Centro de Desenvolvimento Paranormal - Capítulo 5
Já haviam se passado 5 dias desde os acontecimentos na CDP. Mary não estava indo à escola desde então, o que é muito estranho, pois ela nunca falta. Ela simplesmente havia desaparecido e ninguém sabia onde ela estava. Eu já havia ido ao casarão e entrava e saía dele várias vezes para ver se algo mudava, mas toda vez que eu entrava, continuava sendo o velho casarão. Imagino que deve haver algum código ou algo parecido que eu não tenha visto para poder entrar. John não havia aparecido desde aquele dia e eu não conseguia encontrar ninguém da CDP que havia conhecido naquele dia. Eu não sabia o que fazer para voltar lá.
Enquanto eu voltava para casa após mais uma tentativa falha no casarão, dois garotos me abordaram na rua. Eles me pareciam familiar, mas eu não conseguia lembrar onde os havia visto antes. Um deles se apresentou:
– Olá Archie, nos encontramos novamente.
– Vocês são da CDP? – perguntei confuso.
– Você está brincando conosco, Archie? – disse o outro para mim apontando o dedo e gritando.
– Não seja idiota, ele está sem memória. Coisas da CDP, eles sempre fazem isso – ele repreendeu o outro garoto, que abaixou a cabeça – Mas isso não importa, porque hoje vamos levá-lo e dessa vez a CDP não estará aqui para ajudá-lo.
O garoto irritado então rapidamente me puxou pelos braços e me segurou pelas mãos bem forte. O outro tirou um giz do bolso e começou a fazer um desenho no chão em volta de nós. Nesse momento minha memória voltou e eu me lembrei deles, eram James e Hunter. Alguns dias atrás eles haviam me atacado e queriam me levar, foi então que um homem da CDP que corria muito rápido me salvou. Meu primeiro contato com a CDP não foi com John, mas sim com esse homem. Como pude esquecer disso tudo? Não faz sentido, foi uma experiência incrível e não dá para esquecer.
Eu, no desespero, dei um chute na perna dele. Não foi o suficiente para fazê-lo cair, mas foi para me soltar. Então, saí correndo como um desesperado para que eles não me pegassem.
– Seu idiota, como você pôde deixá-lo escapar? Estaremos muito encrencados se ele fugir de novo. Vá atrás dele agora!
Continuei correndo sem parar, mas depois de cerca de 300 metros, meu sedentarismo me recompensou pelos anos de preguiça e minhas pernas começaram a doer. Meu coração também começou a doer e minha velocidade foi diminuindo constantemente. Ele estava me alcançando e minha memória tinha voltado. Eu sabia qual era o poder dele e não conseguia pensar em nenhuma possibilidade onde eu não sairia muito ferido.
Enquanto corria, acabei não percebendo uma pedra grande no meio do caminho, eu tropecei e caí. Eu estava muito ofegante quando o Hunter estava perto o suficiente para me pegar. Ele apontou a mão dele para mim e, de longe, dava para ver que o James já tinha terminado o desenho e ele já estava brilhando. Era para mim. A mão do Hunter já estava começando a entrar em chamas.
Dessa vez, eu não vou ter pena. Você pode queimar um pouco e ninguém vai reclamar – disse ele, fazendo uma cara digna de um supervilão de filmes.
Eu estava prestes a ser queimado quando, do nada, ele caiu, como se alguém tivesse dado um chute na canela dele. Ele começou a gritar e parecia que alguém estava batendo nele, mas não havia ninguém lá. Ele estava cheio de machucados e então desmaiou. O James tinha desaparecido, mas o desenho continuava lá, brilhando. Então, uma voz que vinha do nada falou:
– Levanta, deixa que eu te ajudo.
Então, eu senti uma mão pegando na minha mão. Eu me assustei e tirei minha mão dela.
Me desculpa, esqueci que estava invisível.
Ouvi uns “bips” e então, no meio do nada, apareceu a Mary. Ela estendeu a mão e me ajudou a levantar. Eu abri um sorriso muito grande. Acho que nunca fiquei tão feliz de ver alguém.
– Archie sou eu seu medroso, você está bem? Eles fizeram alguma coisa? – perguntou a Mary.
– Eu estou bem, você chegou bem na hora que eles iam me pegar.
– Você está muito ofegante, vamos ter que mudar isso, esse tipo de coisa vai acontecer muito agora, e nem sempre estarei perto para te defender.
– É sério isso? Já é a segunda vez que isso acontece comigo, para minha sorte às duas vezes apareceu alguém para me ajudar.
– Sim, por isso que você vai ter que treinar um pouco, você é muito fraquinho e muito magro, mas quando descobrimos qual o seu poder vai ficar tudo mais fácil.
– “Treinar” não faz parte do meu vocabulário, acho que eu fico só pelo poder.
– Mas a partir de agora vai ter que fazer, independente do poder você vai ter que aprender a lutar.
Meu pior pesadelo se tornou realidade, vou ter que largar minha vida de preguiça e sedentarismo.
– Tudo bem, mas mudando de assunto, onde você estava?
– Eu e o John estávamos resolvendo uma urgência que aconteceu na CDP, por isso que sumimos, mas já acabou tudo, e vou voltar a minha vida normal.
Enquanto ela falava, apareceram alguns fótons de luz e o John apareceu com o James nas mãos também inconsciente. Ele colocou o James do lado do Hunter com muito cuidado.
– Oi Archie, a quanto tempo que eu não te vejo! – John falou todo animado em me ver.
– Só foram 5 dias – respondi.
– Exatamente! 5 dias é muito tempo.
