Isekai Corrupt - Capítulo 37
Uma noite tranquila e agradável, e eu sabia que precisava reunir Zerafine e seu irmão Elzer. Ter os dois juntos me parecia a escolha mais sensata. Precisava de ambos, repetir tudo duas vezes seria perder tempo e, francamente, não tenho mais paciência para isso.
— Agora a Corrupt realmente parece estar tomando forma, não é mesmo? — perguntou Md na minha mente, sua voz carregada de expectativa.
— Sim, como você diz — respondi na mente, meio desanimado. — Só que é um saco ter que ficar atuando sempre que coloco a máscara. Como se já não bastasse isso, agora também atuo quando sou eu mesmo… o aventureiro Ivan.
— No momento é o melhor caminho para conseguir poder nesse momento — retrucou ela, com um tom de compreensão.
— Eu sei… Md, você acha que nossas chances de derrotar a cobra maligna aumentaram?
— Se fosse pra dizer, creio que sim. Mas não posso falar com certeza, não presenciei a força total dela…
— Entendo.
— Cansado?
— Sim… depois que isso acabar, vou tirar umas férias merecidas!
— Kukuku, pode tirar. Agora que tenho um corpo, posso cuidar de assuntos monótonos pra você, como faço com a matilha de lobos.
— Eu te adoro, Md. Obrigado!
Ela riu, pareceu feliz em poder me ajudar.
— Aaahh… não achei que ela fosse perguntar sobre o líder da Corrupt assim, do nada… Tive que dar uma ludibriada. Como vou saber como ele é se ele nem existe?!
— Temos que encontrar mais pessoas para entrar na Corrupt.
— Estava pensando no Douglas e no Solus. Seria uma boa?
— Não tenho certeza. Douglas ainda deseja retornar à sua terra natal, não é mesmo? Além disso, Solus talvez gostaria de ficar mais próximo à Aria.
— É… você tem razão. Então, depois das férias, nosso próximo passo será ir atrás de pessoas para entrar na Corrupt.
— Que tipo de pessoas você busca?
— Pessoas fortes.
— E se encontrássemos pessoas fortes que fossem assassinos?
— Sou um assassino, não acho que tenho direito de julgar outra pessoa que também mata. Nesse mundo, se trata apenas de sobreviver. Se tivesse percebido isso antes, não teria quase morrido várias e várias vezes. Nesse caso, se você falou de assassinos, aceitaria na Corrupt.
— Correto. Então, depois de matarmos a cobra maligna, iremos atrás de membros para a Corrupt.
— EI! Não esqueça das férias! Eu preciso de férias!
— Tudo bem, kuku. Desculpe.
O tempo passou e, logo, Zerafine retornou com Elzer. Juntos, seguimos em direção a um local mais profundo na floresta. Quando estávamos quase chegando, utilizei minha habilidade [DIMENSIONAL BACKPACK]. Uma das minhas habilidades, que me permitia armazenar objetos em uma dimensão vazia. De lá, tirei duas máscaras brancas idênticas à que usava como Zero e entreguei para Zerafine e Elzer.
Finalmente, chegamos ao acampamento dos lobos. Zerafine ficou impressionada com o que viu.
— Isso… — murmurou ela completamente surpresa com o que via a sua frente.
Os lobos estavam treinando e utilizando técnicas de mana e habilidades especiais. MD havia ensinado tudo isso a eles, junto com Douglas. Assim que voltei, os lobos se voltaram para mim, ansiosos pela minha presença. Solus, que estava próximo a Douglas, correu em minha direção.
— Zero!
— Ah, sim. Solus, como tem passado?
— Muito bem! Estive treinando muito, estou bem mais forte.
— Md me contou. Meus parabéns. E como estão indo as mudanças implementadas no acampamento?
Md tinha dado algumas ideias para melhorar o que os lobos estavam fazendo, como treinamento e coleta de recursos. Para aumentar minha moral com eles, ela fez questão de que contasse as melhorias como se fossem minhas ideias.
