O Despertar Cósmico - Capítulo 72
Elena estava sentada naquele trono a tanto tempo que começava a sentir dores musculares, e acreditava que Zen estava muito pior, sentado no braço do trono, como ele estava.
Depois do discurso que fez, Zen acalmou seus Anjos e voltou a se sentar no trono, e nesse momento um dos membros avançou até as escadas do palanque, onde fez uma reverência simples e em seguida começou a relatar seus problemas a ele.
Quando terminou, Zen bolou uma forma de solucioná-los e ordenou que o próximo se pronunciasse.
Assim se seguiu os próximos minutos, com os Anjos relatando seus problemas e suas queixas ao Imperador, que pessoalmente pensava em um jeito de resolver seus problemas — ou às vezes designava um dos membros em cima do palanque para essa tarefa.
Agora, quase uma hora depois que o primeiro Anjo se pronunciou, uma mulher relatava sobre a falta do seu pagamento desse mês, e dizia que sua família dependia daquele pagamento devido a suas dívidas.
— Lamento pelo atraso, ultimamente estamos tendo alguns problemas para lidar com as finanças, mas isso não envolve falta de dinheiro, então te garanto que vamos resolver isso. Remote, posso deixar isso com você?
O homem parado em frente as escadas do palanque — que ficava o tempo todo fazendo anotações em seu tablet — se virou para trás e fez uma longa reverência.
— Então eu vou encerrar a nossa Assembleia de hoje, mas antes disso, gostaria de requisitar a presença de alguns membros.
Quando fez uma pausa, Elena conseguiu sentir a expectativa pairando entre os membros da Justice Angels, e percebeu que eles provavelmente ansiavam por fazer missões com o Imperador.
— Ezequiel, Thayna, Fabricio e Jonathan, vocês estão aí? — ele perguntou, mesmo conseguindo sentir a presença dos quatro em meio aos Anjos lá embaixo.
A movimentação percorreu a multidão de Anjos quando os quatro começaram a se mover, parando apenas quando chegaram nas escadas do palanque, e então se ajoelharam.
— Quero vocês quatro na minha sala, o restante de vocês está dispensado.
Zen se levantou e ofereceu a mão para a Elena, que aceitou e se apressou em se levantar, agradecendo por finalmente poder esticar um pouco o seu corpo.
Quando Mikey se aproximou deles, Zen começou a caminhar e apertou sutilmente a mão dele, sinalizando para que ela o acompanhasse.
— Acredito que ele não tava aqui, deve ter escutado sobre o fracasso da Gi e do Takero e resolveu fugir — Mikey falou, caminhando ao lado dos dois. Sorriu para a Elena quando ela lhe olhou, e então perguntou: — E aí? Ficou com medo desse bando de degenerado?
— Um pouco… — ela respondeu com sinceridade, mas no momento estava mais curiosa com outra coisa. — Quem é Takero? Do que cêis tão falando?
— Lembra do cara que manipulava estrutura óssea que vocês encontraram durante o ataque? O Zen falou que ele mesmo matou o cara.
— Não, mas o quê que tem? — Elena perguntou, enquanto desciam pelas escadas do palanque e caminhavam para uma porta atrás dele.
— Então, ele meio que era um membro da Justice Angels — Mikey prosseguiu, dessa vez sussurrando para que ninguém mais ouvisse. — Eu tô de olho nele desde então, só que ele não tem aparecido na casa dele, então esperava que respondesse à convocação.
— Embora eu tenha avisado para não criar expectativas — Zen falou, olhando para o amigo como quem diz que avisou sobre algo. — Era obvio que a essa altura qualquer pessoa envolvida na traição já está se escondendo o mais longe possível da gente.
— Mas se eu nem procurar, então não vai adiantar de nada você ter reconhecido o poder daquele cara — Mikey falou, de forma despreocupada, enquanto olhava ao redor distraído.
— Nós vamos discutir isso depois, agora precisamos falar do elefante na sala. — Zen fez uma pausa para abrir a porta e então sinalizou para que a Elena entrasse. — Tenho coisas que quero que vocês façam enquanto eu vou resgatar a Maria.
Quando Elena passou por Zen e atravessou a porta, se surpreendeu com o cômodo espaçoso, mobilhado com vários sofás e poltronas, um bar com algumas mesas de bilhar e uma área de lazer, com televisões, computadores e videogames.
Contudo, Zen não se demorou naquela sala, e logo começou a guiar a garota em direção a porta vermelha do outro lado do cômodo, sem dar a chance dela olhar atentamente as coisas a sua volta.
— Pera aí, você pretende separar a equipe? Sério mesmo?
