Imperador da Glória Eterna - Capítulo 13
Vítor se levantou atordoado pela queda, irritado ao notar seu belo uniforme coberto de poeira. Sedenta também estava confusa, o mercado inteiro havia desabado e agora estavam no subterrâneo.
Os dois se entreolharam, sem compreender o que havia acontecido de verdade. Haviam caído em um canal subterrâneo. As águas, após Otaviano cair desacordado no meio do canal, levaram o herói para os confins dos aquedutos.
— Você não ia matá-lo? — perguntou Vítor, observando seu rival ser arrastado pelo fluxo do canal, afundando e desaparecendo.
— Eu ia, mas alguém atrapalhou… — Sedenta, sem a luz do sol no subterrâneo, voltou para o seu corpo feminino.
— Realmente é uma mulher… Você é uma filha da noite? — Vítor a encarou de cima a baixo, á procura de respostas sobre a verdadeira identidade dela.
Sedenta assentiu com a cabeça.
— Vai deixar ele ir embora? — indagou ele ao apontar para onde viu Otaviano pela última vez.
— Ele vai se afogar com a água, não vai mudar muita coisa.
— Espero que sim. Não seja como aqueles vilões de filmes que têm o inimigo à mercê e nunca os matam.
Um estrondo de grande explosão ressoou do lado oposto do canal. Vítor suspirou e começou a correr.
— Para onde está indo? — Sedenta olhou para ele, confusa.
— Enfrentar Lucciola… Herman e Alice não têm ideia do tipo de herói que estão enfrentando.
— E aquela garota ali? — perguntou ela sobre uma jovem caída entre os destroços do mercado.
Era a mesma garota que Alice havia encontrado, uma adolescente de cabelos roxos. Ela jazia no chão, coberta pelos destroços de uma parede, com muito sangue ao redor.
— Pensei que os civis tivessem fugido quando começamos a lutar… — comentou Vítor. — Tire-a daqui. Enfrentarei Lucciola.
— Não. Você cuida dela, e eu lutarei contra esse novo herói. — A meia-filha da noite exibia sua confiança em suas habilidades.
Vítor riu da forma determinada que Sedenta falou.
— Você não conhece os poderes deles, suas fraquezas. Escuta-me: tire a garota daqui, avise Mávros e nos espere no esconderijo.
— Quem pensa que é para me dar ordens? — Sedenta se aproximou e apontou o dedo para o rosto dele.
— Em breve, você entenderá… — Vítor balançou as mãos e invocou a névoa negra para cobrir seu corpo.
— Querido, por que não disse isso antes? Teria poupado saliva… — Ela começou a acariciar o peito de Vítor com a ponta do dedo indicador.
— Fui claro sobre o que fazer? — Ele se sentia desconfortável com os avanços de Sedenta, mas não tomou nenhuma atitude.
A mulher concordou com um sorriso, retirou a jovem dos escombros e, com um único salto, deixou o subterrâneo através do grande buraco que antes era o mercado.
“Lucciola, agora é só você e eu”, pensou Vítor ao correr direto para a escuridão dos túneis.
#22#
Alice lutava para desviar dos vaga-lumes que se aproximavam com suas chamas, mas eram numerosos e explodiam ao menor contato com ela. Herman havia sido derrotado na primeira explosão e ficou preso sob uma das paredes que desabaram sobre ele.
Ela estava completamente sozinha.
— Renda-se logo, não posso retornar com uma massa de carne deformada — Lucciola, camuflado entre suas nuvens de insetos, zombava dela. — Você é o motivo de tudo isso, Uriel ficou muito triste com sua rejeição. E depois, ainda mais quando soube o que Vítor fez com você… O pior de tudo, você fugiu com ele!
— O quê? Você não sabe nem metade da história! — retrucou Alice ao ouvir tais palavras debochadas.
Uma nuvem negra engolfou o antigo poço de escadas, agora em ruínas. Alice olhou surpresa para o que via, e até os vaga-lumes pararam de atacar.
— Adivinha quem chegou? — gritou Vítor do meio da névoa. Ele emergiu da fumaça com suas roupas brancas e limpas, toda a poeira da queda anterior removida.
— Vítor, acha que a sua necromancia e as suas marionetes são capazes de enfrentar o meu exército? — Lucciola o desafiava.
— Não. Por isso tenho outros truques na manga. Vamos colocar fogo nisso, Alice!
A jovem ergueu as mãos e lançou uma bola incandescente para dentro da névoa negra, que instantaneamente entrou em combustão, iluminando a sala como se fosse dia. O calor das chamas foi avassalador.
