Isekai Corrupt - Capítulo 45
A tensão no ar era palpável, e o caos reinava ao redor. O capitão Bell, sentado no chão, olhava para o corpo sem vida de Igor, sua mente lutando para processar a brutalidade da cena diante dele.
O jovem, tão cheio de vida, agora estava morto, sua cabeça separada do corpo em um ato de violência que parecia surreal. A indignação queimava no peito de Rogers, mas ele não podia se permitir sucumbir à dor.
— C-Capitão! — exclamou um de seus companheiros, Leny, interrompendo seus pensamentos sombrios.
O capitão virou-se rapidamente, fixando os olhos na batalha que se desenrolava. Animais corajosos lutavam contra uma cobra gigante, e a bravura deles era admirável. Um impulso de ação surgiu dentro dele.
— Eles estão lutando, não estão? — murmurou, lembrando-se das palavras da cobra, que dissera que fugir seria uma idiotice. — Precisamos ajudá-los!
— Certo! M-mas… — hesitou o companheiro, a preocupação evidente em seu olhar.
— Preocupado com sua família? — Rogers indagou, sua voz firme, mas sua expressão revelando a própria incerteza.
— Sim… — respondeu o homem, a voz trêmula.
— Eu também estou, mas este não é o momento para isso. Se minha esposa e filhos estiverem mortos e eu souber, perderia completamente a vontade de lutar! Prefiro acabar com isso antes de saber a verdade. Se eles estiverem vivos, e eu for até lá… a chance de não retornar será alta.
Enquanto observava a cidade central em chamas, a angústia tomou conta dele. A incerteza o consumia.
— Será que vocês estão bem? O que eu posso fazer? — Leny perguntou para si mesmo, a frustração evidente em seu tom.
Ele queria correr até elas, mas a razão o segurava, lembrando-se do que o capitão dissera. Precisava acreditar que estariam bem.
A cobra, agora mais feroz do que nunca, atacava os lobos com uma graça maléfica, como se estivesse se divertindo com o combate.
Bell se sentia pequeno diante daquela força da natureza. Aqueles animais, que pareciam viver na floresta, estavam se unindo em um ataque.
A mente de Bell girava em torno da possibilidade de que talvez fosse uma luta coletiva para derrubar a cobra que ameaçava o equilíbrio da floresta.
— Talvez seja um ataque em massa para se livrar da cobra… — ponderou, sua voz carregada de determinação. — Eles devem ter se juntado para tirá-la do trono. Grrr…
Ele mal teve tempo de refletir, pois, de repente, um lobo se aproximou, seguido por outro que se juntou a ele.
— Humanos! Prazer, me chamo Aria. Sou a líder da matilha de lobos e a segunda no comando deste ataque — disse a loba, sua postura imponente.
— A segunda? Então esse ao seu lado deve ser o primeiro no comando — conjecturou Rogers, intrigado.
— Eu sou responsável pela guarda real de Lady Aria. Me chamo Solus — anunciou o outro lobo, erguendo a cabeça com dignidade.
Guarda real? Ela é algum tipo de rainha?
— P-prazer. Me chamo Bell, sou o capitão desta infantaria — apresentou-se o homem, tentando se manter firme diante da estranha situação.
— Entendo, então eu estava certa.
— S-sim, isso mesmo… poderiam me dizer o que está acontecendo? — a ansiedade crescia em sua voz.
— O que mais seria? Estamos atacando a cobra maligna que assola a floresta em que vivemos. Essa aliança foi criada pelo nosso mestre — explicou Solus.
— Pelo seu mestre? De quem estamos falando? — Bell questionou, confuso.
— Mestre Zero — respondeu Aria.
— Zero? — ambos, Bell e seu companheiro Leny, questionaram em uníssono.
— Ele seria o comandante número um e também diz ser humano — esclareceu Aria, sua voz firme.
— Diz ser? Vocês não sabem? — insistiu o capitão.
— Ele usa uma máscara — respondeu Solus, seu olhar sério.
— Uma máscara? Do que isso se trata? — a curiosidade dominou Bell.
— Lady Aria, você não acha melhor eu tratar desses assuntos? — sugeriu Solus, ansioso para assumir a liderança da conversa.
— Certo, irei voltar à minha posição. Por favor, contate Zero e diga para ele trazer Md e os outros consigo — ordenou Aria, retornando à sua posição de comando.
— Esse tal de Zero, onde ele está? — perguntou Bell, a expectativa crescendo.
— Ele está nos observando… ele virá a qualquer momento… DOUGLAS! O sinal! — gritou Solus.
O chamado ressoou pela floresta, e um imenso urso olhou para cima, emitindo um rugido tão alto que fez todos os presentes taparem os ouvidos. Logo, quatro humanos mascarados, usando uma espécie de máscara branca, surgiram correndo em direção ao grupo com uma velocidade impressionante.
