Hino da Criação: A Reencarnação da Deusa - Capítulo 09
Os aposentos em que Lycoris se encontrava, era administrado pelo Comitê Olímpico geral da cidade. Nele, havia uma cama limpa e confortável no centro, um terminal eletrônico monitorando a sua condição física no lado esquerdo e, por fim, um sofá de canto encostado na parede.
Próximo do seu lado direito, havia uma mesinha de vidro decorada com um buquê de flores, e sobre o seu tampo, uma cesta de frutas — que também estava cheia de guloseimas — coloria o ambiente. E além do espaço reservado para o descanso dos pacientes, o quarto também contava com um banheiro e armários de uso pessoal.
Sendo o seu projeto bastante agradável e funcional.
Enquanto Catherine conversava com Lycoris, contando a ela tudo o que havia acontecido após o final da partida — desde o seu desmaio até sua chegada no hospital — uma batida na porta chamou sua atenção.
Toc Toc.
— Com licença, estou entrando! (0ᵔ▽ᵔ)o — disse uma voz feminina alegre, um segundo antes de tocar no terminal do lado de fora.
Lycoris virou o seu rosto na direção da voz e logo recebeu a sua visita com um sorriso acalorado.
— Seja bem vinda, Galatéia! — disse ela, em um tom gentil, enquanto observava a sua convidada flutuando na entrada do quarto.
— Estou de volta, Lyco! (٥⁀▽⁀ ) — respondeu a figura feminina, animada.
E no instante em que seus olhos se abriram, a sua expressão sorridente logo mudou para uma de espanto.
— Mas o que é isso?! O que está acontecendo aqui?! \(º □ º|)/ — bradou ela, fazendo beicinho, enquanto observava Lycoris acariciando a cabeça de Catherine. — Isso é inadmissível! Eu saio do seu lado por alguns minutos e, quando retorno, me deparo com isso?! Mas que invej– ops, quero dizer, que absurdo!
Lycoris deu uma risada com a reação engraçada de sua convidada, e após abrir os seus braços na direção dela, acrescentou:
— Venha até mim, minha adorada fadinha, rs!
E não pensando duas vezes, ela se jogou nos braços da primeira.
Galatéia era, o que se podia chamar: de uma fada mecânica senciente. Ela possuía uma estatura pequena, olhos esverdeados, cabelos longos e volumosos — com mechas grossas e bem definidas — que faziam um caminho desde a sua cabeça, e seguiam até afunilar nas suas pontas.
Em um tom gradiente que variava entre o lilás e o verde claro.
Sua cabeça era decorada com um laço floral de hibisco, e acima do seu cabelo — pairando de forma majestosa no ar — havia uma auréola, no formato de uma engrenagem antiga, que combinado a sua voz cintilante, expressão inocente e olhos gentis; concediam a sua persona infantil, uma presença mágica e carismática.
Em suas costas, havia um par de asas despedaçadas — com o formato de quatro lâminas metálicas — que eram presas à um conjunto de cabos energizados em seu corpo. E em seu peito, completando a sua construção meticulosa, um coração mecânico, capaz de produzir energia limpa e renovável; alimentava todas as suas funções vitais.
Catherine, por sua vez, era uma mulher vistosa e refinada, possuía lábios carnudos, seios fartos e quadris bem delineados. Seus cabelos loiros e bem cuidados — pendendo para o dourado — destacavam os seus cachos longos e volumosos, exaltando, dessa forma, o seu estilo vitoriano.
Como um membro da raça dos vampiros, ela também era detentora de uma pele pálida, olhos avermelhados e presas afiadas. E apesar ter vivido milhares de eras, a sua aparência física não era diferente de uma garota de vinte e dois anos.
Passados alguns minutos, conversando animadamente com as suas convidadas; Lycoris percebeu uma presença familiar se aproximando. E no instante em que a porta do seu quarto abriu, ela pôde observar — estampado em suas pupilas — a imagem de uma figura feminina adulta, muito parecida com ela, que era acompanhada por um rapaz robusto e de porte físico atlético.
E no instante em que seus olhos se encontraram, a mulher de cabelos escuros exclamou:
— Então você despertou, Mestra! — disse a figura feminina, fazendo uma mesura.
Em seguida, o rapaz ao lado dela acrescentou:
— Como está o seu corpo, Bela Adormecida?!
Um sorriso genuíno se estendeu de ponta a ponta no rosto da primeira, e com uma expressão que indicava alegria, ela respondeu:
— Ruler! Mestre!
Enquanto era recebida pelo sorriso de sua Mestra, a figura feminina adulta voltou sua atenção para as outras convidadas, e percebendo que as duas disputavam pela atenção de sua soberana, acrescentou, sem demonstrar nenhum traço de surpresa:
— Bem que eu havia sentido uma certa agitação vinda desse quarto! — disse Ruler, dando uma risada. — Pelo que vejo, a sua adorável prima continua não sabendo se portar de maneira digna na sua presença.
— Ei! — Catherine exclamou, envergonhada.
— E a Galatéia, por sua vez — continuou a mulher, virando o seu rosto na direção da outra. — Continua não querendo te dividir com mais ninguém!
— E estou errada?! (# ̄0 ̄) ! — retrucou a fadinha, revoltada, enquanto exibia uma expressão engraçada em seu rosto.
O espaço dentro do quarto logo se encheu de gargalhadas, e após alguns instantes, todos as visitas se acomodaram.
— O que você achou da minha luta, Mestre? — perguntou Lycoris, a figura masculina ao lado dela, iniciando a conversa.
— Foi uma luta maravilhosa, minha pupila! Apesar de ainda existir alguns pontos que você pode melhorar! — respondeu o rapaz, de forma analítica.
Ele apoiou a sua mão no queixo e acrescentou:
— Por exemplo, no segundo estágio, você não conseguiu responder à altura, a estratégia de sua adversária. E ela, se aproveitando de sua falha, foi te encurralando até conseguir marcar um ponto! Para quem estava de fora, assim como eu, parecia até mesmo que ela estava brincando com você! Hahaha!
— Mestre, rs! — Lycoris bradou, envergonhada, enquanto se lembrava da cena. — Foi tão ruim assim?!
O rapaz ajeitou sua postura, semicerrou os olhos e adotou uma expressão mais séria.
— Não digo ruim… — continuou ele. — Como atleta, você nos proporcionou um excelente entretenimento! Porém, se aquela não fosse uma luta esportiva, quero dizer, se você tivesse sido manipulada desse jeito numa batalha real; no pior dos casos, poderia ter sido morta pelo inimigo.
A sua voz era pesada em alguns momentos, ao passo que em outros, soava cheia de espinhos. Porém, por trás de cada uma daquelas palavras, havia um sentimento de cuidado, e de zelo, pela sua aprendiz.
— Não me entenda mal, minha pupila. Eu sei que numa batalha real, valendo a sua própria vida; você se sairia muito melhor! No entanto, não é bom dar espaço o azar. Afinal, no mundo onde vivemos, a vida humana não possui muito valor…
Lycoris balançou a sua cabeça em sinal de afirmação — indicando que havia entendido as intenções de seu mestre — e logo em seguida respondeu, em seu tom lírico:
— Obrigada, Mestre! Vou trabalhar ainda mais em meus pontos fracos! Por favor, continue me instruindo!
— Pode deixar comigo! Hahaha! Vou preparar um treinamento espetacular! — completou o rapaz, fazendo um joinha.
E enquanto Lycoris ria com o seu mestre, as vozes de Catherine e Galatéia — que continuavam brigando — se exaltaram.