Guerra de Deuses - Capítulo 16
Arskan continuava sentado naquela mesma rocha no centro da Clareira. Sentou-se para ver quais itens havia recebido como recompensa, mas dois problemas lhe olhavam.
Um cara parado feito um gangster do seu lado esquerdo e uma menininha pequena e branca agachada do lado direito.
— Ele é sempre calado assim? — Ela dirigiu-se a Kyler.
— Sempre. Faz essa cara de bunda e finge que não está escutando.
— Hm. Será que ele tomou uma porrada na cabeça quando era criança?
— Acho que sim.
De repente, ambos sentiram um arrepio percorrer as costas e viram a fera lhes olhando. Abaixaram a cabeça e pararam de reclamar.
Arskan suspirou e voltou sua atenção aos itens que recebeu. A primeira onda tinha recompensas melhores que a segunda, por isso não se importou muito.
Primeiro, ele encontrou um pequeno anel de prata com algumas gravuras. Aparentemente era um anel com nada de especial, mas esse era um item incomum.
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[Visualizador de Status]
Nome: Anel de Keiran | Tipo: Anel
Grau: Incomum | Maestria: E
Durabilidade: 30/30
Efeito:
Inteligência +2
Pequeno Aumento na Recuperação de Mana
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— Muito bom — comentou.
Ele também gravou o nome Keiran. Este homem era um famoso artesão dos tempos antigos que acabou morrendo há muito tempo.
Seus itens, principalmente aqueles que fez durante seu período como iniciante, poderiam ser encontrados pelo Tutorial.
Para um item incomum, ele era pior que as botas, mas era um Anel. Arskan poderia usar até 8 anéis, então era inevitável que não seria tão incrível.
O próximo era o item especial. No primeiro dia, a recompensa especial foi os seus Olhos Mágicos. Esperava que recebesse algo naquele nível.
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[Visualizador de Status]
Nome: Orbe de Água | Tipo: Orbe
Grau: Incomum | Maestria: S
Durabilidade: 200/200
Efeito:
Produz um pequena quantia de água infinitamente
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— Ah.
Arskan não poderia dizer que não era útil. O Orbe era todo azul e cabia na palma da mão dele.
Ele sugava mana do ar e produzia água pela superfície. Era uma quantidade pequena mesmo.
— três litros ao dia? Talvez menos.
Outro suspiro vazou da boca de Arskan. Precisaria procurar por um Jarro ou coisa do tipo para guardar a água criada.
O último foi a comida dada pelo sistema. Um monte de pão duro que não estragava pelo ambiente.
Pegou um pão e colocou na boca. Quase desejou chorar. As lembranças da deliciosa carne desapareciam conforme mastigava o pão duro.
Kyler não segurou as lágrimas e chorou feito um bebê.
— Isso é ruim demais! — exclamava ele.
Natália também comia com desgosto, mas não reclamava.
Após comerem, Arskan puxou o par de chifres do touro furioso. A cor branca foi substituída por um cinza pólvora.
— Me arranje uma pedra — pediu ao arqueiro.
Kyler achou estranho, mas logo foi buscar.
— O que você vai fazer? — perguntou Natália enquanto observava com olhos atentos a ação do homem.
— Transformar isso em um pó.
— Um pó?
Kyler retornou com um monte de pedras e Arskan escolheu uma que servia.
Pegou o objeto e começou o seu processo. Buscou um ponto adequado para que não perdesse os matérias e começou a quebrar os chifres.
O calor tornou-os mais frágeis e quebradiços. Alguns minutos depois, havia apenas uma grande quantia de um pó cinza.
Ele rasgou mais um pedaço da calça que usava e guardou a maior parte do pó em um saco bem cheinho.
Em um momento de distração dele, Natália foi até a pedra onde realizou o processo e passou o dedo no pouco restante que havia ali.
Quando estava prestes a tentar sentir o cheiro, foi interrompida pelas mãos de Arskan.
— Não faça isso. Limpe as mãos. Esse pó é extremamente perigoso.
A garota logo limpou o dedo na roupa e Arskan explicou do que se tratava aquele pó cinza.
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[Visualizador de Status]
Nome: Pó da Fúria | Tipo: Ingrediente
Grau: Comum | Maestria: C
Durabilidade: 10/10
Efeito:
Ingrediente para Poções
Ingerir ou respirar o pó faz o usuário entrar no modo de [Fúria]
Cuidado! Extremamente Viciante
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— Por que você está andando com isso por aí?
— É um ingrediente e pode ser útil.
— Útil? Para quê? — Kyler achava ele louco.
— Monstros em estado de Fúria dão recompensas melhores.
Terminado a chatice habitual, reuniu suas coisas e foi na direção da floresta, mas desta vez convidou-os para ir juntos.
Kyler e Natália se olharam, deram de ombros e seguiram.
A Floresta era sempre muito densa e não tinha nem um ponto de referência em especial, então era extremamente fácil se perder.
Andavam com calma e próximos uns dos outros.
— Façam silêncio. Estão logo à frente.