Mikey olhou para o amigo com descrença, mas Zen nem ao menos olhou para ele quando respondeu:
— Sim. Como eu disse, tenho umas coisas que preciso que façam, e infelizmente algumas delas não podem esperar.
Quando Zen se aproximou de porta vermelha, se apressou em abri-la e deixou que Elena passasse na frente mais uma vez, mas antes de seguir a garota, seus olhos se desviaram para os Anjos que entravam no cômodo — e que observavam ele de forma interessada.
Para qualquer um, o ato de abrir a porta para a Elena passar teria sido simplesmente cavalheirismo, mas oculto naquela simples ação, estava a confirmação para aquilo que ele havia dado início enquanto estava no palanque em meio a Assembleia.
Quando mesmo o Imperador reconhece a superioridade da Rainha Pathykines, então a plebe não verá outra escolha se não aceitá-la também.
Ao voltar a caminhar e adentrar o outro cômodo, Zen se viu em um escritório que ele conhecia como a palma da mão.
Na parede da direita havia uma pequena área de lazer, com dois sofás, uma poltrona e uma mesinha de centro — que também era um frigobar. Uma televisão de 50 polegadas estava presa na parede, e a direita havia um armário e uma estante com livros.
Mas o que mais destacava era a enorme e elegante mesa redonda de madeiral, disposta no centro da sala, sobre um extenso tapete vermelho-vinho.
Havia um escritório semelhante aquele em cada Base da Justice Angels, e a entrada para ele só era destrancada quando o próprio Imperador estava na base — afinal, apenas ele tinha permissão para fazer reuniões ali.
Elena estava parada no meio do cômodo, olhando ao redor como uma criança observando admirada o seu brinquedo novo. Mas quando Zen parou ao seu lado, tocando gentilmente o seu ombro, ela logo assumiu uma expressão séria e questionou:
— Onde tá a Amanda e o Alan?
— O Shadow vai trazer eles. — Zen respondeu, enquanto começava a contornar a mesa redonda para se sentar na cadeira mais elegante de todas às onze que se posicionavam ao redor da mesa.
— Fala aí, cunhada — Alex gritou ao entrar na sala, chamando a atenção de todos e abrindo um largo sorriso quando seu olhar se encontrou com o da Elena. — Cê tava incrível naquele Trono. Parecia que nasceu pra ele.
Elena sorriu de forma contida, mas não conseguia se sentir confortável com aquilo.
Ainda conseguia sentir as emoções das pessoas enquanto ela estava sentada no trono — o medo e a admiração dos Anjos da Justiça era igualmente assustador, no seu ponto de vista.
— A Ester não vai gostar nada disso, mas quem precisa contar pra ela, certo? — Ele parou ao lado da Elena e envolveu o braço ao redor dos ombros dela, em um abraço carinhoso. — Esse vai ser o nosso segredinho, cunhada.
— Achei que ela fosse tá aqui. Ela não faz parte dos Justice Angels, tipo o Marcos?
— Não, sua irmã só veste o manto quando nos ajuda em alguma missão, mas na real, ela nunca fez parte da galera de verdade. — Alex saiu andando em direção a seu lugar na mesa, à esquerda do Zen, e fez questão de levar Elena consigo.
— Sua irmã faz parte da Constelação, o grupinho de heróis do Star — Zen falou, observando Alex e a Elena se aproximando. — E como o cãozinho do governo que ele é, o Star nunca deixaria ela nos ajudar.
Quando Alex estava prestes a se sentar, Zen sinalizou para que ele trocasse de lugar com a Elena, de modo que ela ficasse ao seu lado, e ele apenas grunhiu em reprovação enquanto obedecia.
Shadow foi o próximo a abrir a porta vermelha e entrar no cômodo, e além da Amanda e do Alan, os Anjos requisitados pelo Imperador o acompanhavam.
Elena ficou tensa na cadeira e olhou para Zen, em busca de alguma pista do que ele planejava, mas, como sempre, o rosto do garoto era como um lago de águas calmas, onde nenhuma imperfeição ou alteração manchava a superfície.
Os olhos frios do Imperador observaram cada passo dos Anjos até o momento em que eles se ajoelharam em frente a mesa redonda, então se desviaram para Mikey, que terminava de dar a volta na mesa e se sentava a sua direita.
— A Jesse acabou de avisar que o Marcos não para de encher o saco pra ver o boy dele, então ela vai levar ele lá, tudo bem?
— Claro, não quero deixar o Marcos irritado, é melhor deixar ele pelo menos ver que não estamos machucando o namoradinho dele. Mas mande ela enviar outra pessoa no lugar, eu preciso dela aqui também.
