O Conto da Bruxa: A Última Flor - Capítulo 14
“O que está acontecendo? Eu preciso manter a consciência a qualquer custo. Preciso salvá-las! Eu preciso ficar acordada, mantenha os olhos abertos. Está doendo, arde, arde, está ardendo. Porque estou lembrando da minha mãe? Será que é porque…? Estou com medo, Serena, me salve, por favor… Mãe, Gunnora, por favor. Meu corpo está ardendo, queimando. O que é isso? É o meu sangue? Preciso ficar acordada, eu estou sendo levada. Eu tenho que salvar as duas, preciso mantê-las em segurança… O quê? Eu estou perdendo a consciência, não posso, não, não! É a última coisa que quero relembrar…”
Estes pensamentos deixavam Sarah ainda mais perturbada, até que sua consciência foi levada para longe. Ela já não sabia se estava acordada ou se seria um sonho. Mas tudo que ela lembrava era de sua antiga vida, onde morava em uma montanha, onde vivia uma bruxa. Sua pequena casa, aconchegante e bem arrumada, contrastava com o preconceito de que casas de bruxas eram frias e úmidas. Tudo estava no seu devido lugar, e era suficientemente confortável para acomodar duas pessoas sem maiores problemas. Na varanda, um pequeno balanço feito de pneu indicava a presença de uma criança na casa.
Na sala, o cômodo principal da casa, havia uma linda mulher de aproximadamente quarenta anos, de cabelos brancos e sedosos, pele morena e olhos verdes, olhava para uma jovem garota de aproximadamente oito anos. Seu rosto fino e olhar travesso diziam por si só. Seus grandes olhos castanhos combinados com seus cabelos negros a faziam parecer um ser de contos de fadas.
“Para minha querida Sarah. Como está sua vida? Me pergunto se hoje está crescida, se tem alguém que está gostando? Quando estiver lendo esta carta, foi por um motivo especial, e quem a entregou traz boas notícias. Bom, a história que vou contar aconteceu há muito tempo, nem mesmo eu existia naquela época. Tudo começou quando uma certa entidade nasceu. Ela estava lá, mesmo antes das bruxas existirem. O mundo passou naquela época por várias mudanças, e uma delas foi a criação das bruxas pelo que os mortais chamam hoje de Deus. Tudo começou de vez em quando…”
Ela olhou atentamente para a mesa enquanto escrevia uma carta. A caneta em sua mão relutava em escrever mais palavras, mas mesmo assim ela o fez. Em seu rosto havia determinação, algo que realmente era necessário. Até que uma voz a interrompeu.
— O que está fazendo? — perguntou Sarah, curiosa.
— Ah, Sarah, venha aqui e sente-se ao meu lado — disse Saphira. Sarah obedientemente sentou ao lado de sua mãe. Não entendia muito bem o motivo de ter sido chamada, mas ainda havia um resquício de medo.
Não sabia muito bem do que poderia se tratar, mas tinha certeza de que sua mãe queria falar algo sério. Aquele momento foi um dos poucos momentos que Sarah realmente apreciou por ter sua mãe ao seu lado.