Imperador da Glória Eterna - Capítulo 28
— Vítor, você sumiu! — A voz de Alexandra soou atrás dele, carregada de preocupação não por ele como pessoa, e sim pelo que ele representava.
— Precisava de um pouco de ar fresco. — Vítor mantinha os olhos fixos no horizonte, e sentia o ovo em seu bolso pulsar como uma esfera de energia.
— Quase ninguém vem aqui no telhado. A vista da cidade é realmente bela. — Alexandra se aproximou de Vítor, que estava apoiado no parapeito.
— Veio me trazer algo? O que é? — questionou um desconfiado Vítor.
— Um broche de herói. Ele contém todas as informações de que você precisa. — Alexandra entregou-lhe um pequeno broche dourado, adornado com uma coroa entalhada e banhado a ouro.
— Acho que isso conclui minha introdução, certo? — Vítor perguntou e fixou seus olhos nos dela.
— Sim, sinta-se livre para explorar o pavilhão dos heróis. Ainda aguardamos uma resposta definitiva do conselho sobre o seu destino.
— Ótimo… Você expôs minha fraqueza para todos. — Vítor comentou, frustrado.
— Fraqueza? Sua classe é extremamente poderosa, é natural ter falhas para balanceá-la.
— E agora sou forçado a remover todos que se colocarem no meu caminho. — Vítor mostrou o ovo, e Alexandra inclinou-se, surpresa, para confirmar o que via.
— Onde conseguiu isso? — Ela perguntou ao dar um passo atrás.
— Isso importa? A verdade é que sou o portador, e quando a calamidade eclodir, ninguém poderá estar no meu caminho.
— Quem lhe disse isso? Alguém do exército de libertação? Dentro da Cidade Celestial? Você não pode confiar neles, vão descartá-lo na primeira oportunidade. Se você deixar esse monstro nascer, será a sua própria morte. — Alexandra tentou dissuadi-lo.
— Não há como voltar. Está na hora de libertar o Olho do Tigre!
Vítor colocou as mãos sobre o ovo e, ao abri-las novamente, um pequeno filhote de um felino eclodiu. Era uma criatura frágil, sem pelo, de pele negra, seus olhos fixos no rosto daquele que agora o protegia: Vítor.
Aquele animal não parecia ser um tigre, apesar de algumas semelhanças com um, e nem mesmo aparentava perigo real naquele estágio tão vulnerável. Entretanto, Vítor sabia que havia outras coisas envolvidas naquela criatura misteriosa. “Mil mortes brutais, é o que eu preciso, e parece que eu tenho a primeira vítima ideal na minha frente”, Vítor pensou ao encarar Alexandra de forma macabra.
— “Mestre das Marionetes”! — Vítor girou as mãos e criou uma névoa ao redor de seu corpo, não se expandia além de dois metros dele, todavia, continuava a mostrar força e beleza.
— Mestre das Marionetes? Foi assim que decidiu nomear sua técnica especial? — Alexandra não sentia mais medo, a criatura estava frágil, era o momento ideal dela atacar, antes que Vítor causasse danos à cidade celestial.
— Como uma valquíria, acredito que também tenha uma técnica, gostaria de aprender sobre ela. — Vítor se colocou em posição de batalha.
— Que assim seja, “Caminhada Temporal”. — Em um passe de mágica, Alexandra sumiu de vista.
Fui um desaparecimento completo, Vítor nem mesmo conseguia sentir a presença dela. Não importava para onde ele olhasse ou até onde sua névoa se estendesse, ela simplesmente desaparecera, como se nunca tivesse estado ali. “Caminhada Temporal… Seria essa uma das nove técnicas especiais? Estaria eu enfrentando uma valquíria veterana? Não posso deixá-la escapar!”, pensou imediatamente.
“Eu tenho que…” Vítor não teve tempo de completar o pensamento; um soco poderoso acertou seu rosto, bloqueado por reflexo com o braço esquerdo. “De onde veio esse golpe?” ele se perguntou e olhou para o próprio braço destroçado.
— Reagiu rápido. — Alexandra saltou atrás dele.
— Não sou um herói inexperiente como os outros.
— Então o que é você?
— Um sobrevivente! — Vítor estendeu sua névoa, tentando alcançar Alexandra para atacá-la.
— Caminhada Temporal. — Antes que a névoa pudesse alcançá-la, a valquíria desapareceu novamente.
Vítor sabia que o próximo ataque era iminente, mas não de onde viria. Condensou sua névoa ao redor do corpo e criou uma densa barreira para se proteger.
O segundo golpe atingiu em cheio sua costela direita. Vítor se contorceu de dor, e apelou para a névoa para tentar estancar o ferimento.
“Ela desaparece por três segundos e então reaparece próxima a mim. Três segundos é o que tenho para prever seu próximo ataque.” Vítor sangrava pela boca, um sinal claro de um pulmão perfurado, e nem conseguia se regenerar, devido aos golpes abençoados de Alexandra. “Mas por que me preocupar de onde virá o próximo golpe? Posso cobrir toda a área e atacá-la simultaneamente assim que ela surgir!”
Alexandra reapareceu, mas desta vez, em vez de um soco ou um golpe com as mãos, ela brandiu sua espada, em uma clara tentativa de decapitar Vítor. A lâmina reluzia com uma magia poderosa, capaz de romper a proteção de um senhor da névoa.