— Tá, mas m responde uma coisa, você sabia que ele era gay? — Mikey esboçou um sorriso divertido e curioso no rosto.
Mas Zen apenas deu de ombros, como se aquilo não importasse, e respondeu:
— Claro que sim.
Zen sorriu de forma divertida para o amigo, e depois desviou o olhar para Amanda e Alan, que se sentavam nas cadeiras ao lado do Mikey naquele momento.
— Agora vocês dois precisam decidir algo muito importante.
— Vai começar… — Alan resmungou.
— O que é? — Amanda questionou com interesse.
— Vocês vêm com a gente resgatar a Maria, ou vão ficar aqui e deixar os adultos trabalharem?
A surpresa atingiu os dois amigos no mesmo instante, deixando-os de olhos arregalados e expressões bobas.
Provavelmente nem sequer haviam cogitado a opção de deixar tudo aquilo para Zen resolver, sem terem que se envolver.
Mas agora precisavam decidir. A pergunta do Zen deixava implícito o quão perigoso as coisas ficariam dali para frente, e eles já haviam passado por muita coisa só para chegar até ali.
Alan olhou para a Amanda de forma hesitante, sabendo muito bem que ela era a mais propícia a recusar participar daquilo, mas se sentiu receoso.
A amiga estava agindo muito diferente desde que chegou a base dos vilões, como se, pela primeira, estivesse tomando as rédeas de sua vida — e o único problema, no ponto de vista do Alan, era que ela estava fazendo aquilo justamente para seguir um grupo de Vilões.
Contudo, mesmo desejando ajudar a Justice Angels e querendo mais ainda ajudar Elena a encontrar sua mãe, Amanda só conseguia pensar nos seus irmãos naquele momento — neles e nos seus pais.
— Eu não vou… — Sua resposta foi quase um sussurro, mas a sala estava silenciosa, permitindo que ela fosse ouvida claramente.
Quando ergueu o olhar para a Elena, esperava vê-la frustrado, ou talvez chateada, e estava já começava a se desculpar por não ajudá-la a encontrar sua mãe.
Entretanto, se surpreendeu ao ver o alívio no rosto da amiga.
— Elena eu… Não é que eu não queira te ajudar a achar sua mãe, é só que… — ela tentou se desculpar, mas não sabia o que dizer.
— Não tem problema — Elena interrompeu a amiga, sorrindo de forma simpática e compreensível para ela. — Você tem que cuidar dos seus irmãos, não tem problema nenhum nisso. Pelo contrário, fico contente por saber que cê vai tá em segurança, cuidado da Laurinha e do Luca.
— Obrigado. — Amanda sorriu, verdadeiramente agradecida pela compreensão da amiga. Seu sorriso apenas se alargou mais, se tornando radiante e alegre ao acrescentar: — Prometo que eu vou ser a primeira a visitar cêis duas quando tudo isso acabar.
Elena olhou surpresa para a amiga, mas logo um sorriso satisfeito foi se formando em seu rosto, ao perceber o quanto lhe agradou ouvir alguém falando sobre o resgate da sua mão como se fosse algo inevitável, e pensando no que aconteceria depois, e não durante.
Como se nada pudesse dar errado.
— Leve seus irmãos — ela respondeu, sentindo um aperto no peito inexplicável a cada palavra pronunciada. — A minha mãe sempre amou brincar com eles.
— Eu vou, mas depois tu não reclama deles ficarem pedindo para vocês fazerem eles voar pela casa. — Amanda sorriu de forma alegre quando a amiga concordou, em meio a uma risada.
Quando Elena desviou o olhar para o Zen, notou que ele a encarava com um olhar pensativo. Seu rosto esquentou quando seus olhares se encontraram, mas ele apenas sorriu de forma simpática e desviou o olhar.
Elena não sabia quando, mas enquanto conversava com a Amanda, Jesse e outro Anjo — provavelmente o Remote, mas ela não conseguia distingui-lo dos demais membros — haviam entrado no cômodo e se sentado á mesa com eles.
Agora nove das onze cadeiras da mesa estavam ocupadas, a mais elegantes dela sendo a do Zen, que se encontrava localizado de modo que ficasse cinco cadeiras de cada lado.
Elena, Alex, Amanda e Alan se sentavam à esquerda do Imperador enquanto Mikey, Jesse, Shadow e Remote estavam a sua direita.
Zen se reclinou na cadeira, de modo que apoiasse com os braços sobre a mesa, e lançou um olhar para o outro lado da mesa, de onde era possível ver apenas os capuzes dos Anjos ajoelhados no chão.
