédio, iniciei uma caminhada tranquila em direção à escola. Apesar de inicialmente estar atrasado, consegui economizar tempo suficiente enquanto me arrumava e agora não precisava correr.
Andando pela rua, percebi que não era o único nessa situação. Vindo de uma das vias secundárias da avenida, um garoto loiro andava apressado, seu cabelo preso em um longo rabo de cavalo balançava ao vento enquanto ele acelerava o passo.
Ele me lançou um olhar e fez uma careta, semicerrando os olhos e franzindo a testa como se desaprovasse minha presença. Sinceramente, foi meio cômico, embora eu não tenha rido abertamente. Observei enquanto ele se distanciava, virando à esquerda e desaparecendo de vista. Embora não estivesse com pressa, me peguei desejando estar em seu lugar para chegar mais rápido ao meu destino.
O tempo passou rapidamente e, quando finalmente cheguei à escola, percebi que talvez não estivesse tão atrasado. Ao me aproximar do portão, fiquei momentaneamente surpreso ao ver um grande fluxo de pessoas ainda passando por ele. Parece que eu havia caminhado mais rápido do que supus.
— Eae, Sete. Como vai? — uma mão tocou meu ombro e o dono dela logo surgiu ao meu lado.
— Bom dia, Yoshi.
Atrás dele, três garotas conversavam em voz baixa e nos observavam atentamente. Uma delas, Emília, tinha uma feição intrigada, como se duvidasse de seus olhos, enquanto Catarine evitava encontrar os meus. A terceira, a menina de cabelo cacheado que estava com elas ontem, sorria descontraidamente.
— Atrasado? — perguntou Yoshi.
— Sim, acabei dormindo demais.
Ele sorriu e me deu um tapinha nas costas.
Enquanto olhava para ele, um pensamento me ocorreu e decidi esclarecer a dúvida.
— Me diga, Yoshi — comecei, atraindo sua atenção. — Por qual razão você se aproximou de mim?
— Hum? Ah, só queria ser amigável, já que era seu primeiro dia.
— Não, não é isso.
Ele considerou por momento e sorriu, abandonando a fachada.
— Você é esperto. Na verdade, é mentira mesmo. Eu ouvi falar sobre você e fiquei interessado na sua história. Fiquei curioso para saber que tipo de cara trocaria de escola a essa altura do campeonato.
— Entendi, embora eu já imaginasse o motivo.
— Imaginava? Estava tão óbvio assim? — ele perguntou, parecendo surpreso.
Assenti calmamente e desviei o olhar, sentindo uma intenção estranha vinda de algum lugar. Procurei a fonte entre as pessoas que passavam por nós e fiquei surpreso ao encontrar Catarine me encarando intensamente, como se tentasse vasculhar minha mente.
Yoshi seguiu meu olhar e pousou sua atenção em Emília, que parou repentinamente de falar, talvez pega de surpresa pela atenção inesperada. As palavras cessaram e um súbito momento de silêncio invadiu o redor, abafando até as conversas próximas. Nesse ínterim, segundos pareceram horas, e a vontade de sair e seguir meu caminho sem que ninguém percebesse só aumentava com o tempo.
O gelo entre nossos olhares se intensificava mais e mais, até que Yoshi gesticulou brevemente e se aproximou de Emília, tirando-a, junto com as outras, de qualquer hipnose estranha que as envolvia.
— Esqueci de apresentar vocês, não é? —disse, alternando o olhar entre nós. — Sete, esta é Emília, minha amiga de infância, e estas são as amigas dela. Embora você já conheça Catarine, — ele olhou para ela, fazendo-a abaixar o rosto, envergonhada. — ainda não conhece a Manu. — concluiu apontando para a outra menina.
— É um prazer conhecer todas vocês. — falei para elas, tentando soar casual e simpático.
— O prazer é nosso, Sete. — Manu se apressou em dizer — Aproveitando o momento, gostaríamos de saber como fez para ganhar da nossa querida Catarine aqui. — brincou ela, envolvendo Catarine com os braços, que, pega de surpresa, arregalou os olhos e desviou o rosto.
— Foi sorte — respondi simplesmente, desconsiderando qualquer outra possível resposta.
— Acho que não. Catarine adora lutar e sempre treinou conosco; ela não perderia por sorte. — Emília interveio.
