Isekai Corrupt - Capítulo 10
Ivan ouvia atentamente a história trágica de Erick, cada palavra carregada de dor e humilhação. As lembranças daquele dia pareciam ressurgir com força, nublando meus olhos enquanto o ferreiro compartilhava sua angústia. A narrativa de Erick ecoava pelo ambiente, revelando as cicatrizes invisíveis que aquele aventureiro desonesto havia infligido à sua loja e à sua honra.
Ao presenciar a vulnerabilidade de Erick, senti uma pontada de compaixão em meu coração. Meu sorriso vigoroso foi uma tentativa de trazer um raio de esperança para aquele momento sombrio.
— Que tal acabarmos com a raça desse cara? — propus, minha expressão decidida contrastando com a tristeza no rosto de Erick.
A sugestão pegou Erick de surpresa, e por um instante, o choque se refletiu em seus olhos. A ideia de confrontar um aventureiro era desafiadora, mas o brilho determinado nos meus olhos fez Erick perceber que havia algo mais ali.
— Você está maluco?! Ele é um aventureiro rank ouro! — protestou Erick, preocupado com as possíveis consequências.
Eu, porém, não me deixei abater pela perspectiva desafiadora.
— Às vezes, para derrotar um merda, é preciso correr o risco.
Erick, com seu olhar desmotivado, tentou dissuadir-me.
— Você não precisa fazer nada por mim, a gente nem se conhece…
Mantive meu sorriso, agora com uma determinação renovada.
— Por você? E quem disse que quero fazer por você?
Erick arqueou as sobrancelhas, surpreso com minha resposta.
Com um sorriso enigmático, lancei uma revelação que pegou Erick de surpresa.
— Se Joe morrer, a relíquia dele vai ficar sem um dono, bem que estava precisando de uma relíquia rank alto. — disse, revelando minha verdadeira intenção. — Vou fazer isso por mim mesmo.
A expressão de Erick oscilou entre o espanto e a incredulidade. A perspectiva egoísta deixou claro que eu não agia apenas por altruísmo, mas por uma busca por poder e benefícios próprios.
— Você quer virar ladrão? — indagou Erick, revelando a preocupação com a moralidade da proposta.
O mundo em que eu estava agora era substancialmente diferente daquele que eu conhecia anteriormente. Os valores eram distintos, e a sobrevivência muitas vezes dependia de medidas extremas. Enquanto trabalhava nos últimos dias, eu ponderava sobre a abordagem que tomaria nesse novo ambiente.
Sorrindo, compartilhei meus pensamentos.
A imagem do urso que me atacara na floresta piscou em minha mente, alimentando uma sensação de excitação.
“Ficar mais forte e enfrentar aquele monstro, ficar mais forte e nunca mais perder.” Pensei, enquanto a empolgação percorria meu corpo.
Relíquias, além de serem extremamente valiosas financeiramente, também representavam uma fonte significativa de poder neste novo mundo. A ideia de me tornar um ladrão de relíquias não parecia apenas uma opção viável, mas uma estratégia para alcançar meus objetivos pessoais.
— É isso! — exclamei, minha voz carregada de determinação.
— O-Oi? Você está bem? — perguntou Erick, surpreendido com a súbita mudança no tom de voz.
Olhei para Erick, recuperando a calma.
— Não é nada. Mas já ouviu um ditado famoso?
— Ditado?
— Ladrão que rouba ladrão, tem mil anos de perdão.
Erick ergueu uma sobrancelha, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto, relaxando por um momento.
— Isso é bem idiota. — disse ele, ainda sorrindo fracamente.
— Pode até ser, mas não vou desistir do que quero. — respondi, olhando pela janela antes de me virar para encará-lo. — E então? Vamos acabar com a raça desse desgraçado?
Erick observou-me por alguns segundos, seu rosto expressando uma gama de emoções. Era evidente o medo e o receio que ainda o assombravam, mas a raiva era visível em sua expressão.
— Sim, conto com você.
— Ótimo! É o seguinte, vou dar uma saída. Posso voltar à noite para te contar minhas ideias? — perguntei.
— Sim, pode voltar. Estarei à sua
espera.
Sorri, dirigindo-me para a porta. Antes de sair, parei e, sem me virar, compartilhei minhas últimas palavras:
— Às vezes, o medo fala tão alto que nosso mundo diminui de tamanho. Ficamos presos nessa sensação terrível de que tentar novamente pode acarretar em sentir a mesma coisa de antes. Mas eu aprendi que, por mais que essas coisas possam realmente acontecer, eu não quero ser refém do meu próprio medo.
Erick, ainda parado, absorveu cada palavra, seu sorriso fraco retornando.
— É… acho que eu também.
Balancei a cabeça, satisfeito com a resposta decidida de Erick, e então deixei a loja de relíquias.
Dediquei várias horas dentro da biblioteca, imerso na busca por informações sobre magia e relíquias. Queria que Md absorvesse o máximo de conhecimento possível, acreditando que essas informações seriam cruciais em uma possível batalha contra Joe.
Depois de uma intensa sessão de pesquisa, iniciamos uma discussão sobre estratégias de magia que poderiam ser úteis na confrontação.
— Levando em conta que possivelmente ele é mais forte que eu, o que acha de magia de ilusão? — perguntei, enquanto examinava as páginas de um livro.
“Interessante. A propósito, ilusões podem ser criadas em grande número, e se a outra pessoa não tiver magia contra ilusões, ela não vai conseguir identificar o que é real e falso.” respondeu Md, compartilhando sua análise.
— Posso usar as ilusões para criar uma armadilha, mas as chances de acerto são baixas quando sou o único que pode realmente acertá-lo.
“Mm… acho que tive uma ideia, mas precisamos de mais informações sobre o aventureiro em questão, assim podemos planejar com mais calma.”
Md não era apenas um repositório de conhecimento; ela se tornou uma aliada estratégica, ajudando-me a criar planos meticulosos. A gratidão que sentia era evidente.
— Md, valeu por estar comigo, me ajudando… mesmo que seja seu trabalho, vamos dizer assim… — agradeci.
A presença de Md proporcionava-me um sentimento de companheirismo, algo que eu valorizava profundamente em um mundo que parecia, muitas vezes, solitário. Mesmo após a perda devastadora de minha família, encontrei conforto na presença de Md. Conversar com ela se tornou um ritual reconfortante, especialmente nas noites silenciosas nos quartos de hotéis por onde passava.
“Não precisa agradecer, eu também gosto das nossas conversas.” disse Md em minha mente.
— Você me parece muito com uma pessoa agora… é como se eu tivesse me acostumado com você ou algo do tipo?
“Talvez, por mais que você apenas me ouça e às vezes me sinta, eu tenho um corpo em outro plano, e família também. Eu sou um indivíduo vivo assim como você.” ela revelou.
Isso deixou-me surpreso, apertei o livro em minhas mãos, não acreditando no que ouvira dela.
— Isso é verdade? Não fazia ideia… bom, você veio me ajudando bastante, quer alguma recompensa? E-eu não sei bem o que oferecer, então pode pedir o que achar melhor, se estiver dentro do possível, irei tentar realizar.
A mesma sensação de dever que senti por Claycius agora era alocada a Md, minha ajudante. Mas, por mais que seja a mesma sensação, ela tinha uma pitada diferente, algo como querer fazer algo de bom para um amigo.
“Mm… tudo bem, irei pensar.”
— Certo. Vamos para a casa de Erick. Quero repassar algumas partes do plano para ele..