O Despertar Cósmico - Capítulo 69
Elena observou Zen se aproximando e se sentando no braço da poltrona em que ela estava, e no mesmo instante a garota se remexeu no assento para se virar na sua direção.
— E aí? Acha que ele tá certo? — ela perguntou, de forma ansiosa e tensa.
Contudo, Zen não respondeu de imediato. Pensou na conversar que teve com Marcos a poucos minutos antes dele ir embora.
Seus olhos escuros observaram Elena como dois buracos negros, que absorviam toda informação que surgia na sua frente.
Observou a forma tensa com a qual ela lhe olhava e o brilho de medo e esperança em seus olhos — duas emoções igualmente perigosas. Notou o cansaço naqueles olhos verdes, e também como ela fazia o possível para ocultar aquilo.
Mas foi notar como ela parecia tentar conter a empolgação, como se temesse acreditar naquela pequena centelha de esperança que haviam lhe dado, que o fez sentir como se suas entranhas embaralhassem em seu estômago.
— Ele tá…
Zen sorriu de forma confiante, mesmo sabendo que ainda era uma aposta arriscada dizer com certeza que a haviam achado. Mas queria ver ela se sentir bem, queria a Elena alegre e sorridente que não via há muito tempo.
Por isso não hesitou ao acrescentar:
— Achamos sua mãe, Elena. — Levou a mão até o rosto da garota e acariciou gentilmente o queixo dela. — O que eu não entendo é porque você não tá comemorando isso. Não foi você quem acordou querendo fazer uma festa hoje? Agora temos um motivo melhor para uma.
Os olhos dela brilharam e sua boca de abriu para dizer algo, mas por fim ela decidiu que não havia o que falar, e apenas envolveu os braços na cintura do Zen enquanto gargalhava.
Zen não conseguiu conter a risada quando perdeu o equilíbrio e caiu sobre a Elena. Mas a garota não pareceu se importar com o peso dele sobre seu colo — e por que se importaria? Ela tinha super-força — e o puxou para o abraço apertado.
— Obrigado. Sério, obrigado. Eu nem sei se… Eu só… Ah, obrigado, Zen — ela murmurou, enterrando o rosto entre o pescoço e o ombro dele.
Quando levou a mão até a cabeça, hesitou por um momento, mas apenas por um momento, e então gentilmente acariciou seu cabelo castanho, sentindo uma falta de palavras inexplicável para expressar o que queria dizer.
E o motivo disso eram as lágrimas que escorriam pelo rosto dela e molhavam o seu ombro.
Zen abaixou o rosto e depositou um beijo contido na testa da garota, mas quando ela ergueu o rosto, com os olhos verdes brilhantes devido às lágrimas, e sorriu de forma meiga, ele não conseguiu se conter, e novamente se inclinou e a beijou — dessa vez em seus lábios.
Sentiu a mão dela deslizar por seu peito e o puxar pela nuca quando tentou se afastar, e antes que percebesse seus lábios estavam grudados um no outro novamente.
Elena sentiu e ouviu um grunhido contido do Zen quando sua boca se abriu para se encaixar na dela novamente.
Os lábios e língua dele começaram a se mover, explorando o interior de sua boca com a ferocidade de um animal selvagem que passou dias sem comer e finalmente achará sua presa.
Enquanto entrelaçava seus dedos nos cachos negros do cabelo dele, Elena pode sentir a barba que começava a nascer no rosto dele raspando em sua pele — e aquilo não foi uma sensação tão desagradável quanto ela pensava que seria.
Quando a mão dele gentilmente repousou na lateral de seu rosto, Elena inclinou a cabeça um pouco para o lado, apreciando a carícia suave que ele lhe oferecia — e que fornecia um contraste gritante com a fome com a qual se beijavam.
Contudo, eles tiveram seu beijo interrompido ao ouvirem alguém pigarrear ao lado deles.
Ao se separarem e erguerem o rosto, se depararam com Alan e C4 parados lado a lado — a pouco mais de um metro da poltrona — ambos com um sorriso no rosto.
— É estranho essa cena parecer tão normal? — Alan questionou, observando de forma debochada o jeito que Zen se sentava no colo da Elena.
— Pô, claro que não. Eu sempre botei fé que a Leninha era o homem da relação — Alex falou, com seus dentes brancos se destacando por trás da sua barba.
— Que ela é mais forte, isso já é obvio — Alan acrescentou, contendo uma gargalhada.
— Além disso, olha esse moleque. — Alex gesticulou para o Zen. — Quanto tempo cê acha que ele passa pra arrumar esse cabelinho-frufru dele? Com certeza ele tem uns fetiches estranhos.