Olhei para Catarine, que ainda evitava a conversa. Soltei um suspiro involuntário, sentindo preguiça por ter que explicar.
— Ela revelou seus movimentos.
— Como assim?! — Catarine reagiu, como se se sentisse insultada.
Encontrei seu olhar nervoso e calmamente expliquei: — Em uma luta, não é difícil prever os movimentos do adversário se você conseguir acompanhá-los. Além disso, tudo indicava que você planejava um ataque surpresa, e sua expressão facial só confirmou isso.
— Poxa, você precisa treinar mais Catarine — consolou Manu, colocando a mão em seu ombro.
Yoshi e Emília riram da cena, mas Catarine continuou me olhando, incerta sobre o que eu havia dito.
Parecendo aceitar, ela assentiu rigidamente e se voltou para os outros, que já conversavam entre si sobre alguma coisa.
Aproveitei o momento e continuei a andar pelo caminho, ao mesmo tempo que tentava relembrar o cronograma de aulas para hoje. De acordo com minha memória, a primeira aula seria sobre ciências e tecnologia, e a sala ficava a poucos metros após a sala de Edgar.
Durante o percurso, a cacofonia de sons diminuía e o ambiente se tornava mais calmo. No corredor, vários alunos já entravam nas salas e alguns mais novos corriam pelo lugar, gargalhando enquanto brincavam. Suas ações despreocupadas exalavam uma atmosfera de boa convivência; eles riam e conversavam tranquilamente, algo tão genuíno e natural, mas que, ao mesmo tempo, era anormal para mim. Relembrando o passado, percebi que essa experiência escolar deveria ser única e maravilhosa, uma vivência que eu não tive por completo.
Eu já me via muito diferente comparado ao meu tempo de criança; meu corpo, meu modo de pensar e agir haviam mudado, e agora eu parecia observar essas crianças de longe, porque era isso que esses garotos e garotas representavam para mim: crianças, mesmo que não houvesse tão grande diferença de idade.
Ultimamente, tenho me sentido mais um adulto do que um adolescente de 17 anos. Entretanto, não acho que seja algo ruim. Logo farei 18 e tenho certeza de que o peso das minhas responsabilidades aumentará com a idade, mas isso não é algo que me preocupa, afinal, ansiei por isso a minha vida toda. O verdadeiro dilema é decidir o que fazer quando esse momento chegar, pois ainda não sei qual caminho seguir.
Ao me aproximar da sala, dispensei os pensamentos e entrei. A luz intensa das lâmpadas ofuscou minha visão por alguns segundos até que meus olhos se ajustaram para vislumbrar o cômodo. O ambiente era totalmente diferente das salas anteriores; as paredes e o piso eram totalmente brancos, e as mesas, agora com espaço para duas pessoas, estavam dispostas em fileiras de três. No fundo da sala, havia um enorme armário cinza claro.
Além de mim, havia outras duas pessoas no lugar. Uma delas era Clare, a menina séria e aparentemente inteligente que havia vencido Maya. Seu cabelo preto azulado estava frouxamente preso atrás das costas, com algumas mechas caindo sobre o seu rosto; seus olhos escuros estavam fixos em um papel sobre a mesa. A outra pessoa, uma mulher que eu ainda não conhecia, estava sentada a uma mesa no canto oposto. Embora aparentasse ter a minha idade, era claramente a professora.
Quando ela finalmente me notou, pude distinguir seu rosto melhor. Ela era verdadeiramente linda; seu cabelo preto, tão escuro quanto o meu, caía em ondas longas, quase criando um contraste com sua pele clara. Seus olhos brilhavam em um tom amarelo-esverdeado, e seu sorriso, de um branco envolvente, era tão gentil quanto possível.
— Bom dia, você deve ser o aluno novo, certo?
— Sim, eu me chamo Sete. É um prazer.
— O prazer é meu, Sete. Sou a Siris, sua professora de ciências e tecnologia. — Ela lançou um olhar para Clare que ainda não havia levantado o rosto. — E esta é a minha assistente, embora acredito que vocês já se conheçam.
— Sim, nos conhecemos ontem, durante a aula de Edgar.
A garota finalmente levantou o olhar, o alternando entre Siris e eu.
