O Conto da Bruxa: A Última Flor - Capítulo 11
— Será que eu disse algo que deixou a mamãe chateada?
— Tenho certeza de que não foi isso, Lena. — Perséfone respondeu com um sorriso irônico, tentando alertar Serena.
— Lena, não fique falando essas coisas! Vocês sempre conseguem me deixar envergonhada…
— Ah, agora entendi. Mamãe tem o dom de se envergonhar facilmente. Ela não vai deixar de ficar envergonhada com elogios mínimos. — Serena disse, com um sorriso travesso.
Com a pequena discussão esquecida em casa, as três caminhavam alegremente. Lysandra seguia à frente de Perséfone e Serena, tentando esconder seu desconforto. Serena parecia feliz, Perséfone estava com seu sorriso irônico, a situação pedia um pouco mais de compreensão das três.
No entanto, elas continuavam alegres pela rua principal que levava diretamente ao lago atrás da floresta. Não era hora para que uma pequena situação arruinasse tudo. Serena ficou quieta e observou sua mãe. Lysandra não estava realmente zangada; ela apenas se sentia facilmente desconfortável com qualquer palavra.
— Mãe… não é hora para se chatear com essas coisas…
— Hum! — Lysandra fez um bico desagradável à situação.
— É tão bom ver mãe e filha se dando bem, dá até inveja… — Perséfone disse com um sorriso inocente. Serena e Lysandra riram, mesmo que as palavras fossem sarcásticas.
Enquanto caminhavam pela rua principal, algumas mulheres notaram o trio indo em direção ao lago.
— Bom dia, senhora Lysandra. Decidiu tirar o dia de folga para ir ao lago? Que maravilha. Lena deve estar muito feliz com este dia.
— Uma das mulheres exclamou ao notar as três caminhando juntas.
— Até mesmo Lena está aqui? Que surpresa…
Antes que Lysandra pudesse responder, Perséfone sussurrou baixinho:
— Você é muito querida por aqui…
— Eu acho que sim. — Foi a única resposta que ela conseguiu dar a Perséfone. Em resposta ao que as mulheres haviam dito, Lysandra não conseguiu fazer mais do que um sorriso desconfortável.
Enquanto Serena tentava acompanhar discretamente o ritmo de Lysandra, Perséfone sorriu timidamente e acenou para as mulheres. Todas elas sorriram e voltaram para suas atividades. Elas caminharam assim por um tempo até chegarem à floresta, que desapareceu abruptamente de vista, revelando uma clareira à frente. Logo, elas haviam chegado ao destino.
— Ah… — Lysandra suspirou. — Sinto que o ar aqui é mais refrescante, me sinto renovada. É bom fugir daquela ratoeira infernal…
— Então, Lysandra… você anda tão ocupada com o trabalho e atendendo as pessoas que, de vez em quando, é bom tirar um tempinho para fazer o que gosta. Ah, posso ajudar com isso? Eu estendo o pano na grama.
Perséfone colocou sua bolsa sobre um pequeno toco de árvore e foi ajudar Serena a estender o pano. Serena parecia surpreendentemente animada. Lysandra simplesmente colocou suas coisas na grama e se espreguiçou enquanto Perséfone expressava palavras de consideração. Quando terminaram os preparativos para o piquenique, Lysandra sentou-se para contemplar a paisagem.
— Faz tanto tempo que não tenho um momento de paz. Às vezes, esqueço que não tenho mais esses luxos. Mesmo sendo nomeada fundadora agora, tenho mais trabalho do que nunca… Ei, Lena, está tudo bem?
— …
— Lena? Aconteceu alguma coisa? Você está se sentindo mal? — Lysandra perguntou preocupada, estendendo a mão para sua filha, que permanecia imóvel, observando a paisagem. Ela também olhou na direção para onde Serena estava olhando.
— Você estava realmente estranha de manhã. Se não estiver se sentindo bem, podemos ir para casa descansar…
Enquanto ela expressava sua preocupação…
“Rrrrrrrrrrrr…”
…O estômago de Serena roncou alto. Foi um som engraçado, mas que implorava por comida. Instantaneamente, toda a preocupação no rosto de Lysandra desapareceu, transformando-se em alegria. Tudo o que ela fez foi suspirar profundamente.
— Mamãe, estou com fome…
— Acho que isso é bem óbvio. Dá para perceber sem nem perguntar, hehehe… — Lysandra soltou um risinho. — Eu aqui preocupada achando que você estava bem…
Quando Lysandra suspirou aliviada, deu um pequeno tapinha na testa de Serena. Ela não se abaixou; Serena estava quase na mesma altura que Lysandra, que a puxou para perto de seu peito. Era como se toda a preocupação dela tivesse desaparecido.
— Sempre que vejo vocês duas, consigo ter um momento de paz…
— …Você quer participar também, Perséfone?
— Ei, Lena.
— Não precisa… — com um sorriso singelo, Perséfone apenas acenou.
— Chega de melancolia. Vamos, a minha linda mimada está clamando por comida. É um pouco cedo, mas a minha princesa exige.
— Mãe!
Com essa declaração, Perséfone tomou a frente e abriu a cesta. Lysandra continuou abraçada com Serena, que disse baixinho:
— É muita comida…
— Hã? Disse algo?
— Não, nada.
Enquanto Perséfone retirava a comida da cesta e a colocava sobre a esteira de palha, que estava sobre o pano forrado na grama, um delicioso aroma se espalhou pelo lugar. Segundo Serena, Lysandra cozinhava muito bem, apesar de não praticar muito. Naquele dia, era churrasco, o favorito de Serena.
— Fico sempre feliz que ainda lembra de fazer isso para mim. — Perséfone falou, seu rosto mostrando alegria por passar um tempo com sua amiga de infância.
Lysandra apenas olhou e concordou. Ela não encontrou palavras para responder, seu rosto um pouco corado.
— Sim… obrigada. — respondeu Lysandra. Foram poucas palavras, mas ela não encontrou uma forma melhor de expressar sua gratidão.
Serena levantou-se, colocou as mãos na cintura e disse:
— Quero que estes dias nunca acabem! Que possamos continuar assim para sempre!
— Isso já não é suficiente? — Perséfone questionou.
— Claro que não! — respondeu Serena, descontente, cruzando os braços e soltando um “Hum” em resposta a Perséfone.
— Lena, poderia parar de ser mimada por um instante? — Lysandra, desconfortável, pediu.
— Agora que terminou de comer, por que não vai dar uma volta à beira do lago, como costumava fazer? — sugeriu Lysandra.
Então Serena pegou animadamente mais um sanduíche e foi caminhar à beira do lago, como sempre fazia. Respirando fundo, incapaz de conter por mais tempo, ela disse:
— Mãe, tia Perséfone, eu amo vocês!
Tanto Lysandra quanto Perséfone ficaram sem reação.
— Apesar de estar esquecendo do papai também…
Com isso, Serena seguiu animadamente sua caminhada ao redor do lago.