— Menos tempo do que você gastaria para limpar essa sua barba — Zen falou, enquanto se levantava e oferecia a mão para Elena se levantar também. — Isso se um dia a Estelar te convencer a limpar essa coisa… ou a tomar banho, pelo menos.
Alex não conteve a gargalhada, o que foi como um sinal verde para Alan começar a rir também.
Quando Elena se levantou, Zen a puxou para perto e a envolveu em um abraço, que se tornou duas vezes mais caloroso quando ela notou o sorriso sincero no rosto dele.
— Que bom que cêis tão de bom humor, porque se eu bem me lembro… — Elena envolveu os braços na cintura do Zen e ergueu o rosto para fita-lo. — Cê tinha acabado de me dar permissão para dar uma festa, certo?
— Pera aí, como é que é!? — Alex questionou de forma animada e surpresa, e logo soltou uma risada histérica. — Vou avisar o Mikey, ele precisa gelar umas paradas pra mim!
∆
— Isso é uma festinha tranquila!? — Elena gritou, pois só assim poderia ser escutada em meio aquela música alta.
Ester não respondeu a sua pergunta, pois estava focada na conversa que estava tendo com às três mulheres na sua frente, então Elena se virou para dar uma olhada em volta.
Estava na sala da mansão de Edward Snyder, o Iluminus, mas parecia ser a casa de algum adolescente rico e imprudente, que resolveu dar uma festa para os amigos porque seus pais saíram de viagem.
A sala escura era iluminada apenas pelo jogo de luz e a televisão na parede, que apenas piscava em luzes frenéticas que alteavam entre várias cores, dando o ambiente perfeito para as dezenas de pessoas que dançavam ao som de um DJ chamado Kola.
Elena sorriu de descrença enquanto se questionava como Alex conseguiu chamar tanta gente em tão polco tempo. Pouco mais de quatro horas depois que ele descobriu ter permissão para dar uma festa, a casa já estava começando a encher.
Estava tão distraída observando as pessoas dançando e conversando pela sala, que quando sua irmã tocou em seu braço para lhe chamar, deixou o copo em sua mão escorregar.
O líquido vermelho espirrou para cima quando o copo atingiu o chão e teria manchado toda a blusa branca que Elena usava, se não tivesse batido em uma parede invisível antes disso — deixando cair apenas algumas gotas na barra da saía preta que ela usava.
Ester arregalou os olhos, o azul de sua íris brilhando de espanto enquanto encarava Elena, e os lábios tremendo tentando conter um sorriso.
— Me desculpa, Le. De verdade, mesmo.
— Tá tudo bem, sério. Só manchou um pouquinho na saia, mas nem da pra ver, já que ela é preta. Além disso, ela nem é minha, eu peguei emprestado com a tal Jesse.
Ester franziu as sobrancelhas ao notar como Elena pronunciou o nome da garota, e sem conseguir esconder o sorriso provocativo no rosto, ela questionou:
— Tu tá com ciúmes da Jess, Elena?
— Quê!? Não! Claro que não! Eu só acho ridículo que…
— Tá tudo bem — Ester interrompeu a irmã, gargalhando enquanto segurava no ombro dela. — Não precisa ter ciumes, Le. A Jess e o Zen não tem mais nada um com outro.
Mas Elena mal prestou atenção no que a irmã disse, pois estava ocupada sorrindo e se divertindo vendo o jeito desleixado com que ela agia — e principalmente a forma sutil com a qual se apoiava com a mão em seu ombro.
— Cê tá bêbada, Ester?
— Logico que não, eu… — ela parou de falar por um instante, e então riu enquanto sacudia a cabeça. — Porra, eu tô! Claro que eu tô! É uma festa do Alex, não da pra ficar sóbria nessa merda!
Ester gargalhou e então se afastou da irmã para ouvir algo que uma das três mulheres disse a ela, quando voltou, ainda estava rindo de seja lá o que tenha ouvido.
— Olha, Le, eu vou ali rapidinho e já volto. Tenta achar o Zen ou o Alex, ou então só sai por aí e faz amizade, a galera que o Alex convida é sempre gente boa.
Antes que Elena pudesse dizer algo, Ester foi chamada pelas mulheres novamente, então se despediu da irmã e saiu andando com elas, rindo e conversando sobre algo que elas diziam.
Elena soltou um longo suspiro e olhou em volta, tentando encontrar algum rosto conhecido em meio aquelas pessoas.
“Pronto, eu tô sozinha em um canto e sem fazer nada. Agora sim parece uma festa”, ela pensou.
