Dark Moon - Capítulo 02
Conforme a rotina local, Yuna acordava para um dia produtivo e cheio de emoções.
Ela desejava receber a orientação de seu pai sobre como caçar na floresta.
Então, após levantar da cama, a garota correu até a sala da casa e encontrou Brendon e Isabelle sentados na mesa.
Os dois desfrutavam do desjejum antes das atividades diárias.
— Bom dia, filha, a comida já está pronta — declarou Isabelle.
Yuna ignorou o que foi dito por ela e olhou para o homem ao lado dela.
— Pai, pode me levar para a floresta com você? — a jovem indagou com uma pitada de expectativa em sua voz. — Quero aprender mais com você.
— Yuna, a floresta é perigosa, várias criaturas selvagens estão nela. Você tem somente treze anos, não deve se arriscar desse jeito! — Isabelle questionou o pedido ousado da filha, pois ela conhecia os perigos presentes.
— Meu amor, nós três conhecemos os perigos, mas somos uma comunidade de caçadores. Nossa filha tem talento e devemos cultivá-lo, assim ela será uma incrível caçadora no futuro.
— Não, de jeito nenhum ela vai hoje.
— Yuna é a melhor caçadora entre as crianças de sua idade e irá fazer quatorze anos, alguns dias a mais de prática será bom para ela.
— Tudo bem, mas vocês estão proibidos de entrarem a fundo na floresta — Isabelle cedeu pois ele tinha razão. Mas, preocupada, estabeleceu um limite para os dois.
Depois da breve discussão a família continuou a refeição. Terminada, Yuna foi buscar seus equipamentos no quarto e voltou vestindo roupas verdes e pretas, típicas de um caçador.
Brendon observou que a garota equipava facas arremessáveis, a aljava com flechas, o arco e um facão, todas distribuídas pelo corpo, mantendo um bom equilíbrio de peso.
O caçador teve uma epifania: — Querida, onde estão as minhas roupas? Você viu elas por acaso?
— Aquelas roupas podres de ontem? Você não vai usar elas de jeito nenhum — ordenou Isabelle. — E não sou eu que vou lavar elas.
— Mas como eu vou levar Yuna pra a floresta assim?
— Não seja um bebê reclamão, não foi você que me convenceu? Já que os dois não vão entrar muito na floresta, você não precisa do manto nem de suas roupas.
— Você está falando muitos “nãos” hoje, meu bem, não seja tão duro comigo — ele implorou.
— Deixe de enrolar e vão logo, o dia está passando! — Exclamou Isabelle com a irá encarnada nos olhos. Sua esposa, assim, o persuadiu a ir sem o equipamento completo.
Eles partiram após Brendon pegar seu arco e as flechas.
Ao caminhar pelas ruas de Crimis, a dupla conversou com vizinhos e amigos. Quando chegaram no portão da vila, duas pessoas apareceram diante deles.
O menino e a mãe tinham pele escura, ele tinha o cabelo preto-trançado e amarrado atrás da cabeça, a caçadora tinha o cabelo castanho-cheio e encaracolado. Ambos usavam o manto que detinha o símbolo dos caçadores: um escudo preto e verde, no meio dele três flechas se cruzavam.
Todos na aldeia se conheciam, portanto, uma conversa se iniciava naturalmente.
— Indo caçar também, Yuna? — indagou o garoto. — Estamos indo para a floresta. Já que fiz quatorze anos, sou um caçador agora!
O entusiasmo do garoto marcava presença nas suas palavras, demonstrando a natureza do jovem.
— Na verdade, não vamos entrar muito na floresta. Eu não estou com meu equipamento completo e Yuna ainda não é reconhecida como uma caçadora — explicou Brendon.
— Um caçador precisa ser observador, Samuel, quantas vezes vou precisar te dizer? — a mãe dele o repreendeu. — Não está vendo que ele não usa o manto e as roupas?
— Ehm…
— E Yuna ainda não passou pela cerimônia de caça. Ela ainda não é uma caçadora, assim como a tradição diz.
— Como vai a vida, Emily? Vi seu parceiro de caça na feira, vendendo peles de urso e lobos — disse o caçador, iniciando uma conversa. — Estão caçando a noite agora?
— Estamos. É mais perigoso a noite, mas a recompensa é maior — ela respondeu. — A vida tem sido difícil depois que meu marido morreu.
— A noite é perigosa por ser o horário das grandes feras. Tem que ficar com todos os sentidos em alerta.
