Imperador da Glória Eterna - Capítulo 21
Xerife andava pelos túneis escuros, sua única fonte de luz era um isqueiro. Ele sentia auras próximas, a localização inimiga não era precisa, apesar disso eram o único ponto de referência confiável para sair das profundezas da terra.
Chegou até uma sala estranha, um corredor que conectava os túneis secundários aos principais. Havia alguns ossos de animais espalhados pelo local e também velas recém acessas.
— Masmorra de herói? — Ele abaixou-se para analisar os cadáveres no chão. Antes de tudo, sentiu alguém atrás dele, pronto para atacá-lo.
Num piscar de olhos, uma flecha passou rente à orelha do Xerife.
— Tiro triplo! — Com uma reação invejável, sacou seu revólver e disparou três vezes contra a adversária.
Os tiros atingiram a arqueira, porém as balas simplesmente desapareceram ao impacto. Ela apenas sentiu uma fraqueza momentânea e logo se recuperou. Sem compreender o acontecido, ela pegou o seu arco e disparou uma segunda flecha, agora mágica.
Xerife não se esquivou do segundo projétil. Em vez disso, ergueu-se e abriu os braços, aguardando o impacto. A flecha perfurou seu peito e explodiu, uma aura branca se dispersou ao redor do corpo dele. Não houve ferimentos; por outro lado, a arqueira foi arremessada por uma força invisível.
Usando as três munições restantes, Xerife disparou contra ela. Todavia, novamente, a arqueira não sofreu danos, tudo que sentiu seu corpo ficar mais fraco.
— Sua arma é bem fraca! — Ela se levantou, atordoada.
Era uma bonita jovem elfa, com cabelos pretos cacheados que caíam sobre seus ombros, combinando com seus olhos castanhos brilhantes. Ela usava uma túnica longa verde que chegava até os joelhos, dando a ela um ar de mistério e autoridade. Nas costas, carregava uma aljava de couro adornada com fios de ouro.
— Sou um suporte, não um guerreiro… E quanto a você? Não a reconheço da última vez que vim para esse lugar nojento! — Xerife cuspiu no chão.
— Soliana, membro da guarda real. Você é antítese da nossa raça, destruidores do além-mar que vêm para conquistar e destruir, Erobern representa uma ameaça para a sobrevivência do nosso povo, a sua liberdade é uma falácia. — Ela preparou o arco.
— Acredite no que quiser, a verdade é uma só. — Xerife olhou nos olhos dela, em espera para a próxima flecha.
Mais uma vez, a flecha perfurou seu peito e explodiu, sem causar danos, enquanto uma aura branca irradiava de seu corpo. Soliana foi lançada contra a parede, sem indícios de quem ou o que havia provocado tal feito.
— Minha arma pode não ser a mais poderosa, mas ela cumpre seu propósito. Assim como solicitei a Erobern. — Os olhos de Xerife se tingiram de púrpura, o ar nos tubos do seu nariz assumiu a mesma coloração. — A negociação acabou, sua sentença será declarada.
Soliana olhou para ele sem preocupações, não sentia ameaça nas palavras dele e nem em seu comportamento.
— Sentença, MORTE! — Xerife apertou o gatilho, e o seu revólver começou a disparar sem parar balas roxas. Sua arma não respeitava o limite característico de seis munições, era como uma arma automática, disparava em sequência sem parar.
As balas atingiam ela com a força de um canhão, empurrando Soliana até uma parede, quando os disparos começaram a ficar mais doloridos. Embora não sofresse ferimentos graves, como perfurações, as áreas atingidas sob sua túnica começavam a mostrar manchas roxas.
— Magia de reforço, deveria ter imaginado. — Xerife interrompeu sua série de trinta disparos, girando o tambor e recarregando-o com seis novas munições.
O revólver dele era diferente dos convencionais, não apenas pelas ornamentações elaboradas no cabo e no cano, padrão para um comandante do exército de libertação. Essa arma foi projetada para utilizar balas especiais. O tambor comportava seis munições, e cada uma delas continha mais seis cápsulas especiais, totalizando trinta e seis projéteis em uma única recarga.
— O Império nunca dominará o continente oriental! — Soliana gritou ao se erguer, seu corpo latejava de dor; não eram ferimentos mortais, todavia cada movimento muscular era uma agonia desconfortável que a distraía da batalha.
— Sempre falam isso, mas no fim, todos sucumbem ao poder de Erobern. — A fumaça púrpura se dissipou, o rosto de Xerife havia emagrecido, as bochechas secaram, os ossos da boca ficaram visíveis.
Soliana fechou os olhos e respirou fundo, tentando esquecer a dor e focar no que realmente importava. Colocou a mão nas costas, retirou uma flecha azul de sua aljava, armou seu arco e disparou.
Xerife, despreocupado, assustou-se ao sentir a brisa gelada vinda da flecha. No instante em que a flecha tocou seu casaco, uma camada de gelo se formou ao redor de seu ombro direito, prendendo-o à parede. Felizmente, o casaco oferecia proteção contra o frio intenso; sem ele, teria certamente sofrido queimaduras de gelo.
— Belo truque — comentou ao perceber que estava imobilizado. — Mas o final será o mesmo, você não pode me matar. — Ele sorriu e tentou apontar a arma para ela, sem sucesso. O bloco de gelo havia paralisado seus membros direitos.
— Não preciso te matar, apenas te prender, seguir o plano. — Soliana se aproximou e retirou os tubos de ar do nariz dele.
Sem ar, Xerife tentou amaldiçoá-la. Começou a engasgar e se debater, tentando desesperadamente recolocar os tubos. Soliana segurava-os diante dele, desafiando-o. Em um último esforço, Xerife desferiu um soco no rosto da elfa, que foi arremessada para longe.
— Que morra… — Soliana soltou uma flecha vermelha no teto, causando uma enorme explosão, o túnel do corredor desabou, Xerife havia sido derrotado e trancafiado debaixo de toneladas.
A vitória deveria ser satisfatória, mas algo perturbou o coração da elfa. Ela sentiu seu poder se esvair no ar. A magia de reforço havia sido cortada; alguém havia neutralizado a maga do grupo. Tremendo de preocupação, ela correu, a pressa tamanha que não notou uma mão cadavérica emergindo dos escombros.