Em Outro Mundo Como um Oni - Capítulo 8
— Huhuh huuhu huh huuhuhh huhu huuuhhhuu, Huhhu huhuuuh huuuh— estou cantarolando uma música, não lembro de onde era, apenas me lembro que era boa. Não estava incomodado com esses dois aventureiros, Luji e Erika, incomodados comigo.
Isso não me chateava em nada enquanto eles cumprissem a parte do acordo, não teria problemas.
O sol brilhava alto no céu, o vento levava a poeira das dunas de areia. Nunca tinha ido para um deserto na vida anterior, essa era minha primeira vez vendo um.
Esse lugar era vazio para ser sincero, as dunas de areia eram realmente “onduladas” como os filmes e séries mostravam e o ar era especialmente seco, não tinha nada muito importante aqui fora a areia e o ar incrivelmente seco, mas de qualquer forma, isso não ia me parar.
— Maldito… como pôde fazer aquilo e estar tão feliz. — A Erika balbuciava algo, não que ligasse, eles estavam me levando para a cidade, isso que importa. Porém acho que humanos não se dão tão bem com o sol escaldante sobre as costas.
Ela me olhava como se fosse um monstro, não que eu seja não seja um… mas acho que descrença ainda existe. Mesmo o calor do deserto e a caminhada não me cansam em nada.
Em boas notícias, meu chifre está curando, eu acho.
— Sei como se sente, Verika, mas não podemos fazer nada contra ele, e mesmo se tentarmos, vamos apenas morrer inutilmente, e isso é algo que eu não posso permitir.
Luji tentava sussurrar para eu não ouvir, heh, não funciona assim.
Acho que lidar com tristeza, calor escaldante e um demônio nas suas costas não faz bem a ninguém.
— Estamos chegando? — Estava demorando mais do que eu esperava, não sabia que a cidade estaria tão longe, pelo menos eu tenho um norte e não estou às cegas. Me movimentar às cegas por aqui seria um inferno, de qualquer forma, é bom eles me levarem até lá.
— Sim, Sr. Monma Nionio— ela respondia de forma formal e mecânica, estranha. Ouvi dizer que pessoas fazem de tudo para não morrer. Isso é, ela deve me desprezar e mesmo assim me tratou com “respeito”.
— Não me chame de Oni esse é o nome da minha raça apenas— é um saco ser chamado pelo nome da minha raça. Porém, isso me lembra, eu não tenho um nome próprio, aquele anjo maldito o roubou de mim.
— Então, como gostaria de ser chamado? — Ela me encarava com confusão, não dá para culpar-la. Monma Nionio é muito complicado. Oni é melhor e mais sonoro de se falar.
— Eu realmente não tenho um nome realmente— não tenho forças para pensar em um nome e não tinha forças para pensar em um nome próprio para mim, era como se fosse algum tipo de maldição! Eu não consigo nem pensar em um nome para mim!
— Então que tal eu te chamar de Guanu?
— Hahahaha. Isso não tem graça. Essa palavra significa comedor de homens ou carniceiro. Você quer me sabotar, não é?
A tatuagem que eu ganhei do Velho Tritão, Nicolau, tinha o poder de me fazer entender qualquer língua desde que tivesse sentido e lógica, essa palavra Guanu, era o equivalente de Ghoul ou Wendigo, eu não sabia se existiam essas palavras, mas ao que parece e entendi, guanu era um comedor de homens.
— Tente me sabotar de novo, que eu matarei vocês dois.
Pensando melhor, já sei o que eu quero. — Quero um nome com ar real e delicado— tento falar com a minha “melhor doçura e inocência”. Ele fazia uma cara de como se estivesse com náusea e considerando nossa situação provavelmente está.
— Desculpe, poderia repetir?
Hey, eu sei que sou um monstro devorador de pessoas, mas isso não me faz ter um gosto ruim. Espere, desde quando eu ligo pra “delicadeza” em nomes?
— Por que nomes delicados são bonitos, não quero algo que saia com tom gutural quando falado, mas que saia com um tom gracioso e cheio de graça. Você pode me dar um nome assim? Se puder, eu perdoo sua tentativa de me sabotar, e nunca mais apareço na frente de vocês. Pode fazer isso? Se não puder, tomarei seu pescoço aqui e agora.
