O Alento do Demônio - Capítulo 1
Acordei com o som do eco de gotas caindo sobre uma superfície rígida, uma extrema dor de cabeça atingia até os ossos do meu crânio, meu corpo não respondia devido a uma intensa fadiga que fazia com que toda vez que eu tentava me mexer meus músculos pareciam explodir. Minha mana também parecia esgotada.
O lugar estava escuro o bastante para eu não enxergar nada além de um breu que quase sussurrava em meus ouvidos, mas o vento que eu sentia atingindo meu corpo sugeria que o lugar era muito aberto.
Os únicos sons que eu ouvia era o barulho de gotas caindo e as batidas do meu coração, isso me causava um certo pânico, mas eu deveria pensar logicamente. Onde estava? O que estava fazendo lá? A última coisa que eu me lembro era estar em uma sala branca, conversando com alguém.
Decidi suportar a dor e se mover. Tentei ir para o lado esquerdo, a dor começou no meu abdômen, senti meus músculos se contorcerem cada vez mais, meus membros estavam querendo pular para fora, comecei a sentir sangue pelo meu corpo, então parei.
Encharcado de sangue, a única coisa que consegui foi me mexer alguns centímetros. Me estiquei para ver se algo está perto, senti um objeto longo, deduzi ser minha espada.
Sem se perguntar o porquê dela estar lá, agarrei-a e a desembainhei, sua lâmina continuava excelente mesmo de tudo isso, e não estava suja, então quer dizer que eu não lutei, isso explica algumas coisas, mas acaba criando outras dúvidas.
Meu corpo estava incapacitado de realizar qualquer coisa, qualquer movimento era uma dor inimaginável, teria que decidir o que fazer o mais rápido possível, porque o lugar não me causava uma boa impressão. Decidi esperar algum tempo.
Depois de algumas horas vagando em pensamentos, consigo me mover, ainda com dores e sem fazer movimentos bruscos para não me lesionar ainda mais.
Levantei lentamente, minha mana havia se recuperado um pouco, pensei em conjurar fogo para iluminar o local.
Concentrei minha mana em apenas uma parte da minha mão, vapor começava a sair, faíscas, e após algumas tentativas o fogo começou, e chamas um pouco maior do que uma tocha se alastraram, o som do fogo ficava mais alto e a luz começava a se espalhar pelo lugar, olhei em volta.
Uma caverna que seria facilmente confundida com uma grande escavação, a luz da chama quase não chegava até a parede e, olhando para cima, era apenas uma grande fossa sem fim.
O encriptar das chamas faziam um barulho muito baixo, mas a quietitude do lugar fazia o som parecer alto, o eco das gotas pararam, minha respiração estava estável até aquele momento.
O lugar em que eu estava tinha apenas uma passagem, feita por mãos humanas, era quase certo que alguém havia me deixado lá.
Peguei minha espada e comecei a andar, o cheiro da caverna tapava minhas narinas, o fogo em minha mão não consumia muita mana.
Recobrando ainda mais os sentidos, me senti aliviado, pois não sentia nenhuma presença alarmante.
Usando como luz o fogo que conjurei, andava lenta e calmamente, andava próximo da parede para não estar vagando no vácuo da caverna.
No começo do caminho, quando sai de onde estava, era uma trilha linear, mas agora, depois de algumas horas estava tendo várias bifurcações e diferentes lugares sem saída, a caverna se assemelhava mais a um labirinto.
Vagando mais um pouco, percebi que as dores do meu corpo estavam desaparecendo, eu poderia correr rápido o suficiente para escapar de alguns predadores.
Começando a ficar desgastado, achei uma área espaçosa, grande o suficiente para caber uma casa simples das áreas pobres, e apenas três pilares de pedra seguravam o lugar. Como tinha andado por horas, decidi me recompensar com algum tempo de descanso.
Sentei no chão e coloquei minha espada encostada na parede, na minha frente havia três passagens que levavam para lugares diferentes, apaguei o fogo e fechei meus olhos, aquele fogo havia exigido pouco de mim, mas descanso é necessário.
Acordei mais uma vez com uma interrupção, mas não foi um som, foi uma sensação, meu primeiro reflexo foi conjurar mais uma vez as chamas.
Sentia algo vindo, se aproximando cada vez mais, me levantei, peguei minha espada e fiquei em alerta, não conseguia saber de onde vinha, a sensação ficava cada vez mais densa, olhava para as três passagens sem piscar.
Alguns segundo depois, uma besta revelou-se da passagem do meio, um leão, possuía dois chifres que apontavam para frente, sua cauda era longa e espessa, suas presas eram pequenas, mas afiadas, as patas traseiras eram de bode, enquanto as da fronte eram com garras afiadas e salientes, seus olhos era de uma criatura selvagem, Chimera, que matava por nada além de diversão.
Antes de poder observá-la com mais detalhes, ela investiu em minha direção com suas pernas traseiras velozmente, como a Chimera estava longe, tive tempo de reação o suficiente para desviar com um passo para a direita, fazendo a Chimera chocar seu rosto na parede da caverna, que a fez estremecer, e isso pareceu não ter efeito nenhum sobre ela, que levantou com saliva escorrendo de sua boca e rugiu ferozmente.
Sem perder tempo, a Chimera então tentou me golpear com suas garras, defendi com a espada embainhada, sua altura era o dobro da minha, mas a força estava igualada.
Dei um passo para trás e aproveitando que ele não imaginava minha força, dei um salto e com a velocidade do salto, chutei o queixo da besta, fazendo ela sair do chão.
Fui também ao chão com o impacto, mas me reposicionei novamente e pulei novamente em direção da besta que se encontrava atordoada no ar, dei um giro rápido para frente e usando o impulso do giro para aumentar a potência, estiquei a perna e golpei o crânio da criatura, que foi ao chão no momento em que levou o golpe.
O chão se quebrou e no lugar onde se encontrava a Chimera, já morta, se formou uma cratera.
Em consequência disso, dois dos três pilares que seguravam o lugar foram destruídos, o lugar começou a desabar, e o terceiro pilar se quebrou completamente depois que rochas bloquearam totalmente o caminho de onde vim e o da direita.
Rapidamente corri para a passagem do meio, não tive tempo de pensar em cansaço, pedras e poeira caiam e construí a necessidade de desviar apenas das maiores e com maior risco de perigo; o fogo que conjurei já havia apagado, então usei magia de luz, consumia muito mais mana do que a de fogo, mas era minha única opção.
Antes de chegar à passagem, uma pilha de pedras bloquearam o caminho, automaticamente fui para a esquerda, e desviando de rochas, cheguei sem nenhum ferimento a se preocupar, mas o lugar continuou a desabar.
Sem perceber, uma reação em cadeia havia se alastrado por toda a caverna, e a caverna inteira se tornou um campo minado, em que cada passo errado poderia causar a sua morte.
Decidi correr sem rumo para tentar a saída.
Após correr por mais de 20 minutos pelas passagens da caverna, saí das áreas de desabamento e o caminho começou a ficar mais livre de obstáculos, meu corpo era movido por pura adrenalina, os canais de mana que corriam por todo o meu corpo estavam vazios, o ritmo em que eu corria antes se tornava cada vez mais distante.
Andando no máximo que minha condição física permitia, a adrenalina que corria por todo o meu corpo já estava quase no fim e, após mais alguns passos, luzes amarelas esbranquiçadas começavam a aparecer, raios fluorecentes entraram em minhas retinas, atrapalhando minha visão, depois de um tempo eu percebi, começava a ver luz natural mais uma vez.