Deckard - Histórias de outro mundo - Capítulo 12
Na manhã seguinte, Deckard foi acordado antes do raiar do dia, outra vez. Diane lhe falou para pegar uma velha mochila no canto da sala e seguir ela. Apesar de querer muito voltar a dormir, ele pegou a mochila e a seguiu para fora.
Argenti os esperava do lado de fora. Então, foram os três em direção à oeste, seguindo na direção contrária ao que estava acostumado.
Andaram cerca de uma hora antes de pararem. Quando Deckard achou que ia finalmente descansar, teve seus planos frustrados por Diane.
— Nós vamos subir esse pequeno morro, para podermos treinar lá em cima.
Ela mal terminou de falar e começou a subir. Apesar de não ser um morro tão alto, ainda era íngreme e com um chão bem desnivelado, gerando alguma dificuldade na subida.
Depois de cerca de meia hora, os dois chegaram ao fim da subida. Deckard estava esperando chegarem, pois finalmente iam parar para descansar e comer alguma coisa. O café da manhã, dessa vez, se tratava de pedaços de carne seca e um pedaço de pão para cada um deles. Argenti preferiu ir atrás de algo mais fresco e foi caçar.
— Agora que comemos, vamos começar — Diane avisou, se levantando.
— Qual o motivo de termos vindo aqui? Não poderíamos treinar na cachoeira?
— Apesar de você estar treinando controle de mana, esse treino vai ser um pouco diferente.
Diane mandou que ele se sentasse, de pernas cruzadas e fechasse seus olhos. Em seguida, mandou que ele começasse a sentir a mana e a concentrar em forma de esfera à sua frente.
Diferente do vórtice, seu objetivo agora era criar a maior e mais estável esfera que ele pudesse e mantê-la até que Diane lhe desse outra ordem.
Deckard foi seguindo o que ela lhe mandou fazer, passo a passo. Apesar de já saber como controlar a mana, foram necessárias três tentativas, antes da esfera finalmente ficar estável.
A esfera de mana estava com cerca de 30 centímetros de diâmetro. Inicialmente, ele estava com a ideia de fazer algo bem maior em mente, mas essa tarefa se mostrou mais complicada do que parecia e foram necessários cerca de 40 ou 50 minutos para conseguir manter a esfera estável.
O esforço já estava lhe fazendo suar um pouco. Depois de cerca de mais uma hora, o esforço já não parecia mais tão grande, talvez seu corpo estivesse se acostumando com o manuseio da mana e expandindo seus limites.
Mas, para Deckard, esse treinamento estava indo bem demais para ser verdade.
— Agora, diminua essa esfera até chegar em cerca de ⅔ do tamanho — Diane disse de repente.
Ele estava tão focado que quase havia esquecido da presença de Diane, tanto que se assustou com a voz dela.
— Vamos lá Deckard, vou ficar chateada se você me esquecer tão facilmente — ela disse, fazendo uma expressão triste. — Assim que diminuir o tamanho, faça essa mana circular.
Mais uma vez, ele se viu diante de uma tarefa bem mais difícil do que aparentava ser. O esforço para reduzir cerca de dez centímetros da esfera foi o suficiente para fazer ele sentir o suor escorrer no rosto e nas costas. Levou tanto tempo para conseguir, que ele já não sabia dizer se haviam se passado uma hora ou cinco. Mas, a verdadeira dificuldade começou ao fazer circular a mana.
Foram necessárias quase duas horas para que ela circulasse muito lentamente. A sensação que ele tinha era de estar tentando rolar uma enorme esfera feita de aço maciço.
Jamais havia passado pela sua mente que aquilo seria tão difícil.
Após algum tempo fazendo a esfera girar, ele passou a sentir uma leve dormência tomar conta das suas mãos e um leve arrepio subir pela sua coluna. Parecia que o peso da esfera havia crescido de repente. Ela passou a girar um pouco mais rápido e a variar levemente de tamanho. Deckard se sentiu incomodado, pois estava perdendo o controle dela e não conseguia retomar novamente.
Sem qualquer tipo de aviso sonoro ou visual, a esfera de mana simplesmente colapsou por completo e explodiu. Ele foi arremessado para trás por uma força gigantesca.
Era como se um espartano houvesse chutado seu peito com toda força. Ele foi lançado a cerca de trinta centímetros de onde estava sentado, com o peito dormente e uma leve falta de ar, enquanto uma pequena nuvem de poeira e pedaços de grama se erguia no lugar em que a esfera explodiu.
Ele ficou deitado, massageando o seu peitoral e respirando fundo, enquanto olhava para a nuvem de sujeira se desfazendo.
Um formigamento se espalhou pelo seu corpo, partindo do peito e ele começou a se sentir como se tivesse sido realmente chutado por alguém.
De repente, Diane surgiu em seu campo de visão, sorrindo.
— Vai dormir tão cedo? Venha, levante-se e vamos atrás do nosso almoço — ela lhe disse, enquanto estendia a mão, oferecendo ajuda para ele se levantar.