Imperador da Glória Eterna - Capítulo 18
O Exercito de Libertação desembarcou mais algumas lanchas na praia, e as tropas de elite marcharam em direção à cidade. Khan, cercado pelos cinco generais, observava atento ao seu exército. Até ver um dos soldados da primeira onda, ainda vivo, o homem se arrastava pela praia em uma grande poça de sangue.
— Um sobrevivente? — Khan se aproximou e questionou.
— Por favor… — O homem estava gravemente ferido, com uma flecha mágica dilacerando sua perna direita. Embora não o tivesse matado instantaneamente, a hemorragia em breve o faria, a menos que fosse tratada.
Mas não era isso que Khan pensava sobre o sobrevivente.
— Não é digno de piedade. — Ele levantou sua espada e decapitou o homem. — Falhaste com o Império, cometeste o maior crime.
Na estrada que vinha da cidade, os três filhos de Khan surgiram montados em seus cavalos. Jungshoi estancava o ferimento com um pedaço de tecido.
— Pai… — Dayir e os irmãos desceram dos cavalos.
O olhar severo de Khan encontrou o rosto dos seus filhos.
— E então? Deram glória ao Império?
— Matamos alguns no caminho, mas um guerreiro feriu Jungshoi. — Dagun se ajoelhou, seguido de seus irmãos.
Pensativo, Khan avaliou a gravidade da situação. O tecido ao redor do braço de Jungshoi estava vermelho, encharcado.
— Aura forte?
— A mais forte entre todas as que senti entre os elfos dessa cidade, posso lhe garantir, pai. — Jungshoi tomou a iniciativa para falar sobre o ocorrido. Gotas de sangue pingavam na areia da praia.
— Ótimo, não encontraremos resistência. Voltem e cuidem de seu irmão.
— Mas… — Dagun tentou argumentar, porém, desistiu após observar o comportamento de Khan.
Satisfeito com o relatório, Khan ordenou que partissem.
— Vejo vocês em breve.
Os três jovens curvaram-se uma última vez para Khan e voltaram para os navios. A atenção se voltou para os comandantes do Exército de Libertação, logo atrás do Marechal, enquanto este olhava a cidade no horizonte.
— Recebi uma transmissão no rádio emitida pela torre de radares do IBS Esege Malan — falou o garoto acima do peso. Hoje, comia uma baguete recheada. — Os elfos enviaram um grupo de cavaleiros de dragão, acompanhados por alguns guardas reais.
Após ouvir tal informação, a seriedade de Khan deu lugar a um sorriso.
— É hora de testar nossa nova arma. Emitam uma ordem para enviar o novo grupo de caças de batalha, nossos aviões mostraram a supremacia do nosso exército. Transmitam medo em seus corações.
— Meu pai discorda. — Uma voz feminina ecoou dos céus. — A hora de nossas armas ainda não chegou; posso lidar com os dragões sozinha.
— Senhorita, o que faz aqui? — Khan observou a celestial descer das nuvens e aparecer na frente de todos com a graciosidade de um majestoso pássaro.
Era uma garota, com seis asas brancas nas costas, seu cabelo prateado trançado era um grande trunfo da beleza dela. Todavia, ainda havia o seu belo corpo, esculpido por um Deus, era adornado com uma armadura negra ornamentada. Os olhos esmeralda entraram na alma de Khan, até mesmo o grande Marechal sentia medo dela.
— Meu pai me enviou, nossas opções devem permanecer secretas, não queremos complicações no futuro. — Ela andou até Khan suavemente, sobre os olhares dos outros comandantes. — Matarei os dragões, ou não teria recebido o título de Dragonslayer do meu pai.
— Se Erobern lhe enviou, não irei impedi-la. Vá em frente, mate todos. — Sorriu Khan.
Com os olhos focados no céu, a jovem bateu asas e desapareceu novamente nas nuvens.
— Detesto sentir a aura dela, Erobern tem uma aura mais delicada que sua própria filha. — Yoou ao esticar os braços para o alto e observou a jovem voar pelo céu.
— Ela é uma celestial, Erobern é um mortal. Existe uma diferença natural na aura dos dois. — Khan completou o raciocínio de Yoou.
Dragonslayer se elevou aos céus. Enxergava ao longe, um ponto marrom no céu, que começa a aumentar mais.
— Venham, estou preparada para vocês. — Ela esticou a mão e invocou uma espada curvada de lâmina carmesim. — Malditos elfos, minha mãe concede mais bênçãos a vocês em um único dia do que ela me deu durante toda a minha vida.
Fechou os olhos, bateu as asas e em um instante se moveu pelos céus. Um estampido sônico ecoou pelo ar, capaz até de mover as nuvens. Ela aproximou-se da formação tão rápida, impossível de ser detectada até pelo cavaleiro líder, um piloto veterano das guerras contra os orcs e goblins ao leste.
O sangue jorrou no ar. Os companheiros olharam estupefatos, atônitos. A cabeça imensa do dragão estava empalada em sua espada carmesim, enquanto o corpo da criatura caía dos céus. Ninguém teve velocidade suficiente para acompanhar os movimentos dela. Ela sorriu, ergueu a espada triunfante e a cabeça decapitada deslizou pelo fio da lâmina. O sangue roxo ficara impregnado em suas asas brancas.
