Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 6
O crocodilo me encara nos olhos. Pobre coitado, mal sabe ele que enfrentei coisas bem, bem maiores que ele.
Em uma piscadela ele avança saltando do lago vindo como um projétil em minha direção, flexionando suas patas musculosas para frente e se levando alguns centímetros acima do solo. Em resposta apenas abria minha boca, bem aberta. Ele caiu dentro da armadilha, sem perder tempo, fechei ela em uma mordida, partindo ele em dois.
É feio desperdiçar comida, então engoli a parte que já estava dentro da minha boca.
Já comi dentro da Queen Mary antes de sair, mas quem sou eu para dizer não a refeição grátis?
Senti minha barriga se expandir e ficar pesada. Devo lembrar de não comer presas inteiras na próxima vez.
Senti um cheiro estranho, além da carcaça de crocodilo no chão sangrando e se debatendo. Cheiro de metal, couro, e algo que não consigo reconhecer, talvez algum animal?
Olhei em direção ao estranho cheiro, e lá vi quatro pessoas. Eles eram… HUMANOS!
Pessoas, eu vejo pessoas! Elas estão vindo! Quem sabe eu possa pedir informação! Eu realmente quero me entregar à civilização!
Eu acenava para eles, eles estavam apenas há alguns metros longe de mim, uns 15 eu acho… Mas enfim! Eram pessoas depois de tudo. — Ei! Aqui! Eu estou aqui! Sabem que lugar é esse?
Não consegui conter um sorriso. Pessoas depois de tanto tempo, claro, Nicolau era gentil, mas ainda sim não era um ser humano! Um careca, um velho, e dois jovens. Um grupo estranho, mas não posso julgar bizarrices visto quem eu sou.
Estou tão feliz! Pessoas depois de tanto tempo, não que Nicolau e os tritões fossem pessoas ruins, pelo contrário! Mas ainda sim, não são humanos.
Porém senti algo de errado. O cara alto e careca pulou em minha direção e um instante, um flash passava por meus olhos.
O um som nítido de metal quebrando. Olhei para a mão dele vendo ele com a cara atônita enquanto sua espada tinha a lâmina estilhaçada. Movendo meu campo de visão lentamente, eu vi. Ele mirou nos meus chifres, ele acertou meu chifre esquerdo.
— O que… — BLANK! Em um instante, uma espécie de raio acertava minha cabeça, eu não senti nenhum dano, isso não era nada comparado as criaturas do Mar Morto, mas eu apenas vi caindo, eu apenas o vi caindo…
Arregalei meus olhos ao perceber… um pedaço do meu chifre esquerdo estava caindo, eles haviam cortado um dos meus chifres…
— Vocês… — Eles cortaram meu chifre, eles cortaram meu chifre. Eles me atacaram, eu tive certeza de agir pacificamente, mas por que, mas por que eles fizeram isso?
Tenho certeza de ter sido amigável, desgraçados. Filhos da Puta. Filhos da Puta!. — Ah… — Eu estou atordoado. Eles, mas por que? Meu chifre… O meu chifre!
—… — Um silêncio letal se instaura ali, como se o tempo estivesse parado. Meu chifre atingiu o chão levantando uma nuvem de poeira e areia.
Um jato carmesim jorrava do canto da minha visão cobrindo o rosto do careca, enquanto caia na areia e terra do oásis, manchando aquele solo com sangue. Olhei para o chifre caído, enquanto o guerreiro caía no chão e rolava, indo para atrás de mim.
Me agachei para pegar seu chifre. O colocando no lugar novamente, segurei forte com sangue saindo da minha cabeça e fluindo para seu rosto.
Eles iriam pagar. Começando pelo careca. Voltando meu calcanhar para trás, lá estava o careca. Bati em seu rosto com minha mão livre, o pescoço dele dava três voltas, duas voltas completas de 360° graus e uma última volta de 270° graus. Me virei para os outros três restantes. Eles iriam pagar.
Sinto como se houvesse um martelo batendo na minha cabeça junto a buzinas de palhaços, minha visão nublou por alguns instantes. Tudo que consigo sentir agora é raiva.
