Knight Of Chaos - Capítulo 459
No mesmo dia, a partilha de lucros foi estabelecida pelo alto comando. No total, mais de 12.000 Dobats haviam sido mortos, assim como cerca de 40 Ogros. Para manter a justiça, cada Divisão recebeu os saques equivalentes aos seus esforços, assim como da área em que atuaram.
A Primeira Divisão recebeu em torno de 2.000 cristais, assim como os equipamentos e alguns materiais mais importantes recolhidos. Com exceção da Legião Aurora, extirpada do recebimento de recompensas, o montante foi distribuído entre a Legião Salamandra e as demais organizações.
A Segunda, Terceira e Quarta Divisões, que lutaram em conjunto na batalha central, receberam cerca de 5.000 cristais. Como a Divisão de Cavalarias tinha sido aquela que encabeçou o ataque inicial e se manteve presente durante todo o confronto, ela havia recebido uma maior compensação, recebendo por volta de 2.000 dos cristais, com o restante sendo partilhado entre as demais.
Por fim, a Quinta Divisão, sozinha, recebeu cerca de 5.000 cristais, o que era equivalente ao que as três Divisões da batalha central receberam juntas!
Muitos não estavam satisfeitos com isso, um movimento, liderado por alguns Majores,até mesmo sugeriu publicamente que a Quinta renunciasse a uma parcela dos espólios e os compartilhasse com as demais. Mas essa ideia foi rapidamente abafada pelo próprio General Dimitri.
“Quem quiser um cristal da minha Divisão, vai ter que passar por cima do meu cadáver!” declarou.
Após isso, ele expôs a quantidade de baixas que a Quinta sofreu e o número de inimigos que enfrentaram, então ninguém mais se atreveu a cobiçar suas recompensas. Além disso, devido a dois Lordes terem caído em suas mãos, seu prestígio estava extremamente alto no momento.
No Salão da Recepção de Garância, os Generais haviam se estabelecido, formando ali o QG. No momento, os cinco homens estavam discutindo sobre a batalha.
“Ele deve ser penalizado! Se tivermos outras pessoas com tal arrogância no futuro, o que será de nossa Legião?” Herin falou, de forma altiva.
“Hah, você realmente quer falar sobre penalizações? Se quiser, pode oferecer sua cabeça, acho que isso seria justo.” Dimitri esbravejou em resposta, olhando o sujeito de barba negra comprida com olhos afiados.
“Você!”
Vendo o confronto entre os dois homens, Ramon e Zado ficaram em silêncio, não intervindo. Um atrito entre Generais não era algo fácil de lidar, ainda mais quando envolvesse rancores.
“Seu Tenente protegido falou sem respeito algum com o General Comandante, ameaçou debandar e ainda exigiu tropas num momento crítico! Isso poderia ter colocado todo o plano em risco. Além disso, dar o comando de uma Divisão a um mero Tenente? Isso também não pode sair impune!” Herin argumentou.
“Plano? Você fala sobre quase dizimar toda a minha Quinta Divisão, é desse plano que se refere?” Dimitri disse, cuspindo no chão. “Se não fosse esse ‘mero Tenente’ que você fala, minha Divisão teria caído por sua sabotagem!”
Vendo essa ação rude do caipira do norte, Herin estava enfurecido. Até pouco tempo atrás, Dimitri raramente se opôs a ele, mas agora, depois dos acontecimentos na batalha, o sujeito havia mostrado seu lado selvagem.
Mesmo Zado e Ramon ficaram surpresos com isso, percebendo que talvez essas fossem as verdadeiras cores do homem, o antigo braço esquerdo do renomado Kalfas.
“Já basta!” A voz de Wayne soou, quando ele interveio.
Atualmente eles estavam com muitos problemas em mãos, principalmente porque ainda não haviam recebido notícias sobre a empreitada do General Comandante Dimas a La Rosa. Se Dimas fosse bem-sucedido na retomada, seria difícil para eles e os demais contrapor o homem.
“Não haverá punições ao Tenente Fernando, do Batalhão Zero. Como Comandante Provisório no momento, ele tinha direito a solicitar reforços.” Wayne disse, pondo um fim a discussão, fazendo Herin, que parecia irritado, conter-se. “O General Herin também não será punido, suas ações foram visando o bem maior, sem más intenções.”
Dessa vez foi Dimitri quem franziu a testa, entretanto, não ousou contrapor o General Comandante. Mesmo que as ações de Herin prejudicassem a Quinta Divisão, seu objetivo era alcançar a vitória.
“Esse Tenente Fernando, estou mais interessado nas modificações que o subordinado dele fez nas Balistas. Eu as inspecionei pessoalmente, e com certeza foi um trabalho de primeira. Dimitri, pode falar algo sobre?” perguntou.
O General de cabelos espetados se viu numa situação complicada ao ser questionado, já que mesmo ele não sabia explicar. Antes do acontecimento, ele sequer sabia da existência do Especialista em Runas que estava sob Fernando.
Ele havia questionado o jovem Tenente após a batalha, e falado com o homem chamado Alfie Caiman, mas não obteve quaisquer respostas satisfatórias. Tudo que ele havia ouvido era que o sujeito era um ‘praticante de Runas iniciante’.
