Guerra de Deuses - Capítulo 17
O dia amanheceu. Arskan acordou cedo e olhou para a calma floresta. Bocejou sem muito entusiasmo e deu um leve chute no companheiro ao lado.
— Acorde. A onda vai começar em breve.
— Hum… — bocejou o arqueiro. — Minha beleza vitoriana não vai aguentar acordar tão cedo.
Ignorou o comentário narcisista e seguiu com espadas na mão e mais outro longo bocejo. Em partes, concordava com Kyler.
“Acordar tão cedo não me agrada.”
Um pouco antes de ir para a sua posição padrão de sempre, deu uma leve passada de olho na sua tela de status.
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[Visualizador de Status]
Nome: Arskan | Raça: Humano
Classe: Guerreiro C | Assassino C | Mago C | Invocador C | Curandeiro C |
Título: Nenhum
Estatísticas:
Força: 7 | Velocidade: 7 | Vigor: 8
Destreza: 6 | Inteligência: 14 | Mana: 1
Habilidades:
Ativo: [Olhos dos Atributos]
Passiva: Nenhuma
Especial: Nenhuma
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— Horrível. — Arskan achava o seu avanço extremamente lento. — Eu tenho apenas 4 pontos em velocidade.
Ele tinha uma quantia acima da média, mas era graças aos seus equipamentos. Provavelmente na caçada do dia anterior, Kyler havia lhe alcançando.
Agnus provavelmente tinha lhe passado em pontos no total. Graças aos itens, ainda sobrevivia por aparelhos, mas em breve não aguentaria mais.
Um som então vazou da mata. Ele puxou o seu Alfange do Guerreiro e tomou frente. Outra vez, outro exército de pequenos goblins.
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3° Onda: Batalhão de Goblins
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— Ah! Vai ser mais um dia de gritaria — reclamou Kyler. — Estou indo.
Arskan acenou com a cabeça e também partiu.
— Mais um dia de gritos…
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Um jovem mestiço cortou com a sua lâmina rente ao corpo. Postura firme, corpo reto. O sangue voou com o seu movimento.
O curto cabelo preto ficou manchado de vermelho enquanto ele descia outra vez com a sua Katana do Caído contra o monstro verde.
Os olhos um pouco caídos, avistaram outro inimigo por detrás e ele realizou outra série de movimentos, executando o adversário.
Expressou nojo quando algumas tripas caíram sobre ele e pele branca tomou uma tonalidade avermelhada.
O rosto afinada, a barba curta e as sobrancelhas curtas completavam o semblante do jovem um pouco mais alto que seus conterrâneos asiáticos puros.
Segurou o vômito com firmeza e continuou o seu intrépido ataque. Mais e mais adversários surgiam pela densa floresta.
Sato Armand era o nome daquele jovem mestiço. Filho de uma japonesa com um francês que fazia parte do exército.
— Preciso continuar, sem cansar… — Ele já não se aguentava de pé.
Passou-se mais um tempo e mais corpos estavam sobre os seus pés.
— Não posso desistir aqui — murmurava continuamente essas mesmas palavras.
Em um momento de distração, acabou baixando a guarda. Viu pelo canto do olho, um dos monstros pular para cima dele.
Perdeu a postura comum do Kendo em uma desesperada tentativa de fugir do ataque, porém apenas lhe atrapalhou mais.
Caiu para trás e viu a adaga do inimigo frente aos olhos, fechando os próprios e aguardando o passar da lâmina gelada.
No entanto aguardaria eternamente, pois nunca chegara.
Reabrindo os curtos olhos, viu o semblante de um homem ocidental. Cabelos negros, rosto vazio, olhos ainda mais escuros que os sseus
Havia visto esse rosto anteriormente. Escutou dúzias de comentários sobre o homem; a maior parte não muito agradáveis.
O homem terminou de eliminar a criatura que tentou ceifar sua vida e partiu sem olhar para trás.
Ele, entretanto, não estava agradecido. Tornou a empunhar a espada japonesa, gravou o evento na mente e voltou aos seus afazeres.
— Não posso desistir aqui — continuou a murmurar.
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Arskan ficou surpreso.
— Eles estão reagindo.
