Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 7
— … — Sangue está caindo no meu olho, e não é deles, meu chifre está sangrando, isso é um saco. Eles deceparam meu chifre, eu não consigo me acalmar. Olhando para a garota, via seus olhos brilhando em raiva. Acho que é tarde demais para me desculpar ou fazer controle de dano.
É melhor tirar o melhor disso enquanto posso.
— Eu quero que me levem a cidade mais populosa perto daqui.
— Nós não podemos fazer isso, você vai matar todos lá, não é? — Era a garota que se pronunciava agora, ela era patética. Banhada de sangue e tripas, com olhos brilhando em raiva patética… Desde quando eu sou um sadista? Enfim.
Ela não tinha nada que chamava atenção ou especial. Exceto um cabelo magenta, mas mesmo isso não era chamativo.
— Era isso que eu queria dizer. — É impossível não ficar revoltado! Eles me atacaram sem nem deixar eu conversar! Cambada de filho da puta!
— Eu queria dizer que eu estava perdido e queria ir para a cidade mais próxima para reunir informação e tentar conseguir dinheiro e informação de que infernos de lugar eu estou! Vocês me atacaram! Vocês cortaram meu chifre! Sabem o quanto isso é importante? Espere…
Tinha algo de errado ali. Eu nunca me importei tanto com meus chifres assim… ou será que eu…?
O mundo ao meu redor fica mais lento, como em câmera lenta enquanto mergulho em minha mente.
Meu palácio da mente era algo simples, semelhante a uma biblioteca cheia de arquivos.
Tinha algo específico ali que eu queria.
Meu nome não existe em nenhum desses arquivos, aquele Anjo realmente o pegou, huh?
E também matei aquelas pessoas tão facilmente…
Merda. Eu tenho um modo berzerker. A pessoa que eu era antes nunca conseguiria nem mesmo matar um pássaro, quem dirá matar uma pessoa.
Essa raiva após cortarem meu chifre não é mera raiva comum, matar a sangue frio e comer dessa forma também não é. Muitos detalhes a pensar, pouco tempo.
Depois reviro isso em minha mente, tenho um trabalho a fazer.
O mundo a minha volta começou a se mexer novamente comigo saindo do meu Palácio Mental.
— Vocês me atacaram, cortaram meu chifre, e nem me deram chance de dialogar, QUERIAM QUE REAÇÃO DE MIM? — Se pudesse ver meu rosto, apostaria que estou com um olhar frio no rosto e brilhando vermelho. Como uma pessoa chuuni, no caso, real.
— Ahhh. Ahhh. – A garota com cabelo magenta tentava falar algo, mas nenhuma palavra sai.
Bem, eu não a culpo, acabei de matar os amigos ou aliados dela, e estou perfeitamente calmo e também estou certo, totalmente certo. Algumas lágrimas desciam pelo rosto dela… mal sai do mar morto e já dei pessoas traumas. Pelo amor de Deus…
— T-todos Monma Nionios são como você? — Se todos fossem iguais a mim. Creio que haveria mais pessoas mortas no mundo e minha raça não teria má fama ao ponto de me atacarem só de me verem.
— Não, só eu, digamos que eu sou “especial”. Enfim, quem são vocês? E podem me levar para a cidade mais populosa mais próxima? Eu realmente quero conseguir informações. Se não puderem fazer isso, eu vou matar vocês dois.
Bem, o dano já está feito e não há nada que possa fazer para mudar, vou aproveitar a oportunidade então. Um blefe nessa situação deve ser tão convincente quanto a verdade.
— Somos aventureiros, e sim, podemos o levar até a cidade populosa mais próxima, desde que não nos mate e prometa não fazer o caos na cidade. Essa é a nossa condição — o arqueiro falou ao longe, se levantando e me encarando. Ele não se importava em fazer um pacto com o demônio se isso salvaria sua vida, huh.
— Ludhia! Ele matou Gladios e Ylheim! — Antes de terminar a frase esse tal de “Ludhia” a interrompia. Pelo que consigo decifrar das expressões dela, ela está uma bagunça de raiva e fazendo uma careta estranha. Sua respiração estava estranha, travando em alguns momentos, ou exalando e inalando errática.
A cara dela estava vermelha quase inchada somada a sua respiração… Bem, ela vai cozinhar desse jeito, estamos no meio de um deserto. Burra.
Os problemas deles não são meus.
— Nós não podemos derrotar ele! Se não o levarmos até lá, ele vai nos matar! Porra, não posso deixar nós, você morrer aqui!— Ele gritava, um pouco desnecessário levantar a voz aqui, porém não estou em posição de criticar ele aqui visto a carnificina que fiz. É estranho ver um drama e não participar dele.
