Como Sobreviver no Apocalipse Coronado - Capítulo 2
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22 de Agosto de 2023 – 2:00 P.M.
***
Kay ouviu uma batida que o fez despertar.
Bang, bang!
Ele abriu os olhos vagarosamente e em sua visão se encontrava o chão; ainda estava caído pelado no piso.
Chiiiiiiii
Com o chuveiro ainda ligado, a água escorria no chão molhando seu rosto, e um som de alguém batendo na porta e tentando a abrir girando a maçaneta roçava em seus ouvidos — Milena? — falou fracamente, não sentia força alguma, até ficar com os olhos abertos parecia cansativo.
Crrrrr!
A porta começou a abrir devagar, rangendo como se precisasse de óleo, uma mulher nua pisou no azulejo branco do banheiro e se moveu em direção à Kay, este abriu os olhos de novo apenas para ver Milena olhando para ele, então se forçou a falar algo para não preocupar a garota: — Estou com febre, vim tomar…
Nesse momento Milena se moveu mais rapidamente, alcançando o Kay caído, então apertou suas mãos nos ombros de Kay, a dor lancinante o forçou a despertar totalmente — Porra! — gritou enquanto olhou no rosto de Milena que respondeu com um som gutural de volta.
Wraaaw!
Vendo Milena investir em sua direção tentando o morder, Kay franziu a testa e colocou seu antebraço na direção do pescoço de Milena interrompendo sua investida, ele rolou com ela no chão molhado e a segurou forte, mas se sentia fraco e Milena parecia que havia tomado esteroides.
Ele direcionou a cabeça dela afastando levemente o braço que a impedia de mordê-lo e impulsionando-a para a sua esquerda fechou uma chave de pescoço semiaberta, por baixo de sua axila, trocando instantaneamente de posição com Milena, ele agora estava por cima dela, e pressionando seu pescoço enquanto montava seu corpo.
Sabendo que não havia sentido em qualquer golpe com sua força atualmente fraca no corpo do monstro a sua frente ele sentiu desespero, porém ainda não queria desistir. Ele saltou de sua barriga e correu para a porta, “Se eu fechar a porta eu talvez tenha chance de prender ela aqui dentro”, suas pernas vacilaram e ele quase tropeçou, se apoiando na pia do banheiro, ele se levantou novamente deixando o sabonete cair no chão.
Pow, slam!
Se virando Kay deu de cara em Milena que havia escorregado no sabonete com os pés molhados e batido de cara no vaso sanitário, a batida foi forte o suficiente para quebrar o vaso, mas Milena ainda estava se levantando, devagar, mas seguramente. Kay correu de volta em direção às costas dela, pegou a toalha pendurada e a amarrou na cabeça de Milena, puxando forte, Kay escorregou no piso molhado também, afrouxando o aperto.
“Isso é ruim”, pensou ele ao mover os pés para as costas de Milena, meio sentado no chão, ela estava ainda com a cabeça pressionada no vaso sanitário, suas costas quase dobrando da força aplicada por Kay.
Ele puxou com os braços e empurrou com as pernas, sentia seus braços queimando de dor, mas Milena continuava se debatendo e soltando sons horríveis com a garganta.
Rirrrrrr
Finalmente um som soou para interromper o impasse — Crackkk — Kay ouviu e sentiu ao mesmo tempo, a coluna da garota soltou um som nítido e seu pescoço já estava mole, ele liberou a força dos braços e caiu deitado, arfando profusamente.
“Mas que porra de dia de merda, se eu não tivesse vindo tomar banho não teria sido devorado diretamente?” pensou ele deitado no chão com os braços abertos.
“Ainda tive sorte, mas o que diabos fez com que isso acontecesse? Porque nada ocorreu comigo? Tudo bem que eu estou claramente doente, porém ela virou um fodendo zumbi, o que causou isso?”
10 minutos depois, Kay sentiu que precisava sair do chão e secar seu corpo, além disso não se sentia confortável com o cheiro de sangue e um cadáver ao seu lado.