Contudo, teve sorte em suas buscas, e encontrou o Mikey sentado no sofá no canto da sala — para onde eles haviam arrastado o móvel para liberar espaço para uma pista de dança.
Quando notou Alan no sofá ao lado dele, e Zen sentado com as costas apoiadas no braço do móvel, Elena saiu andando na direção deles, decidindo que preferia estar com seus amigos do que fazer amizade nova com desconhecidos.
Zen foi o primeiro a nota-la se aproximando, e no mesmo instante passou para cima do braço do sofá, se sentando nele para liberar espaço para que Elena se sentasse na sua frente.
E foi o que ela fez, se sentando no sofá entre as pernas do Zen, enquanto ele envolvia seus braços ao redor do pescoço dela e a puxava para um abraço carinhoso.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, com o queixo apoiado no ombro dela.
Elena concordou com a cabeça, dando mais uma olhada em volta, antes de responder:
— Tá, eu só tô um pouco surpresa. Não imagina que a festinha que eu queria, iria acabar virando isso.
— Pós é, agora que cê já passou por uma das festas do C4, eu posso te dar as boas-vindas a família, Elena — Mikey falou, se remexendo no sofá para se virar na direção do Zen e da Elena, no outro canto do sofá.
— É sempre assim? — Alan perguntou, sentado com Mikey a sua direita e Elena e o Zen a sua esquerda, e olhando de um para o outro em busca da sua resposta.
— Não. Eu diria que essa tá até um pouco… — Zen fez uma pausa para observar uma mulher passar voando por cima deles, depois sorriu e acrescentou: — Bem tranquila, em comparação as outras.
— Isso é uma festa tranquila? — Elena gesticulou na direção das dezenas de pessoas na sala.
— Cê não faz ideia do que eu posso fazer, Leninha. — Alex falou, parando em frente ao sofá. Em uma mão ele segurava um copo com alguma bebida alcoólica que Elena não conseguia distinguir, e na outra mão uma garrafinha com um líquido verde.
— Eis o cara do momento. — Alan esfregou uma mão na outra de forma animada enquanto se ajeitava no sofá, liberando espaço quando Alex se jogou no móvel para se sentar. — E aí? Tu achou?
— Claro que eu achei, Júnior. Quem cê pensa que eu sou? — Alex ergueu a garrafinha em sua mão e depois a entregou para o Alan.
— O que é aquilo? — Elena perguntou, observando o amigo destampar a garrafinha e bebendo do líquido em seu interior.
— Não sei se você sabe, mas usuários de Energia Cósmica não podem ficar bêbados. É como se a energia queimasse o álcool em nosso organismo antes de ficarmos embriagados.
— Ah, eu sei. O Alan era o responsável do nosso grupinho por causa disso. Ele quem cuidava da Amanda e de mim, quando a gente ficava muito louca.
— Então, o Alan já não tá em condições de ser responsável por nada.
Alan gargalhou de forma animada, e então apontou o dedo para Zen, com um sorriso divertido no rosto, enquanto dizia:
— Como se tu tivesse muito melhor!
Elena observou Zen conter uma risada e tentando assumir uma expressão séria quando olhou para ela, mas falhando miseravelmente em ocultar seu sorriso.
— Meio que o C4 acha muito ofensivo alguém não ficar bêbado quando bebe.
— Porque é mesmo. Tipo, como eu posso dar uma festa se um dos meus amigos nem consegue ficar bêbado, tá ligado? — Alex olhou para ela como se aquilo fosse óbvio, mas logo desviou sua atenção para pegar a garrafinha com o Alan.
— Por causa disso ele criou o que ele chama de Bebida Cósmica. Uma mistura de absinto com todo tipo de álcool que você imaginar.
— A famosa garrafinha da felicidade. — Alex se virou para a Elena com um largo sorriso no rosto e, ao oferecer a garrafinha para ela, acrescentou: — Quer provar? Prometo que não conto pra Ester.
— A Ester não fica brava com isso — Elena falou, pegando a garrafinha de forma hesitante. — Meu medo é meu pai chegar e eu estar bêbada.
— Então pode ficar suave, a gente combinou com ele de se encontrar amanhã. O Zen inventou alguma desculpa, não sei bem qual. Só aproveita. — Alex sinalizou de forma incentivadora para ela.
Elena olhou para Zen de forma interrogativa, mas ele apenas sorriu e meneou positivamente com a cabeça, então ela abriu a garrafinha.
Talvez seu erro tenha sido cheirar o líquido antes de beber, pois assim que sentiu o cheiro forte e ardente que emanava da garrafa, Elena a afastou, tossindo e rindo enquanto se virava para o Zen.