Centenas dos insetos foram vaporizados pelo calor. “Ainda não é suficiente”, pensava Vítor consigo mesmo. “Preciso destruir o vaga-lume central, ou acabar com o seu cérebro antes que ele tenha tempo de se transformar em insetos, deixá-lo confiante e exposto.” Ele tomou então uma decisão que poderia ser considerada imprudente.
Deixando suas costas vulneráveis, ele notou um dos vaga-lumes se aproximando, mas agiu como se estivesse alheio à sua presença. Os vaga-lumes de Lucciola mais se assemelhavam a grandes besouros, com chifres cintilantes e olhos ardentes como brasas.
Suas explosões eram consideradas mágicas, o que significava que Vítor não poderia impedir com seu corpo de névoa. Se uma explosão o atingisse, poderia ser fatal, especialmente se atingisse um órgão vital.
E foi isso que aconteceu. A explosão do inseto atingiu todo o seu corpo, destruindo sua perna e braço direitos. O impacto, o lançou como um boneco, até colidir com uma das paredes. Sangue escorria de sua boca, enquanto lutava para manter a consciência.
— Só precisei de uma explosão para derrotar o nono colocado no ranking global, isso me deixa com quantos pontos agora? — Lucciola se transformou em seu corpo humano e caminhou até Vítor.
Lucciola abriu a sua guia de interface de usuário na frente de Vítor e a analisou.
Informações Primárias | |||
Nome | Lucciola | ||
Guilda | Dragões do Sol | Classe | Invocador |
Alcunha | Nenhuma | Nível | 17 |
Pontuação Total | 1204 | Experiência Total | 1790 |
Posição Global | 419° | Modo de Jogo | Automático |
Informações Secundárias | |||
Ataque | 2 | Reflexos | 6 |
Carisma | 4 | Resistência | 6 |
Força | 2 | Sabedoria | 4 |
Mecânica | 2 | Sorte | 4 |
Mira | 1 | Vigor | 5 |
Mana | 10 | Velocidade | 4 |
Vantagens | |||
Furtividade / Vigilância |
— Ranking 419, isso é tão tocante… — falou Vítor ao cuspir sangue.
— Mostre a sua — ordenou Lucciola para o seu oponente caído.
Vítor riu e começou a sangrar mais ainda.
— Mostre a sua pontuação! — Lucciola agarrou o cabelo de Vítor e fez ele olhar direto em seus olhos.
Informações Primárias | |||
Nome | Vítor | ||
Guilda | Nenhuma | Classe | Senhor da Névoa |
Alcunha | O Marionetista | Nível | 0 |
Pontuação Total | 9990 | Experiência Total | 0 |
Posição Global | 9° | Modo de Jogo | Manual |
Informações Secundárias | |||
Ataque | 0 | Reflexos | 0 |
Carisma | 0 | Resistência | 0 |
Força | 0 | Sabedoria | 0 |
Mecânica | 0 | Sorte | -99 |
Mira | 0 | Vigor | 0 |
Mana | 0 | Velocidade | 0 |
Vantagens | |||
Nenhuma |
— Como você conseguiu colocar uma habilidade como zero? Modo de jogo: Manual? Isso é possível? — questionava Lucciola, perplexo ao ver o holograma surgir diante dele. — Explique isso agora!
— Uriel vai te descartar assim que fizer algo contra ele. Acha mesmo que vai tomar meu posto de vice-líder? Ainda lhe faltam muitas qualidades — falava Vítor, com as últimas forças do seu corpo mutilado. — Entenda uma coisa, posso ser horrível, mas sempre serei melhor que você!
Lucciola desferiu um soco furioso em Vítor, que caiu com o rosto no chão, mas ainda mantinha um sorriso característico.
— Tire a mão dele! — Alice estava do outro lado da sala, separada pelo poço de escadas.
Mesmo assim, a intervenção de Alice distraiu Lucciola, e Vítor esperava ansiosamente por isso, para conseguir desferir o seu golpe de sorte. Reunindo suas últimas forças, ele invocou uma imponente marionete de um espadachim.
Com um golpe preciso nas costas, a espada atravessou a cabeça do inimigo, resultando em uma morte instantânea. Lucciola sucumbiu com os olhos abertos, sem compreender completamente o que havia acontecido.
— Seu corpo nem vale um enterro — a marionete falou em uma voz robótica.
O espadachim segurou o corpo sem vida de Lucciola pela cabeça, enquanto lentamente ele se transformava em névoa negra, tornando-se mais um na coleção de Vítor.
— Idiota, eu venci. — Em seu último sorriso, Vítor desabou no chão.