Eu, (e) Eu Mesmo e um Mundo Diferente - Capítulo 4
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- Capítulo 4 - Os Estranhos de um Lugar Esquecido
Ariel e Arielle acompanharam os soldados sem dizer uma palavra. Pelo fato de não se entenderem, qualquer coisa que dissessem, de nada adiantaria, e poderia ser arriscado se entendessem da forma errada e complicar ainda mais a situação.
Então, estavam marchando aqueles 6 soldados liderados pelo “comandante” enquanto Ariel carregava o estranho baú.
Apesar do baú não ser tão pesado, ainda era grande e bem volumoso. Isso fazia com que Ariel tivesse muita dificuldade ao se movimentar, já que, por ser forçado, tinha que mover os dois corpos praticamente ao mesmo tempo que levava aquele objeto.
E tinha um problema adicional.
Além daquela dor de cabeça caso os dois corpos abrissem os olhos simultaneamente, havia o medo incondicional do desconhecido. O que era isso? Simples, assim como alguém acostumado a enxergar passa a desacelerar à medida que não consegue ver seu caminho, esse era Ariel, mais especificamente, no corpo feminino.
Diferente das outras vezes que os corpos se movimentavam juntos, dessa vez, não havia corpo segurando o outro, seja pelas mãos, seja na garupa. Mesmo que Ariel conseguisse enxergar, a garota estava tendo que seguir seus passos com os olhos fechados.
Para solucionar esse problema, Ariel passou a contar até 30 segundos e fechava os olhos do garoto enquanto abria os olhos de Arielle. Não que mudasse muito já que ela praticamente estava grudada nas costas dele, mas, por algum motivo, dessa maneira facilitava Ariel continuar o percurso sem se preocupar com “medo do desconhecido”.
No tempo que caminharam pelo vilarejo, Ariel pôde ver que aquele lugar era muito mais do que ele imaginava. Não só de tamanho, mas de “importância”.
A princípio, diante daquela colina e por causa da tempestade, não conseguiram ver mais que algumas casas abandonadas, no entanto, agora de dia e sem neblina, é notável quão grandioso é o lugar mesmo que abandonado.
É possível ver várias casas e quase todas estão destruídas, tal como se um terremoto ou algum tipo de desastre natural tivesse caído sobre o lugar, porém, mesmo com a destruição, em algum momento no passado, essas terras seriam grandiosas.
A caminhada levou vários minutos e enquanto continuavam, Ariel podia ver no horizonte alguns morros e colinas. E nestes lugares, torres e o que restou de algumas estruturas. No lugar mais longe, o que parecia um castelo. Pelo fato de estar em direção ao sol, não dava para ter mais detalhes.
Então, isso seria algum tipo de cidade-forte ou cidade de fronteira? Ariel pensava.
Depois desse caminho, seguindo o que parecia ser aquela estrada principal, os soldados guiaram Ariel e Arielle para fora dos limites da “vila”. Estavam em uma planície, tal qual a que o garoto percorreu depois de sair da floresta. No entanto, essa não dava acesso a nenhuma floresta, pois se continuasse o caminho, provavelmente iria para as montanhas no fim do horizonte.
Depois de um longo declive, nessa mesma planície, o garoto já podia ver o que parecia um acampamento militar feito de diversas tendas brancas e verdes.
Quanto mais se aproximavam, mais conseguiam distinguir os detalhes que cobriam as tendas, as bandeiras e os uniformes dos soldados. Na maior das tendas havia um tipo de bandeira com seu símbolo: uma serpente, uma espada e uma cruz.
Aquilo era um brasão de armas, não tinha dúvidas. Seria esse exército de algum país ou reino? Ariel pensava.
Mesmo chegando a esse acampamento, pelo fato de não saber como seria tratado, sua situação não era reconfortante. Ao menos os soldados não tinham acorrentado seus pulsos e pés, o que era um sinal claro que ele não tinha se tornado um prisioneiro – ou pior, um escravo.
E como Ariel iria se comunicar? Durante o encontro anterior, apenas a palavra “humanidade” pode compreender, porém, em que sentido? Para Ariel, eles eram tão humanos quanto ele mesmo, então, ambos seriam humanos, não?
Analisando sua situação, alguém poderia distingui-lo dos outros?
Quando Ariel observou seu próprio rosto através dos olhos da garota, se reconheceu rapidamente sem problemas. Ainda assim, aquele corpo apesar de magro, era bem definido. Seria isso? Acreditava que não.
Talvez seja a ausência de pelos? Tanto seu corpo quanto o da garota estavam minuciosamente depilados, o que para a época do mundo, seria realmente estranho. Eram eles algum tipo de elfo ou criatura fantástica? Também discordava.
Por último, sua altura? Ariel era claramente mais alto que os outros soldados. Inclusive Arielle era maior que eles. Não que fossem considerados anões ou coisa do tipo, porém, os dois não estavam altos demais em comparação a eles?
