O Conto da Bruxa: A Última Flor - Capítulo 2
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Em algum lugar da cidade de Pandora, uma risada alta ecoava pelas vielas escuras, parecia ter saído dos pesadelos mais horríveis de uma pessoa. Provavelmente ninguém ficará incomodado, estes acontecimentos eventualmente ocorrem. Ao fundo, uma figura estranha se incorporava à escuridão.
Essa enigmática figura tinha mais um de seus inúmeros ataques de prazeres. Na sua mão esquerda tinha uma faca com a ponta larga, pesada o bastante para cortar algo sem exigir muito esforço.
Seu corpo esculpido de maneira que ficasse com o peso em sua ponta, tornando essa arma ainda mais aterrorizante. O som do metal rangendo nas paredes das vielas escuras traz um arrepio indescritível. Parecia que um frio intenso a ponto de congelar os ossos havia surgido do além.
As faíscas do metal rangendo nas paredes da viela se dissipam com a fraca luz da lua, a figura enigmática ergueu levemente o seu braço esquerdo, apontando a faca em direção da mestiça encolhida no chão e disse: — Vocês não são nada mais do que um bando de animais que ficam perambulando de um lado ao outro, não, não tem nada mais horripilante do que ver vocês!
As nuvens lentamente se dissipam revelando uma mulher de cabelos negros, mais escuro do que a própria noite.
À medida que a observava mais atentamente, seus longos cabelos negros tornavam-se cada vez mais deslumbrantes, de uma forma indescritivelmente chamativa. Até mesmo alguém com cabelos coloridos, ou até mesmo em chamas, pareceria mais discreto. Então, a figura enigmática suspirou profundamente, fechando lentamente o olho esquerdo. Ela estava perseguindo essa criatura por mais tempo do que conseguia se lembrar.
“Até quando tenho que fazer isso?”, a mulher pensou. Verdade seja dita, ela ainda não deixava de se sentir excitada com o simples fato de sentir terror alheio, deleitando-se com a simples ideia de ter alguem aterrorizado sobre seus pés, essas poderiam ser o ápice das emoções mais sombrias que um ser humano pode fornecer.
— Por favor, não, não… — a mestiça implorou, mas o medo a dominou de tal forma que suas palavras se transformaram em murmúrios entrecortados. O terror era tão avassalador que nem mesmo sua voz obedecia. Cada tentativa de fala se perdia em assopros ininteligíveis, enquanto sua vida pendia por um fio. O som de sua respiração entrecortada ecoava, afogando-se na escuridão sufocante. Seu coração, como um tambor descontrolado, acompanhava o ritmo frenético dos acontecimentos, tornando-se ainda mais audível, como um tamborilar implacável no silêncio mortal.
Naquele momento, ela morreria.
Sua vida parecia se esvair, ela sentia cada resquício de vigor lentamente desaparecendo. A vida que antes ela almejava, já não existia.
A mulher segurando a faca Kukri e a observando atentamente — Sabe, eu… — após uma leve pausa e com um toque desprezo, disse: — Sou apenas uma mercenária que segue “ordens”. Nada mais, nada menos que isso.
A lâmina foi erguida, repentinamente desferida em direção a mestiça.