— O quê?
— Goblins — murmurou Arskan.
Como disse, havia um pequeno grupo de cinco. Eles estavam sentados no chão em um semicírculo.
Arskan sorriu ao ver um jarro de barro perto deles.
Pegou o saquinho da mochila e um pouco de pó. Colocou em uma das flechas e pediu que Kyler acertasse a perna de um deles.
O arqueiro seguiu o pedido e mirou na coxa. Ele não colocou muita força na corda e acabou fazendo apenas um corte superficial.
Os goblins imediatamente ficaram atentos e de pé. Pegaram suas armas, mas nada aconteceu. Depois de alguns minutos, perderam o interesse e voltaram a sentar.
Pouco tempo depois, viram um dos seus companheiros, aquele ferido pela flecha começar a agir descontroladamente.
A pele dele ganhou mais cor, veias saltaram e os olhos perderam o foco. Começou a se irritar com facilidade e a ficar impaciente.
Quando chegou ao ponto máximo, ele se irritou com um dos companheiros barulhentos e começou a espancá-lo.
A raiva era tanta que pegou uma pedra e bateu várias e várias vezes contra a cabeça do indivíduo. Ao ponto do crânio se abrir e a massa encefálica começar e vazar.
No meio da mata, Natália vomitou todo o pão que comeu.
— Você está bem? — questionou Kyler, preocupado.
A garota acenou com a cabeça e limpou o rosto. Agradeceu Arskan por tê-la impedido de ficar assim.
— É realmente brutal. — Ela comentou.
— Vamos. Eles cercaram o furioso.
De volta ao caos, a cena tinha avançado um pouco no tempo. Dos cinco, restaram apenas dois.
O Goblin Furioso todo machucado e prestes a morrer e um outro que respirava pesado enquanto perfurava o peito do antigo amigo.
O furioso ergueu a mão tentando agarrar o pescoço do outro, mas logo sua mão tardou e seus olhos voltaram ao normal. Por fim, tornaram-se vazios quando ele morreu.
Aquele último, caiu ao chão. Estava cercado de corpos por todos os lados, mas sentia-se aliviado por sobreviver.
Uma flecha atravessou sua cabeça e ele caiu morto instantaneamente.
— Eu ganhei três estatísticas e um item! — exclamou Kyler saindo da moita. — As mortes contaram como se fossem minhas. Que maravilha!
Arskan ignorou os corpos e foi direto em direção ao Jarro de barro. Se viu satisfeito ao descobrir que ainda estava intacto.
Pegou o Orbe, colocou dentro do jarro e guardou na mochila. Ele recolheu as adagas dos goblins e procurou mais algumas coisas.
— Roupas viriam a calhar.
Toda vez que precisava guardar alguma coisa, ele rasgava um pedaço da própria roupa. De tanto rasgar, só restaram trapos.
— Depois penso nisso.
O sorriso de Kyler ia de orelha a orelha.
— Os monstros da floresta dão coisas bem melhores que os das ondas. Arskan, você sabia disso?
Ele deu apenas de ombros.
— Vamos sair daqui antes que mais cheguem.
Pelo resto do dia, continuaram caçando e recolhendo itens. Arskan não ganhou nem um único ponto de estatística. Kyler recebeu mais de dez e até Natália ganhou cerca de cinco.
— Eu achei essa caçada bem satisfatória.
— Hm.
Arskan e o grupo retornou. Ele mantinha a expressão imparcial de sempre, mas os dois companheiros tinha sorrisos largos.
Natália tinha até feito um colar com um canino de cada goblin que matou.
“Ela vomitou ao ver o sangue, mas carrega os dentes de um monstro no pescoço. Ela é louca feito o pai.”
Assim que chegaram, um grupo ficou de frente para os eles.
— O que querem?
— Você levou a garota sem permissão — respondeu um Agnus com uma das mãos na sua espada.
— E ela precisa pedir permissão?
Uma faísca voou pelo ar quando o olhar do homem elegante e da besta se cruzaram. Logo, Kyler se colocou entre os dois.
— Se acalmem! Não vamos querer uma briga entre a gente. Natália foi conosco porque quis.
— É verdade, Sr. Agnus — A garota avisou também se colocando para frente.
Agnus voltou a sua expressão falsa de gentileza.
— Ah! Você está bem. Eu estava extremamente preocupado com você — Abraçou-a.
— Eu estou bem. Sr. Arskan e o Kyler me protegeram.
— Está bem. Vamos, preciso que cure uma pessoa.
Natália se despediu e seguiu o homem. Depois de um tempo, Kyler olhou para Arskan com seriedade.
— Tem alguma coisa de errada com aquele cara.
— É, eu sei.
— Além disso, porque ela te chamou de “Sr.”, mas me chamou pelo nome?
— Talvez ela não goste de um gangster feito você.
Kyler brincou com estar ofendido pelo que e ele disse e retirou isso da cabeça. Arskan por outro lado manteve isso em mente.
“Tem alguma coisa de errada com esse cara. Sempre teve.”