No outro mundo, Ariel estava na média de altura dos outros garotos de sua idade, e mesmo sendo norueguês – um dos povos mais altos do mundo – não daria para explicar apenas com isso.
Ariel olhava seus “companheiros” de relance apenas para compará-los a si mesmo.
No final, porque tanto falaram “humanidade”?
Apesar de ser dia e uma bela manhã com sol, os ventos ainda permaneciam frios. Frio suficiente para que, quando atingisse seus corpos, aquela sensação arrepiante dava-lhe diversos calafrios.
Mesmo que a garota estivesse com aquele manto, o frio era intenso. Ou seja, a sensação de frio estava duplicada em Ariel. Ariel e Arielle estavam tremendo tanto quanto acordaram nesse mundo.
“Eles não falaram nada, nem tentaram se comunicar comigo até agora”, pensava enquanto analisava o lugar ao redor. “E agora estão me levando para esse acampamento, o que eles pretendem fazer?”
Ariel e os soldados já estão atravessando por algumas tendas.
Essas tendas são feitas com algum tipo de couro ou tecido grosso. Se considerar o estilo da armadura que os soldados utilizam e a aparência desse material, fortalece a época do mundo como em algum tipo de período medieval, porém, quando Ariel pensa no tablet ou no próprio baú, essa ideia torna-se algo surreal.
De repente os soldados pararam abruptamente.
Por causa dessa parada, Arielle quase empurrou Ariel e o baú, no entanto, no último segundo ele conseguiu se estabilizar antes que os outros notassem sua desventura.
Ariel ficou boquiaberto quando notou mais a frente outros soldados, e não eram poucos. Além dos soldados, havia alguns lagartos gigantes… na verdade, era como se ele estivesse presenciando velociraptors – aqueles dos filmes de dinossauros.
Os animais, além de grandes, estavam sendo usados como verdadeiras montarias. Possuíam selas, rédeas, cabresto e todo o resto que seria utilizado normalmente em cavalos. Essa montaria é comum aqui? Ariel pensava.
Dois soldados montados nesses dinossauros se aproximaram logo após o grupo parar.
— Subtenente Mark! — disse o primeiro a chegar.
Sua montaria era bem formosa.
Aquela criatura possuía um padrão nas suas cores que lembrava vagamente listras em tons de azul e verde escuro, e plumagens nos braços coloridas como arco-íris.
“Então seria assim se a evolução dos pássaros parasse na metade? Ao mesmo tempo que vejo um dinossauro, essa criatura possui penas e um focinho que mais lembra um bico de pato” Ariel pensou.
Apesar daquela beleza exótica, também era possível ver agora com mais clareza seus dentes e garras afiadas. Provavelmente as criaturas lutariam ao lado de seus cavaleiros.
Ariel ficou paralisado de medo por ver algo tão assustador e intrigante, no entanto, nenhum outro homem esboçou algum tipo de reação, positiva ou negativa, o que fez Ariel se perguntar se aquilo era normal nesse mundo.
— Acabamos de chegar — afirmou Mark. — Algo para relatar?
— Sim, senhor.
— Ok, pode falar…
O soldado apesar de claramente desconfiado sobre os dois “estranhos” que o grupo estava escoltando, apenas acenou positivamente e começou a falar:
— Senhor, duas equipes ainda não voltaram do reconhecimento e três tiveram muitas baixas.
— Corruptos? — perguntou Mark.
— Sim, senhor. Os que voltaram vivos nos avisaram que havia um grande número de corruptos de rank rato e lobo. Eles até comentaram que, entre eles, também havia alguns de rank tigre.
— Tigre? — disse Mark surpreso. — Como eu imaginei, isso só pode ser a Corrupção.
— Senhor, ainda tem mais.
— Mais notícias ruins? — questionou Mark.
— Sim.
— Ok, pode desembuchar.
— Um dos grupos que retornaram comentaram que não encontraram nenhum corruptor, mas, havia algum tipo de instalação estranha que eles nunca viram antes. Diziam que era coisa de outro mundo ou algo feito pelos deuses.
Assim que o soldado disse aquilo, Mark olhou para o baú e depois para Meriad.
Meriad, entendendo a situação, retirou da bolsa o tablet que tinha pegado do Ariel e estendeu para que Mark o pegasse. Mark, por outro lado, caminhou até o novo soldado e levantou o objeto na altura dos seus olhos, dando uma analisada rápida e erguendo em direção ao soldado montado.
— Algo desse tipo? — perguntou Mark com o objeto em mãos.
— Apesar de não ter visto, senhor, creio que é tão estranho quanto.
— Certo. — Mark entregou o tablet para Meriad novamente e apontou para Ariel e Arielle. — Cabo Willian, como você pode ver, nós trouxemos dois estranhos da floresta… ou melhor, de dentro da Antiga Capital.
— Sim, senhor.
— E agora estamos procurando pela Juliet — afirmou Mark. — Sabe onde está a escrivã Juliet?