— Estão indo muito bem! O senhor realmente é muito sábio!
É um pouco desconfortável receber o crédito por algo que você não pensou… aff.
— Muito bem, e como está Lady Aria?
— E-ela está bem. O senhor veio falar com ela ou algo assim?
— Sim, pode-se dizer que vim apresentar dois companheiros meus.
Solus olhou para Zerafine e depois para Elzer. Os dois estavam trajando o uniforme da Corrupt, mantos negros e mascarás brancas com um sorriso.
— Entendido! Irei falar com Lady Aria para se preparar para recebê-los.
— Certo.
Solus correu em direção ao quarto de Aria, enquanto Douglas se aproximava de mim.
— Iv-… Zero!
Douglas era um guerreiro forte, mas um tanto leigo em atuação. De vez em quando, quase me chamava de Ivan. Após se lembrar, corrigia-se rapidamente.
— Douglas, alguma coisa importante?
— Gostaria de informar que também fiz excelentes mudanças. Graças a Md, fiquei bem mais forte!
— Isso é bom. Depois, irei conversar com você. Tenho uma tarefa que você será perfeito para realizar.
— Tudo bem, Iv-… Zero!
Ele precisa treinar isso também…
Zerafine parecia inquieta, então a chamei para um canto.
— Alguma coisa está te deixando desconfortável?
— N-não! É que… Desculpe, não entendo o que está acontecendo aqui… Essas feras, elas são membros da Corrupt também?
— Não, não. Elas são meus servos.
— Servos? Você é um domador de feras ou algo parecido?
— Não, não sou domador de feras. Mas conquistei a lealdade deles através de um experimento de governabilidade. Agora, possuo controle sobre o líder deles, e se uma pessoa controla o líder, controla por si só o seu povo.
— Entendo. Que inteligente.
Ideia praticamente toda da MD, tenho que me apressar em acompanhar ela e o seu raciocínio.
— Então, não precisa se preocupar. Não serão atacados aqui dentro.
— Tem algum motivo por trás dessa aliança com os lobos?
— Sim. Como disse antes, era um experimento de governabilidade, mas, além disso, também é uma forma de conseguir mão de obra.
— É necessário?
— Mão de obra sempre é necessária. Só é preciso saber gerenciar. E também para o que irá acontecer daqui a uns dias… será, sim, de muita utilidade.
— O que vai—
Zerafine estava prestes a perguntar algo, mas Solus interrompeu.
— Zero! Ela já está pronta! Por favor, me siga.
— Hm… tudo bem.
Desviei o olhar para Zerafine, que foi interrompida por Solus, mas resolvi ficar quieto.
Entrei na sala de reunião do acampamento dos Lobos, acompanhado de Elzer, Solus, Zerafine, Md e Douglas. Lá estava Lady Aria, sentada, com sua conselheira Viely ao lado. Com um leve aceno de cabeça, Zerafine concordou silenciosamente com as instruções, mas seu olhar ainda carregava curiosidade e dúvida.
Sentei-me numa almofada improvisada de folhas e observei Lady Aria me encarando com serenidade. Ela começou sem rodeios:
— Senhor Zero, depois de tanto tempo, voltou ao nosso acampamento. Qual seria o motivo da sua visita?
Sorri levemente, mesmo que não pudessem enxergar por trás da máscara, notando Solus sorrindo atrás de mim.
— Ótimo, direto ao ponto como sempre, Lady Aria. Vim para dar novas instruções e apresentar alguns colegas.
Elzer balbuciou, um pouco inseguro:
— O-Olá. — Elzer está nervoso com a situação — Prazer em conhecê-la, Lady A-Aria — completou ele, com um tremor na voz.
Lady Aria assentiu com simpatia, acolhedora como sempre.
— Se são companheiros de Zero, sintam-se em casa enquanto estiverem em nosso humilde acampamento.
Os irmãos concordaram, visivelmente nervosos. Com um suspiro, decidi entrar no assunto central.
— Vamos ao nosso objetivo: eliminar a cobra maligna.