Ainda não era a maioria, não chegava nem na metade, mas uma parte, poderia ser dito que era um terço, das pessoas finalmente pegaram em armas e começaram a se defender.
Desajeitados, medrosos, com ranho e babá, além de muita desistência. Contudo, tentavam, à todo o custo, resistir.
Arskan percebeu que sua presença estava afetando cada vez mais aqueles ao redor.
Alfange em mãos e uma vontade de ferro no peito. Ele partiu na direção dos pequenos monstros verdes.
Os números naquele dia eram apenas um pouco maiores. Aparentemente a programação não havia previsto que mesmo após uma Ascensão, as pessoas ainda resistiriam com facilidade.
A 3° Onda não era muito mais difícil que a segunda, então passou em um passe de mágica.
Uma flecha arqueou os ares, acertando em cheio um goblin arqueiro inimigo. Quando o corpo dele tocou o chão, a 3° Onda passou.
Dezenas de feridos, mas apenas alguns mortos. Aquele era um dia a se comemorar.
Logo a mensagem soou.
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Anunciando Resultado da 3° Onda
1° Lugar: Arskan
72 Mortos | Primeiro a Atacar | Brutal
Recompensa: Comida para 1 dia | Item Incomum
2° Lugar: Agnus
19 Mortos | Liderança
Recompensa: Comida para 1 dia | Item Comum
3° Lugar: Kyler
…
Recompensa: Comida para 1 dia | Item Comum
4° Lugar: Sato
…
Recompensa: Comida para 1 dia | Item Comum
5° Lugar: Natália
…
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— As recompensas começaram a decair…
Arskan pegou o que era seu e foi em direção ao centro da floresta. Um Kyler insatisfeito lhe esperava.
— Eu ganhei só um mísero conjunto novo de flechas como recompensa.
— Hm. — Arskan sabia o que estava acontecendo.
Apenas as duas primeiras ondas comuns davam boas recompensas. Depois disso, somente de 5 em 5 ondas.
Era quando os chefes apareciam.
— Pelo menos o primeiro lugar ainda vale a pena.
— Hm — soou.
— Você perdeu a capacidade de falar agora? Ah! Que droga! — Kyler continuava a reclamar.
— Hoje vou sair sozinho — avisou, levantando-se e pegando suas coisas.
Kyler ainda estendeu a mão, mas entendeu a seriedade no tom de voz dele.
— Está bem. Vou ficar de olho e te aviso de qualquer coisa.
— Certo. — Pegou a mochila e partiu com passos leves na direção da floresta.
Quando estava para partir, foi parado. Desta vez não era Agnus, Natália ou Kyler.
Era um jovem um pouco mais baixo que ele, carregava uma Katana, aquela que ele viu ainda no primeiro dia, e não tinha uma boa expressão no rosto.
— Eu quero um duelo — exclamou o jovem, jogando um bocado de terra no rosto de Arskan.
As pessoas ao redor ficaram com os olhos arregalados. Estavam boquiabertos. Muitos pensavam: “O moleque enlouqueceu”.
Arskan foi um dos que ficou mais surpreso. Sabia que havia loucos, muitos na verdade, mas não um naquele nível.
Ele não era nenhum santo, ou coisa do gênero. Limpou o rosto sujo e se aproximou do jovem mestiço enquanto colocava a sua mochila no chão.
Ele não tinha tempo para isso e não queria matar um jovem idiota, então achou uma única solução.
Sato encarou o rosto daquele homem que havia manchado a sua “honra de samurai”. Sem notar, a cada passo dado por ele, as mãos tremiam um pouco mais.
“Estou pronto”, pensou, mas seu corpo não ouvia sua mente.
Arskan entrou na área de corte, mas ele ainda não atacou. Tinha honra e esperava o adversário fazer o primeiro movimento.
Entretanto, o inimigo não atacou. Se aproximou mais e mais, até que…
Arskan não pensou duas vezes, deu um chute forte e o jovem com a katana caiu com as mãos entre as pernas e a espada foi ao chão.
Em um raio de trinta metros, todos os homens engoliram em seco e também colocaram as mãos entre as pernas.
Arskan pegou sua mochila, colocou nas costas e caminhou tranquilamente para a floresta, como se nada tivesse acontecido.