Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 1
“Hmmm?” — Um ser vagamente humanoide acordava, estava dentro de um buraco frio, macio e úmido, estando em posição fetal, ele abria seus grandes olhos, começando a observar o lugar que ele estava- Era um buraco com várias algas e plantas encharcadas em seu fundo e as paredes eram feitas de rocha negra maciça.
Acima dele brilhava pequenas estrelas em um céu escuro. Não proporciona um sentimento agradável ficar lá dentro.
O ser humanoide se levantava fracamente, enquanto segurava na borda do buraco, que tinha seu exato tamanho e largura em posição fetal e logo ele se erguia para fora do buraco.
Ele não era agraciado pela visão das estrelas, mas sim por cristais brilhantes no teto do lugar que ele estava.
O ser voltava seu olhar para os lados, observando onde ele estava. Paredes maciças de rocha preta azulada, cristais azuis esverdeados brilhando fracamente no teto, nas paredes e no chão.
Junto a pequenos reflexos e ondulações sobre as paredes e teto. A criatura voltava a olhar vagamente para o buraco, era um buraco perfeitamente escavado e suavizado, sem pontas ou falhas onde ele poderia se cortar ou se machucar possuindo várias algas e plantas em seu interior. Sendo para o aconchegar, ao menos tentar.
Ele provavelmente estava em uma espécie de caverna, a criatura andava até a fonte das ondulações nas paredes, e lá estava, um enorme poça, não— um enorme lago dentro daquela caverna, uma água cristalina de cor azul-turquesa, vendo seu reflexo ali.
Seu corpo era uma catástrofe em forma humanoide. Ele tinha uma barriga inchada para seu tamanho, com várias veias saltadas, suas escleras tinham a cor vermelha, com sua íris negra não dando para diferenciar da pupila.
Seus braços eram finos assim como as suas pernas, era praticamente um milagre ele conseguir ficar em pé com pernas tão finas, em teoria.
Suas mãos possuem 3 dedos em vez de 5, e tinha garras naturais nos dedos. Era levemente corcunda, tendo espinhos em suas costas, ela era levemente puxada para frente e chata. Seu rosto era um caos, possuindo grandes olhos, uma boca enorme com vários dentes salientes, grandes e afiados, feitos para rasgar carne, não tendo praticamente nariz ou orelhas aparentes, fora uma pequena saliência crescendo em sua cabeça. — O qaaaahahahhahahawwaaahahah.
Tendo um lapso de memória, ele se lembrava, ele havia reencarnado em outro mundo, o anjo havia dito que ele não era humano, não seria reencarnado como um ser humano, o ser se abaixava enquanto colocava as suas mãos sobre sua cabeça, tendo uma enxaqueca enquanto a enxurrada de lembranças percorria sua mente.
—Aaahhh. — Ele caminhava de volta para o interior seguro, se jogando no buraco com algas, apertando fortemente sua cabeça, enquanto desmaiou de cansaço e dor mental.
(Câmara inferior — Caverna — Algumas horas depois)
Mas o que aconteceu? — Minha cabeça dói… — Está doendo… Minha cabeça dói, caralho, nem para aquele anjo ser mais gentil! Em reencarnei num porre de lugar, eu já sabia que seria horrível! Mas assim!?
Seja como for, pelo menos eu estou bem ao ponto de ficar em pé. Ao ficar em pé, eu tive uma bela visão da caverna. Ela era um pouco espaçosa para ser honesto. Tinha pelo menos o quê?
O tamanho de um cômodo? Acho que era algo por essa volta de tamanho. Mas mesmo sendo espaçosa, era um lugar horripilante. Apenas eu, e o som melancólico das pequenas ondas de água batendo na borda da caverna, esse lugar era assustador por si só.
Eu lambia meus lábios, minha língua estava muito maior, é. Por que eu me surpreendi com isso? Seja como for, eu nem sou mais humano para começar. Estou com sede e com fome.
Me levantei do buraco da onde eu “renasci”. Me recuso a acreditar que se eu tivesse pais, eles deram a luz num lugar como esse e me largaram a esmo.