Apenas então o som atingiu os elfos, pegando-os de surpresa. Um dos cavaleiros, ao perceber a real natureza do atacante, recuperou o controle sobre seu dragão e rapidamente ordenou aos seus companheiros:
— Formação defensiva, agora!
Todo o esquadrão desceu em queda livre, direto para a cidade de Aethenil. Os dragões planaram no ar com suas enormes asas, abriram suas bocas e lançaram labaredas de fogo contra Dragonslayer abaixo deles. Em um movimento ágil, ela girou a espada e uma espiral de ar ergueu as chamas.
Quando os cavaleiros abriram os olhos novamente, ela já havia desaparecido. Mais sangue caiu do céu como gotas de chuva. Dois outros dragões pereceram com seus cavaleiros.
Dragonslayer observou o grupo e viu a guarda real montada nas costas de uma das bestas. Eram cinco membros no total: uma arqueira, um escudeiro, uma maga, um espadachim e um paladino. Eles a encararam e ela retribuiu o olhar.
Apesar de sua velocidade, ela não conseguiu atacá-los diretamente. Sua espada estava a centímetros de seus pescoços, mas todos se transformaram em pó e desapareceram. Dragonslayer soltou uma pequena gargalhada e voltou sua atenção para o restante dos cavaleiros.
Uma névoa negra emergiu de seu corpo, semelhante ao poder de Vítor. Confusos, os dragões rodopiaram no ar, incapazes de se localizar. A nuvem os envolveu. À distância, parecia uma nuvem de tempestade, mas surgira do nada. A sombra invisível se movia pela escuridão, um por um, os dragões eram abatidos com os seus cavaleiros.
Em uma tentativa desesperada, um cavaleiro conseguiu fugir. Ele estava aliviado de escapar daquele inferno. Todavia, sua alegria durou pouco.
— Ainda não acabei com você… — Dragonslayer saiu da nuvem e esticou o braço. Correntes saíram e prenderam os dois. — Bestas malditas, criações da minha mãe, merecem o tormento eterno!
Ela puxou as correntes, e o elfo foi arrastado pelo ar, estrangulado pelos grilhões. O destino do dragão não foi menos cruel; Dragonslayer avançou e cortou-lhe toda a barriga, expondo as vísceras, enquanto a criatura caía gemendo de dor.
Da praia, Khan observava a nuvem solitária no horizonte, ele também sentiu um aumento repentino nas auras hostis que vinham de Aethenil.
— A guarda real do Reino dos Elfos do Sul aterrissou na cidade.
— Qual o plano marechal? — Yoou jogou uma pedra para cima e a transformar em luz.
— No total, são sete alvos. Quem ficará com o alvo extra? — a garota de cabelo rosa sugeriu, antes mesmo de Khan falar.
— Estamos em sete, não se esqueçam de mim. — Dragonslayer desceu dos céus, sua armadura manchada de sangue e tripas, porém seu rosto ainda mais deslumbrante. — Um alvo para cada um. Mais do que justo.
— A senhorita está certa, princesa Maria. — Khan fez uma pequena reverência.
— Como está o ranking? — a princesa indagou ríspida.
Khan pegou um broche do bolso, igual ao usado por Vítor. O entalhe do objeto era uma coroa dourada de cinco pontas. Lançado no ar, o broche se transformou em uma grande tela holográfica na frente dos olhos de todos.
Pontos de Ameaça
1° Marionetista – 20408 pontos.
2° Dragonslayer – 4693 pontos.
3° Kingslayer – 400 pontos.
4° Sedenta por Sangue – 310 pontos.
5° Mávros – 260 pontos.
6° Khan – 180 pontos.
7° Xerife – 90 pontos.
8° Harpia – 80 pontos.
9° Pacificador – 70 pontos.
10° Lótus – 50 pontos.
— Não estou no ranking… — murmurou Yoou, demonstrando seu descontentamento.
— Quem é esse marionetista? Como ele ousa tomar meu lugar? — vociferou a princesa, sua voz carregada de raiva.
— Qual era a missão do Herman e sua equipe? — Khan perguntou, curioso, sobre o que havia levado o chamado Kingslayer a acumular um número tão grande de pontos.
— Recuperar as doze Eroberers Edelsteine. Mas é estranho, não era para eles terem tantos pontos… — respondeu Yoou. — Talvez esse “marionetista” seja o novo recruta.
— O herói? — questionou Dragonslayer diretamente. — Com esse total de pontos…
— Ele teria que matar uns mil heróis… — completou Khan. — Quem conseguiria fazer isso? Acho que só o próprio Erobern…
— Seja lá quem ele foi em vidas passadas, só o potencial de eliminar dez porcento dos heróis de uma onda em dois dias é impressionante — Xerife avaliou ao ajeitar os dois tubos de respiração que usava.
— Não importa, irei ultrapassá-lo, mostrarei ao meu pai que sou digna de ser chamada filha. — Dragonslayer começou a caminhar em direção à cidade, com os olhos focados e cheios de determinação.
Os comandantes do Exército de Libertação compartilharam um sorriso e seguiram-na. Yoou gritou para a princesa Maria, que os deixara para trás:
— Lembre-se, um alvo para cada um.