A cobra maligna, que atacava os lobos, parou por um momento, os olhos arregalados em choque, como se visse algo de importância inestimável.
Os mascarados chegaram, e um deles, vestindo roupas pretas, aproximou-se de Solus.
— Muito bem, Solus. Agora volte para seu posto… espere a hora certa e faça o que você sabe fazer — instruiu o homem.
— Certo! Mestre — Solus respondeu, e então correu de volta para se juntar aos lobos.
M-mestre? Esse cara é o tal do Zero? Que tipo de aura é essa que ele emana?
Sua mente inquieta. A presença de Zero era avassaladora, e agora ele estava bem mais perto.
— Senhores, eu me chamo Zero. Sou um ladrão de relíquias — declarou o homem com uma segurança desconcertante.
— Ladrão?! — exclamou o capitão Bell, espantado.
— Sim, algum problema? — Zero perguntou, desafiador.
— N-não… — a resposta do capitão foi apenas um sussurro, atordoado pela presença do homem que tinha a capacidade de silenciar até mesmo o mais experiente dos guerreiros.
— Se estão aqui, então receberam nossa mensagem — continuou Zero, sem se importar com o desconforto alheio.
— Mensagem? Ah! Foram vocês que deixaram aquele bilhete na minha casa? — a percepção chegou a Bell como uma flecha.
— Correto, Capitão Bell, não é mesmo? Desculpe pela demora, estávamos nos preparando — respondeu Zero, seu tom calmo contrastando com a gravidade da situação.
— Se preparando? Então você que juntou esses animais? Fez uma aliança com eles? — questionou Bell, a incredulidade ainda pulsando em seu peito.
— Se quiser chamar assim, sim. Eu fiz uma aliança com esses animais para matar essa cobra. — A afirmação de Zero fez a mente de Bell girar.
Ele tinha uma pergunta, e o tempo parecia escorregar entre os dedos. Afinal, o que um ladrão de relíquias ganhava em proteger uma cidade?
— Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta! — a urgência na voz de Rogers ecoou.
— Diga — pediu Zero, sua voz firme e desafiadora.
O capitão hesitou, gaguejando ao tentar articular suas palavras.
— V-Você… por que está defendendo a cidade?
Zero arqueou uma sobrancelha, surpreso com a pergunta.
— Defendendo a cidade? — repetiu, como se fosse uma ideia absurda.
— Hm!? — O capitão fez um ruído involuntário, surpreso pela resposta evasiva.
— Você não ouviu o que eu disse? — Zero continuou, impaciente. — Eu sou um ladrão de relíquias… não, eu sou um ladrão. Não importa o que eu gosto de roubar. Não estou salvando cidade nenhuma; o que eu quero é a relíquia que está dentro do estômago dessa cobra.
A revelação chocou o capitão.
— Uma relíquia!? Ela engoliu uma!?
— Certamente. Este ataque é uma tentativa de pegar o que ela tem guardado. Não achei que envolveria tanta coisa, mas já que chegou a esse ponto… — Ele fez um gesto e um pequeno portal se abriu ao seu lado. —「Dimensional Backpack」.
Com um movimento rápido, Zero retirou algumas caixas contendo garrafas de um líquido verde vibrante.
— Aqui, tome — disse, entregando as garrafas ao capitão.
— O-O que é isso? — perguntou o capitão, com os olhos arregalados.
— Poções de cura. Não está vendo? — Zero respondeu com uma impaciência evidente. — Use-as em seus soldados que tiveram ferimentos graves. Os que não correm riscos, deixe-os assim mesmo. Depois, afastem-se um pouco deste local. Não sabemos quanto poder teremos que usar para matar essa cobra.
— S-Sim, obrigado! — O capitão respondeu, aliviado.
— Eu não quero seu agradecimento. Apenas tire essas pessoas daqui e estaremos quites. Não quero pessoas inocentes pegas no meu fogo cruzado, mas se não saírem, não hesitarei em atacar com tudo, mesmo que morram.
Um murmúrio de descontentamento percorreu o grupo.
— Tsc, que cara abusado! Ele sabe com quem está falando!? — sussurrou Leny, claramente indignado, segurando o braço de Zero — Quem você acha que é?!
— Tudo bem! Iremos sair assim que dermos as poções aos que estão mais feridos! — afirmou o capitão, tentando manter a calma.
— Ótimo — respondeu Zero, com um aceno.
De repente, uma figura feminina se aproximou, agarrando o braço de Leny. Em um movimento rápido, ela o imobilizou, segurando-o contra a própria cabeça. A presença dela era intimidadora, e sua voz revelava uma força surpreendente.