É muito mais fácil eu apenas ter “renascido” aqui. Caminhei novamente até o “lago”, e encarava meu reflexo. Jesus Cristo, como eu sou feio, sentia muitas saudades do meu eu humano agora, pelo menos era mais bonito que meu eu… atual.
Aquele Anjo vicioso disse que aqui teria tudo que eu precisasse caso decidisse morrer nesse lugar fedido a peixe, realmente… fedia a peixe. Eu colocava as mãos na água, e. ESPERA, QUE PORRA É ESSA?!
Logo eu era puxado para dentro da água, lutando contra algo que mordeu minha mão! Debatendo minha mão enquanto segurava o chão fortemente com a minha outra. E com minha mão na boca desse bicho, enfiava minhas garras dentro dela.
A cada batida, sentia minhas garras rasgando a boca desse babaca. Desgraçado.
Essa merda afrouxava o aperto na minha mão, por estar a batendo, conseguia atravessar sua cabeça com as garras transpassando seu cérebro. Com uma explosão de força e adrenalina, puxava essa merda para a caverna junto de mim, enquanto me joguei para trás.
Ha, se fudeu, otário.
Caía para trás como se fosse um saco de batatas. Era realmente um peixe, levava minha mão que foi mordida para frente do meu rosto- PUTA MERDA.
—Minha mão… quase se foi… — Puta merda, isso… minha mão. Eu caminho até o peixe para ver ele, sua boca tinha diversos dentes afiados.
Ele tentou cortar minha mão fora! Eu encaro meu pulso, e vejo que não está sangrando, isso é bom, mas a carne e os ossos foram serrados! Como eu não sinto dor?! Isso é bizarro!
Meu pulso, a carne foi cortada, e quase o osso também! Minha mão estava praticamente pendurada. E eu não sinto dor e nem nada! Isso é bizarro. Como um teste, vou usar minha outra mão para beliscar meu rosto, meu antebraço, e minhas pernas.
Opa, eu não consigo puxar a pele, eu sou, literalmente, pele e osso, eu não tenho praticamente nenhuma carne ou gordura.
Também não sinto aperto também. Basicamente, eu não tenho senso de tato— ou melhor, meu tato é uma droga, eu não sinto dor, mas isso é muito ruim, caso eu não sentir dor, terei que ver ataques diretamente e levar os impactos para os detectar, isso era uma merda.
Mas vendo pelo lado bom, eu consegui me livrar desse peixe por eu não sentir dor… isso é o que chamam de fazer o melhor na pior condição possível?
Que fome e sede súbitas. Eu não lembrava de estar com tanta fome assim, meu estômago está roncando, e meus olhos começaram a doer, eu me sinto… extasiado. — Fome. —
Eu caminhava até o peixe morto, desculpe, mas eu não tenho direito de fazer escolhas agora. Eu queria cozinhar isso, mas onde eu vou cozinhar? Mas estou com tanta fome… Eu preciso comer, desculpe peixe, mas vou te comer assim mesmo!
— Chomp. —
Como um zumbi furioso, o humanoide mordia furiosamente o peixe, salivando aos montes, e com seus olhos virados para trás, sua mente podia não perceber, mas ele estava fazendo ruídos selvagens e animalescos enquanto comia.
Mordendo o peixe com intensidade e ferocidade, o devorando sem parar um segundo, e também bebendo seu sangue enquanto comia, sem nem ao menos perceber sua fome intensa.
Apesar de tal intensidade de fome, ele conseguia comer apenas por volta apenas de uma pequena parte do peixe, tendo muita carne ainda.
—O que eu fiz… — Caia para trás, sentado observando o peixe, eu apenas comi uma pequena parte dele, apenas um pedaço da barriga dele.
Como raios eu fiquei com tanta fome e comi tão pouco? Isso é bizarro. Mas isso não é o pior.
Ao me olhar, estava nítido para mim, apenas parte da minha mente ainda era humana, pois a outra parte conseguiu comer esse peixe cru com facilidade, creio eu que os instintos e força do meu corpo estejam díspares da minha mente.
Meu corpo estava sujo de sangue do peixe, minhas mãos manchadas, voltava a olhar para o lago. Não ime atreveria por minhas mãos na água ou me aproximar daquela merda.