Tentei dar a ele um sorriso meigo, porém tudo que apareceu no rosto dele foi mais uma expressão de náusea, qual é!
— Sim, eu posso — Yes! Yeah! Finalmente, um nome!
— Você não pode— Erika tomava voz, encarando Luji que simplesmente a cortava enquanto olhava para o chão.
— Se eu não o obedecer, ele vai nos matar! Ele já está fazendo isso, não percebe! Quanto mais tempo ficarmos nesse calor infernal, mais próximos da morte ficaremos! Não vê que ele está usando isso para poder nos desidratar, quanto mais tempo hesitarmos, vamos desidratar debaixo desse sol, e morrendo provavelmente! — Me sinto lisonjeado, mas nada disso sequer passou pela minha cabeça. Porém é um bom plano, vou adotar ele nesse instante.
— Não podemos hesitar, temos que chegar na cidade o mais rápido possível! Deixe-me negociar nossas vidas! Eu não quero morrer assim como não quero que você morra! Porra! — Obrigado pela determinação, pena que você não sabe que metade do que você falou não passa de ficção, mas vamos deixar isso como está.
— Você quer um nome, certo? — Dei um aceno com minha cabeça e desfiz meu sorriso, já que Luji aparentemente ficou mais instável por causa dele. — Etria… Saeng… Lumaeri… esses são os nomes que veio a minha cabeça e os mais reais e graciosos que eu conheço. — Eles têm um bom tom.
— Certo, Etria é uma espécie de pedra, eu acho. O que os outros dois significam? — Tudo que minha tradução conseguiu decifrar, é que Etria é uma espécie de pedra. Os outros dois são um mistério.
— Etria é uma jóia rara, ou melhor, um metal precioso, ele é como uma safira envolta de ouro, sua parte azul é tão brilhante quanto uma safira, e sua parte dourada é tão bonita e reluzente como ouro. Saeng é o nome de uma montanha, a montanha da paz, e Lumaeri é o nome de um dragão lendário, um dragão da luz.
— Entendo, Etria uma pedra, um metal raro, Saeng uma “montanha da paz”, e Lumaeri, um dragão da luz. Eu gostei dos três, meu nome será Etria Saeng Lumaeri— Etria, Etria da montanha da Paz do Dragão da Luz era um bom significado de nome, era Real, era gracioso, e caso precisasse, teria apenas que escolher um entre seus nomes graciosos e bonitos. — Certo, vamos em frente!
Eu não sei da onde ele tirou que eles hesitando era uma tática minha para os fazer morrerem desidratados no sol, mas seja como for, funcionou. Agora só precisamos seguir para a cidade, e eu vou sair do cangote deles, e eles do meu. — Etria em, acho que deve ser uma gema bonita. — Realmente havia ficado interessado por essa gema, sua parte azul é como uma safira e sua parte dourada como o outro, como será que é? Eu realmente quero um dia ver uma Etria de perto.
(Algumas horas depois, arredores da cidade)
— Nossa! — Que coisa incrível! Para muitas pessoas isso poderia ser dito, “tá, o que tem de legal ali?” mas para mim, isso era incrível!
Entre as dunas e o vento que levava os grãos pelo ar, tinha uma cidade! Muros altos que a cercam, claro que tinha uma rachadura aqui e ali naquele muro por causa do sol escaldante, mas era incrível.
Um fluxo de pessoas está em frente aos portões, vestidos com túnicas e turbantes, fora cimitarras em suas cinturas e olhos elmos em suas cabeças, eram guardas.
Algumas pessoas mais simples andavam com turbantes e túnicas, geralmente da cor marrom, alguns tinham camelos sendo guiados através da… da… daquela coisa que coloca na boca de cavalos e camelos.
Tinha pessoas de todas as idades e gêneros ali. Pensei que fosse só uma cidadezinha no meio do nada, mas era um forte!
Que incrível, movendo minha visão para o topo dos muros, tinha arqueiros prontos para disparar em qualquer ameaça! Era incrível! Os portões tinham grades de ferros neles, prontas para lacrar a cidade em caso de emergência, wow, isso era coisa grande!