Essa resposta obviamente não o convenceu, mas como Fernando já havia se tornado uma peça fundamental em suas tropas, demonstrando grande talento, ele não ousou pressioná-lo demais, por receio de que ficasse insatisfeito e partisse para a tutela de outros Generais.
“Há um Especialista em Runas no Batalhão Zero, ele pertence à Unidade de Logística deles.”
“Unidade de Logística? O que é isso?” Ramon interveio na conversa, questionando.
Após isso, Dimitri explicou como o Batalhão Zero atuava, com Tropas de Reserva e uma Unidade de Logística, destinada a ações de suporte às tropas do Batalhão.
Todos os Generais no local ficaram impressionados ao saber a respeito, questionando como alguém que foi recém nomeado ao cargo de Tenente conseguiu criar tal sistema, e mais importante que isso, como ele sustentava isso? Essas dúvidas fizeram o interesse de todos ficar ainda maior em relação ao Tenente Fernando, assim como do Batalhão Zero em si. Pelo que haviam ouvido falar dos relatórios dos Capitães na Quinta, a força dessas tropas eram relativamente altas, tendo muitas elites entre suas fileiras.
Na verdade, o próprio Dimitri também estava impressionado com o sistema criado por Fernando. Ele sabia que o jovem havia recebido uma quantia massiva de recursos em Belai e ao que aparentava ele havia investido tudo nisso.
O General Comandante estava realmente impressionado ao ouvir isso, ele havia se encontrado com Fernando em Belai, quando o nomeou Tenente, havia sido naquele evento que Wayne se rebelou publicamente a Dimas, então a memória ainda estava fresca em sua mente.
Ele se recordava o quanto Dimitri elogiou os esforços do rapaz em seus relatórios, mas também sentiu que o homem escondia certas coisas.
“Deixando de lado a questão do Batalhão Zero, esse Especialista de Runas, gostaria de me encontrar com ele, você pode organizar isso?”
A expressão de Dimitri era complicada ao ouvir isso. Estava tão claro quanto água o que Wayne queria, A velocidade de disparo das cinco Balistas Explosivas reforçadas por esse ‘Especialista’ era muito maior que a das outras cinco armas sem o reforço. Então ele certamente queria que o homem fizesse o mesmo nas demais, porém, havia um problema.
Depois da batalha ele havia pessoalmente conversado com Alfie, mas o homem se recusava a cumprir as demandas dele, mesmo que fosse um General. O sujeito alegou que só respondia a Fernando, pois havia sido contratado por ele.
“Isso é um pouco difícil… O homem foi contratado pelo Tenente Fernando como escolta pessoal. Apesar de ter usado sua perícia em Runas naquele momento, ele diz que essa não é sua função e que só responde ao Tenente.”
Zado que ouvia toda a conversa, tinha uma expressão pensativa. Pelos relatórios, a pessoa sobre a qual falavam não era o Mestre de Runas que havia visto com o rapaz anteriormente, o que indicava que essa pessoa não queria se revelar a eles. Isso o fez pensar sobre qual era a motivação do velho homem.
“Absurdo, se o General Comandante ordena, essa pessoa vai obedecer, se não só precisamos arrastá-lo até aqui.” Herin falou, com altivez.
Dimitri não respondeu dessa vez, em respeito ao Comandante, mas lançou um olhar furioso em direção ao homem.
“Isso não é necessário. Especialistas em Runas são raros hoje em dia e pelo que soube, a maioria tem comportamentos extremamente singulares e exóticos. Então usar de autoridade ou força não é o ideal.” Wayne comentou, pensativo. “Dimitri, marque uma reunião com o Tenente Fernando dentro de três dias.”
Dimitri rapidamente assentiu em resposta, ele entendeu quais eram as intenções do homem.
Após lidarem com questões paralelas, a principal questão entrou em tópico.
“Quanto aquilo… é realmente verdade?” Ramon perguntou, com algum receio. “Sobre um suposto Imperador Orc?”
Quando as pessoas na sala ouviram essa pergunta, o clima esfriou, enchendo-se de tensão.
“Não sabemos, mas pela forma que o Arandur disse, podemos considerar como algo real. Já enviei essa informação a Cidade Dourada em meu relatório, assim como sobre a estranha Magia de Invisibilidade que o General Dimitri relatou a respeito do Orc Xamã.” Wayne disse.
Por mais que não estivessem em bons termos no momento com a Cidade Dourada, devido à existência de Dimas, no fim, não poderiam guardar informações tão importantes para si próprios.
“Tudo que podemos fazer é esperar que eles lidem com isso. Assim como as Dez Grandes Legiões.”
Esse assunto era tão delicado, que Wayne duvidava que os Leões Dourados seriam capazes de lidar por si e provavelmente levariam o assunto ao Conselho Superior, para que as maiores Legiões assumissem.
Ainda no mesmo dia, os espólios de guerra da Quinta Divisão foram divididos por Dimitri. 500 cristais foram cedidos à Brigada Salazar, por seu reforço, 1.000 a Oitava Brigada, por ter segurado um Lorde e o ataque do Sul, 2.000 foram partilhados entre a Sexta e Sétima Brigadas que defenderam o ataque do Leste, 500 havia ficado com o próprio General e por fim, os últimos 1.000 cristais de Dobats, assim como os 40 de Ogros, haviam sido entregues a Fernando e o Batalhão Zero.
Quando essa informação chegou aos ouvidos do público, um grande burburinho iniciou-se em toda a cidade.