Isekai Corrupt - Capítulo 32
Era uma noite calamitosa quando Viely correu a toda velocidade de volta para o acampamento. O coração batia acelerado em seu peito, e a mente estava uma confusão de pensamentos. Solus, um companheiro que conhecera há pouco tempo, ficou para trás, arriscando sua vida para salvar a irmã de Viely, Aria, uma fera que ele nem mesmo conhecia.
— Você realmente é uma fera incrível, Solus… — pensou Viely, reprimindo um sorriso nervoso. — Ah! Não é hora de ficar com vergonha! Tenho que chegar ao acampamento o mais rápido possível.
A determinação a impulsionava, deixando de lado os sentimentos que começavam a brotar em relação a Solus. Ao se aproximar do acampamento, algo paralisou sua corrida: um grupo imenso, composto por cem a duzentos lobos, avançava em sua direção. No meio deles, seus olhos encontraram o pai e o irmão mais novo.
— Viely! O que está fazendo aqui? Você não tinha ido atrás de sua irmã? — questionou o pai, a preocupação estampada no rosto.
O grupo parou, e o pai virou-se, desviando o olhar de Viely para o lobo que liderava o grupo. Era o mesmo que os havia seguido Solus e Viely quando partiram em busca de Aria.
— Senhor, ela havia me dito que ela e o outro lobo iriam atrás de sua filha. Eu apenas repassei a mensagem dada a mim — explicou o lobo que estava à frente.
A desconfiança tomou conta do pai, que avaliava a veracidade das palavras. Mesmo assim, havia trazido um exército.
— Pai! Um humano mascarado, vestindo roupas negras, estava com minha irmã. Ela estava desacordada. Solus me disse para voltar aqui; o humano não queria ninguém a não ser ele… parecia que ele queria algo com Solus.
Os olhos do pai brilharam com a indignação. Para um líder, aquela situação era uma humilhação sem igual.
— E quem seria esse tal de Solus? Você deixou sua irmã aos cuidados de um qualquer?
— Ele não é um qualquer! — defendeu-se Viely, a voz firme. — Solus é meu… meu amigo! Ele estava comigo quando aconteceu o sequestro e foi o primeiro a farejar e encontrar Aria.
A expressão do pai se alterou com a menção do nome. Os questionamentos inundavam sua mente: como Solus poderia ter farejado a filha dele se nem mesmo ele, o ômega, havia conseguido? A humilhação aumentava.
— Senhor! — interrompeu um lobo da matilha, chamando a atenção do pai.
— Hum… Xivago, quer me dizer algo? Prossiga.
— Esse lobo chamado Solus é meu sobrinho, filho de minha irmã mais nova. Ele faz parte do grupo de vigia.
— Seu sobrinho? — O pai hesitou. — Bom, como ele é seu sobrinho, devo pensar que ele deve ser habilidoso?
— Pode-se dizer que ele é melhor que a média… — respondeu Xivago, relutante. — Melhor que um lobo normal, mas não chega a ser tanto. Ele não é tão forte assim.
— Tsc! — O pai estalou a língua de raiva, desapontado ao descobrir a força daquele que estava mais próximo de salvar sua filha.
Aria era a filha mais velha, insubstituível para o pai. Conhecida como um gênio entre os gênios, sua força apenas era superada pelo pai. Ela possuía a inteligência de um sábio e a habilidade única de prolongar a vida de um ser vivo, uma capacidade que poderia dar mais tempo àqueles que amava.
Mas naquela noite, seu futuro estava em jogo.
— Pai, é melhor não nos intrometemos! O humano deixou claro que mataria Aria se qualquer um causasse uma interrupção.
— QUE BESTEIRA! Por que dar ouvidos a um humano?! Se atacarmos com nossos números, ele não terá chance de revidar.
— Mas pai! —
— BASTA! Você não tem direito de opinar sobre isso! É apenas uma mera capitã de vigia. Deixe as decisões que carregarão o destino de nossa matilha comigo!
Viely silenciou, o desespero aflorando em seu peito. O que o humano havia dito pesava em sua mente. A vida de Aria estava em perigo. Mesmo com o pouco contato que tivera com ela, sentia que algo precisava ser feito.
De repente, um alvoroço tomou conta dos lobos. Eles olharam, atônitos, para algo que surgia atrás de Viely. Ela se virou rapidamente, o coração disparando ao ver um urso imponente encarando a matilha com uma aura assassina.
— Será que ele é aquele urso da segunda posição? O que está acontecendo aqui?! — murmurou um dos lobos.
O urso avançou lentamente, parando diante do exército de lobos, seu olhar penetrante abalando a maioria deles.
— Você… — foram as únicas palavras que o pai conseguiu pronunciar, reconhecendo a presença familiar.
— Riez, quanto tempo… parece que não nos encontramos em um momento muito bom. Kukuku — disse o urso, um sorriso malicioso nos lábios.
— V-você! Sua ousadia em entrar em nosso domínio depois de tudo! — retrucou Riez, o pai de Viely, sentindo a tensão no ar.
— Não devo nada a você. Todos sabemos que o mais forte dita as regras. Não existe espaço para fracos e perdedores neste mundo.
— Diz isso depois de perder para a cobra maligna! Que audácia! O que vieste fazer aqui!?
— Ganhar tempo.
— O que!? — a incredulidade ecoou na matilha.
— Um humano chamado Zero sequestrou a sua filha, ele é meu aliado. Fizemos uma aliança temporária em troca de benefícios. Sua filha ficará bem, desde que siga minhas instruções… para começar, sente-se e descanse um pouco. Logo, logo ele estará aqui para negociar com vocês.
— Negociar?! Quem você e esse humano pensam que são?!
— Eu sou mais forte que você! E mais forte que sua matilha! Esse humano me derrotou há alguns dias. Vê esse ferimento? Perdi uma das minhas patas lutando contra ele.
Um murmúrio de surpresa percorreu a matilha. Os lobos começaram a sussurrar entre si, incrédulos ao ouvir que um humano havia derrotado um ser que, juntos, não conseguiram vencer anos atrás. Desde que o urso havia chegado à floresta, sua fama cresceu. Ele derrotará a raposa vermelha, que escapará por pouco, e, em um confronto com os lobos, causará estragos incalculáveis.
— Você perde e depois se torna submisso?! Que tipo de animal de estimação você é? — desdenhou Riez, tentando desmerecer o adversário.
Mas o urso não se deixou abalar.
— Não estou aqui para brincar de pai e filho com você. Aqui e agora, tome uma decisão: esperar ou lutar! Caso escolha o segundo caminho, tenho a infeliz responsabilidade de notificar que foi me concedida a missão de eliminar apenas você, Riez.
— Hm…! Me eliminar!? Você não entende a sua situação!?
— Parece que você, tão orgulhoso, não compreende a sua. Então lhe farei uma pergunta: qual de nós dois está em completa desvantagem neste momento? Eu… ou você?
Os olhos de Riez se arregalaram, o suor escorrendo pela pele. Ele estava visivelmente intimidado. Todos os lobos também, sentindo a verdade inegável. Apesar dos números, a desvantagem era clara.
O urso, diante deles, exalava uma presença de morte, algo que já haviam sentido antes. Ele concluiu, com um tom grave:
— E então, já se decidiu?