— Vamos, vamos! Quero entrar na cidade! — Corri em direção ao portão, mais animado do que nunca. Uma cidade depois de tanto tempo.
Infelizmente os aventureiros mal conseguiam acompanhar meu ritmo, virando para trás para os encarar, eles estavam muito suados, arfantes e cansados, como eles ficaram assim? Oh, sol escaldante, deserto, calor…. justo.
Esperei eles chegarem até os portões, e seguia com eles, observando eles falarem com os guardas.
Essa vai ser aquelas conversas acaloradas cujo os guardas não nos deixam passar, e eu tenho que mostrar minha força e chamar a atenção de um figurão para me deixar entrar? — Vários cenários fantasiosos percorriam minha cabeça, olhando para os aventureiros com um sorriso inquieto, esperando o grande momento… Mas ele nunca veio.
Realmente, eles só mostraram a identificação de aventureiro deles, ou seja lá o que for para os guardas e falaram que eu era um prisioneiro que eles fizeram contrato no meio da missão, e agora estavam regressando para cá para me levar a guilda… a realidade tende a ser decepcionante.
Como se já não bastasse ser chamado de prisioneiro, ainda não tive meu momento de brilhar. Realmente é mais mundo e menos fantasia aqui.
— Podem passar. — Um guarda alto falou com uma voz grossa e firme, um arrepio passou pela minha espinha. Desde quando guardinhas tem essa força na voz?
Geez, esses caras têm gente forte entre eles, não é como o velho tritão, mas é mais forte que os aventureiros que eu lutei, sinceramente, queria fazer uma simulação agora, mas não tenho tempo para isso.
Entramos na cidade sem muito esforço, um pouco decepcionante. — Então vamos para a… Esperem, o que vocês estão fazendo? — Ambos corriam até uma espécie de vendinha e sem o que fazer, eu os segui.
Essa vendinha estava vendendo… água…? Espere, essa cidade está no meio do deserto eu acho, eles estão vendendo água. Que espertos, se instalaram aqui para vender água para visitantes cansados e sedentos, eles devem lucrar horrores. Mesmo a fantasia não consegue se livrar do capitalismo… Enfim.
Olhando a minha volta, era perceptível que não tinha apenas seres humanos aqui, consegui identificar pelo menos alguns Orcs, e espécies de semi-humanos, eu acho? Os dois aventureiros estavam comprando muita água, geez, eles deviam estar sedentos.
— Finalmente, descanso após tanto tempo — Luji colapsou em suas pernas após beber o vigésimo copo d’água, quanta sede.
— HEY! — Estamos demorando muito. Tsc, aproveitei para ver a cidade enquanto esses dois aventureiros fajutos se acabavam em água.
A cidade é movimentada, a única vez que vi tanta gente assim foi em São Paulo e isso diz muita coisa sobre esse lugar.
Tem muitas pessoas andando de um lado para o outro, com todo tipo de roupa, eu olhei para baixo, vendo que o chão era de arenito, eles haviam gasto recursos para construir isso, especialmente em um deserto.
Os edifícios, como posso explicar… eram bem antigos eu acho, ao menos em estilo. Era como aquelas casas antigas do Egito, elas eram feitas de arenito? Eu sinceramente não sei, mas eram no mesmo estilo.
Há muitos prédios, alguns eu acho que eram casas, outros eram comércio? Eu teria que averiguar para saber. Olho para os lados, dava para ver várias vendinhas com vendedores sorrindo e rindo junto a seus clientes, simpatia é tudo nesse ramo. Em qualquer mundo pelo visto.
Os edifícios, as pessoas, tudo aqui era vivo, diferente do Mar Morto, onde tu era monótono e tinha um tom “morto”.
Era tão estranho ouvir a falação de uma multidão depois de tanto tempo, o Mar Morto tinha apenas um silêncio mortal, por isso eu raramente ouvia barulhos tão alto quanto os balbucios de multidões, isso era até que… calmante? Era estranho ver, ouvir esse tipo de coisa agora. Não conseguia mais ver com os mesmos olhos.
— Hey, Etria, vamos te levar para a guilda. — Luji recuperou sua compostura e finalmente, irei para a Guilda. Yahoo!