Uma cabeça rolou pelo chão, mas não era a de Vítor.
— Quem é esse? — murmurou Alexandra, perplexa, ao ver o corpo cair e se dissolver em névoa.
— Aproveitei sua viagem no tempo para trocar de lugar com outro herói. Agora sei que, enquanto viaja, você perde a percepção do que acontece no mundo real. — A voz de Vítor ecoou atrás dela, e antes que pudesse reagir, ele desferiu um golpe quase fatal em seu peito, ferindo-a gravemente pela primeira vez na luta.
— Belo truque, mas essa luta ainda é minha — afirmou Alexandra ao sentir seus órgãos internos se contorcerem de dor.
— Errado. Esta luta foi sua, mas você falhou em encerrá-la rapidamente. Agora que conheço seu truque, não cairei nele duas vezes.
Antes que Vítor pudesse desferir outro golpe, Alexandra desapareceu. “Astuto da parte dela caminhar novamente no tempo, mas só tenho que aguentar três segundos. Até lá, a vantagem é toda minha.” Vítor sorriu com malícia ao pensar em seu próximo movimento.
— Vaga-lumes da Perdição! — Vítor se transformou em um enxame de insetos semelhantes a besouros, com chifres brilhantes e olhos ardentes, irradiando uma luz intensa.
Ele espalhou os insetos por toda a área e os detonou simultaneamente ao final dos três segundos. A explosão destruiu completamente o telhado, fumaça e fuligem foram lançadas ao céu. Vítor viu Alexandra cair, ferida. Seu ataque havia sido um sucesso completo. As asas da valquíria estavam quebradas, e ela havia perdido todo o lado esquerdo do corpo devido à força dos insetos.
— Senhor da Névoa? Você é um mentiroso completo… — murmurou Alexandra, com um sangramento profundo e o corpo mutilado. — Essa técnica não é a de um senhor da névoa, isso é uma técnica de um Bakugeki, um Bakugeki altamente treinado, qualquer novato teria sucumbido pelo esforço mental de criar tantas bombas para me derrotar.
— Copio a última habilidade que enfrento em batalha. Agora, a sua magnífica “Caminhada Temporal” será minha. — Vítor regenerava sua costela e pulmão com a névoa negra.
— Você nem mesmo sabe como ela funciona.
— Aprenderei, não se preocupe. — Vítor colocou a mão no bolso e procurou aquele o pequeno filhote. — Ué, onde está? Não me diga que… — Ele olhou para o buraco causado pela explosão. Será que a pequena calamidade havia caído? Se fosse verdade, a missão dada por Herman seria um fracasso.
O telhado, já fragilizado pela explosão, começou a tremer violentamente. Todo o prédio que abrigava o pavilhão dos heróis estava prestes a desmoronar. Rachaduras se espalhavam rapidamente pelas paredes, e o chão sob os pés de Vítor começou a ceder. Ele correu em direção a Alexandra e agarrou o braço direito dela antes que ela despencasse pelos andares abaixo, deixando-a pendurada à beira do abismo a sua mercê e vontade.
— Você ainda tem utilidade para mim. — A névoa negra envolveu Alexandra, que começou a se fundir com as sombras até desaparecer completamente na fumaça.
“Caminhada Temporal… Mal posso esperar para testar essa nova habilidade. Mas primeiro, preciso encontrar aquele filhote imediatamente. Espero que ele não tenha sido esmagado pelos destroços e que tenha absorvido alguma alma.”
— A explosão veio daqui de cima! — gritou uma voz masculina no meio da fumaça.
“Eles já chegaram? Isso é ruim!”, pensou Vítor e prontamente escondeu sua presença ao se camuflar na névoa.
— Alexandra subiu aqui para procurar o senhor da névoa! — O clérigo que havia avaliado Vítor anteriormente tossia em meio à fuligem enquanto avisava os outros heróis sobre a situação.
— O telhado está instável, isso aqui vai desabar a qualquer momento! Temos que sair daqui! — alertou outro herói.
Então, algo inesperado aconteceu. Os três heróis olharam para o horizonte, para o parapeito, e viram algo que os deixou insanos. Um deles sacou a espada da bainha e tentou atacar seus próprios colegas.
“O que está acontecendo?” Vítor observou, escondido, enquanto os três heróis começavam a lutar freneticamente entre si, até que o chão desabou e todos caíram no abismo.
Vítor então se aproximou do parapeito, curioso para descobrir o que havia provocado tanta loucura. Ao olhar para baixo, avistou uma enorme criatura de pele negra, semelhante a um dragão, mas que ainda não voava; em vez disso, andava pela Cidade Celestial. Era ela a causadora dos tremores; seu imenso peso fazia a ilha flutuante tremer a cada passo.
O mais surpreendente era que os heróis ao redor dela não tentavam impedi-la. Na verdade, lutavam entre si, até a morte. O “Olho do Tigre” estava em ação.
Alexandra |
|||
Afiliação |
Guarda Celestial | Raça | Valquíria |
Alcunha |
Nenhuma | Técnica Especial |
“Caminhada Temporal” |
Caminhada Temporal |
|||
Capacidade Ofensiva | C | Capacidade Defensiva |
A |
Alcance |
Irrelevante | Resistência |
C |
Versatilidade | S | Velocidade |
C |