O Conto da Bruxa: A Última Flor - Capítulo 5
5
Mesmo que fosse um momento inoportuno, a mulher de cabelos dourados pensou o mais rápido possível. Ela tinha duas opções: pegar a garotinha de olhos vermelhos atípicos e fugir o mais longe possível ou enfrentar um inimigo com uma vitória incerta.
Ela se via cercada por todos os lados. Os Paladinos mantinham suas espadas prateadas apontadas na direção delas, embora essas espadas fossem juradas para proteger os cidadãos, agora estavam apontadas para elas.
— Agora, somos caçadas… — murmurou a mulher de cabelos dourados, sua voz trêmula, quase à beira das lágrimas.
As palavras dela foram perdidas no vento. Naquele momento, ela abraçava a garotinha de olhos vermelhos com firmeza, pronta para protegê-la de qualquer ataque. Ela sabia que provavelmente não sobreviveria sem chances de revidar.
— Argh! — Um gemido abafado ecoou pela pequena sala.
O Kanabô, que ela tanto estimava, estava fora de seu alcance. O cavaleiro de armadura dourada o havia entregado a um de seus soldados.
Seis Cavaleiros, todos com classificação Serafim, a mais alta no ranking, estavam ali. Representavam o auge da força humana. O ranger de suas armaduras ecoou assustadoramente nos ouvidos de Anne, que segurava um pedaço de pão nas mãos. Seus olhos se arregalaram, dobrando de tamanho.
Serena permaneceu imóvel, observando a fonte dos passos. O som da armadura a fez recordar um passado distante.
Quando uma misteriosa silhueta apareceu na porta, Serena direcionou seu olhar para lá e reconheceu a pessoa.
— Clémentine, você armou tudo isso? — Serena questionou com raiva em seus pensamentos. Ela olhou desdenhosamente para Serena, desconsiderando a pergunta.
Depois de um breve momento, Clémentine olhou na direção da mulher de cabelos dourados e disse: — Acho que você não está recebendo visitantes de maneira apropriada.
Após essa saudação desdenhosa de Serena, Clémentine suspirou e voltou sua atenção para Anne.
— Vou apresentar duas opções, ambas benéficas para você!
— Eu não tenho interesse! — Serena recusou veementemente. Clémentine acenou para um dos Cavaleiros, que a amarrou dos pés à cabeça.
— Oh, que falta de educação, Serena. Não ensinaram a você a ouvir primeiro e depois falar? — Clémentine falou com seu tom doce, mas seu sorriso era malicioso. Serena a olhava com ódio, sabendo que estava lidando com algo além de um humano. Medidas extremas foram tomadas.
— Bem, acho que assim está melhor.
Mesmo que tenham sido tomadas as medidas de segurança mais complexas, Clémentine ainda se sentia insegura. A falta de reação de Serena tinha dois motivos: primeiro, ela não podia lutar com sua força total, segundo, algo bloqueia seu Fator Bruxa.
Clémentine deu alguns passos à frente e jogou uma bolsa de couro no chão, fazendo um barulho estridente.
— Vamos aos negócios. Aqui tem o suficiente para você viver como uma rainha pelo resto da vida. Eu já disse que você tem duas opções: a primeira é essa e a segunda é lutar comigo pela garotinha. Qual você escolhe? — Clémentine inclinou a cabeça enquanto mordia os lábios.
Serena se contorceu desesperadamente, tentando soltar as amarras, mas permaneceu em silêncio. Após alguns momentos de ponderação, ela finalmente ergueu a cabeça e disse: — Você, vampira maldita! Está interessada na garotinha para ascender ao posto de Bruxa?
Essas palavras deixaram Clémentine atônita e assustada, reavaliando seus planos.
As duas mulheres se encararam. Talvez as palavras afiadas de Serena tenham surtido efeito.
— Você está realmente disposta a lutar mesmo estando em desvantagem? Acho que minha proposta é mais benéfica, não vê vantagem em aceitar, considerando o Fator Bruxa”?
O olhar excitado de Clémentine revelava seu desejo de finalmente derrotar uma Bruxa, mesmo que fosse uma raça quase extinta.