— Senhor, ela está na tenda ao sul — disse Willian apontando para o local.
— Na tenda dos azuis? — questionou Mark.
— Isso, senhor.
— Ok. — Mark deu alguns passos para trás, se aproximando de Ariel e Arielle, encarou eles e depois voltou sua atenção para Henrix. — Escolte os dois até Julliet. Mesmo no acampamento, você deve protegê-los.
— Eu ainda preciso ser babá dos dois? Corta essa…
— Sim, precisa. — Mark se afastou dos dois e voltou a ficar na frente do grupo. — Não sabemos o que está acontecendo e se há tantos monstros assim, é certeza que uma hora ou outra isso se tornará um inferno. — Deu um longo suspiro antes de continuar: — Estou contando com suas habilidades para protegê-los.
— Temos muitos soldados aqui, tão habilidosos quanto eu — respondeu Henrix.
— Não se faça de idiota agora. — Mark apontou para Henrix. — Toda essa exploração não resultou em nada que possa nos ser útil. Agradeça aos deuses que encontramos esses dois e talvez eles tenham a resposta que precisamos.
— Fazer o que então — reclamou Henrix.
Mark olhou para James que ainda estava com as mãos no nariz, segurando o remendo que fizeram para evitar o sangramento. Ainda que rindo da situação, falou:
— James, é melhor ir até Lenia antes que isso piore. Você não vai querer enfrentar os corruptos com o nariz desse jeito.
— E de quem é a culpa? — disse James encarando Henrix.
— Não importa, se ela pode curá-lo, vá e pronto — afirmou Mark.
— Ok, senhor. — James começou a andar e assim que se afastou do Henrix, gritou: — Saiba que isso terá retorno, desgraçado.
— Vou te esperar sentado para não me cansar — respondeu Henrix.
Mark, vendo aquela situação, fez um sinal negativo e cruzou os braços. Depois, encarou Henrix enquanto falava:
— E você pare de pôr mais lenha na fogueira. É uma criança por acaso?
Henrix, por outro lado, apenas se espreguiçava como alguém que tinha acabado de acordar. Também deu alguns passos ao lado daquele lagarto antes de responder:
— Você não tem um principezinho para tratar? Ou vai deixar o coitado esperando?
— É, ainda tenho esse “almofadinha” para tratar. De qualquer forma, nós nos separaremos por enquanto. Meriad, entregue o objeto estranho para Henrix. E, Henrix, tente descobrir o que diabos são estas coisas.
Ariel não tinha ideia do que eles estavam falando, porém, suas ações deixavam claro que estavam discutindo entre si. Além disso, quando o tal “comandante” pegou o tablet e mostrou para o outro soldado, deu a entender que estavam falando sobre aquela tecnologia, ou pior, dele e da garota.
Quando a discussão terminou, o comandante levou consigo os outros soldados. Enquanto isso, os dois novos soldados montados e aquele mais nervoso agora estava com ele e a garota.
Willian, o soldado que deu as más notícias, logo fez com que sua montaria começasse a se virar e enquanto ela o fazia, abaixou-se para ficar próximo do Henrix.
— Diga aí, Henrix. De onde vocês arranjaram esses dois?
— Estavam perto da Floresta do Pesadelo — respondeu Henrix.
— E por que estão nus? — questionou Willian.
— E eu vou saber, porra? Não faço a mínima ideia. — Henrix olhou para Ariel e Arielle, e depois de um tempo, virou-se antes de continuar: — Pivot acha que ela é uma bruxa… Aquele maluco.
— Bruxa? Das antigas lendas?
— Sim. Você não acredita nessa palhaçada, né? — resmungou Henrix.
— Não. No entanto, se estamos falando do Antigo Império, então aí o assunto é mais delicado.
— Sim, algo do tipo — afirmou Henrix andando para o lado que Willians tinha apontado.
— E o rapaz? Pensei que apenas mulheres poderiam ser bruxas…
— Sei lá… um mago negro? — disse Henrix.
— Além disso, eles são bem altos, não?
— Ei, Willian, dá para parar de me fazer perguntas? Eu não sei quem são eles!
— Oh, me desculpe Henrix, não achei que a garota o deixaria tão estressado assim!
— Como é? — questionou Henrix, cerrando os punhos.
— Não se preocupe, o assunto morreu — brincou antes de fazer com que sua montaria continuasse a seguir o caminho.
O outro soldado que estava montado não tinha falado nada até então.
E, apesar do lagarto ser bem mais alto que um cavalo, aparentemente os dois não se importavam em conversar com aquela diferença de altura.
Ariel e Arielle ficaram no meio enquanto à frente e atrás os soldados com dinossauros. Henrix estava ao lado do Willian.
Como esses homens não possuem problemas ao andar do lado de feras tão perigosas? Pensava, Ariel.
Durante o novo percurso e até mesmo quando entraram naquele acampamento, muitos soldados os acompanhavam com seus olhares furiosos. Alguns demonstravam certa curiosidade, receio, e até medo, porém, outros também demonstravam furiosos com suas presenças.