— Bom dia — cumprimentou, parecendo meio desinteressada.
— Bom dia.
Não dissemos nada depois dessa breve saudação. Siris riu baixo e balançou a cabeça, percebendo que o diálogo havia realmente terminado ali.
— Acho que seria pedir demais que se tornassem amigos, não é? De qualquer forma, estou à disposição se precisar de algo, Sete.
Concordei com um aceno e, logo em seguida, atravessei a sala, indo em direção à mesa dos fundos. Apesar do meu desânimo habitual, estava interessado neste aula, pois estudávamos sobre equipamentos, bestas de energia, funcionamento de portais e outras coisas relacionadas ao desenvolvimento. Muito do que aprendi foi por causa dessas aulas.
No decorrer do tempo, outros alunos começaram a chegar, incluindo Yoshi, Emília, Catarine e Manu.
Enquanto estava distraído, percebi vagamente que alguém se aproximava. Embora esperasse que outra pessoa ocupasse o lugar ao meu lado, já que Yoshi provavelmente se sentaria com Emília, e Julia não teria motivos para vir até mim, não imaginei que essa pessoa fosse justamente Maya.
Ela caminhava com hesitação, talvez ainda considerasse a sua decisão. Seus olhos percorriam a sala, mas ela evitava encontrar o meu olhar, parecendo envergonhada. Seu cabelo branco agitava-se a cada passo enquanto suas mãos ainda se mexiam descontroladamente ao lado do corpo.
Pelo canto do olho, vi que suas amigas riam e conversavam enquanto a observava. Sinceramente, esse era um cenário que eu não conhecia, muito menos entendia.
Quando chegou perto o suficiente, Maya finalmente me olhou, seus olhos possuíam uma pureza extremamente profunda.
— Hum… Bom dia, Sete.
— Bom dia, Maya. Como você está?
— Bem, obrigada. Eu… — ela desviou o olhar. — Eu gostaria de saber se posso me sentar aqui.
— Claro, fique a vontade.
Ela assentiu educadamente e se sentou de forma rígida. Não era preciso ser um telepata para perceber o desconforto evidente nela; suas ações externas evidenciavam sua timidez. Embora possuísse isso em comum com ela, aprendi a controlar as minhas ações e, no meu caso, não era somente timidez, visto que não apreciava muito o contato com outras pessoas. Desviei o olhar e, como sempre, me perdi na contemplação da vista pela janela. Era algo tão prazeroso que não me cansava de fazê-lo, mesmo que meu braço doesse por sustentar meu rosto durante várias horas todos os dias.
— Bom dia, pessoal — a voz de Siris ecoou pela sala tranquilamente, como se ela estivesse falando ao meu lado — Sei que alguns já me conhecem, mas para aqueles que ainda não estão familiarizados, eu sou a Siris, a nova professora. Como vocês devem saber, fui aluna dessa escola e concluí o ensino médio ano passado. Consegui a vaga de professora ao realizar um teste disponibilizado pela própria diretora.
O silêncio que se seguiu após as palavras dela foi significativo. Inicialmente, percebi que ela era nova, mas não imaginei que fosse tanto. Mesmo assim, o fato de ela ter conseguido alcançar um nível tão alto em tão pouco tempo, apenas mostrava o quão esforçada e inteligente ela era.
— Para este ano, peço a contribuição de todos para que possamos completá-lo formalmente. — ela sorriu, finalizando o breve discurso e voltou a sua mesa novamente.
— Inacreditável, não é? — murmurou Maya.
— Sim…
— Eu a conhecia, mas nunca imaginei que se tornaria a nova professora.
— Muito bem, vamos começar a aula — Siris anunciou, segurando um pequeno recipiente. — Vocês estão no último ano e é natural que entrem em contato com coisas diferentes daqui em diante. Pensando nisso, resolvi trazer algo especial para a nossa primeira aula. Isto — ela sinalizou para o recipiente que segurava, na verdade para o líquido preto dentro dele — é um metal chamado de mirilith, o segundo minério mais resistente do universo. Abaixo de suas carteiras há um recipiente semelhante ao que estou em mãos. Gostaria que vocês o pegassem.