Zerafine, até então quieta, olhou para mim, curiosa. Antes que ela pudesse falar, continuei:
— Antes de qualquer coisa, é essencial que todos os Lobos que lutarão aprendam a habilidade [Estabilização Momentânea]. Aqueles que ainda não tiveram contato com ela podem ser pegos pela aura aterrorizante da cobra. Essa habilidade evitará que percam a calma, impedindo que sucumbam ao medo e à ansiedade.
Lady Aria assentiu com determinação.
— Entendido. Vamos nos preparar para receber essa instrução.
— Essa habilidade é de categoria F — expliquei. — Vocês não terão problemas em aprendê-la em cinco a dez dias. Md comentou que muitos de vocês possuem talento para dominar habilidades. Além disso, recolham as plantas que pedi antes. Serão fundamentais.
— Já temos uma boa quantidade delas — respondeu Aria.
— Excelente. Misturadas com água e um pouco de sal, essas plantas farão uma poção de cura, essencial para os feridos após a batalha.
Voltei-me para Douglas.
— Douglas.
— Sim, Zero!
— Como mencionei antes, tenho algumas missões para você.
Douglas bateu continência do seu jeito, determinado.
— Certo! Irei cumpri-las!
— Preciso que vá até o território da raposa vermelha e o outro urso desta floresta. Conquiste-os para a nossa aliança. Use a força se necessário, mas não mate. Traga-os até mim.
— Certo! Farei isso hoje mesmo!
Enquanto me preparava para seguir com o plano, Solus se manifestou:
— Senhor Zero, posso acompanhar Douglas nesta missão?
Olhei para ele, curioso.
— Quer ajudar Douglas?
Solus assentiu rapidamente, os olhos brilhando.
— Sim! Sempre quis conhecer a raposa vermelha e os outros animais poderosos da floresta.
Refleti por um momento, achando que essa experiência talvez fosse benéfica.
— Está bem. Permito que vá, mas siga as ordens de Douglas.
— Certo!
Voltei minha atenção para Lady Aria.
— Md ficará no acampamento para ajudar no treinamento. Além disso, quero falar sobre um projeto ambicioso.
— O que seria, senhor Zero? — Aria perguntou, atenta.
— Quero construir uma cidade para feras inteligentes.
Lady Aria e os outros trocaram olhares surpresos.
— Uma cidade? — Aria murmurou, visivelmente intrigada.
— Sim. Vocês, lobos, são criaturas inteligentes, mas para continuarem vivendo em paz, precisarão se integrar ao mundo humano.
Aria pareceu refletir sobre a proposta, mas ainda havia dúvidas.
— Mas como isso funcionaria, exatamente?
— Humanos tendem a temer o que não entendem — comecei. — Se vocês construírem uma cidade e salvarem vidas humanas, poderão conquistar o respeito deles. Isso será apenas o início de uma convivência pacífica.
Aria parecia convencida.
— Entendido. É um plano ousado, mas faz sentido.
— Preparem-se então, pois em breve a batalha contra a cobra maligna começará — declarei, sentindo a tensão no ar.
Ao me levantar e sair, Elzer me chamou, hesitante.
— Senhor Zero… Essa cobra é tão poderosa? Vale a pena lutar contra ela?
Suspirei, lembrando-me do motivo de tudo aquilo.
— É um teste. Nosso chefe sugeriu que ajudassem esses lobos a evoluir e usássemos a cobra como uma prova de seus limites. Essa será uma chance para eles se tornarem mais fortes.
Elzer assentiu, parecendo mais determinado. Zerafine, então, se aproximou.
— E… nós? Vamos ajudar?
Olhei para ela.
— Exato. Este é o começo de algo grande. Quem está comigo?
Elzer deu um passo à frente, decidido.
— Estou dentro!
Zerafine hesitou, mas logo concordou.
— Se esse plano é tão importante… Estou contigo.
Com isso, sabíamos que tínhamos um caminho longo, mas os primeiros passos já estavam dados.