Não faziam questão de esconder suas carrancas e olhares raivosos, então, por quê? O que Ariel fez? Mesmo se perguntando, os soldados não desviavam a atenção e isso continuou até que, em um lugar mais afastado do acampamento principal, eles chegaram em uma das últimas tendas daquele perímetro.
A tenda era maior que as outras e possuía algumas faixas em azul – o contrário das faixas verdes da maioria das outras tendas – e, além disso, uma grande bandeira.
A bandeira também era azul e possuía uma espécie de pássaro que lembrava Ariel uma águia, e tal animal estava em meio de alguns raios em um círculo de poder. Esse símbolo também o lembrava de um brasão de armas, ou seja, seria uma nova família ou reino? Seu sentido de jogador apitava novamente, o que ele poderia encontrar aí?
“São emblemas diferentes… o que significa que a pessoa ou grupo responsável por essa tenda é diferente do restante desse acampamento, porém, não vi nenhuma outra tenda ou soldados com cores diferentes” pensou Ariel enquanto se aproximava da tenda.
Os soldados montados deram uma acelerada nesse ponto, ficando na frente de Ariel e Arielle. Henrix ficou de lado. Eles faziam um sinal para que parasse de se movimentar.
— Ele nos entende? — perguntou Willian.
— Não. — Henrix negou, porém, depois de um tempo, complementou: — Quero dizer, talvez algumas palavras ou gestos.
— Certo, essa é a tenda azul. — Willian “cavalgou” por um breve momento na frente da entrada da tenda e depois voltou à posição inicial. — Se estão procurando Juliet, ela deve estar aí junto com os outros pesquisadores. Espere um momento, irei ver…
Antes que Willian pudesse desmontar da montaria, um homem barbado saiu de dentro da tenda.
Esse homem possuía um uniforme diferente dos soldados e com certeza não era um combatente da linha de frente. Na verdade, para Ariel, aquele homem seria algum tipo de estudioso ou pesquisador. Seria esse os “escolares” que estudam magia? Questionava Ariel.
Além da diferença no uniforme, diferente dos soldados, tal senhor usava um manto longo e escuro. Nas bordas um degradê que partia do preto ao azul celeste e, em contrapartida com aquela escuridão, havia pequenas estrelas de cinco pontas criando um tipo de textura que lembrava um céu estrelado.
O senhor se aproximou e aguardou o soldado desmontar do dinossauro.
— O que há com esses dois? Quem são eles? — perguntou o velho.
Henrix que estava do outro lado, também deu alguns passos se aproximando de Willian e agora desse velho. Antes, de braços cruzados, agora os soltava, gesticulando e apontando para Ariel e Arielle.
— É isso que viemos descobrir — respondeu Henrix.
— Descobrir? Como assim? — perguntou o velho.
— Espere, Henrix, deixa que eu falo com ele.
— Não precisa Willian, não vamos perder mais tempo — argumentou Henrix, ficando na frente e puxando liderança da conversa. — Alguns dos meus companheiros acreditam que eles falam humanidade, ou algum outro idioma perdido.
— Humanidade? A língua morta, esquecida a milhares de anos? — comentou o velho fazendo sinal de negação. — Está de brincadeira, criança? Como acha que isso seria possível?
— Ei, velho! Você é o estudioso nessa porra, né? — disse Henrix irritado. — Se não tens a resposta, chame Juliet! Aliás, viemos por causa dela, não de você.
O velho que antes estava com uma expressão de descrença, logo tomou um semblante de fúria.
— Acalme-se, Henrix. — Willian interveio já que o garoto logo estourou. — Por isso eu disse para você me deixar falar.
— Mas, que insolência! — gritou o velho. — Garoto, tu sabes quem eu sou? Como ousas falar assim com o conselheiro do Rei Richard Enderwill IV!
— Richard… o quê? — disse Henrix de maneira sarcástica.
— Seu…
— Espere, senhor Pann. — Willian tentou tranquilizar o Pann e logo se virou, afastando Henrix com as mãos. — E você também, Henrix. Não é momento para começarmos uma briga interna.
— Briga? Só quero que ele chame a Juliet, e é isso — afirmou Henrix.
— Acalme-se Henrix, mesmo que você não goste dele, tem que respeitar sua posição — disse Willian colocando as mãos nos ombros de Henrix tentando acalmá-lo.
Pann que estava ali, começou a apontar para Henrix e balbuciar:
— Espera…. Só isso? Quem desafia o rei e seu conselheiro será considerado um traidor…. Ele tem que ser punido com a morte! — gritou Pann.
Willian, vendo que a confusão já tinha sido iniciada, foi até a direção de Pann, falando baixinho com ele:
— Não precisa chegar até esse ponto, senhor Pann. Eu entendo que esse rapaz não tem nenhuma educação, porém, até você reconhece os Skarliat, certo?