— Posso matar esse aqui? — perguntou, referindo-se a Leny.
O medo correu pelo corpo do capitão.
— L-Leny! — exclamou Bell.
— Esse aqui é importante pra você? — indagou Zero, observando a cena.
— S-Sim! Ele é um dos meus homens mais fortes! — suplicou Bell, a voz tremendo.
— Vocês ficam me devendo. Odeio quando me seguram sem um motivo plausível. Md, solte-o — ordenou Zero.
A mulher obedeceu, liberando o Leny, que se afastou, ainda tremendo. Seu braço doía onde ela o havia segurado. A força dela era realmente assustadora.
Que força impressionante.
Zero estalou os dedos, chamando a atenção de Leny que estava no chão com a mão no braço com dores.
— Hm… — Leny o encarou.
— Da próxima vez que me tocar, eu corto seus braços e suas pernas e mostrarei seu corpo degolado para sua família. Entendeu? — O tom de Zero era gelado, uma ameaça clara e contundente.
O capitão engoliu em seco, sentindo um medo puro, Leny sentira um medo ainda maior.
— E-Entendi… m-me d-desculpe.
— Tudo bem, todo mundo erra… Md — disse Zero, voltando-se para seu subordinado.
— Sim, Zero.
— Estamos em qual estágio do plano? — perguntou Zero.
— Eu diria que em 40%. Parece que ela é bem mais resistente do que eu achava — respondeu Md, preocupado.
— E nossas forças?
— Os lobos estão aguentando bem. Até agora, só tivemos uma perda mínima de 25% das nossas tropas, mas temo que isso logo vai mudar. Eles estão ficando cansados rapidamente. Usar tantas habilidades e prestar atenção em cada movimento da cobra maligna está desgastando-os.
— Hm… isso poderia acontecer, mas eu pensava que poderíamos chegar a 50% ou até 55%, antes de Solus fazer a parte dele. Ela é muito forte.
— Sim, … mandamos a equipe de abate agora?
— Sim, mas… deixei Solus de fora. Ainda falta bastante tempo. Acho que podemos aguentar mais um pouco — concluiu Zero, analisando a situação.
A cobra usou uma habilidade de veneno, mas todos os animais desviaram com eficácia do ataque.
— Douglas estava certo. É um ataque lento que dá pra desviar quando se sabe o que vai vir — comentou Zero, enquanto avaliava o campo de batalha.
— Sim… mande Douglas, Dargun e Íris assumirem a vanguarda por um momento. Use o resto das poções de cura nos lobos e façam com que eles usem o tempo que conseguirem para descansar.「Dimensional Backpack」 — Ele abriu novamente o portal, retirando mais caixas de poções e entregando à mulher ao seu lado.
— Entendido. Solus ficará de fora, não é mesmo? — perguntou Md.
— Sim, deixe-o de fora. Traga-o até mim, eu explico a situação — ordenou Zero, sua voz firme.
— Certo. — A mulher confirmou, partindo em direção aos outros.
Enquanto isso, Zero e seus aliados discutiam a situação com uma calma que beirava a indiferença. Pareciam tão à vontade em meio ao tumulto que cercava a luta pela sobrevivência.
Costume? … não, não pode ser. Eu lutava muito antigamente e nunca tive essas posturas todas que ele tem. Que tipo de pessoas são essas?
— Um, dois! — Um dos mascarados atrás de Zero respondeu, erguendo a mão em saudação militar. O outro parecia admirar a batalha, perdido, com um toque de desprezo, o que havia feito uma saudação deu-lhe uma pancada na cabeça do outro que respondeu em seguida:
— Sim, Zero!
— Agora chegou a vez de vocês. Como ainda não está na hora, juntem-se à equipe de abate e segurem a cobra por mais um tempo. Logo continuaremos o cronograma — finalizou Zero, sua autoridade evidente.
— Certo!
Os dois responderam em uníssono, balançando a cabeça em concordância. A cena era tensa, e a atmosfera pulsava com a expectativa da batalha que se aproximava.
Eles são chamados por números? Será que isso é para proteger suas identidades reais?
Enquanto os dois obedeciam às ordens, os lobos que até então lutavam bravamente começaram a recuar, dando espaço para que outros animais assumissem a linha de frente.
Dois imensos ursos, seus músculos poderosos e pelagens espessas reluzindo sob a luz do luar, se posicionaram ao lado de uma raposa avermelhada, ágil e astuta.
Os outros dois mascarados, com suas roupas escuras e máscaras enigmáticas, se juntaram ao grupo.
Então essa seria a equipe de abate? Que tipo de monstros eles são?
Cada membro da equipe emanava um ar de confiança e determinação, um indicativo de que não eram criaturas comuns, mas sim guerreiros com habilidades excepcionais.