Cataclysm - Capitulo 3
Capítulo 3: Entre os céus e a terra, eu sou o mais honrado.
Johnny segurou seu mapa com determinação, avançando em direção a Wine. A jornada o levou através de uma floresta espessa, onde a luz do sol mal penetrava o emaranhado de folhas.
Em um momento de hesitação, ele se encontrou desorientado entre as árvores antigas, o silêncio da natureza pesou em seus ombros. A necessidade de água o guiou até um rio próximo, cujas águas límpidas ofereciam um refúgio para sua sede e um momento para refletir.
Enquanto bebia, as lembranças de sua batalha com o urso invadiram sua mente, trazendo consigo imagens vívidas de Sung e dos companheiros que deixou para trás.
— Eu prometo que um dia vou voltar — sussurrou ele para o rio, como se as águas pudessem levar suas palavras de volta aos amigos.
Reenergizado pela pausa e pela promessa feita, Johnny retomou sua caminhada. A floresta começou a se abrir e os primeiros sinais de civilização surgiram. O aroma de comida cozinhando e o som distante de conversas o guiaram para fora do verde, até que as primeiras casas de Wine apareceram à vista.
Ao entrar no vilarejo, Johnny foi envolvido pela atmosfera acolhedora. As ruas estavam cheias de vida; comerciantes anunciavam suas mercadorias, crianças corriam brincando entre os pedestres, e o riso contagiante enchia o ar. Wine era um lugar de calor humano e alegria simples, e Johnny sentiu-se imediatamente parte dessa comunidade vibrante.
— Mantenha o foco, Johnny. Tenho que encontrar a casa do Senhor Tanaka. — Ele lembrou a si mesmo.
Ele então abordou alguns mercadores locais, Johnny buscava informações sobre o paradeiro do Senhor Tanaka. A expansão do vilarejo surpreendia-o em comparação à sua modesta vila natal. Mista.
— Estou começando a me perguntar se alguém aqui realmente conhece o Senhor Tanaka. — Johnny suspirou, descansando sob a luz suave de um poste.
Foi quando um chamado o surpreendeu, vindo de um homem de meia-idade com um avental manchado de suco de maçã.
— Ei, rapaz! Está à caça do Senhor Tanaka, estou certo?
Johnny virou-se, surpreso e esperançoso. — Sim, é exatamente quem procuro! O senhor sabe onde ele mora?
— Ah, o Tanaka é um tipo solitário, raramente se envolve com os moradores daqui. Conheço-o porquê ele frequenta minha banca para comprar maçãs — disse o homem, coçando o queixo pensativo.
— Que sorte te encontrar! — exclamou Johnny, aliviado. — Poderia me dizer onde fica a casa dele?
— Sem problemas, jovem. É só seguir reto e virar na primeira à esquerda. Não tem erro.
— Agradeço imensamente, senhor!
Com um aceno de cabeça e um sorriso grato, Johnny seguiu as instruções. A ansiedade de encontrar o Senhor Tanaka dava lugar a uma onda de alívio e expectativa. Ao se deparar com a residência indicada, ele não hesitou em tocar a campainha.
— Tive muita sorte. Já devem ser umas meia noite. Se não tivesse encontrado, teria que dormir na rua.
A porta se abriu, mas para surpresa de Johnny, não foi um senhor quem o recebeu, e sim um garoto de cabelos prateados.
— Quem é você? — murmurou o garoto.
— Prazer, meu nome é Johnny! Essa é a casa do Senhor Tanaka?
— O que você quer com meu avô? Ele não conhece nenhum moleque esquisito que nem você.
— Ei, Satoru! Deixe-o entrar. Não seja tão mal educado com as visitas — interveio uma voz, provavelmente do interior da casa.
— Está bem, vovô, se é isso que você diz. Pode entrar, oh, esquisitinho do cabelo azul — zombou o garoto de cabelos prateados, com um ar de deboche.
— Você se acha né? — Johnny murmurou entre dentes.
Apesar do desentendimento com o garoto, Johnny adentrou a residência do Senhor Tanaka e foi recebido com um caloroso aperto de mão, um gesto que transmitia respeito e educação.
— É um prazer, Senhor Tanaka. Me chamo Johnny Sky!