Não estava tão fraco assim. Mesmo que mão esquerda havia sido quase decepada pelo peixe.
Eu não sei se sou destro, canhoto ou ambidestro aqui, isso é um problema —… —
Encarava meu reflexo novamente, nossa, eu sou horrível, me pareço com um goblin, Mas ser chamado de goblin…!
Não é algo que eu vou aceitar ser, mas essa saliência na minha cabeça, tá, eu vou me chamar de Oni, lembro de Onis menores serem feios assim, e espero que isso seja um chifre e não um galo, eu não quero ser um goblin, que destino horrível seria ser um goblin.
Eu também não sou muito alto, olhando para o peixe agora, eu devo ter por volta dos 60, 50 centímetros de tamanho, e esse peixe tem a minha altura.
Aquele anjo havia dito algo sobre evoluir, se eu quiser sobreviver, vou ter que evoluir, vou ter que lembrar. Mente lembre-se de algo! Lembre-se da conversa com o anjo!
Ele tentava lembrar das palavras do anjo, “eu vou te colocar num lugar seguro para você caso decidir passar o resto de sua nova vida em um buraco, se quiser evoluir e sair desse lugar, você poderá. Se você quiser subir de vida comece indo para cima, lá terá sua evolução”. Algo nessas linhas.
Se eu quiser evoluir, vou ter que ir para cima! Eu olhava para cima, em busca de uma resposta, o teto parecia extremamente firme e rígido, sem nenhuma rachadura sequer. Eu rezo para que isso tenha sido uma dica de uma ajuda inicial.
Eu não sei se vou sobreviver sem ajuda. — Hgruh… — Inconscientemente, algumas lágrimas se formavam em meus olhos, eu realmente não tinha chances de sobreviver se fosse continuar sozinho.
Mesmo uma pequena ameaça imprevista como um peixe pode quase minha arrancar mão e me arrastar para o fundo daquele lago.
Ao investigar o teto, ele conseguia ver, uma pequena rachadura, lá tinha uma rachadura, quem sabe se ele jogasse algo ali, ele não conseguiria quebrar… não custava sonhar.
O Oni procurava alguma pedra, para a sua sorte, ele encontrava uma, ele sabia que não poderia jogar o peixe por não ter força para tal, e não ter mais a vantagem do surto de adrenalina.
Ele jogava a pedra contra a rachadura no teto, com toda sua força de Oni, e surpreendentemente, ele conseguiu quebrar, e logo vários tipos de cordas caiam de lá, junto a gravetos e folhas.
— Se eu estou correto… nesse tipo de situação… — Eu pegava os gravetos e folhas, e encarava as cordas, eram feitas de algum tipo de cipó ou videiras que nunca vi, e tinha algumas redes feitas desse mesmo material, que seguravam as folhas.
Bem, eu não sei o que se passou na cabeça do anjo, mas eu penso em algumas coisas. Se tem algo que eu aprendi vendo documentários, canais de vida selvagem, sobrevivência e afins, os abrigos são importantes, ter uma base para operar é muito importante.
Se eu tiver uma base, as coisas vão se tornar mais simples, mas tem outro problema, um problema pior que sobreviver, manter minha sanidade.
Isso é quase impossível de se manter sozinho e sem nada para fazer. Eu devo me manter ocupado e produtivo, se não vou enlouquecer.
Pegando os galhos, folhas, e redes, amarrava os galhos com algumas folhas, e amarrava as redes com as folhas, e colocava sobre os galhos, construindo uma estrutura básica em cima do seu buraco, uma espécie de “detalhado” ou abrigo para ele lá dentro. E sobrou algumas cordas, ele teria que fazer uma arma.
Para sua sorte, sua falta de tato e dor o fez poder usar sua mão esquerda sem se sentir penalizado, isso era mais bom do que azar nessa situação em questão, ele sabia seu próximo passo, fazer uma lança.
— Estou tão cansado… — Eu entrava no buraco com algas novamente, meu buraco de nascimento, e lá ficava, deitado em posição fetal, e dormindo, esperando fortuno no amanhã.