Mirilith. Um metal que, apesar de seu estado líquido, era extremamente resistente se manipulado da maneira correta. Embora já tenha ouvido falar, nunca havia visto de perto e, olhando para ele agora, notei o quão incrível era.
— O mirilith é extremamente raro, pois só é produzido em apenas um planeta. Embora seja facilmente penetrável em seu estado natural, — Siris demonstrou, mergulhando o dedo no líquido — é muito resistente quando envolvido por energia Gama e manipulado para tomar forma.
Mexendo suavemente as mãos, energia branca fluiu dela para o metal, fazendo-o flutuar e se transforma em um pequeno cubo preto.
— Nesse estágio, ele é resistente à explosões, jatos de energia, perfurações e entre outros ataques. Claro, não se sabe ainda até que ponto ele pode resistir, porque a resistência também depende de quem o manipula, então essa durabilidade pode variar. — explicou, cessando a manipulação — Apesar disso, não é um produto muito usado na indústria, já que depende de fatores externos para ser útil. Também não é muito usado como escudo, arma ou armadura. Como eu disse antes, ele é um metal que precisa ser envolvido por energia externa e não possui ligação com o usuário; nesse caso, se a energia do oponente for mais forte do que a sua, ele pode facilmente controlá-lo. Agora, alguém gostaria de dizer uma curiosidade sobre ele?
— É um metal “vivo” — comentou Clare, analisando o recipiente de perto.
— Que?! Como assim “vivo”? — Akime se afastou da mesa rapidamente, como se a amostra fosse pegá-la a qualquer momento.
Siris riu enquanto a observava, buscando a melhor maneira de explicar.
— De fato, Clare está correta. O mirilith é exclusivamente produzido no planeta Élfico, por isso é tão raro e peculiar. As árvores de lá possuem propriedades especiais que, quando decompostas, filtram pela terra absorvendo minerais necessários no processo. Profundamente enterradas, elas se acumulam em cavernas, formando o mirilith. A forma como ocorre e o lugar de formação dão a ele esse aspecto “vivo”, mas é apenas isso. Em seu estado natural, a quantidade de energia Gama é mínima, tornando-o suscetível à influência externa, reagindo quase como se estivesse vivo à energia. Compreenderam? — Siris direcionou sua atenção principalmente para Akime, que assentiu firmemente enquanto já se aproximava, sentindo-se mais confortável em fazê-lo.
Observando o metal sobre a minha mesa, notei as leves ondulações que surgiam nele. Era fascinante; mesmo sem aumentar a circulação da minha energia, ele já reagia de tal forma.
Se eu conseguisse uma quantidade substancial, talvez pudesse…
— O que você está fazendo? — Maya interrompeu meus pensamentos.
— Só estava analisando mais de perto.
— Não imaginei que você se interessasse por isso. — ela sorriu, olhando para as minhas mãos, já parecendo estar mais confortável ao meu lado.
— É interessante, não concorda? — questionei, enquanto estendia minha mão e aumentava fluxo de energia.
— Sim… oh! — ela arregalou os olhos como se visse algo inusitado.
— O que houve?
— Sua energia é negra? — perguntou ela, ainda fascinada.
— Sim.
— Não é uma cor muito comum.
— Você acha? — contemplei minha energia, percebendo o líquido agitar-se ainda mais.
Maya se aproximou, claramente cativada.
— Você… — ela ergueu o olhar e recuou ao perceber tardiamente que estava perto demais — Desculpe.
Pensei em indagar sobre sua curiosidade, mas hesitei ao ver Siris na porta, conversando com um funcionário da escola. À distância, o diálogo parecia sério, talvez um anúncio importante.
Ela agradeceu ao homem e voltou-se para nós. A maioria parecia perdida enquanto observa o estranho líquido que ela havia disponibilizado.
Um sorriso afetuoso iluminou seu rosto, orgulhosa do interesse demonstrado. Contudo, parecia que teríamos uma interrupção.
— Pessoal, peço a atenção de todos, por favor. — a voz firme de Siris demandava seriedade — A diretora pede gentilmente que vocês compareçam imediatamente ao pátio. Ela discutirá assuntos importantes sobre o desenvolvimento das atividades e das missões que vocês farão este ano. Por esse motivo, encerraremos a aula aqui, e vocês podem se dirigir ao pátio, pois ela os aguarda.