— Isso é álcool de posto? Ou é veneno?
Zen riu enquanto pegava a garrafa com a Elena, como se soubesse desse o início que ela não iria beber e estivesse apenas esperando ela recusar.
Quando levou a boca da garra até seus lábios, o líquido verde desceu queimando por sua garganta, com goles longos e demorados.
Zen deixou escapar um grunhido quando abaixou a garrafa, fazendo uma careta e tossindo, estranhando o gosto amargo da bebida que fazia muito tempo que ele não bebia.
— Ah, cara, cê realmente quer ficar bêbado dessa vez, hein? — Alex questionou, esticando a mão para pegar a garrafa com o Zen.
Mas ele não a entregou de imediato, voltou a levar a garra até a boca e bebeu mais dois longos golpes, terminando fazendo uma careta, e só depois entregou a garrafa para o amigo.
— Pode apostar que eu quero — ele respondeu, e logo em seguida se inclinou para beijar a bochecha da Elena.
A garota sorriu de forma discreta e olhou para ele confusa. Os braços dele se apertaram um pouco mais forte envolta dos ombros dela e ele lhe ofereceu um sorriso gentil e sincero.
Foi aí que a Elena teve a confirmação para as suas dúvidas
“Um sorriso gentil? E sincero? Vindo do Zen? Alguma coisa realmente tá errada”, ela pensou, tentando conter a risada que ameaçava escapar.
— Essa não é a primeira garrafa que cêis bebem, né?
— Hum? — Zen olhou para ela sem entender, pois estava prestando atenção na conversa do Alex e do Mikey.
— Perguntei se cêis já beberam mais de uma garrafinha dessa, mas já tive a minha resposta. Nunca te vi distraído antes. — Ela sorriu e se inclinou para trás, se aconchegando nos braços dele.
— Se eu não me engano essa é… a quarta ou a quinta garrafa, mas com certeza é a última, o C4 só se lembrou dela agora.
— Então cê já tá bêbado?
Zen deslizou a mão pelo braço da Elena até chegar no seu pescoço, onde gentilmente ele afastou os fios castanhos para o lado, deixando o caminho livre para quando ele se inclinou e depositou um beijo em sua nuca.
Elena estremeceu levemente, sentindo um calor se espalhando pelo seu corpo conforme Zen deslizava os lábios pelo pescoço dela, depositando beijos por todo o caminho.
— Eu tô, e pra caralho! — ele murmurou, com os lábios colados na pele dela.
Seu rosto parou ao lado do dela, deixando ela sentir sua barba-rala raspando em seu rosto, e quando sua boca parou bem próximo a dela, ele sussurrou:
— Por isso você tem que ser a responsável aqui, e não aceitar se eu te chamar para subir pro meu quarto.
∆
— Qualé, caô! Nem fodendo que cêis não são um casal! — Alex falou, parado a alguns metros do sofá, em frente a uma mesa, onde vários copos de bebida estavam posicionados de forma aleatória.
Amanda estava sentado no sofá com Alan deitado com a cabeça em seu colo, e não conseguiu evitar revirar os olhos, por estar tão acostumada ao ouvir aquela pergunta.
Alan não conseguiu conter a risada quando sentiu a mão dela deslizando — de forma sensual — do seu peito até a barriga enquanto a garota lançava um olhar inocente para o Alex.
— Claro que não! Nós somos só amigos, por que você pensa isso? — ela debochou.
Elena observava a cena com um sorriso no rosto. Nunca tinha visto os amigos falando da “amizade colorida” deles de forma tão aberta antes — se bem que nunca tinha visto os amigos tão bêbados também.
— É… — Alan concordou, mas teve que fazer uma pausa para rir, e só depois continuou: — Além dos beijos e das transas ocasionais, a gente é tão amigo quanto tu é do Mikey.
Amanda riu enquanto xingava e estapeava Alan, que apenas gargalhava em resposta, tentando se proteger ao máximo dos tapas.
Alex estava prestes a arremessar a bolinha em sua mão, mas quando viu Mikey gargalhando do outro lado da mesa, começou a rir e soltou a bolinha um pouco antes.
Mikey comemorou ao observar a bolinha quicar pela mesa e errar os seus últimos três copos de Vodka, e quando pegou a bolinha, sorriu de forma brincalhona.
Lançou um olhar de esguelha para o Zen, antes de voltar a olhar para frente e dizer:
— Que o Imperador dava a bundinha eu já sabia, mas que o Júnior aceitava ser corno é novidade.
Nem mesmo Elena conseguiu conter a risada dessa vez, principalmente ao ouvir a risada do Zen — que estava deitado atrás dela no sofá, lhe abraçando.
