Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 12
— Então, o que gostaria de conversar? — Fazendo meu sorriso mais meigo e inocente, olho para a mulher, que apenas fica com suas bochechas um pouco rosadas. — Desculpe, acho que você não ouviu meu nome, eu sou Etria Saeng Lumaeri.
— Certo… Etria, a atendente, ou como chamamos internamente, a Alta Sacerdotisa, não lhe contou todos os detalhes de ser um aventureiro. — Sério? Por quê sinto que a situação vai ficar desnecessariamente complicada do nada? Meus lábios tremem, puta merda, nada consegue ir conforme o planejado?
— Na guilda, temos o que chamamos de “ramos”, como os de uma árvore. Esses “ramos” são organizações derivadas dentro da guilda, ou pelo nome correto, Grande Guilda dos Aventureiros, também pode ser atendida pela sigla G.G.A. essas organizações derivadas ao contrário de grupos de pessoas, realmente funcionam como organizações, com suas leis e regras, mas respeitando as leis e regras da Grande Guilda.
Hey desde quando o tempo medieval tem siglas? Abreviação não é algo muito à frente desse tempo? Ou não? Faço uma cara pensativa, esse mundo tem mais nuâncias e inconsistências do que pensei. O que raios está de errado por aqui? Levantando meu rosto, meus olhos brevemente se encontram com os olhos dela, um olhar forte e determinado no rosto dela. É uma sensação um pouco vergonhosa olhar nos olhos de alguém assim. Com um suspiro, ela começa a falar novamente.
— O mestre dessa filial, não é uma pessoa “tolerante” com aventureiros de raças demoníacas, o que inclui você. Desde que um Dragão e um membro de uma raça demoníaca transformaram essa região em um deserto, ele se tornou paranoico. — Espera, esse deserto teve uma época que não foi um!? Membro de uma raça demoníaca e um dragão…Oh merda. O quão complicado é a história deste mundo para ter esse tipo de coisa acontecendo, e quando tempo atrás foi isso para ter gente morando em um deserto e o quão poderosos eles são para tornar uma região dessas em um deserto?
Faço uma simulação para analisar o que ela estava dizendo. Então existem organizações derivadas dentro da guilda principal. A Grande Guilda dos Aventureiros, G.G.A. O Mestre da Guilda por alguma razão… não, o mundo não era gentil, e o velho tritão havia dito, eu era um demônio, uma criatura que devora seres humanos e os mata, não preciso me esforçar para pensar em razões para eles quererem minha cabeça num prato, além do sangue de dois aventureiros nas minhas mãos. Tenho motivos para temer, mas por que ela está me ajudando? — Por que está me ajudando? Se sabe que o Mestre da Guilda pode querer me matar, por que me ajudar? Eu não entendo…
— Simples, a minha senhora, a Grande Madama, é uma pessoa que preza pela força e pela mente de jovens promissores. Você é promissora, Etria, por isso me senti no dever de te ajudar, pela minha Mestre e também por que você é inocente demais. O Mestre da Guilda poderia usar isso para te emboscar; se vir comigo, eu, meus irmãos de arma e a Grande Madama iremos te proteger como um de nós.
E também Cyrant me pediu para te recrutar… A elfo sorria gentil, enquanto seu esquilo que estava até agora silencioso, retornava para dentro do cachecol. — E também podemos te ensinar a ler. Várias línguas, tu não tem nenhum problema em falar, mas em ler, certo? Podemos te ajudar nisso.
— Aceito, porém, entretanto, todavia! Eu tenho duas condições. — Com uma fala dramática, tiro minha mão de meu queixo e faço o sinal de dois com meus dedos. — Eu quero que você me faça uma promessa de mindinho primeiro. — Ahhh, isso é mais bobo e tolo do que parece! Mas eu vou fazer mesmo assim, promessas de mindinho são promessas de mindinho.
— Isso… do que se trata? – Pela primeira vez, a criança falava de algo que ela não entendia, ou sabia o que era. Do que se tratava uma promessa de mindinho?
— Simples, é uma promessa que usamos nossos dedos mindinhos, os menores de nossas mãos, e os “abraçamos” um no outro, fazendo uma promessa. Quem quebrar essa promessa, terá que engolir mil agulhas. Eu quero que você me prometa que não está mentindo e sendo sincera e que eu não vou me dar mal se seguir você. Também quero sua vida nessa promessa de mindinho, caso você a quebrar, vou fazer você engolir mil agulhas, e se sobreviver, vou pegar sua vida. Primeira promessa feita? — Sorrio meigamente para ela, apesar de falar todas essas coisas horríveis e tenebrosas, era para a minha própria proteção, meu próprio bem.
— Primeira promessa feita, eu concordo. — Sem pensar duas vezes, ela abraça meu mindinho com o dela. Ela deve estar bem resoluta nisso, ou ter total confiança que não vai quebrar a promessa. Heh, eu gosto disso. Controlo minha força ao extremo, para não triturar o mindinho da elfo. Espero não me arrepender.
— A segunda condição não é uma promessa de mindinho… Se eu entrar nisso, você pode… fazer um time comigo? Você é a segunda pessoa que eu conheço que… foi gentil comigo… não me tratou mal e nem tentou me matar por nada ou por eu ser o que sou… então eu queria que você fosse minha companheira de equipe… sempre que possível… — Não consigo olhar nos olhos dela. O que eu pedi era ultrajante e infantil de mais, não há como aceitar, mas queria que ela aceitasse, eu rezo por isso, pode parecer bobo, mas ela foi uma das poucas pessoas após Nicolau que me tratou tão bem, então eu não queria a perder tão facilmente, queria ter mais dessa gentileza para mim… eu sou um maldito egoísta, não sou…?
— Farei o possível. — Com um sorriso gentil, a elfo segura meu rosto apertando minhas bochechas. Nunca pensei que alguém faria isso comigo, e eu nunca pensei que iria experimentar infância de novo. Porém esse momento foi cortado bruscamente. Pessoas corriam vindo do andar de cima.
— O Mestre da Guilda está vindo, venha vou te pegar nos braços e dar o fora daqui, não hesite! — Não há muito o que fazer então! Seguindo as instruções, me jogo nos braços dela e a seguro, tentando não a machucar com minha força, em troca ela me segura com força também e ela começa a correr. O esquilo rapidamente sai do cachecol quando estamos cerca de três metros de distância da porta, o esquilo logo pula do pescoço de Kyhali em direção a porta, em uma posição de “voadora” e logo abre ambas as portas com seu “poderoso chute”. Antes que ele pousasse no chão, ele se segura no “rabo” do cachecol da elfo e o usava para voltar para dentro do cachecol. O que raios está errado com esse roedor?