Imperador da Glória Eterna - Capítulo 23
Jeidai, outrora confiante líder da guarda real do reino élfico do sul, agora se sentia fraco perante o adversário à sua frente. O que parecia ser uma garota inofensiva logo se revelou um engano. Um corte superficial em seu rosto, feito por sua própria espada, testemunhava sua surpresa. Como ele permitira que isso acontecesse?
A sala estava totalmente iluminada, não por tochas ou lamparinas, mas pelo corpo brilhante de Lótus. A garota, membro do exército de libertação, estendia o braço em direção a Jeidai, com um meio sorriso de êxtase.
Ela permanecia em seu vestido único, florido e vibrante, em contraste com as cores frias e escuras do uniforme padrão de seus colegas. Seu cabelo rosa e olhos azuis, com características infantis, contrastavam com sua postura de guerreira experiente.
— Você me atacou, e eu apenas revidei — disse ela ao se aproximar a passos lentos.
— Deveria ter esperado mais de um lacaio de Erobern — Jeidai se afastou, recompós a postura e levantou suaa espada em guarda.
— Vamos, me ataque novamente, estou ansiosa por uma luta. — Ela colocou a mão no quadril e o encarou, pronta para o próximo movimento de seu adversário.
— Pelos poderes da Deusa, eu extirparei este mal do mundo, e a escuridão voltará para o seu lugar de origem. — Uma aura sagrada e branca envolveu o corpo de Jeidai, seu ferimento no rosto foi curado e os seus sentidos foram aguçados.
— Paladino? Interessante. Quero ver como se sairá contra minha magia da natureza. — Assim que ela falou, vinhas começaram a crescer ao redor de seus pés.
Elas se espalhavam rapidamente, estimuladas pela luz emitida por Lótus. As plantas subiam pelo chão e pelas paredes, florescendo em uma variedade de cores, criando um espetáculo de beleza para os olhos humanos.
— Você é uma Bakugeki, não serei tolo de cair em seus truques. — Jeidai se aproximou dela, mantendo a distância de uma espada.
O pólen saiu das flores, e preencheu o ambiente com o cheiro da primavera. Logo, a brisa das catacumbas espalhou o pólen em direção a Jeidai. Luzes começaram a piscar como fogos de artifício, seguidas por uma explosão após a outra. Jeidai foi forçado a recuar rapidamente, para não ser atingido pelo pólen explosivo.
Bakugeki, título dado aos invocadores com a habilidade de fazerem suas criações explodirem. Embora não sejam raros, é difícil encontrar um Bakugeki treinado, capaz de controlar diversas invocações sem sucumbir ao cansaço mental.
A habilidade de Lótus estava em um nível acima de todos os outros. As vinhas cobriram seu corpo e formaram uma espécie de armadura viva. Empunhando uma espada feita de espinhos, ela atacou Jeidai. O elfo rebateu o ataque e tentou cortar seu braço. A espada dele se partiu em pedaços ao colidir com a sólida carapaça viva.
— Vulnerável. — Lótus girou sua arma e se movimentou para uma decapitação certeira.
Jeidai, mesmo sem uma espada, continuava sendo um adversário habilidoso e cauteloso. Ele sabia que só havia duas distâncias seguras em relação a um Bakugeki: muito perto ou muito longe. Manter-se a uma distância média era o mesmo que assinar sua sentença de morte.
Com a aura divina lhe dando forças, Jeidai agarrou a espada de espinhos com a mão esquerda. Sentiu a dor intensa quando os espinhos perfuraram sua carne. Mesmo gemendo, ele puxou a espada, trazendo Lótus para mais perto dele. Com a mão livre, desferiu um golpe que atravessou a carapaça que momentos antes havia quebrado sua espada.
Lótus olhou incrédula para o próprio corpo. Sangrava. O peito fora perfurado pela mão de Jeidai, que, utilizando suas bênçãos divinas, conseguiu fortalecer o golpe. Seu pulmão direito estava perfurado e várias costelas quebradas.
— Monstro, que o inferno tenha piedade de você, porque eu não vou! — Jeidai agarrou a cabeça de Lótus e a lançou contra uma parede.
A carapaça rachada se desprendeu do corpo dela, e as plantas murcharam com a derrota de sua invocadora. A garota se levantou com dificuldade, o vestido manchado de sangue, sua aura de luz esvaecida, restando apenas um rosto sujo e machucado.
— Magia de reflexão é letal para aqueles cegos por sua própria ira. — Ela disse com um sorriso, apesar do sangue que escorria pela sua boca.
Foi então que Jeidai sentiu um ardor no peito, uma queimação intensa que subiu pelo seu pulmão. Ele cuspiu sangue e viu um buraco em seu peito, exatamente no mesmo lugar onde havia acertado Lótus. Sua aura divina também se esvaiu, como se os deuses o tivessem abandonado. Na verdade, isso era obra de Yoou, que havia derrotado a maga de reforço da guarda real no mesmo instante em que o duelo entre Lótus e Jeidai ocorria.
— Demônio! — gritou ele, ao se ajoelhar sem forças.
— Me chame de demônio, me chame do que quiser, mas no fim, a história esquece o nome dos caídos.
As vinhas voltaram a crescer, se entrelaçando ao redor do corpo de Jeidai, sufocando-o. Seu último olhar foi para os olhos azuis brilhantes de Lótus, do outro lado da sala. Em um instante, tudo se transformou em luz, e uma enorme explosão evaporou os últimos resquícios do líder da guarda real.