A porta do cômodo estava fechado, isolando completamente o baralho dos Anjos na outra sala e deixando eles em completo silêncio. Zen deixou esse silêncio pairar um pouco no ar, até se tornar tenso.
Por algum motivo Elena ainda estranhava a aura que parecia rodeá-lo em momentos como aquele. Tinha pensado a mesma coisa enquanto estavam no trono, mas ali — com ele sentado em sua própria cadeira e sozinho — aquilo se tornava mais obvio.
A calma e a tranquilidade no seu olhar inexpressivo, a confiança com a qual ele se portava na frente de criminosos e assassinos — aquilo fazia Elena enxergar o Imperador que coexistia com o Zen.
— A gente tá aqui pra que mesmo? — Jesse perguntou, quebrando o silêncio repentinamente e se reclinado para trás na cadeira, jogando as pernas sobre a mesa e as cruzando.
Zen olhou para Jesse de forma fria, como um aviso, mas a garota apenas o olhou fazendo um biquinho com os lábios, com uma expressão inocente no rosto.
Acompanhado de um suspiro, Zen desviou o olhar para os Anjos ajoelhados novamente. Quando ordenou que se levantassem, eles se ergueram e retiraram seus capuzes, revelando os rostos.
— Espero que eu não tenha sido inconveniente com essa convocação. Algum de vocês tinha algum plano? — Zen perguntou por perguntar, pois era uma regra clara que qualquer convocação do Imperador deveria ser atendida, não importava as circunstâncias.
Os Anjos negaram, com a mulher loira se destacando dos demais com sua animação ao responder, de forma enfática, que nada era mais importante que cumprir com as experiências do Imperador.
Zen apenas meneou positivamente com a cabeça ao ouvir a resposta deles, em seguida desviou o olhar para a sua direita.
— Remote, preparou os documentos que eu pedi?
— Preparei, senhor — o único Anjo de capuz e máscara respondeu, com sua voz robótica, enquanto se levantava e colocava uma maleta preta sobre a mesa.
— Entregue primeiro a ficha dos nossos amigos aqui — Zen falou, sinalizando para os Anjos ajoelhados. — É injusto que apenas eu os conheça.
Elena foi a primeira a receber a sua folha, e ergueu o olhar bem a tempo de ver a mulher loira lançar um sorrisinho na direção do Mikey, que respondeu revirando os olhos e contendo uma risada.
Quando Mikey notou o olhar da Elena, teve que se esforçar para conter a risada, e se apressou em abanar com a mão para ela, como se dissesse para ela esquecer o que viu — e foi o que ela decidiu fazer, pelo menos por agora.
— Os nossos amigos aqui — ele sinalizou na direção dos Anjos de pé em frente a mesa. — são o nosso grupo especializado em suporte e resgate. Gostaria que descem uma analisada nas fichas deles, antes de começarmos.
Elena aceitou o papel que Remote lhe ofereceu e deu uma olhada na folha, curiosa para saber o que Zen estava planejando.
Os nomes e as idades dos Anjos estavam listados nas folhas, juntamente dos seus poderes.
Thayna, uma mulher de 32 anos, que tinha um longo cabelo loiro com mechas escuras, os olhos castanhos-mel que pareciam brilhar independente da ocasião, e ela possuía poder de cura de Classe Média.
Ezequiel, um homem magro e alto, com por volta de 20 ou 24 anos, tinha a habilidade de criar barreiras de luz — seu cabelo era azul-índigo, e no documento havia uma parte onde explicava ser para combinar com a cor de suas barreiras.
Fabrício, um homem baixinho e careca, mas com uma barba densa e grande, parecia ter quase 40 anos, e podia correr em alta velocidade — alcançando facilmente 200 km/h.
E por fim, Jhonatan, um homem parrudo, com um longo cabelo negro caindo sobre seus ombros, e que também possuía o poder de cura.
Havia mais algumas informações sobre eles descritas no papel, mas antes que Elena tivesse a chance de lê-las, Zen voltou a falar:
— Vou precisar dividir a equipe em duas dessa vez, sendo o grupo A, o de Resgate, o grupo que eu irei liderar pessoalmente, e o grupo B, o de Reconhecimento, que será enviado em uma missão diferente, mas relacionada ao nosso objetivo principal.
— E qual seria esse objetivo principal? — Shadow perguntou, em inglês, sem se importar em falar a mesma língua das pessoas na mesa.
— Nós vamos resgatar a maior Telepata do mundo, Maria Helena, da Mão do Iluminus — Zen respondeu em português, sem se importar em falar na língua do Anjo.