— Johnny Sky?! — O Senhor Tanaka exclamou, seus olhos se arregalaram numa mistura de surpresa e reconhecimento.
— Senhor Tanaka, está tudo bem com o senhor?
— Sim, sim, claro. Me perdoe, jovem. Meus pensamentos me levaram para longe por um momento. Mas diga-me, o que o traz a este lugar?
— O Joseph não lhe disse que eu viria?
— Joseph? Não vejo aquele rapaz há mais de uma década.
— Ele me disse para vir aqui procurar abrigo. Andei mais de dois quilômetros até essa vila e agora você me fala que ele nem mencionou nada? Sério, eu sabia que aquele cara estava me enrolando! — exclamou Johnny, claramente irritado.
— Joseph não faria isso, não é do caráter dele. Eu devo ser a única pessoa por perto que consiga te ajudar, Johnny. Mas antes, é crucial que eu enten…
A voz calma do Senhor Tanaka foi abruptamente interrompida por Satoru, que se aproximou com uma expressão de desconfiança e irritação mal contida.
— Escuta aqui, ô esquisitinho, você não pode simplesmente aparecer e esperar que a gente te acolha. Quer dizer que devemos deixar você dormir aqui, como se fosse da família, sem ao menos saber quem você é? Você é um estranho, e estranhos não são bem-vindos na minha casa.
— Pare, Satoru! — O Senhor Tanaka interveio, estendendo uma mão trêmula na direção do neto. — Peço desculpas por isso, Johnny. Este é o meu neto, Satoru. Ele pode parecer antipático e desconfiado, mas no fundo, ele tem um bom coração.
— Bom coração? — Johnny riu com desprezo, cruzando os braços sobre o peito. — Esse cara tem uns 5 parafusos a menos!
— Continuando… — O avô suspirou, ignorando a interrupção. — O que te traz aqui garoto?
Johnny hesitou em responder, sentindo o peso do silêncio que se instalou na sala. O medo o aconselhava a manter a boca fechada, mas algo na postura aberta do Senhor Tanaka o encorajou a falar.
O Senhor Tanaka o observou atentamente, sem interromper, enquanto Johnny revelava cada detalhe da conspiração que havia desvendado, da perseguição implacável que enfrentava, e do desespero que o levou até ali.
Após Johnny terminar, uma quietude envolveu o ambiente, até que Satoru demonstrou uma expressão de raiva profunda.
— Um criminoso Rank D! — Satoru arqueou uma sobrancelha, incrédulo. — Você realmente espera que eu abrigue um criminoso Rank D sob o mesmo teto que eu e meu avô? Você deve estar brincando!
Satoru, com o rosto contorcido pela fúria, avançou em direção a Johnny empunhando uma garrafa de vidro. Johnny, com reflexos aguçados, ergueu a mesa e a usou como escudo, bloqueando o golpe iminente. Mas Satoru era ágil, seus movimentos lembravam os de um lutador experiente.
— Esse Satoru… — Johnny murmurou, avaliando o adversário. — Ele deve praticar alguma arte marcial. A precisão dos seus ataques…
Johnny mal terminou o pensamento quando sentiu o impacto de quatro socos rápidos em sua barriga, seguidos por um gancho no queixo. Satoru, aproveitando a distração, agarrou um caco da garrafa quebrada e o ergueu, mirando o peito de Johnny.
“E-Eu vou morrer?” — pensou Johnny, aflito.
Porém, surpreendentemente, uma figura interveio no combate, impedindo Satoru de acertar Johnny. Essa figura era o Senhor Tanaka, que agiu surpreendentemente rápido para um senhor de sua idade. Ele demonstrava estar bem decepcionado com Satoru, repreendendo-o.
— Satoru. Pare com isso já!
— Mas ele é um criminoso, não podemos deixar ele assim, temos que entregar ele, fazer algo, mas eu não posso deixar ele ter sequer a possibilidade de fazer mal ao senhor!
— Os seus pais também eram criminosos Satoru, e não é por isso que eles eram pessoas más!
— Mas os meus pais eram uma exceção, e… — Satoru foi interrompido por seu avô.
— Basta Satoru, vá ao seu quarto agora! Isso é uma ordem.