— Oh? — disse surpreso e logo encarou Henrix de cima para baixo, depois, voltou sua atenção para Willian, respondendo-o: — Então, é esse infeliz “àquele” dos rumores? Como uma criança tão mal-educada seria o Deus da Espada?
— É difícil acreditar, certo? Mas, posso afirmar que eu vi suas habilidades e elas estão acima de qualquer outro soldado do exército. Ouso dizer que até mesmo no nível dos Espadachins Divinos — comentou Willian.
— Certo… certo, eu entendi — afirmou Pann.
— O que há com esse papo furado aí? Por acaso se tornaram ótimos amigos? — questionou Henrix nervoso por ser deixado de lado na conversa.
— Tudo bem. Vou deixar essa situação passar, dessa vez. — Pann, após falar, logo se direcionou para a tenda, entrando nela enquanto lançava murmúrios ao vento.
— O que há com esse velho? — perguntou Henrix cruzando os braços novamente.
Willian aguardou que Pann entrasse na tenda antes de voltar sua atenção para Henrix. Ele suspirava e fazia um sinal negativo antes de responder:
— Você não precisa buscar confusão para todos os nobres, Henrix.
— Oh, caralho, tu não viste? Eu apenas perguntei onde estava a Juliet.
— Sim, e enquanto perguntavas, também aproveitou para ofender o senhor Pann?
— Talvez um pouco, sabes como eu não me dou bem com esse tipo.
— De qualquer forma, Henrix, eu peço que não deixe seu poder subir à cabeça. Não é porque eles são nobres que são como aqueles outros, ok?
— Ok, ok. Tudo bem, Willian.
— Eu preciso voltar, ainda preciso enviar mensagens para os outros destacamentos.
— Virou um garoto de mensagem, é? — perguntou Henrix ironicamente.
— Fazer o que, o que falta em habilidades, ao menos, tenho em carisma.
Os dois riram por um momento.
Ariel não estava entendendo nada, porém, para ele, os dois pareciam se entender quase como irmãos. Ao mesmo tempo que estavam brigando e discutindo, logo estavam rindo e brincando.
— Ainda assim, seria prudente deixá-los sozinhos aqui?
— Sozinhos? Ainda estou aqui. Querendo ou não, Mark pediu que eu fosse babá dos dois.
— Ok. Entendo que, de todos aqui, você seria o mais capaz de protegê-los ou de nos proteger, porém… Só tenha cuidado, Henrix. Nem eu ou você sabemos o que eles são capazes. Mark está otimista em relação a eles e talvez sejam capazes de nos explicar alguma coisa.
— Sim… até eu entendo que se isso for uma Corrupção de verdade, precisamos acabar com ela antes que se espalhe.
— Pegue isso. — Willian entregou o tablet para Henrix. — Se vai esperar a Juliet, entregue isso para ela. Qualquer coisa sabe onde me encontrar.
— Tudo bem.
— E… Henrix, tente não fazer de todos os nobres seu inimigo, ok? Já basta os corruptores destruindo nossas casas, você não gostaria de ter a equipe de suporte conspirando contra você.
— Sim, eu sei, Willian.
Willian então montou no seu dinossauro e partiu em direção ao centro do acampamento. O segundo soldado o seguiu ainda sem dizer nenhuma palavra.
Ficaram na frente da tenda Ariel, Arielle e Henrix.
— E agora? O velho entrou resmungando, porém, não deixou claro se iria chamar a Juliet. Devo entrar e procurar por ela eu mesmo? — Henrix parecia falar consigo mesmo e vendo Ariel ainda segurando o baú, foi até em direção a ele. — Deixa essa porra no chão. Ficar o vendo segurar isso está me dando nos nervos.
Apesar de Ariel não reconhecer tais insultos, para ele aquele soldado queria pegar o baú para levá-lo até outro lugar. E entendendo isso, quando Henrix se aproximou, Ariel fez menção de entregá-lo a Henrix.
Mesmo Henrix odiando tudo aquilo, decidiu pegá-lo.
Quando Henrix colocou os braços para pegar o baú, Ariel o soltou achando que o outro garoto iria conseguir segurá-lo. No entanto, o objeto não só caiu no chão como destruiu parte do terreno criando uma pequena cratera.
Como Henrix era habilidoso conseguiu tirar seus braços e seu corpo antes que o objeto caísse sobre ele.
Ariel e Henrix ficaram perplexos pelo que tinha acontecido até então e depois de voltar a si, Henrix sacou sua espada, apontando para Ariel.
— Porra! O que foi isso? — gritou Henrix. — Você queria me matar, seu filho da puta?
Ariel deu alguns passos para trás devido ao susto e tanto ele quanto Arielle caíram um sobre o outro. Ariel levantou suas mãos de maneira que estava tentando se proteger e enquanto o fazia, começou a gritar:
— Não sei o que aconteceu, eu juro! Não tive intenção!
Os dois não estavam se entendendo, porém, os dois estavam gritando.