Todo mundo estava rindo, até mesmo Alan e Amanda, que provavelmente estavam bêbados demais para ficar envergonhados ou com raiva de algo.
Mas quando Mikey arremessou sua bolinha e, em pleno ar, uma bolinha de gelo se formou ao lado da outra, Alex parou de rir e praguejou — xingando duas vezes mais quando ambas as bolinhas acertaram um copo diferente.
— Pode escolher qual tu vai beber, parceiro. — Mikey sorriu de forma convencida.
Enquanto Alex praguejava e pegava o copo com a bolinha de gelo para beber, Zen gentilmente tirou Elena da sua frente e se levantou, se alongando de forma preguiçosa.
— Tá, pergunta séria agora! — ele falou, e todos se viraram para ele. Zen continuou alongando os braços por um momento até se dar por satisfeito, e só então perguntar: — Quem aqui tá com sono?
Elena automaticamente olhou para a janela, constatando a pouca luz que o nascer do sol fornecia do lado de fora — e se espantando de ter se passado tanto tempo assim.
Quando voltou a olhar para frente, tirou um segundo para observar a sala. Havia copos de plástico e latinhas de cervejas espalhadas pelo chão, juntamente do resto da bagunça deixada pela festa.
Não havia mais ninguém na casa além deles — até mesmo Jesse tinha ido embora alguém que conheceu durante a festa. Mas ainda assim, todos ali pareciam continuar em clima de festa.
Afinal, todos — sem exceção — ainda tinham pelo menos um copo de bebida na mão — no caso da Ester ela segurava uma garrafa de Gin em uma mão e um copo na outra.
— Eu tô pronto para seja-la o que tu sugerir. Só manda! — Alan falou, erguendo o copo como se fosse beber, mas percebendo que teria que se levantar do colo da Amanda para isso, e desistindo no meio do caminho.
Zen se virou para Alex e o amigo riu na cara dele, dizendo que aquela pergunta deveria ter sido feita só para crianças, então Zen se deu por satisfeito. Mikey meneou positivamente com a cabeça quando os olhos do amigo recaíram sobre ele, mas estava com um olhar desconfiado no rosto.
Elena arqueou com as sobrancelhas de forma interrogativa quando Zen lhe olhou, esperando por sua resposta. Mas, ao invés de deixar ela responder, ele esboçou um sorrisinho convencido e disse:
— Não precisa ficar com vergonha de admitir, é normal alguém não aguentar acompanhar a gente.
— Idiota — ela falou, revirando os olhos em desaprovação. — Eu tô ótima, nenhum pingo de sono.
— A mãe tá on também! — Ester falou, e então bebeu um longo gole do seu copo.
— Qual o plano? — Alan perguntou.
Mas, ao invés de responder, Zen apenas ativou o poder do seu olho esquerdo. A iris foi consumida pela pupila, só para logo em seguida ressurgir brilhando como uma estrela.
Zen cambaleou um passo para trás, sentindo sua embriaguez sendo intensificada pelo olho. Teve a impressão de ver o comodo rodar diante dos seus olhos e sentiu o gosto de bile subir para sua boca.
Contudo, também sentiu a energia cósmica fluindo pelo seu corpo de forma intensa, e então, da mesma forma abrupta que surgiu, toda aquela sensação foi embora.
E Zen ficou sóbrio mais uma vez.
— Porra! Sério!? Já!? — Alex questionou, e em seguida pegou um copo sobre a mesa e bebeu seu conteúdo com um único gole.
— Eu imaginei que seria algo assim — Mikey admitiu, fazendo uma pausa para beber um dos copos também, e depois acrescentando: — Uma festa aqui na casa era muito chamativo mesmo, achei que cê ia encerrar o rolê muito antes.
— Do que cêis tão falando? — Elena questionou, confusa.
E quando Zen olhou para ela, percebeu o que era antes mesmo dele falar. Não era apenas o olho esquerdo ativado, mas também a postura e a aura que parecia o rodear naquele momento.
Aquele não era mais o Zen, era o Imperador.
— Arrumem suas coisas, crianças, estamos de saída. Vocês têm 1 hora para me encontrarem na entrada da casa, depois disso eu vou embora sem esperar o restante.
— Para onde nós vamo? — Alan perguntou, se levantando e se sentando no sofá.
— Eu precisaria apagar sua memória se eu contasse — Zen falou, olhando para o garoto com frieza. Mas logo um sorrisinho se formou nos seus lábios e ele disse: — Mas, basicamente, para o centro de operações da Justice Angels.