“Bruxas podem ser realmente um problema”, pensou Clémentine enquanto se aproximava de Anne.
Serena se jogou à frente, fazendo com que Clémentine recuasse em pânico e soltasse um grito estranho, ecoando no pequeno quarto.
O cavaleiro de armadura dourada chutou Serena, que voou e bateu com força na parede, produzindo um som sólido contra um local oco. Serena gritou de dor.
— Vou fazer você pagar por isso… — Serena disse com dificuldade, lutando para respirar enquanto olhava para Clémentine. A dor lhe tirou a capacidade de se mover temporariamente.
O gesto violento do cavaleiro deixou Clémentine aliviada.
— Eu não tenho interesse em fazer acordo! Não mesmo, e você esqueceu que a Semente dos Decaídos retira aquilo que o portador mais deseja?
Serena não revidou, caso iniciasse um conflito ali, poderia ser incapaz de proteger Anne, mesmo estando enfraquecida, ou até mesmo de se proteger.
— Sim, eu sei disso perfeitamente… — Clémentine respondeu, ainda surpresa com as palavras de Serena. Suas escolhas de palavras a fizeram duvidar de seus planos.
O silêncio dominou o apertado quarto.
Serena não tinha ideia de como lidar com a situação em rápida escalada. Ela só esperava encontrar uma maneira de sair dela com vida.
— Bem, eu sei que eles podem alterar contratos, mas estou planejando criar o maior conflito que este mundo já viu. — Clémentine revelou suas ambições. Serena não conseguia entender completamente as intenções de Clémentine.
— Por que você deseja tanto isso? Eu sei que você tem seus próprios problemas, e apesar de nos conhecermos há muito tempo, suas ambições ainda me confundem.
Clémentine avançou, apontando um dedo para Serena, que a olhava inquietamente.
— As regras absolutas podem ser desafiadas pelos membros do clã dos demônios brancos, mas você deve lembrar de uma regra importante: somente o clã dos demônios brancos pode alterar contratos…
Essas palavras contradiziam as leis absolutas, deixando Serena incrédula. Ela abaixou a cabeça, incapaz de acreditar nas palavras de Clémentine.
O quarto ficou em silêncio novamente.
Serena não tinha ideia de como lidar com a reviravolta na situação. Ela apenas esperava encontrar uma maneira de sobreviver.
— Bem, você pode estar certa, mas eu também tenho meus planos… — Serena murmurou, ainda processando a reviravolta.
Nesse momento, um estrondo e gritos ecoaram pela cidade, que antes estava em pânico e agora estava deserta.
— Como isso é possível? Quem é essa pessoa? — Clémentine exclamou, olhando pela fresta da porta.
Uma figura surgiu na porta. Era Sarah, machucada, com sangue escorrendo da testa e as roupas rasgadas. Seu hipogrifo do lado de fora rugia ferozmente.
Ela entrou na sala com dor.
— A unidade de combate das Plêiades… deu um trabalho danado, mas consegui chegar a tempo. Espero não ter demorado muito. — Sarah disse presunçosamente, levantando sua Kukri e apontando para Clémentine.
Sarah olhou ao redor, compreendendo a situação, e riu ironicamente:
— Não acredito que você tenha caído nesse truque barato de novo.
Serena olhou para o chão, envergonhada por ter sido enganada novamente, tentando esconder seus sentimentos verdadeiros.
— Não é que eu tenha caído, eu apenas… baixei minha guarda — disse Serena, mascarando seu constrangimento com raiva.
— Não se preocupe, eu estou aqui agora. Posso não ser uma bruxa completa, mas sou forte o suficiente.
Sarah sorriu e acrescentou.
— Você pode fugir e se esconder o quanto quiser, mas vou atrás de você. E talvez, eu acabe com a sua raça.
Avançando em direção a Clémentine, Sarah ergueu sua Kukri e correu em sua direção. Ela conhecia bem a sensação de enfrentar alguém cem vezes mais forte, mas Sarah não tinha a opção de recuar agora. Não havia alternativa.