Estou além de revoltado com essa merda. O velho apontava um cajado em minha direção, ah agora faz sentido.
Um velho, um careca, armados e fazendo truques. Aventureiros.
Tirei minha mão que pressionava o chifre, ele já estava de volta no lugar, acho.
Não vou deixar esse mago terminar seja lá o que ele estiver fazendo, se for mesmo um mago.
Colocando meu pé direito para trás, e meu esquerdo para frente, pulei em direção a ele, disparando como uma bala com poeira se levantando atrás de mim. Abrindo minha mão, minhas garras estavam prontas.
Antes que esse desgraçado conseguisse registrar o que aconteceu, minhas garras dilaceravam sua carne como o som de uma faca atravessando osso, músculo e carne macia.
Jatos de sangue saltavam do seu peito enquanto seus órgãos internos ficavam expostos.
Ele grita como um marco prestes a ser abatido, dizendo palavras sem significado ou razão em meio a sua dor, com seu rosto ficando pálido e seu peito jorrando o fluído vital a esmo.
Ele morreria em pouco tempo.
Abrindo minha boca novamente, abri ela em sua extensão máxima, e abocanhei ele.
Cobrindo seu tronco com minha boca, prendia sua cintura em meus dentes e então puxei.
Rasgando carne e puxando osso. Sua cintura começou a se desprender com estalos de ossos. Não vou deixar o sangramento te levar primeiro.
Sem hesitar, puxei com mais força, arrancando seu tronco de seu corpo inferior, suas tripas caíam no chão enquanto algumas ficavam como cordas prendendo a parte de cima e baixa, e sangue e fluídos corporais atingindo o chão.
Ele não parou de gritar mesmo em minha boca, então terminarei aqui. O engoli, fazendo seu corpo ser esmagado pelos músculos de minha garganta. Seus últimos instantes provavelmente dentro do meu esófago.
Sua parte inferior tinha parte da coluna espinhal a mostrar e quebrada, junto a litros de sangue jorrando, manchando meu corpo e os prováveis companheiros dele. No instante em que nasceu, a fonte de sangue também sumiu, manchando as areias de vermelho.
Algumas tripas voavam, atingindo as pessoas que vão morrer. Ao menos não fui o único a ficar sujo aqui.
Olhei em direção a um deles, ao que aparenta ser uma garota? Tanto faz. Respirando fundo, eu avancei na direção dela correndo e em poucos segundos já estava em sua frente.
Levantei minha mão direita, me preparando para fatiar ela como se fosse um porco.
Algo estava errado. Olhando em volta. Faltava um.
Olhei para trás. Esse daqui tinha um arco, um ranger? Talvez um Rogue? Tanto faz, estava sujo de sangue, não iria conseguir escapar de mim.
— Eu e ela não queremos morrer aqui, e eu tenho uma flecha apontada para você. Vamos barganhar. Demônio— ele falou com uma voz ríspida. Olhei em seu rosto, não aparentava ser muito mais velho do que eu no dia que morri. Pena que você vai morrer cedo, também.
O que? Esse filho da puta tem estômago. Se eu os matar, eu não vou conseguir sair daqui, e vou vagar pelo deserto… Deixar um vivo e o fazer me levar para fora daqui— respirei fundo, abaixando minha mão direita.
Flexionando minhas pernas novamente, usei magia não ortodoxa para as fortalecer e avancei na direção dele.
Arregalando os olhos, ele finalmente percebeu que suas flechas não valiam de nada. Peguei em seu arco o apertando, fazendo seu eixo quebrar.
O tornando inútil e fazendo a flecha cair no chão. Ele tinha uma espada curta em sua cintura.
Como se fosse deixar. Coloquei minha palma em sua mão, e o empurrei. Ele voou alguns metros e atingiu o chão perto do lago.
Um forte zumbido assaltava minha cabeça, como uma crise de labirintite, assaltando meus sentidos e me forçando a ficar de joelhos. Que merda aconteceu? Olhei em volta, vendo uma garota suja de sangue e tripas, e o cara deixado de bruços perto do lago.
Oh merda. Oásis, palmeiras, eu acho. Areia até onde consigo ver… e sangue, muito sangue derramado.