“Cara, essa sensação ainda vai me deixar insensível à morte, eu vi tantos mortos de uma vez, até matei 2 pessoas diretamente, mas não consigo sentir mais remorso, não igual a como foi quando desci do ônibus e vomitei naquele acidente de carro, ou como desviei o olhar da cabeça esmagada daquele gordo…”
Se levantando, ele primeiro foi ao guarda-roupas; viu algumas toalhas dobradas, pegou a primeira que achou, enquanto se secava, apanhou a cueca no chão.
“Não consigo mais dormir…” pensou ao olhar para o celular, que marcava 2:00 horas da manhã, como ainda tinha alguns créditos, ele simplesmente entrou no Instagram, e clicou na aba de pesquisas, seu rosto endureceu nas imagens que apareceram.
Todas as publicações estavam marcadas como “conteúdos sensíveis” uma tela borrada e um aviso que dizia “algumas pessoas podem achar isso ofensivo ou perturbador”.
Clicando no maior quadrado, a postagem em destaque, estava um cara gravando uma subcelebridade, que Kay não fazia ideia de quem era, devorando outra pessoa, na legenda estava escrito ‘Caralho Fatou Suri virou zumbi, LOL.’
Os comentários eram repletos de — Que merda tá acontecendo, lol, queria que ela me devorasse…— ou — Mano essa porra é muito louca, eu não sei como isso pode estar acontecendo no mundo todo, mas eu já vi vídeos de mais de 12 países e aumentando.
Havia até alguns comentários pedindo socorro, descrevendo que estavam presos trancados em salas pequenas enquanto seguravam as portas para não serem comidos.
A primeira reação de Kay foi medo, ele tinha medo de tudo, pois não sabia o que estava acontecendo, ele tentou clicar no direct e mandar mensagens para sua família, precisava alertá-los à não sair de casa, e à seus avós no sítio para se trancarem e fazerem compras de longo prazo.
Porém ele logo percebeu que estava sem internet, “Acabaram os créditos?”, ele pegou o celular de Milena e checou, mas não havia conexão com a internet do wi-fi também, “Com certeza alguém que trabalhava lá se transformou e deve ter virado um matadouro”.
Pensando que em breve não restaria muitos humanos e todos devem virar zumbis, ele chegou na cozinha e olhou o armário, felizmente estava cheio, ele não precisava arriscar a vida para lutar por mantimentos com as pessoas desesperadas e saqueando as lojas lá fora, ele pode simplesmente se esconder até a poeira baixar e pegar os suprimentos que restarem nas lojas.
“Sim, é muito melhor, tive sorte, se eu tivesse ficado em casa dormindo hoje, eu teria sido pego de surpresa, também não estava fazendo estoque algum, e podia morrer a qualquer momento por um descuido de deixar a porta encostada, também teria sido pior se eu estivesse no meio do nada. Lá no campus da universidade, que reúne pessoas de todos os estados do país deve estar o verdadeiro inferno à essa hora.”
Lembrando de seus colegas, ele pegou o celular e viu as mensagens silenciadas do grupo da sala no WhatsApp. Primeiro, havia algumas notícias de pessoas com um doença esquisita, e alguns colegas reagindo, outras pessoas mandaram fotos de pessoas se matando na rua, onde quer que estivessem, e alguns mandaram áudios.
Kay engoliu sua saliva e começou a escutar, — Tem alguma coisa errada, Luís começou a atacar as pessoas no ginásio do nada, todos correram do local, algumas meninas subiram as escadas para o parapeite, droga! Elas pularam quando foram cercadas por alguns maníacos, eu vou correr para o bloco, precisamos chamar a polícia… aaaaaah!
O áudio terminava lá, a pessoa deve ter largado o celular e a mensagem foi automaticamente, não era difícil imaginar o que pode ter acontecido.
Kay saiu do wpp e desligou a tela do celular suspirando. “Pode ser que todo mundo que eu conheço tenha morrido…”
Capítulo 2 – A Segunda Morte