— Quero ver você fazer isso novamente, vou cortar seus braços! — Henrix ergueu a espada enquanto Ariel fechava seus olhos.
Antes que Henrix o atacasse, uma voz pode ser escutada de dentro da tenda, a princípio, mas logo se repetia já fora de lá:
— Ele disse que não teve a intenção!
A voz era feminina.
— E você seria… — disse Henrix enquanto olhava de lado, ainda com a espada sobre a cabeça em preparação de seu golpe.
— Que rude de sua parte… afinal, é você que estava me procurando — disse a garota enquanto se aproximava da cena. — E não vai abaixar essa espada?
— Você é a Juliet?
— Sim. Me chamo Juliet, a nova escrivã dos Raios de Rapina.
— Você? — Henrix se virou por completo e guardou sua espada e depois disso, deu alguns passos encarando de baixo para cima enquanto andava ao seu redor. — Você é a escrivã? Uma garotinha como você?
— O que é isso? Pare com isso! — disse Juliet, se afastando de Henrix. — Qual é essa atitude debochada?
— Bem, ouvi tantas coisas sobre você durante a excursão que… sabe… pensei que seria uma velha caduca e louca por livros.
— Que rude! Não ache que por ser um Skarliat lhe dá um direito de ser um babaca. Saiba que eu ainda estou acima de você aqui, soldado!
— Que seja… — Henrix fazia um sinal negativo. — Olhe, eu não pedi para estar aqui.
— Ótimo. Então saia e vá latir para outro lado!
— Como é que é, pirralha…
A entrada da tenda abriu outra vez e dela surgiu uma mulher. Essa não era só mais alta como aparentava ser mais velha que Juliet. Apesar de estar trajando o mesmo uniforme que o velho de antes, essa tinha uma aura mais intimidadora.
— Senhora Cristine! — gritou Juliet. — Esse sujeito… ele… — Antes que continuasse, Juliet foi interrompida por Cristine.
— Acalme-se, Juliet. Eu conheço a fama desse rapaz. Tanto das suas habilidades em combate quanto a falta de educação. Se eu fosse você, nem perderia tempo discutindo com ele.
— Você também quer arrumar briga? — comentou Henrix.
— Se não queres ficar aqui, eu peço que te retires, amaldiçoado. — disse Cristine em um tom ameaçador. Ariel por um momento acreditou que seus olhos ficaram brilhantes como mágica.
— … — Henrix ficou em silêncio, cerrando os punhos com muita raiva.
— Ótimo, um pouco de silêncio nesse momento de caos. — Cristine andou até Juliet e pôs a observar os dois estranhos. — Por isso eu disse para não se envolver diretamente com os soldados, Juliet.
— Eu entendo, senhora Cristine, me desculpe.
— E o que temos aqui?
Ariel e Arielle ainda estavam no chão observando toda a cena, e apesar de não entenderem os significados de suas palavras, aparentemente a mulher mais velha conhecia algum tipo de segredo para acalmar o garoto nervoso, fazendo-o se comportar.
— Meu avô disse que eles foram encontrados lá fora, certo?
— Senhora Juliet, chame seu avô de Senhor Pann ou Primeiro Conselheiro Pann enquanto estiver de serviço.
— Me desculpe.
Cristine se aproximou um pouco de Ariel e olhou para Henrix.
— Garoto, quem são eles? — perguntou Cristine.
— Não sabemos, por isso o trouxemos aqui — respondeu Henrix.
— Eles são realmente grandes, não achas, Senhora Cristine? — perguntou Juliet. — Será que sofrem de gigantismo?
— Não parece ser o caso, pois seus corpos são bem proporcionais. No entanto, sem testes especializados, não há por que fazer suposições agora.
— Certo.
— Você entendeu o que ele disse antes? — perguntou Cristine encarando Juliet.
— Sim, um pouco. É incrível que eles falem humanidade. Eu disse que isso não era perca de tempo! — afirmava bem feliz.
— Bem, se eles estão usando uma língua morta, não seria surpresa aparecerem na Antiga Capital. As lendas, apesar de vagas, citam o Antigo Império como lar dos Esquecidos, certo?
— Sim, senhora Cristine.
— Ok, pergunte a eles seus nomes.
Juliet confirmava a cabeça e andava até se aproximar um pouco mais de Ariel. Ela estava diante dele e do baú.
Henrix, por outro lado, se afastou e apoiou as costas em alguns caixotes, pondo a observar a cena à distância.
Ariel observava aquela criança indo até ele. A tal “criança” possuía cabelos longos e volumosos, separados por duas tranças. O cabelo tinha uma coloração meio esverdeada com tons dourados na base e em algumas mechas. Seus olhos eram azuis e grandes, o que ressalta ainda mais sua aparência “infantil”.
Ela se ajoelhou e ficou de frente para Ariel, tentando se mostrar alguém compreensível. Apesar do baú estar entre eles, ainda era possível ver seus rostos sem dificuldades.
— Me chamo Juliet. Você consegue me entender? — perguntou Juliet.