Um sorriso convencido lentamente se formou em seus lábios e ele acrescentou:
— E agora é a última chance de desistir, caso algum de vocês esteja com medo.
Alex gargalhou de forma força e exagerada, em seguida lançou um olhar sério e afiado para o Zen.
— Cê tem que parar com essas piadas sem graça, Olhos de mel.
Jesse retirou as pernas da mesa, e, após espreguiçar e alongar os braços de forma preguiçosa, ela concordou:
— Verdade. É só uma missão extremamente perigosa em que a gente tem grandes chances da gente topar com o Gama ou Dante. Talvez os dois! O que pode dar de errado, né?
Elena sentiu suas entranhas se contorcer com a possibilidade, mas achou melhor não interrompê-los com algo bobo — tipo o medo que estava sentindo só de imaginar aquilo.
— Desse jeito cêis vão amedrontar nossos convidados — Mikey falou, com sua atenção voltada para o celular em sua mão.
— Uai… Achei que a gatinha fosse a mais forte de nós. — Jesse cruzou seus braços e lançou um olhar afiado para a Elena.
— Eu tava falando dos quatro ali na frente. — Mikey abaixou o celular, revelando seus dentes brancos e os lábios que moldavam um sorriso brincalhão. — Da uma segurada nesse ciúme seu aí, Jess.
Elena devolveu o olhar para Jesse, encarando a garota de forma debochada e vitoriosa, como se tivesse ganhado a discussão apenas por Mikey ter defendido ela.
Mas, antes que tivesse a chance de falar algo, Zen interrompeu:
— Na moral, juro que se vocês começarem a discutir, eu faço cêis passarem o próximo mês pensando que são galinhas.
Elena olhou para o Zen surpresa, mas motivo não era a seriedade na voz dele ao fazer a ameaça, mas sim as gírias ditas por ele. Nunca tinha ouvido ele falar sem ser daquele jeito formal e sério de sempre, e agora que ouviu, parecia estranho.
“Acho que ele tá aprendendo comigo”, ela pensou, segurando a risada que ameaçou escapar ao pensar que, no fim, era ela quem estava influenciando ele, e não ao contrário como ele temia.
— Demoro, mas de qual que vai ser dessa equipe? — Alex perguntou, batucando na mesa com os dedos de forma entendida. — Porque na moral, eu não vou ficar responsável pelo Hunter de novo.
— Não se preocupe, vou levar ele comigo — Zen falou, mas sorriu como se estivesse tramando algo mesmo assim. — Mas você não vai escapar de liderar uma equipe dessa vez.
Alex grunhiu enquanto espalmava com as mãos contra a mesa, mas Zen ignorou o comentário, se virando para Mikey a sua direita e dizendo:
— E você vem comigo.
— Claro, se você também me deixasse para trás, eu iria pensar que cê não tava levando isso a sério. Pra onde a gente vai e com quem?
— É! Para de fazer drama e fala logo de uma vez — Alex concordou.
— Eu não tô fazendo drama, mas vamos lá. O grupo B vai se constituir no Alex, como líder, a Ester, não por escolha minha, é claro, o Remote, o Marcos, o Jhonatan e a Jesse.
— Quê!? Mas que droga! Eu não fiquei no grupo do Z! — Jesse franziu o cenho e seus olhos vermelhos brilharam intensamente enquanto ela cravava as unhas na mesa.
— Droga, não vou ter que lidar com o Hunter, mas tenho que levar o esquisitão ali. — Alex apontou para Remote, mas quando o Anjo o olhou, ele rapidamente abaixou a mão.
— Também vou adorar trabalhar com você, Alex. Sempre quis ser liderado por um acéfalo.
— Acho que eu não preciso dizer quem são os integrantes do grupo A, certo? — Zen interrompeu, lançando um olhar de aviso para Alex e Remote que os fez se calarem na mesma hora.
Quando olhou para a outra ponta da mesa, onde os Anjos estavam esperando de pé por suas ordens, ele acrescentou:
— Tirando o Jhonatan, o resto de vocês vão vir comigo para Califórnia, junto do restante dos Alphas. Façam quaisquer preparativos que julgarem necessário agora, porque daqui a três horas nós vamos partir. Alguma pergunta?
— O que exatamente nós vamos fazer o que na Califórnia, senhor? — Thayná perguntou.
— Não vou revelar essa informação até estarmos lá. Alguma outra pergunta?
Quando os Anjos negaram com a cabeça mais uma vez — Thayná se juntando a eles dessa vez — Zen se deu por satisfeito, e disse:
— Ótimo. Vamos nos encontrar no aeroporto da cidade em três horas, se preparem até lá. Estão dispensados.