Kings And Armies - Capítulo 2
Montes, capital de um reino nortenho, erguia-se majestosa, ainda que não rivalizasse em cosmopolitismo com o império invasor do sul. Contudo, não surpreendia, dado seu passado forjado pelas incursões tribais nortenhas que subjulgaram os povos civilizados ao sul. Era, por assim dizer, a lógica da conquista reversa, onde os invasores precisavam de tempo para equiparar-se aos conquistados.
À sombra das muralhas de Montes, uma tapeçaria de tramas políticas e ambições ocultas se desenrolava, ecoando os sussurros do passado em cada pedra antiga. Enquanto a rainha Kendra Ansurr mergulhava em reflexões sobre o destino de seu reino, seu conselheiro, Mark, desvelava um mundo de intrigas e conjecturas.
— Parando para pensar, nós não somos muito diferentes dos sulistas — murmurou a rainha, envolta em pensamentos que ecoavam séculos de conquistas e submissões.
— Mas nossas armaduras são muito superiores ao vestido de couro sulista, minha senhora — interveio o conselheiro, rompendo o véu de introspecção com uma dose de pragmatismo.
Surpreendida pela interrupção, a rainha ergueu o olhar, reconhecendo a presença de seu confidente.
— Mark! Desculpe, eu não tinha percebido que você estava aí, estava distraída com o meu diário — justificou-se, recobrando a compostura.
— Não precisa se preocupar, senhora. Se ao menos pudesse transpor meus pensamentos para o papel como você faz… — ponderou o conselheiro, evocando a sua limitação.
— Seria ainda mais notável, especialmente para uma mulher, não acha? Aarón realmente é curioso em apoiar governantes — Disse o conselheiro, tocando no fato de rainha ser uma exceção notável em um mundo controlado pelos homens.
— Acredito que sem o apoio de Aarón eu não estaria no trono agora, Até hoje eu não entendo o motivo dele me apoiar — disse a rainha.
— O senhor Aarón é um homen honrado, sem dúvidas ele viu em você o que os seus irmãos não possuem — disse o conselheiro.
— Aarón realmente é alguém fora do comum, quando ele voltar da batalha eu vou nomeá-lo Duke. Os 3.000 soldados de apoio devem levar um dia para chegar, e com Aarón sobre o comando do forte, deve levar pelo menos mais de 2 dias de cerco para os sulistas tomarem o castelo — Disse a rainha obviamente ciente da situação atual do castelo.
A conversa desviou-se para Aarón, figura enigmática cujo apoio surpreendente havia definido os rumos do poder em Montes. Entre memórias e conjecturas, delinearam-se os complexos arranjos políticos que permeavam os salões do poder.
Ao sul da capital, o forte de Montes rendia-se aos avanços do inimigo, desencadeando uma dança sutil entre generais ávidos por glória e soldados mergulhados na carnificina da guerra. E em meio ao caos, o líder dos asasinos Marco, está com seu bando se recuperando da batalha.
Ao horizonte, ume centúria de soldados se dirige ao grupo de Marco. Estava óbvio que se tratava de um assunto importante para tantos homens virem apenas para falar com uma única Ordem de Assasinato.
Marco, observando de longe, analisando e se questionado o motivo dos soldados estarem se aproximando. Na verdade para Marco, esse era o pior tipo de situação que poderia acontecer nesse dia, tendo em vista a má reputação das ordens de assasinato.
Os soldados sem aproximam do grupo, e perguntam onde está o seu líder, Arne fica em silêncio encarado fixamente os soldados, Otho por outro lado evita fazer contanto visual com eles.
Marco depois de ter ficando alguns breves segundos em silêncio, respondeu: — Sou Marco, Líder da Ordem do Lince.
Abrindo espaço entre as fileiras de homens, um soldado portando um elmo adornado com duas grandes penas de pavão se aproxima, um claro exagero para demonstrar superioridade na hierarquia militar. O que torna a situação ainda mais estressante para Marco.
—O general Khass quer falar com você — disse o oficial de maneira seca e direta.
—Muito bem, não vamos deixá-lo esperando, não é mesmo? — disse Marco, secamente. Muito diferente de como ele agiria em outra situação. Claramente ele estava tenso com a situação.
Os soldados começam a escoltar Marco até a tenda do grande general Khass, os demais membros da ordem apenas observam Marco se afastando com os soldados.
Sem rodeios, Arne disse: — então pelo visto, até o grande mestres dos assasinos tem medo de seus superiores.
Otho por sua vez responde: — não acho que seja medo, talvez ele só não goste de se envolver no jogo dos poderosos.
O terceiro assasino que estava repousando na tenda sorrir e responde: — Não acho que Marco não goste desse jogo, basta ver a ambição em seu olhar, pessoas com esse olhar geralmente são muito boas no jogo do poder.
— Eu sinceramente não acho isso Recaredo, todo mundo sabe a aversão que o Marco tem por política — respondeu Otho.
— Quem sabe não é mesmo? É praticamente impossível saber o que ele tá pensando — disse Recaredo antes de retornar para a tenda.
Enquanto o grupo discutia, os soldados escoltaram Marco até a grande tenda do general khass.
Marco, enquanto caminhava, escutou o líder da guarda dando um grito. Claramente ele estava dando ordens aos demais soldados.
— Chegamos!
Quando Marco reparou, o líder da guarda e os soldado já estavam na frente de um grande tenda militar. Estava óbvio para Marco que essa era a tenda do general Khass.
Seguindo o caminho ordenado pelos guardas, entrou na tenda e parou na frente do grande general khass e seus soldados.
— Então você é o líder dos monstros que ajudaram a tomar o castelo? — questionou Khass.
— Uma pequena correção senhor, os monstros que tomaram o castelo seria um termo melhor— respondeu Marco em um tom de ousadia calculada.
Pensado sobre a resposta de Marco, perguntou:— Realmente… Mestre Marco, você já leu nos livros de história sobre as grande conquistas do império?
—Vagamente, história não é o meu forte, na verdade só recorro a história para aprender sobre os fracasos e os erros de nossos antepassados. Essa é a única utilidade do passado, não é mesmo? — questionou Marco.
— Esse é um exelente ponto, até porque antigamente nós não fazíamos modificações corporais em escravos, para transformarmos em armas invencíveis, não é mesmo? — questionou Khass.
— Digo, antigamente os soldados não eram carne para o abate, porque antigamente eles decidiam os resultados das batalhas — questionou Khass.
— Bom, pelo menos os soldados hoje podem ficar tranquilos sabendo que o imperio agora nunca cairá, e que as milhares de mortes do passado agora nunca irão acontecer, porque agora existem ordens que trabalham nas sombras para sevir ao império — respondeu Marco. Claramente contrapondo a visão de mundo do general khass.
O diálogo prosseguiu entre meias-verdades e insinuações veladas, revelando os jogos de poder que moldavam os destinos do reino. No tabuleiro da intriga, cada movimento era uma peça no intricado jogo pelo controle de Montes.
— Bom, eu adoraria continuar a nossa conversa, mas eu estou aqui porque o imperador expressava o desejo de convidá-lo para sua caçada, ele estava planejando essa comemoração assim que o forte de Montes caísse.
— Claro, eu só gostaria de levar um convidado comigo?— questionou Marco.
— Claro, porque não, o imperador gosta mesmo de ter uma multidão em suas festas — respondeu Khass.
Com isso marco saiu da tenda e falou: — Bom, garoto, eu fiz minha parte da promessa, agora se você fizer idiotice é com você.