Pela primeira vez, desde que acordou nesse mundo, Ariel estava escutando alguém falar inglês que não fosse ele mesmo ou sua contraparte feminina. E isso lhe atingiu mais do que esperava.
— Sim… eu… — Ariel começou a lacrimejar. — Eu entendo.
— Oh, você está ferido? Aquele homem o feriu? — perguntou Juliet surpresa pela reação do Ariel.
— Não… apenas feliz. — Enxugou o rosto e sorriu pra Juliet e com uma pausa continuou: — Feliz por ser capaz de conversar com alguém, finalmente.
— Entendo. O meu domínio desse idioma é bem básico, então, me desculpe se eu não conseguir entender algumas palavras. — Juliet estava falando inglês, no entanto, para os outros esse era a tal “humanidade”. Ela tentava gesticular com as mãos para facilitar no entendimento. — Qual é o nome de vocês?
— Me chamo Ariel… — por um momento Ariel pensou se seria prudente explicar sobre sua situação, mas, com medo, fingiu que a garota era uma pessoa diferente — e essa aqui se chama Arielle.
— Nomes bonitos… Conversar aqui fora pode ser um pouco complicado, então, por que não me acompanha? — Juliet apontava para a tenda.
— Tudo bem — respondeu Ariel.
— Essa mulher se chama Cristine, Cristine Daveha. O senhor de antes se chama Pann Marfinne, meu avô.
— Senhora Juliet, tenha cuidado em não revelar informações desnecessárias para eles, pois ainda não sabemos se eles são nossos inimigos ou aliados — comentou Cristine.
Juliet apenas confirmou e se levantou, estendendo as mãos em direção a Ariel para que ela o ajudasse a se levantar.
— Certo, Ariel, levante-se. Vamos entrar.
Como o baú estava diante de Ariel, Juliet não tinha percebido seu estado. Para ela, o garoto só estava sem camisas, porém, quando Ariel se levantou, ela pôde ver seu grande “garoto” de um ângulo privilegiado.
— AH! — gritou Juliet. — Por que você está pelado!?
Juliet virou-se de lado e Cristine também ficou surpresa.
Ariel que até então tinha se acostumado com os soldados o ignorando, ao perceber que as garotas estavam levemente envergonhadas e evitando o encarar, cobriu suas partes íntimas.
— Me desculpe! Acabei me esquecendo da minha situação.
— Tá, tá, mas esconda esse monstro! — disse Juliet cobrindo o rosto.
— Com o que? — perguntou Ariel.
— Não sei, pegue o manto que está atrás de você. — Juliet apontou para atrás de Ariel.
Ariel pegou o manto sem pensar duas vezes, no entanto, isso revelou o corpo da Arielle que estava agachada atrás dele, também nua.
— O quê? Ela também está pelada? — resmungou Juliet.
— O que está acontecendo aqui, Henrix? — perguntou Cristine.
— Oh, quem sabe? Encontramos os dois próximos a Floresta do Desespero e já estavam assim quando os encontramos. Se a garotinha aí consegue dialogar com eles, então é ela que vai nos dizer o que está acontecendo.
— Não me chame de garotinha! Eu tenho nome, ok? É Juliet!
Henrix deixou de se apoiar nas caixas e se aproximou da Juliet.
— Viu? Uma criancinha… O que foi? Nunca viu um homem nu na vida? — Ele fez um sinal de descaso e olhou para a tenda. — E pensar que eles trariam uma criança para o meio de uma excursão.
Ariel não conseguia entender a discussão já que passaram a falar naquela língua estranha, no entanto, quando uma corrente de ar frio atingiu suas costas e a da garota, voltou a ter aqueles calafrios de antes.
— Juliet… será que vocês podem me arranjar algo para vestir? — perguntou Ariel, envergonhado.
— Oh, me desculpe Ariel… certo, eu vou…
— Acalme-se, garotas. — Veio a voz de dentro da tenda. — Aqui, entregue isso para eles.
Era o velho Pann.
Ele tinha saído da tenda e carregava consigo algumas peças de vestuário. Cristine, observando-o se aproximar, perguntou:
— Senhor Pann. O que você acha? Acredita que eles possam estar envolvidos com a Corrupção?
— Mesmo que eles não estejam envolvidos, só o fato de aparecerem nessa região dessa forma, podemos tirar algo deles — respondeu Pann.
Juliet pegou aquelas roupas e entregou para Ariel.
— Obrigado, Juliet — Ariel agradeceu.
Pareciam roupas de pacientes de um hospital. Coletes em forma de vestidos cuja partes traseiras eram desprotegidas contra os ventos e o frio. Ao entrar, eles seriam tratados como cobaias? Ariel se questionava, porém, logo se vestia e entregava o outro para Arielle.
Ainda não era capaz de controlar os dois corpos ao mesmo tempo e por isso ele se agachou, ajudando-a a se vestir enquanto que “fingia” ajudar. Na verdade, ele fora obrigado a trocar a consciência com o corpo feminino para ter os movimentos dela.