Pelo menos esse arqueiro era bem calmo ou não sou bom o suficiente para decifrar o óbvio nele. Um dos dois.
Olhei para cima vendo meu chifre um pouco torto para a esquerda, ajeitei sua posição para o que deveria ser o correto.
Será que meu chifre vai curar?
Saindo dos meus pensamentos, olhei em volta procurando o arqueiro. Ele estava perto da garota discutindo sobre a situação deles. Levantei minhas mãos e dei uma palmada, chamando a atenção deles.
— Isso levanta algumas questões minhas, o que são aventureiros? — Apesar de ser óbvio o significado, se for como em RPGs e Novelas, significa que eu vou estar em péssimos lençóis por ser um monstro. Isso não é bom.
—Sim, somos aventureiros. Eu sou Ludhia Von Astrek, e ela é Verika, apenas Verika, sem sobrenome. Nós somos do rank G e H respectivamente. –— Não consegui achar nenhuma emoção na voz dele além da raiva por eu ter, bem, matado os camaradas dele.
— Pertencemos à Grande Guilda de Aventureiros— Grande Guilda… isso cheira a mal sinal. Se existe uma Grande, então existem menores.
— Essa guilda de aventureiros, aceita raças não humanas, como eu? — Uma pergunta importante. Como um aventureiro provavelmente serei capaz de evitar que situações como essa se repitam.
— Sim, ela aceita, ela deve aceitar você também, se você não chegar lá… dessa forma— consegui sentir dor e medo na voz dele… como raios estou fazendo? Não me lembro de ser tão bom em decifrar emoções, ou ter uma boa leitura facial… mais problemas para depois.
— Por que deuses… por quê… — A garota clamava para alguma divindade. Esse mundo tem divindades, algo esperado para ser sincero. Será que consigo virar um Warlock se conseguir um Patrono? Espero conseguir uma oportunidade.
— Bem, estou sujo e vocês… tem um corpo e meio para enterrar. Podem enterrar eles, acho que ao menos merecem isso. Apesar de terem sido VOCÊS que me atacaram— não, não sou nenhum pouco rancoroso.
Corri até o oásis e me jogava em seu lago que era mais fundo do que parecia, afinal a porra de um submarino emergiu dele e depois desceu.
Cai uns bons metros dentro da água, ao menos uns sete metros de profundidade. O sangue saiu da minha cabeça e roupas, enquanto os pedaços de carne subiram para a superfície.
Comecei a tirar minhas roupas e as esfregar, uma escova e sabão em pó fazem falta. Se passaram alguns minutos até conseguir limpar totalmente minhas roupas, o máximo que dá para fazer sem sabão e escova no caso.
Ao terminar, deixei a mana correr pelo meu corpo, ativando magia não ortodoxa e me impulsionei, “chutando” a água e disparando em direção à superfície.
-Não, ainda não terminamos. – Ludhia respondia, em seu rosto estava estampada uma expressão triste e angustiada, Verika tentava recuperar os pedaços no chão de Ylheim, enquanto Ludhia segurava em seus ombros e a puxava, sussurrando para ela deixar isso de lado e terminar de os enterrar nesse oásis. –
— Darei mais alguns minutos, podem velar em paz. — Eles já haviam concordado em me levar para a cidade e para a guilda de aventureiros, não posso pedir muita mais. Esses dois ao menos tem o direito de os enterrar.
Me afastei deles e me sentei em um montinho de areia. Os vendo velar seus dois companheiros mortos. Não fiz nada de errado, não.
Apesar disso de eu ter matado os dois e ter feito eles sentirem essa angústia, ainda sim um sentimento de aversão estava grudado no meu peito. Eu realmente estava aborrecido pelo meu chifre.
Agora tenho apenas dois, que merda. Espero que isso cure logo.
Ao menos eles só conseguiram cortar apenas um. Se passou ao menos algumas horas pela posição do sol. Funerais sempre foram longos assim?
Acho que nunca participei de muitos para ter certeza. Quando eles terminaram de enterrar os seus companheiros mortos, a garota estava aos trancos e barrancos, chorando sobre a morte de seus companheiros mortos, enquanto o arqueiro apenas tinha uma feição melancólica no rosto.
— Vamos? — Eu me levantava do montinho, e ia até eles. O arqueiro concordava com a cabeça, a garota eu não tinha certeza, mas esse daqui não parecia que daria para trás em sua palavra. Ao menos era “confiável”, creio eu.
— Então partiremos— logo nós três começamos a andar indo provavelmente em direção a cidade.