— Sempre manterei minha guarda alta, não serei a próxima que vai morrer para uma grande fera. Hoje estamos fazendo uma pausa, aproveitei e trouxe meu filho para umas orientações — explicou Emily. — Só porque ele tem catorze anos, acha que é capaz de tudo.
Enquanto os adultos conversavam, Yuna e Samuel interagiam como bons amigos.
— Ei, Yuna, vamos fazer uma aposta. Eu aposto que consigo abater mais animais do que você.
— Não vou entrar em uma aposta que não posso ganhar. Você já tem quatorze anos e sabe usar o poder da alma, diferente de mim.
— Mas você é muito boa, então é justo.
— Não.
Infelizmente, ambas as duplas tinham compromissos para hoje e não podiam perder mais tempo.
— Desejo uma boa caçada para vocês dois, que seus sentidos te guiem — felicitou Brendon.
— Desejo o mesmo a você também, Brendon — Emly devolveu as palavras de sorte e se despediu deles.
Depois da despedida, eles seguiram em direções diferente na floresta.
Brendon guiou a filha até um local que considerou adequado. Ele observou os arredores e decidiu relembrar os conceitos básicos.
— Aqui está bom, mas antes vamos lembrar das regras que um caçador deve seguir para ficar vivo. Quais são ela, minha filha?
— Primeiro: nunca caçar sozinho.
— Isso mesmo. Um caçador sozinho é limitado aos seus sentidos, um grupo de caçadores não vai ser pego de surpresa. Qual é o próximo?
— Um caçador deve ser observador e ficar sempre atento aos arredores.
— Isso! Nossa arma é o arco e flechas, nossa vantagem é pedida se fomos pegos de surpresa ou de perto, por isso é importante ficar atento. Qual o próximo?
Nesse instante a dúvida se instalou nos olhos dela, pós esqueceu da terceira regra.
— Conhecer os limites, Yuna — Brendon respondeu. — Um caçador não deve deixar que suas emoções tomem o melhor sobre si, é importante saber até onde suas habilidades vão e a hora de parar.
Yuna acenou para as palavras de seu pai.
Ela ansiava ser uma excelente caçadora, portanto, considerava as orientações seriamente.
— Bom, foi você que pediu para vim aqui, lidere o caminho — o caçador concluiu, expectante sobre as ações dela.
A cantoria dos pássaros, o chiado das cigarras, o cheiro da terra e das folhas, tudo foi sentido pela jovem que se concentrou nos seus instintos.
Movida por eles, ela escolheu uma direção para ir.
Os passos eram tão leves quanto uma pena, não alertando a fauna local.
A garota encontrou pegadas de uma lebre no chão da floresta e seguiu os rastros deixados pelo animal.
O som do farfalhar das folhas foi ouvido.
Um pequeno animal marrom comia as graminhas, as orelhas levantadas e rápidos olhares desconfiados demonstravam vigilância.
Lentamente, ela retirou uma flecha da aljava, colocou no arco, mirando em sua presa.
Porém, pressentindo o perigo, a lebre correu para longe dela o mais rápido que conseguiu.
Na tentativa de evitar a fuga do animal, Yuna disparou a flecha, entretanto, errou o alvo.
— Porcaria!
— Minha filha, é só tentar de novo — Brendon orientou a filha. — Acertar é importante, mas somos caçadores e estamos caçando. Não adianta fugir se podemos perseguir, por isso o sucesso é uma questão de tempo.
A frustração por ter errado diminuiu e eles retornaram à perseguição.
Ao reencontrar a lebre, uma surpresa a aguardava; outro animal semelhante estava presente, aumentando a dificuldade.
O desafio não a desanimou pois ela mudou a estratégia.
Aproveitando seu corpo ágil, Yuna correu até uma árvore próxima as duas lebres e caminhou sobre ela.
O barulho as alertou da ameaça, mas não reagiram a tempo.
Saltando da árvore, sua visão do mundo ficou invertida, contudo, isso não a impediu.
Agora com uma visão avantajada delas, a garota girou no ar e lançou duas facas arremessáveis, acertando os pescoços das lebres com precisão.
aterrissando no chão, a menina sorriu devido sua aptidão como caçadora.
— Aproveitando seus pontos forte, hein? — Ele se aproximou, olhando para os animais abatidos. — Duas lebres são o suficiente para um jantar, vamos voltar ou continuar?
O Sol jazia firme no céu e ela não se sentia cansada. Uma leve excitação emanada junto com um sorriso respondeu à pergunta de Brendon.