Isekai Corrupt - Capítulo 19
O aventureiro que brandia a espada em direção a Joe atende pelo nome de Miller. O outro, imobilizado ao chão, é Zack. Ambos participaram de uma expedição à caverna descoberta nas proximidades de uma vila a três horas da cidade central.
Foi nessa mesma caverna que Joe conquistou seu bem mais valioso até então: o artefato rank diamante, carinhosamente apelidado de “Labras”, em homenagem a uma criatura lendária. Joe deu esse nome devido à composição do artefato: um mineral roxo desconhecido, com formato semelhante a uma criatura leonina, mas com asas e patas extras. Esse objeto sempre o acompanhou em sua bolsa, já que Joe dificilmente confia em alguém.
Ao ter uma espada apontada para si, Joe sentiu novamente a mesma sensação de anos atrás: a de que não pode confiar em ninguém além de si mesmo.
“Preciso agir rápido. Esses dois estão arruinando minha reputação com esse estardalhaço. Estou perdendo o controle da minha vida em um único dia, droga!” Pensou Joe, observando a lâmina da espada apontada para ele.
Naquele momento, Joe percebeu que precisava tomar uma atitude rápida e certeira, caso contrário, sua vida estaria em perigo.
Este lugar era diferente do bar A Coruja, onde ele podia ser quem era sem problemas. As pessoas que frequentavam aquele lugar eram tão degeneradas quanto ele; mesmo que contassem coisas sobre Joe, ninguém acreditaria. Joe havia construído a imagem de um aventureiro íntegro, e não permitiria que seu esforço fosse em vão.
Depois de se acalmar e encarar seriamente Miller, que respondeu com um sorriso de escárnio, Joe disse: — Vamos conversar, Miller.
— Conversar?! — gritou Miller, mas Joe o interrompeu antes que pudesse continuar.
— No meu quarto. Se quiser me atacar, faça isso no meu quarto.
“Não posso correr o risco de ele espalhar mentiras que possam manchar minha reputação. Preciso levá-los para um lugar calmo e entender o que está acontecendo,” refletiu Joe, virando-se e subindo o primeiro degrau da escada.
— Peço desculpas por isso — disse, dirigindo-se ao segurança que segurava Zack. — Poderia soltá-lo? Ele é minha visita agora. Peço que os dois venham até meu quarto.
O segurança ergueu uma sobrancelha, incrédulo com as palavras de Joe. Ninguém acreditaria naquilo, mas Joe sabia que negar danos futuros era crucial. Depois, poderia lidar com os estragos já feitos.
Após soltar Zack, o segurança lançou um olhar afiado para Joe, avisando que estava de olho nele.
— Não causem mais problemas. Se continuarem, eu mesmo vou acabar com vocês — ameaçou o segurança, antes de voltar à sua posição.
— Desgraçado… — murmurou Zack, segurando o braço dolorido, sentindo uma dor incômoda.
Miller e Zack seguiram Joe até seu quarto, mantendo uma postura tensa e prontos para o combate. Assim que entraram, assumiram uma posição defensiva, prontos para qualquer movimento repentino de Joe. Porém, Joe já esperava essa reação dos dois malandros, que trocaram sinais de cabeça antes mesmo de entrar no quarto. Ele rapidamente puxou sua relíquia e a segurou firmemente em mãos.
Os olhares de Miller e Zack foram imediatamente atraídos para a relíquia nas mãos de Joe. Como haviam participado da exploração da caverna, já tiveram um pequeno contato com esse artefato anteriormente. Joe usou isso como uma forma passiva-agressiva de intimidação.
— Você não está pensando em invocar isso aqui, né? — questionou Miller, visivelmente assustado.
— Espero não ser obrigado a isso, mas considerando a situação em que vocês se encontram, talvez nem precise — respondeu Joe, tentando irritá-los.
— Você se acha, Joe. É por causa desse seu brinquedinho novo que tentou nos matar?! Queria que ninguém soubesse como funciona essa relíquia, não é?! Seu maldito! — desabafou Zack, cuspindo suas teorias movido pela raiva.
Joe fez uma pausa, enquanto algumas peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar em sua mente.
— Não tentei matar vocês. Eu não sou covarde a ponto disso. E se quisesse fazer isso, faria eu mesmo.
Ele não confiava em ninguém; realizar trabalhos como assassinato seria algo que nunca delegaria a outra pessoa. Joe acreditava firmemente no ditado: “se quiser que algo seja bem feito, faça você mesmo”.
Percebendo que havia uma grande confusão de informações, Joe respirou fundo e decidiu esclarecer as coisas de uma vez por todas.
Uma breve conversa com os dois revelou informações importantes, mas o que mais chamou a atenção de Joe foi o relato de Miller.
— Um sujeito com manto preto e máscara me atacou. Ele tentou me derrubar, mas consegui escapar depois de feri-lo.
Joe absorveu todas as informações que tinha até o momento e fez uma análise minuciosa em sua mente. Após isso, resolveu compartilhar suas conclusões.
— Tudo isso parece ser um plano ardiloso de alguém para me prejudicar. Prestem atenção nos detalhes. Meus dois aliados mais confiáveis foram sequestrados e estão sendo usados como moeda de troca. Vocês dois estão causando um alvoroço enorme porque acharam que essa tentativa de assassinato foi obra minha. Parece que, de forma direta ou indireta, alguém está tentando acabar comigo.
— Seus colegas foram sequestrados e esse cara mascarado está furioso contigo. Até aí, tudo bem, mas como diabos a gente — Miller olhou para Zack. — se encaixa nessa bagunça toda?
“Isso é algo para se pensar… a única vez que tivemos contato com esses caras foi na expedição à caverna. Ou seja, para que esses caras estejam ligados a mim de alguma forma nessa história toda, o maior gatilho, não. O único gatilho deve ser este.”
Como se uma engrenagem tivesse se encaixado na mente de Joe, ele teve uma epifania. Lembrando-se de um desafeto anterior, Erick, ele murmurou seu nome, deixando Miller e Zack curiosos.
— Erick? — sussurrou, despertando a atenção dos dois.
— Está falando daquele cara que parece uma mulher? O da loja de artefatos? — questionou Zack, confuso.
— Exatamente. Nossa única conexão com ele é a exploração da caverna. Se olharmos por esse lado, nós demos um golpe nele, então é óbvio que ele queira se vingar de alguma forma.
— Isso faz sentido. Especialmente considerando que você arruinou o renome da loja da família dele. Aquela relíquia estava realmente quebrada? — perguntou Miller, intrigado.
— Não. Na verdade, precisávamos dela para entrar naquela caverna maldita. Eu só disse aquilo para não ter que dividir a recompensa da exploração com ele. Imaginem ter que dar uma relíquia rank diamante para aquele sujeitinho — respondeu Joe, com sinceridade.
— Mas e agora? Esse cara nos atacou quando estávamos vulneráveis. Não dá para dormir sabendo que estamos na mira de um assassino! — exclamou Zack, furioso com a situação.
— Ele falhou em nos matar, e esse foi o erro dele. Com isso, vamos acabar com ele e, em seguida, lidaremos com o Erick — afirmou Joe, uma aura assassina envolvendo seu corpo, pronto para agir.