— Desculpe por isso, não havia roupas dos seus tamanhos — respondeu Pann.
Ariel olhou para Juliet esperando que ela explicasse o que aquele velho tinha dito.
— Ele está pedindo desculpas por não ter roupas apropriadas para vocês.
— Isso? Não se preocupe. Agradeça ele por nós.
Juliet afirmava e comentava com seu avô, ele, por outro lado, apenas fazia sinais para que os dois se preparassem para entrar na tenda.
— Certo. Peça para que ele e a garota entrem na tenda o quanto antes. E… Que traga esse baú — Apontava para o baú. — O chão não estava dessa forma quando o vi pela primeira vez.
— Alguma coisa deve ter acontecido — respondeu Cristine.
Henrix, vendo eles falarem do baú, comentou:
— Não sei o que aconteceu, mas o baú é muito mais pesado do que parece. Eu mesmo não consigo carregá-lo.
— E então, como ele veio parar aí? — perguntou Juliet.
— Simples, não? O garoto o trouxe consigo — comentou Henrix.
— E ele conseguiu levantá-lo? — perguntou Cristine.
— Sim — respondeu Henrix.
— Ele não está mentindo, Cristine. Eu mesmo o vi antes, estava sobre seus braços sem nenhum tipo de esforço ou dor. Se ele o carregou até aqui, então não seria problema pedir para que ele leve o baú para dentro — afirmou Pann.
— Certo, eu entendi — confirmou Cristine.
— Ariel, meu avô pediu que vocês entrem na tenda e que tragam o baú.
Ariel concordou e pegou o baú, levantando-o sem problemas. Todos o encararam por um momento e ele, sem saber o que aconteceu, perguntou:
— O que foi, Juliet? Por que todos me encaram?
— Você não está entendendo?
— Não, o que eu deveria entender?
— Esse baú, ele… rachou o chão ao cair, certo? Você não acha estranho? Por que você está levantando tão facilmente?
Ariel olhou para o objeto e para o estrago que ele fez no terreno e percebendo isso, ele respondeu:
— Não sei explicar… Os outros soldados também não pareciam ser capazes de mover o baú.
— Então você não saberia explicar… — resmungou Juliet, mas, logo continuou: — Tudo bem, só vamos entrar.
— Certo — afirmou Ariel.
Arielle se levantou e se apoiou nas costas do Ariel. Dessa forma ele poderia continuar se movimentando igual as outras vezes.
Ela estava com aquelas roupas e com o manto e pelo jeito, o corpo feminino era ainda mais friorento que o masculino, então, se o vento continuasse atingindo-a daquela forma, poderia causar confusão para os dois.
Henrix, observando que todos começaram a se mover para a entrada da tenda, logo fez menção de avançar, porém, quando Juliet o percebeu, impediu que continuasse.
— Já basta, soldado. Você fez seu trabalho bem e agora pode sair. Sua ajuda não é mais necessária.
Henrix fez um sinal negativo e estalou a língua.
— Achou que eu era apenas um entregador? Não. — disse enquanto se aproximava da Juliet, ficando parado bem na frente dela e forçando-a a olhar para cima para encará-lo diretamente nos olhos. — Mesmo eu não querendo, me pediram para vigiá-los bem de perto, se é que você me entende. Ou seja, eu também vou entrar, você queira ou não.
Juliet sentiu-se ameaçada pela aquela aura intimidadora e deu alguns passos para trás, se afastando de Henrix, e olhando para Cristine, perguntou:
— Senhora Cristine? O que devemos fazer?
— Se ele recebeu ordens diretas de seus superiores, não há nada o que possamos fazer, Juliet.
— Certo. Mas, não se esqueça, aqui eu estou acima de você na hierarquia, isso você consegue entender? — afirmou Juliet com convicção.
— Não se preocupe… não quero te tirar do seu mundinho…
— Seu…
— Já basta, crianças. Mesmo que os dois não entendam o que estão discutindo, não acham que toda essa cena… É indevida para mostrar aos nossos estranhos e misteriosos visitantes?
— Me desculpe, vovô.
— Senhora Juliet, tenha… — Cristine começou a falar quando foi interrompida pelo Pann.
— Tudo bem, senhorita Cristine, eu não me importo, apenas vamos entrar.
Todos confirmaram e começaram a entrar. Ariel e Arielle foram logo em seguida e por último Henrix. E então, o que Ariel conseguiria descobrir agora que encontrou alguém capaz de entender suas palavras?
Nada disso estava fazendo sentido, porém, para ter tantos soldados em um acampamento daquele jeito, era claro que eles estavam se preparando para algum tipo de batalha.
Seria essa Juliet capaz de sanar todas suas dúvidas? E ele poderia confiar nesses humanos a ponto de explicar o que estava acontecendo e de onde ele veio?
De qualquer forma, as coisas deveriam prosseguir lá dentro, para o bem ou para o mal.