Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 17
— O que infernos você está fazendo aqui? Meu desejo foi aprovado. E você mesma disse que não iria interferir. Muito menos uma restrição. — Vadia, mesmo que não seja a coisa real, ficar brincando na minha mente é inadmissível.
— Eu sei o que se passa na sua mente! Ha! Eu coloquei restrição no uso de seu poder! Claro que sim! Não achou que as coisas seriam tão fáceis assim! Idiota! — Sangue fervia, olha a audácia dessa filha da puta. Fechando meu punho, o que poderia fazer contra essa pessoa? Essa coisa? Talvez… se eu usasse os poderes que tenho aqui para…?
— Você… — Essa coisa… esse desgraçado vai pagar.
— Então, como se sente estando na minha mão? Mesmo uma memória minha tem tanta força a esse ponto! Você não pode se livrar de mim, tolo! Vai me aturar para sempre agora. — O sorriso maligno dela, dele, disso, me dá nojo. Mas consigo ver uma falha em seu discurso. Ela disse que é Verdadeira e colocou uma restrição, agora, ela fala que é uma memória. Porém, uma terceira voz ecoa na minha cabeça, eu nunca ouvi antes, porém esse tom é familiar.
Eu odeio barulho. Eu odeio essa risada deturpada. Eu odeio essa situação. Eu odeio esse desenrolar
O que foi essa voz? Não tenho certeza, é familiar, mas não sei sua origem, mas tenho outros problemas em mãos agora. — Acho que eu vou pegar seu corpo para mim suu, você não parece que quer viver muito nele de qualquer forma. Então, tchau tchau, fique na sua mente, em suas memórias? Você não queria seu mundo de volta? Fique nele então, nas suas memórias. — Novamente, essa coisa sorriu, presunçoso e arrogante. Se eu ainda tinha dúvidas, acho que elas se foram agora. Apesar daquele Anjo não ser gente boa, ele não era desse jeito. Sinto como se uma enorme mão me agarrasse, como se estivesse tentando me esmagar, pressionando meu corpo como um boneco, aplicando pressão. O que é isso? Não sei, mas estamos em um reino então… Meu Reino Mental. Não estou impotente aqui, com um suspiro, penso algo para materializar algo forte… arpões surgem ao redor daquela coisa, a fazendo arregalar os olhos,
— Não ouse! — A “mão” invisível aperta mais forte, sinto algumas costelas sendo quebradas, seguidas dos sons de “crack”, sangue sobe pelo meu pescoço, e vaza por minha boca. Enquanto meu corpo começa a estralar com a força dessa habilidade, apenas rio com o pouco ar ainda em meus pulmões, e a desafio: — Eu… ouso! — Os arpões materializados em volta dela, disparam como mísseis, a perfurando, esse “Anjo” arregala os olhos brevemente, antes de sorrir, regenerando seu corpo… A pressão em meu corpo continua, fazendo minha visão ficar turva… ao menos eu tentei.
— Pare com isso.
— O que? — “Jarenel” fica paralisada, como se tivesse visto um fantasma. A “mão invisível” que me espreme é desfeita, me fazendo cair de joelhos no chão, ofegante. Sentia meus pulmões inflar e desinflar, movendo contra as minhas costelas, fazendo o sangue subir pela minha garganta e nariz. Olhando para a cara daquele anjo, vejo suas expressões de deformarem em uma careta de raiva e frustração. Um pensamento me ocorre, isso conseguiu me ferir em minha própria mente. Será que… me influenciou esse tempo todo? Uma ideia tolo, mas talvez possível.
— Quem está ai? Esse corpo não te pertence! — “Jarenel” range os dentes, ha, tome um pouco do seu próprio veneno. Porém nada nesse mundo não iria me fazer pensar nas palavras ditas a seguir, por essa voz de um estranho, mas estranhamente familiar. Quase como a minha própria…
— Não. Esse corpo não pertence na verdade a você. Esse corpo é dela! — A voz diz, mesmo sem poder a ver, eu consigo sentir ela “apontar” em minha direção.
— O que?! Besteira! O que você sabe sobre esse pirralho? Ele não vai aguentar viver num mundo assim! Ele não tem culhão ou coragem para viver num mundo fodido desses! Ele deveria me agradecer! Estou salvando a bunda dele dessa merda! Eu vou fazer bem mais no corpo dele do que ele jamais faria! Ele só sofreria!
As palavras dela ressoam em mim… talvez ela esteja certa. Talvez eu não tenha a força para fazer o que é necessário, mas eu duvido que esse dia vai chegar, eu já cruzei a última linha, já matei. Eu já usei e matei pessoas para salvar minha vida e fazer meu caminho a civilização. — Seja o que você for, eu não preciso de você, Eu farei minha própria vida. — Uma segunda voz dentro de mim fala, com a minha própria, e a figura que surgiu e parou essa coisa na minha mente, se revela diante de mim. Cabelos longos e negros como um rio de escuridão, se estendendo até sua cintura, uma pele pálida, mais que a minha até, como um cadáver que morreu afogado. Olhos azuis como a água do mar morto, se encontrando com os meus. Ela assim como eu, é semelhante a uma criança humana, porém, assim como eu, ela não é humana. Dois chifres inumanos se estendem na testa dela, e assim como eu, um de seus chifres está quebrado
— Isso não cabe a você decidir, parasita. Cabe a ela decidir se é capaz de viver ou não. Você é apenas uma sombra colocada sobre a mente dele, não, nossa mente. Não tem direito de decidir por ela. Ela decidirá por onde e quando fará. Saia daqui, Invasora e pare com isso, se não, eu vou ser obrigada a tomar medidas drásticas. — E assim como eu instantes atrás, “Jarenel” começa a ser esmagada, como por uma mão invisível. Chamas azuis se formam ao redor da “mão” que está esmagando essa aparição, ondulando como uma tempestade de chamas, consumindo o que está em seu “olho” como um turbilhão. As chamas estão contidas ao redor dessa coisa na minha mente, mas mesmo assim, não consigo sentir o calor das chamas, nem sua “agressividade” contra mim…
— Tsc. Certo, eu vou recuar agora, mas se ele vaci…
Antes mesmo que “Jarenel” pudesse terminar a frase, seu corpo era quase esmagado, em poucos instantes, ela desaparece como fumaça, saindo dali, mas ainda sim, sentia que seja lá o que isso for, ainda não foi embora. Em minha frente, a garota logo está em minha frente, seus orbes azuis encarando meus olhos, agora posso ver sua roupa, um quimono negro, com borboletas azuis estampadas nele. — Certo. Eu posso finalmente falar com você, após tanto tempo presa sem voz, mesmo quase sendo apagada… posso te encarar cara a cara.