– Ele é dramático desse jeito mesmo, você se acostuma – disse a Mary.
– Desculpe por demorar para entrar em contato. A CDP estava resolvendo um problema.
– Que problema? Tem alguma coisa com aquele alerta? – perguntei.
– Quando chegarmos na CDP explicaremos tudo, mas por enquanto temos que cuidar desses dois.
– E você Mary, seu histórico era perfeito, você não tinha uma falta, e esse tempo todo de que você faltou, como você vai resolver isso, todo mundo está preocupado com você.
– A Rose, que é umas das integrantes da CDP vai resolver, você vai ver – disse a Mary.
O John mexeu no relógio do pulso dele, e então ele começou a brilhar e desapareceu deixando apenas alguns fótons de luz.
Antes que os fótons desaparecessem completamente, o John voltou com uma mulher.
– Eu sempre fico tonta depois disso – falou a mulher cambaleando – Oi, meu nome é Rose. Você não me conhece, mas eu te conheço. Eu te conheci a alguns dias atrás quando esses dois te atacaram pela primeira vez. Eu apaguei sua memória então você não deve lembrar de nada.
– Na verdade lembro daquele dia e lembro que alguém chegou por trás e colocou a mão na minha cabeça, e então esqueci de tudo. Então você apagou a minha memória?
– Fui eu mesmo.
– Então não foi muito efetivo, eu lembro de tudo.
– É normal. Você é um paranormal. Ele funciona melhor com pessoas normais.
– Que legal! Prazer em te conhecer, meu nome é Archie – eu falo apertando a mão dela.
– E ela vai fazer mexer na memória de todos os alunos e professores que estavam presentes nos dias que faltei, acho isso incrível sempre que acontece – disse a Mary.
– Você vai apagar a memória de todo mundo? Isso me parece prejudicial.
– Eu não apenas apago memórias, tenho total controle sobre elas. Posso fazer eles lembrarem de coisas que nunca aconteceram.
– Imagino que vai dar um trabalho muito grande. Ir em cada um fazer isso – falei.
– Não se preocupe, meus poderes vão além de apenas tocar na cabeça de alguém e mexer nas memórias. Eu posso fazer várias projeções astrais minhas que viajam por aí, assim posso mudar as memórias de todo mundo numa velocidade incrível.
– Você é muito poderosa, assim você consegue vencer qualquer um facilmente.
– Não é tão fácil assim, dessa maneira eu só consigo fazer isso com pessoas normais. Para fazer com paranormais exige o contato humano e quando faço essas projeções astrais meu corpo desfalece e fico vulnerável.
– Mas é bem legal do mesmo jeito, posso ver como funciona?
– Claro, vou te mostrar – a Rose falou colocando a mão na minha cabeça.
Ela passou uns 3 segundos com a mão na minha cabeça.
– Terminei – disse a Rose.
– Você já terminou? Você fez o quê? – perguntei
– Pensa nessa semana de aula que você vai ver. – disse a Rose.
Que estranho, esse tempo todo que ela faltou é como se ela tivesse ido todos os dias, feito tudo, foi a mesma aluna de sempre. Eu até me lembrava de ajudar ela ao mesmo tempo que eu lembrava que ela não foi.
– Como você fez isso? Você não foi nenhum dia. Como você esteve lá o tempo todo? Minha cabeça está uma confusão, tenho essas duas memórias, como isso é possível?
– Eu mudei suas memórias em relação aos acontecimentos dessa semana, fazendo parecer que ela foi. Você está com esse conflito de memórias porque você sabe que isso aconteceu, mas daqui a pouco você vai esquecer das memórias verdadeiras e só vai lembrar das falsas. Essa conversa de agora vai parecer mais confusa do que você está agora e depois simplesmente vai esquecer do que falei.
– Você está certo, minha cabeça não está reagindo bem. Eu nunca me senti tão confuso na minha vida, muitas informações na minha cabeça. Eu não consigo processar tudo e para piorar eu estou sentindo uma dor de cabeça muito grande.
– E daqui a 1 segundo você vai esquecer de tudo.
– Esquecer do quê? O que você falou? – perguntei.
– Nada não, não é importante – Rose respondeu.
– Você não ia mostrar seus poderes.
– Depois eu mostro.
– Estou sentindo uma dor de cabeça tão grande que começou do nada.
– Vem comigo, vamos até a CDP lá eu resolvo esse seu problema da cabeça. Depois dessa correria você deve estar cansado e precisa descansar um pouco. Lá eu vou explicar tudo que tem que explicar e finalmente nós descobriremos quais são seus poderes – disse o John.
O John pegou os dois garotos que queriam me levar, apertou alguns botões e sumiu junto com eles e a Rose.
– Agora a Rose vai mudar as memórias desses dois, que é um pouco complicado porque a Infinity fez uma lavagem cerebral neles – disse a Mary.
Depois de alguns segundos ele voltou e fomos juntos até o casarão. Lá entramos normalmente sem ter que fazer nada e assim como da outra vez, em um piscar de olhos tudo mudou. Porque será que eu não consegui?
– Eu tentei vir aqui atrás de vocês, entrei várias vezes, mas sempre continuava a ser o velho casarão.
– É porque você não tem o relógio da CDP ainda, então você não foi reconhecido como um integrante, por isso a porta não se abriu para você.
– E quando eu ganho esse relógio?
– Em breve, quando descobrirmos quais são seus poderes.
Depois de tanto esperar, finalmente esse momento está chegando. Estou muito ansioso para descobrir qual é a minha habilidade e também para fazer parte dessa grande organização.