Satoru, sem dizer uma palavra, subiu as escadas para o seu quarto. O respeito que ele nutria pelo avô era evidente, mesmo em meio à tempestade de emoções que o consumia. Johnny observou a cena, sentindo uma mistura de alívio e culpa por ter sido o catalisador de tal tumulto.
— Que alívio… — Johnny exalou, a tensão deixando seu corpo. — Eu realmente pensei que ia morrer. Obrigado, Senhor Tanaka.
— Você está bem, Johnny? — A preocupação era evidente na voz do Senhor Tanaka.
— Sim, eu acho que foram apenas ferimentos superficiais. Nada muito grave. — Johnny respondeu, tentando minimizar sua dor.
— Venha comigo, por favor. Vou cuidar desses cortes. — Tanaka o guiou até um pequeno armário de remédios, onde tratou dos ferimentos de Johnny com mãos firmes e experientes.
Com os curativos feitos, Johnny se juntou ao Senhor Tanaka na mesa de jantar, um silêncio confortável se estabeleceu entre eles. Satoru, por outro lado, permaneceu em seu quarto, decidindo pular o jantar naquela noite.
— Johnny, sua situação é realmente complicada. — Senhor Tanaka quebrou o silêncio enquanto servia o chá. — Mas fique tranquilo, minha casa está aberta para você pelo tempo que precisar.
— Obrigado, Senhor Tanaka. — Johnny disse, sinceramente grato. — Se me permite perguntar…
— Claro, diga. — Senhor Tanaka o encorajou com um aceno.
— Como o senhor fez aquilo mais cedo? — Johnny estava curioso. — O senhor aparenta ter uns 70 anos, mas se mostrou mais ágil e forte do que eu.
— Ah, Johnny, eu já vivi muitas vidas em uma só. — Senhor Tanaka sorriu, com um brilho de orgulho nos olhos. — Além disso, sou mestre em Taijitsu Ryūjin, uma arte que ensinei ao Satoru.
— Então isso explica os movimentos dele… — Johnny assentiu, compreendendo. — O senhor deve ter ensinado muito bem.
— Sim, mas às vezes me questiono se fiz a coisa certa. — A expressão do Senhor Tanaka se tornou pensativa. — Satoru pode ser imprudente. Quero que saiba que ele não tinha intenção de matá-lo. Ele não estava mirando em nenhum ponto vital.
— Então qual era a intenção dele? — Johnny perguntou, ainda intrigado com a agressividade do jovem.
— Ele queria te imobilizar, apenas isso. — Senhor Tanaka explicou. — E te entregar para a associação. Mas agora, vamos deixar isso para trás e focar no que podemos fazer para ajudá-lo a resolver sua situação.
— Senhor Tanaka, posso fazer mais uma pergunta? — Johnny hesitou, a curiosidade brilhando em seus olhos cansados. — Quando o Joseph me tirou do meio da confusão, eu fui literalmente engolido pela escuridão. E quando acordei, estava em uma caverna escura e silenciosa. Você tem alguma ideia do que pode ter acontecido?
O Senhor Tanaka olhou para Johnny com um olhar pensativo, ponderando a pergunta antes de responder.
— Johnny, o mundo está cheio de mistérios que nem sempre podemos explicar de imediato. — Sua voz era calma, quase reconfortante. — Vamos descansar agora. O dia foi longo e exaustivo, e uma boa noite de sono pode clarear a mente. Amanhã, com a cabeça fresca, poderemos conversar melhor sobre isso.
Johnny ainda parecia inquieto, sua mente girava em possibilidades.
— E quanto ao Satoru? — Ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz. — E se ele tentar fazer algo comigo durante a noite?
O Senhor Tanaka se levantou, caminhando até a janela e olhando para a lua que brilhava no céu noturno.
— Fique tranquilo, Johnny. — Ele disse, virando-se para encarar o jovem com uma expressão serena. — Satoru não fará mais nada contra você. Eu garanto isso. Agora, vá descansar. Você está seguro aqui.
Com essas palavras tranquilizadoras, Johnny assentiu, agradecendo silenciosamente, e se dirigiu ao quarto que lhe foi designado, onde o esperava uma cama confortável e a promessa de um novo dia.
Capítulo 3. Fim.